Blog da Casa de Caridade Luz Divina - dirigente espiritual Vovó Luiza

28 de dezembro de 2010

Orixá regente de 2011

Não poderia ser diferente: na Umbanda e nas religiões afro-brasileiras não encontramos um consenso de qual é o Orixá regente para 2011. São muitas formas de se fazer esta leitura: búzios, astrologia, odus, numerologia...
Assim, estamos liberando um pequeno texto sobre o assunto, que não tem a intenção de ser definitivo.
É certo que Mercúrio será o planeta regente de 2011. As particularidades e atributos desse planeta fazem referência à comunicação, à eloquência e à energia do movimento, move-se mais depressa do que qualquer outro planeta. 
Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol, está entre o Sol e Vênus, e pode ser visto a olho nu ao amanhecer e ao entardecer. O Sol está ligado ao Orixá Xangô, uma das grandes paixões de Iansã, segundo os mitos africanos, e Vênus está ligado a Oxum, que também segunda a mitologia yoruba, é irmã próxima de Iansã e vivem “disputando” entre si.
Mercúrio está associado aos trabalhos do intelecto como escrever, ensinar e aprender, sendo a inteligência o melhor veículo para compreender o mundo e a si mesmo. Mercúrio representa nossa maneira de aprender e comunicar o que aprendemos, mas também representa nossa maneira de ouvir. Em seus aspectos negativos de comportamento humano surge o mentiroso, o ladrão, o superficial, e no positivo encontraremos aquela pessoa alegre, brincalhona, estudiosa, inteligente.
Com este astro como regente, não faltarão oportunidades para boas conversas, intercâmbio de experiências entre pessoas das mais diferentes idades e uma vontade incontrolável de mudar completamente tudo aquilo que nos cerca. Por ser agitado e muito versátil, Mercúrio provocará uma movimentação intensa em todas as áreas da nossa vida, com mil ideias ao mesmo tempo, o desejo de partir em busca de novidades falará mais alto dentro de cada um de nós.
Diante disto, entendemos que o Orixá regente de 2011 será Iansã,  o Orixá que ajudará nossa vida girar e se transformar, afinal é nela que encontramos a eloquência, a potência do movimento e os extremos de temperatura como é característica do planeta mercúrio. É Ela que vemos e sentimos no amanhecer e no entardecer, assim como vemos o planeta mercúrio.

Iansã em seus aspectos psicológicos humanos é alegre, inteligente, impulsiva, afetuosa e atraente, cheia de instinto e justa.
Este próximo ano também estará relacionado com a orixá Oxum, pelo fato de Vênus estar perto de Mercúrio e por levarmos em conta que o primeiro dia do ano cai em um sábado, dia dos Orixás d’água, ou seja, dia em que cultuamos Oxum e Iemanjá, prometendo um ano dotado de intuição, de doçura e, acima de tudo, um ano de libertação. Quando há ação de Iansã, pode ter certeza, há a ação de Oxum complementando e potencializando, fazendo e acontecendo, girando e conduzindo tudo. Tudo no auge da paixão e do amor.
Portanto, 2011 vibrará em Iansã e Xangô. Claro está que devemos ter sempre todas estas energias dos Orixás canalizadas em nossos trabalhos e as diferenças de interpretação na comunidade Umbandista não devem servir de motivação para conflitos e sim para a compreensão da nossa plena liberdade de escolha.

Fonte: Choupana do Caboclo Pery

26 de dezembro de 2010

Armas do Pacificador

"Bem aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus".Jesus 

Há pouca coisa mais importante do que a Paz, se é que existe alguma. O próprio prazer, a satisfação e a felicidade só se expressam em plenitude e perduram quando respaldados e experienciados sob as asas da Paz. Mesmo a aclamada liberdade ou a saúde perdem muito de seu brilho quando desacompanhadas da paz e na falta da paz ambas não sobrevivem. 

Por mais que nos estressemos com atritos, explosões de ira, agressões verbais e físicas ou com intermináveis brigas encenadas mentalmente, o que em última instância anelamos é Paz.  Quem me dera ter Paz! É o suspiro doído que brota das entranhas de incontáveis corações. Por estas e tantas outras razões, precisa-se de pacificadores que atuem em todas as áreas das relações humanas. O salário é a própria paz e esta não tem preço. 

Para Jesus, os pacificadores fazem parte de uma "tropa de elite" em cujo regimento encontram-se o "humilde de espírito","os que choram", "os mansos", "os que têm fome e sede de justiça", "os misericordiosos" e "os limpos de coração". Tal corporação submete-se a exercícios e técnicas de esvaziamento, de individuação; são treinados a reconhecer a voz divina em seus próprios corações, desenvolvendo assim a irresistível força da humilde. Estão sempre alerta em relação às perdas que podem ser infligidas pelo orgulho, arrogância e soberba. Para isso monitoram as possíveis rebeliões do ego, cuidando para mantê-lo em harmonia com o Self, em submissão aos domínios da Alma. 

Além da coragem e da força, possuem segurança interna que os permite deixar correrem livres as lágrimas, ao perceberem que seus maiores inimigos e suas maiores batalhas precisam ser travadas contras suas próprias sombras. Usam, no entanto, estas mesmas lágrimas como fonte de consolo, como bálsamo com o qual amorosamente lavam e tratam as feridas causadas por estas angustiantes lutas interiores. 

Perseveram valorosamente na trincheira da mansidão, resistindo com nobre bravura aos mais variados ataques. Assim conquistam admiração, respeito e amor, o que os leva a ocuparem espaço cada vez maior no coração das pessoas com as quais convivem. Percebem que a truculência é a arma do fraco, com a qual tenta camuflar o sentimento de inferioridade e a própria insegurança. 

Desenvolvem um paladar refinado, um olfato apurado que, como uma bússola, os mantém na direção de tudo que cheira justiça, que tem o sabor da Verdade, que é temperado com a universal e divina Lei do Amor.

Movem-se com o cauteloso cuidado da misericórdia por saberem que no terreno minado da existência humana há muitos buracos causados pela ignorância, pela maldade, pelas múltiplas expressões da miséria, carentes de ser preenchidos por corações repletos de compaixão.

E por saberem que precisam usar, sobretudo, o coração, buscam cuidar bem dele mantendo-o limpo, em paz, iluminado com a Luz de Cristo. Assim, são capazes de enxergar as manifestações divinas, mesmo nas mais densas noites.

Estes soldados do Reino desenvolvem e colocam em prática táticas arquitetadas com os recursos da inteligência emocional e espiritual. Com elas, diluem na solução da compreensão amorosa injúrias e difamações e, como recompensa, não lhes faltam motivos de comemoração, de regozijo, de exultante alegria. Aos integrantes desta tropa de elite, o Mestre Jesus faz referência chamando-os bem aventurados. Deste grupo de operações especiais, faz parte o pacificador.

Como os demais, o pacificador desenvolve práticas de não confrontação, de proatividade, resistência pacifica, da arte da paz, que lhe permitem resistir bondosamente e ser bem sucedido em suas incursões nos traiçoeiros domínios dos inimigos da alma. Para tal, faz uso de três poderosas armas de combate. São elas: Prontidão para ouvir, falta de pressa para falar, pressa nenhuma em se irar. Diligentemente, submete-se a ordem Superior que assim determina: "Todo o homem, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar".

Um pacificador é um construtor de pontes, reparador de brechas, apagador de incêndios, encurtador de distância, restaurador de relacionamentos. É facilmente reconhecido como um Filho da Luz. Não é, entretanto, partidário da paz a qualquer preço, ainda que seja capaz de pagar preço alto para que haja paz. A paz que busca não é a paz de cemitério, onde sob a superfície a morte impera, e sim a paz de cujo solo a vida floresce.

Não somos ensinados a ouvir! Nascemos com dois desafios básicos e urgentes: aprender a andar e aprender a falar. Talvez por isso a dificuldade de parar para ouvir. Raramente os adultos ouvem as crianças. Basta olhar o empenho com o qual elas buscam atenção apesar de, geralmente, acabarem submetidas aos gritos dos adultos. E aí quem grita por ultimo grita pior! 

Quando alguém é perito na arte de ouvir liberta-se da compulsão do falar e deixa de olhar o ouvido alheio como território a ser conquistado. Um pacificador possui na arte de ouvir seu mais eficiente e fiel escudeiro. Com tal respaldo, fica livre para dar atenção, valorizar, compreender, reconhecer, entender e respeitar os que necessitam ser ouvidos. Lembrando Rubem Alves, "De todos os sentidos, o mais importante para a aprendizagem do amor, do viver  juntos e da cidadania é a audição. No princípio era o Verbo; Antes do Verbo  era o silêncio. É do silêncio que nasce o ouvir. Só posso ouvir a palavra se meus ruídos interiores forem silenciados. Só posso ouvir a verdade do outro se eu parar de tagarelar." 

O pacificador, por ser um bom ouvinte, fala usando menos palavras e mais sabedoria. Sua palavras, no entender do sábio rei Salomão, são "como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo"; isto é, possui arte, beleza, valor e momento oportuno. "São agradáveis como favo de mel: doces para a alma e medicina para o corpo".

Ouvindo e falando com amor e sabedoria, o pacificador, este reconhecido filho de Deus, dificilmente alimentará a ira, seja no semelhante, seja em si mesmo.  Ele integra a "tropa de elite" empenhada em alargar as fronteiras da Paz. 

5 de setembro de 2010

A verdade sobre os Exus

Das entidades de Umbanda Exu é que mais polêmica e discussão geram entre curiosos e até mesmo integrantes dos Cultos de Umbanda.
Exu não é uma entidade trevosa que realiza desejos escusos. Exu não tem nada a ver com as imagens comercializadas. Não é vingativo, violento e cruel.  Não tem “pé” de bode. Não tem rabo e nem chifres. Não come galinha ou carnes cruas. Nem bebem até deixar seus “cavalos” sem condições de andar. 
Exu, na realidade é guardião da Luz para as Sombras, e das Sombras para as Trevas, e é ele que combate às entidades que possuem as formas mais horrendas e esquisitas. Estes seres ainda encravados no mal são os chamados KIUMBAS e são violentos, vingativos e cruéis. 
E como reconhecer um Exu de fato e de direito? Simples: 
Exu de Umbanda não fala palavrões de deixar cabelo em pé, não é “doidinho” por marafo (pinga) e sangue e não aceita entregas em encruzilhadas de rua ou cemitérios. Quem aceita estas coisas nestes locais, são os já citados Kiumbas, que são os que gostam de galo e galinha pretos na encruza. 
Portanto, CUIDADO irmão de fé, não ofereça sangue ou animais nas ruas, pois poderá levar estas entidades para suas casas, o que lhe trará os maiores dissabores e problemas. 
Os preceitos para Exu são entregues nas encruzilhadas das matas e campina, e sempre com elemento sutis. Exu de Umbanda não pode ser comprado com bagatelas e nenhum Exu verdadeiro aceita realizar trabalhos para matar ou prejudicar alguém. 
Como sabemos, Exu é justo, ou seja, está ligado aos conceitos do “Quem deve paga, e quem merece recebe”. Por isso, não existe aquela história de fazer amizade com Exu, para conseguir isto ou aquilo. Com isso, não queremos dizer que Exu é uma entidade boazinha, mas pensem um pouco, que lógica tem baixar em um terreiro Caboclo, Pai-Velho, Criança para fazer a caridade, e no mesmo terreiro baixar Exu para praticar o mal? 
Por isso, devemos tomar cuidado com o que pedimos para Exu, pois quem não sabe o que pede, não sabe o que quer, e o que irá receber, e muito menos o que MERECE receber. Exu só trabalha com o consentimento de entidades superiores e única e exclusivamente dá alguma coisa a alguém se o merecimento deste alguém estiver de acordo com a Justiça Kármica. 
Outra distorção que existe é a respeito do Exu Sra. Pomba-Gira. Este é um Exu feminino e muitos a colocam como se fosse prostituta, uma mulher da vida. A Sra. POMBA GIRA É GUARDIÃ SÉRIA e não promove a bagunça ou orgia, como muitos dizem ou pensam, ao contrário, ela combate todas as perturbações relacionadas com o lado sexual, combatendo os Magos Negros e seus Kiumbas.
Assim como na Umbanda existem sete Orixás Menores Chefes de legião, na Kimbanda (que muitos confundem com Magia Negra e práticas da Kiumbanda, mas não é, e sim é o outro lado da Umbanda) existem sete Exus Guardiões da Luz para as sombras que são:

ORIXÁS
EXUS GUARDIÕES
ORIXALÁ
EXU DAS 7 ENCRUZILHADAS
OGUM
EXU TRANCA-RUAS
OXÓSSI
EXU MARABÔ
XANGÔ
EXU GIRA MUNDO
YORIMÁ
EXU PINGA-FOGO
YORI
EXU TIRIRI

Está na hora de pensar na nossa querida Umbanda não como uma forma de adivinhação! Muitos vêm para a nossa religião a fim de perguntar as nossas Entidades o que irá acontecer com eles, se vão vender a casa, se vão ganhar mais dinheiro, se fulano está traindo ciclano, enfim, se esquecem da Lei do Livre Arbítrio. Esquecem-se de observar as suas atitudes no nosso Planeta Terra. Esquecem-se de se livrar do egoísmo, da luxúria, das palavras mal ditas, de fazer a caridade com o próximo, de dosar a língua falando mal dos outros e de auto observar-se para atingir o crescimento cármico dessa jornada.


Às vezes, me pergunto se quando vão à missa de domingo, ao batizado de uma criança ou a um culto evangélico, se lá, querem que o padre, o pastor adivinhem a sua vida assim como as Entidades de Umbanda. 
Por que exigem tanto de nossa religião? E ainda falam: “eu não gostei daquele Guia porque ele não adivinhou um nadinha de minha vida!” Seria muito fácil se tivéssemos alguém para nos dizer dos nossos futuros acontecimentos, não teríamos que nos observar e tentar o crescimento espiritual estaria tudo mastigadinho!
Caros leitores, está na hora de pensar na nossa religião de outra forma! Está na hora de assistirmos a um Culto nos concentrando durante o ritual para que possamos receber aquilo que estamos querendo, é claro, de acordo com o nosso merecimento. 
Está na hora de assistirmos a um Culto, pedindo perdão ao nosso Pai Maior pelos nossos atos cruéis e pedir-lhe que nos aperfeiçoe e nos ajude nessa caminhada.
Povo de Umbanda, vamos ver a nossa Centenária religião de outro jeito! A Umbanda é linda porque é versátil, dinâmica, atual. Ela é linda pela sua variedade de Culto. Ela é linda porque ela é Umbanda!
Fonte: Maria Cristina - Blog Ogum Orusra 

4 de setembro de 2010

Que Umbanda é essa?

Certa ocasião, numa cidade do interior do Estado do Rio de Janeiro, conheci um terreiro muito grande que adotava o nome de Templo de Umbanda Caboclo Tupaiba.
Convidado para conhecer o local por um comerciante da região, quando lá cheguei encontrei um local muito grande e com freqüência também muito grande.
O trabalho uma vez aberto não mostrava nada de anormal a não ser o Pai de Santo que era também comerciante na região e notei devido ao modo como dirigia a sua casa, que a dirigia com mão de ferro, mostrando-se muito agressivo com palavras (aos berros) e tinha a fama de ser um homem também violento.
Próximo às 23 h. o caboclo ordenou à corrente que se preparasse para um descarrego que ele iria fazer em uma das frequentadoras da casa. A frequentadora era uma jovem de aproximadamente 30 anos, que depois do absurdo descarrego que nela foi efetuado, não consegui entender o por quê do absurdo que havia presenciado.
A jovem aparentemente incorporava algum obsessor violento, chegando à possessão sobre a jovem, ocasiões em que a expunha a situações ridículas ou de grande agressividade.
Iniciado o processo de descarrego a jovem foi colocada dentro de um ponto de segurança e nesse momento incorporou a tal entidade que se pôs a ofender a todos no ambiente, inclusive o caboclo dirigente do trabalho.
Para minha surpresa o caboclo pediu ao seu cambone a planta conhecida como espada de São Jorge e de posse da planta usou-a como um chicote.
Espancou a jovem com a planta por mais de cinco minutos deixando-a com hematomas nas costas, nos braços, no rosto e nas pernas, alegando que na casa dele, era daquela forma que se tirava o diabo do corpo de alguém.
 Analise agora:
Você vai a uma igreja (e templo de Umbanda também é uma igreja) em busca de auxílio espiritual, porque lhe acontecem coisas que você não compreende e não tem controle sobre o que acontece com você nessas ocasiões.
Nessa igreja ao invés de receber ajuda, você recebe uma surra humilhante dentro de um local que prega e ensina o amor ao próximo, local no qual está exposta acima de todas as imagens do altar a imagem do dirigente de nossa religião, ou seja, Jesus Cristo.
Agora pergunto a você:
Que terreiro é esse?
Que caboclo é esse?
Que descarrego é esse?
Que tipo de ajuda espiritual é essa?
Na verdade esse absurdo não existe na Umbanda, existe apenas naquele local deturpado que não pode ser chamado de templo de Umbanda.
Por ser dirigido por um homem violento, cuja característica violenta era nitidamente notada em todas as entidades que aparentemente incorporava, (digo aparentemente por que até hoje eu o julgo um mistificador infeliz), aquele homem era na realidade uma farsa.
Caboclos, ou seja, lá qual for à entidade que se diz iluminada, jamais irá agredir alguém, ainda que com palavras por ferir justamente o mandamento principal de nosso Pai, ou seja; “ame o seu próximo como a si mesmo”.
Esse falso Pai de Santo conhecerá no futuro quando a morte vier buscá-lo, outros tão violentos como ele, já que semelhante atrai semelhante.
Boa sorte, meu infeliz irmãozinho!
Muitos se dizem umbandistas, alegam incorporar guias de nomes memoráveis, em sua casa, porém, todo tipo de absurdo como esse é praticado.
Fonte: Blog pai-de-santo Paulo

Os Protetores da Umbanda

Além dos Guias de Umbanda, comparecem aos templos outras entidades em busca de evolução espiritual. São conhecidos como "Protetores da Umbanda". São os Protetores que auxiliam aos nossos Guias nos trabalhos que desenvolvem em nossos templos.
Os protetores são espíritos em evolução e muito se assemelham a nós do plano material, ou seja, estamos praticamente no mesmo degrau de evolução espiritual. Esses protetores são conhecidos como: marinheiros, baianos e boiadeiros. Os protetores ajudam aos seguidores da Umbanda em praticamente tudo o que for permitido por Deus fazer.
Normalmente nos dão conselhos de grande valor, desmancham trabalhos pesados, descarregam terreiros e seus médiuns, descarregam seguidores do templo, etc. Os protetores trabalham dentro de uma determinada vibração, visando sempre a prática da caridade.
Praticamente cabe aos protetores da Umbanda a manutenção da lei e da ordem nas portas dos templos.  Ao lado das falanges de Ogum e outros Orixás, esses amigos espirituais ajudam a guardar a porta dos templos contra o astral inferior, que se pudessem invadir os nossos templos e destruir tudo o que encontrassem, eles o fariam.  São espíritos menos evoluídos, mas isso não os desmerece. Muito ao contrário. Devido à grande dedicação aos trabalhos que realizam, acabaram por receber do seguidor umbandista um grande respeito.
São respeitados da mesma forma que nossos Guias. A Linha dos Boiadeiros, como exemplo, devido à potente vibração que deles provém quando incorporados, fez com que viesse a serem respeitados como os Caboclos de nossa Umbanda, sendo comum ouvir o termo "Caboclo Boiadeiro" para designá-los. Esse termo "Caboclo" inspira no meio umbandista um respeito muito grande.
Os Boiadeiros, devido à sua peculiar tarefa de descarregar terreiros ou pessoas, fizeram com que a cada dia viessem a angariar um respeito maior, sendo que conhecemos terreiros chefiados por Boiadeiros e eram templos sérios, de tremenda vibração positiva.
Os Marinheiros também conseguiram esse mesmo respeito, já que também assim procedem, porém, são mais brincalhões e comunicativos, mas desenvolvem seus trabalhos com a mesma seriedade.
Os Baianos mostraram-se grandes amigos e companheiros nos momentos mais difíceis de nossas vidas e acreditamos que devido a essa particularidade, os Baianos são os mais assediados e explorados por seguidores do culto. Todos eles sejam Boiadeiros, Marinheiros ou Baianos são nossos irmãos verdadeiros, jamais nos enganam, jamais nos traem, jamais nos desamparam.
Fonte: Blog do pai-de-santo Paulo

29 de agosto de 2010

Sacrifício de animais não é tudo!

Por Pai Caio de Omulu
"No meu livro Umbanda Omolocô - Liturgia, Rito e Convergência na visão de um adepto, tem um capítulo inteiro dedicado ao rito de sacrifício de animais. Na verdade realizo uma defesa da necessidade de sua utilização, tentando fundamentá-lo e apresentando, a meu ver, argumentos consistentes para sua existência.
Assunto polêmico nas rodas umbandistas, tema sem consenso para muitos, não desejo entrar aqui, de forma nenhuma, na validade de seu uso e prática.
O meu intuito é chamar a atenção para um fenômeno que começa a me preocupar como estudioso umbandista, o uso indiscriminado do sacrifício de animais na rotina dos trabalhos espirituais das casas que o praticam.
É incrível como em alguns locais não se faz mais nada, sem que não se tenha um sacrifício de animal pelo meio. Para solucionar qualquer tipo de problema realize uma consulta e depois mate um ou mais bichinhos! Parece que esta passou ser a lei em determinados terreiros.
Não estou falando aqui de sacrifício de bicho de quatro pés (boi, cabra, bode) estou falando do que é mais fácil, cômodo, rápido e lucrativo de se sacrificar o cocoricó, o frango ou a galinha, ou seja, bicho de dois pés.
Nestes recantos que apregoam o sacrifício de animais como solução para todos os males, o axé vermelho (sangue) passou a ser o alimento (oferenda) indispensável, principalmente para Exús, Pomba-giras e os Orixás.
Diante desta realidade, alerta, DIETA JÁ!!! Tem exús ficando preguiçosos de tanto serem alimentados, pomba-giras reclamando dos quilinhos a mais e Orixás se perguntando se este cardápio não muda.
Brincadeiras a parte, cadê as milhares de formas existentes de trabalhos, dentro da riqueza dos nosssos ritos? Cadê as comidas de santo? Os pontos riscados e os ponteiros? Os descarregos de pólvora e os pontos de fogo? A utilização dos elementos da natureza (folhas, ervas, águas, sementes etc.)? Onde foram parar as rezas fortes, os benzimentos, as giras com velas, os trabalhos realizados pela incorporação de entidades, que fazem suas mirongas utilizando vários objetos, sem que necessariamente exista como componente básico o axé vermelho?
Minha gente, o rito de sacrifícios de animais é um ritual de EXCEÇÃO, ou seja, deve ser utilizado somente em casos especiais, situações a margem do normal, após o estudo minuncioso de um caso em particular, ou em rituais específicos e em última instância.
E mesmo assim, se houver um outro caminho, que exista a ponderação de deixá-lo de lado. Por ser perigoso ou incorrer em algum risco? Poderia ser formulado esta pergunta e a resposta seria NÃO!
Tradicionalmente, historicamente, e mesmo como manipulação de determinadas leis magísticas, o derramamento do axé vermelho cumpre o seu papel, tem sua validade e sobrevive, por isso, até hoje.
Engraçado é que terreiros que durante boa parte da sua existência nunca fizeram uso do rito de sacrifício de animais e que por mudança de ritual ou por outro motivo qualquer, passaram a incorporar esta tradição, consideram este fato como uma conquista evolutiva. A bem da verdade, não pode existir evolução espiritual nenhuma ao se dispor da vida de um ser vivo, mesmo que este esteja em uma condição inferior na escala evolutiva.
O pior é que se você for bem mais a fundo em determinados casos, dá para perceber que o uso indiscriminado do sacrifício de animais em alguns terreiros existe por conta dos seguintes pontos:
a) É um ritual que provoca um impacto para o consulente;
b) É um rito complexo, que muitas vezes, envolve uma certa quantidade de outros materiais, na maioria das vezes comprado no terreiro, onde se está sendo feito o trabalho, a um custo muito superior ao de mercado;
c) É um rito que gera uma salva ou mão como se fala comumente (pagamento em dinheiro) por corte (animal sacrificado);
d) E, por fim, as partes do animal sacrificado que não são usados, ficam geralmente para a casa, em vez de serem distribuídos com os mais carentes.
Tem gente enriquecendo com isto, tem gente que não sabe fazer mais nada que não envolva este rito, tem que gente que somente encontra solução de alguma coisa se praticar este rito.
Com tudo que expus, quero deixar, bem claro, que se o rito de sacrifício de animais é uma exceção, exceção também são os terreiros que trabalham errado, da forma como descrevi acima.
É fato caro leitor, que dentro do universo umbandista, dos cultos afrobrasileiros e do Candomblé milhares de locais trabalham com este ritual de forma responsável e colocando-o no seu devido papel de rito especial. Outra coisa, evidentemente existem milhares de locais, principalmente no movimento umbandista, que não se utilizam deste ritual e nem por isso os trabalhos por eles realizados tem pouco ou mais valor do que o dos outros.
Como adepto do Culto Omolocô tenho a experiência deste ritual no dia-a-dia da minha vida religiosa, escrevi uma defesa ferrenha no livro citado, acredito na sua utilidade, embora, como também deixei bastante destacado no livro, tenho certeza, que em um futuro bem próximo este rito será substituído por formas mais evoluídas de ritual, não envolvendo mais o sacrifício de animais.
Em, outras palavras, se como adepto cumpri o meu papel de validar o uso responsável deste ritual, fundamentando-o e demonstrando uma linha de raciocínio lógico para sua existência, como cidadão planetário e espírito em evolução, como todos os que se encontram neste planeta, não me vejo em contradição ao afirmar que Sacrifício de Animais não é tudo!
Acreditar na faca como objeto útil para ajudar a cortar o alimento que me mata a fome, não significa aceitar que se use ela para tirar a vida de alguém!"

16 de maio de 2010

A corrente

Li e usei: "Ninguém é tão forte como todos nós juntos".
A corrente é a grande força do terreiro. Uma vez alguém perguntou ao Pai Maneco a importância de um terreiro bonito e confortável. "Meu filho, se esta casa cair, vocês vão se reunir lá fora, olhando para o céu estrelado, e vão continuar trabalhando. Mas se a corrente se dissolver, o terreiro, mesmo belo e sólido, vai fechar". E batendo na parede de alvenaria explanou: "Na verdade acho a corrente mais merecedora de cuidados que estas paredes frias. Nunca trabalhei sozinho, só com a corrente. Quem trabalha sozinho, um dia ou outro, vai se complicar". É inevitável o desastre.
A corrente, como diz a mensagem, é a força do terreiro. Tudo gira em torno dela. São meus pequenos deuses. Que Oxalá abençoe a todos eles.
Fonte: Terreiro Pai Maneco

Facilitando as incorporações

Quando o médium está preparado para seguir o procedimento normal do aprendizado, ele não deve segurar as incorporações, e jamais esquecer o momento certo da incorporação. Se está se chamando um espírito pelo ponto individual ele não deve dar passagem, exceto se for ponto de linha, o momento for oportuno e permitido pelo desenrolar da gira. O médium deve facilitar a incorporação. 
Na Umbanda, as entidades têm incorporações típicas da linha. O índio é ereto, forte e incorpora com um vibração firme, algumas vezes se ajoelhando e batendo no peito. O preto-velho já é mais macio na incorporação, se curva e faz o tipo de cansado e a criança o tipo infantil.
Quando o ponto estiver induzindo o tipo da entidade, o médium já deve estar psicologicamente preparado para receber e se comportar conforme o tipo da entidade. É um erro lutar contra o espírito, ou seja, receber um índio como se fosse um preto-velho. 
De propósito até agora não falei do exu e da pomba-gira, para dar um destaque de grande importância: Exu não é aleijado e Pomba-gira não é prostituta. Ambos são entidades maravilhosas e não precisam fazer o tipo distorcido do folclore da Umbanda. Na continuidade, quando estivermos falando de cada linha, darei melhores explicações.
Fonte: Terreiro Pai Maneco

Disciplina

As regras são bem claras. Por isso é bom que os candidatos ao ingresso no terreiro conheçam antecipadamente as suas obrigações e o que devem ou não fazer. Existe um compromisso com o terreiro a que forem pertencer, seja ele qual for: vontade de evoluir espiritualmente, disciplina na corrente, submissão aos mandos da hierarquia, se não puderem amar seus irmãos ao menos os tolerem, não criticar os outros, cuidar para que suas palavras sempre sejam de incentivo e amor, cuidar e zelar por seu material dos trabalhos e de sua roupa branca, honrar a respeitar o nome dos espíritos, respeitar as outras religiões, sempre que tiverem dúvidas perguntar aos dirigentes, não hesitar quando forem convocados para auxiliar o outro como cambono, não fomentar brigas e discórdias, não faltar aos trabalhos (inclusive os que forem marcados em outros dias), cumprir os horários dos trabalhos, não freqüentar outros trabalhos sem autorização do dirigente, cantar os pontos e auxiliar a manutenção da gira e outras condições que o bom senso determina e que por qualquer motivo eu não tenha mencionado. Jamais o médium deve esquecer que a sua liberdade cessa quando começa a do outro.


1) Servir como cambono por um período no terreiro é uma obrigação dos médiuns novos. Servir e assistir os trabalhos das entidades vai dar um conhecimento significativo sobre a forma como os orixás trabalham. Para conhecimento de todos, o que mais aborrece um dirigente é a má vontade do médium quando ele é convocado para ajudar como cambono. Quando comecei na Umbanda eu pedi, por minha espontânea vontade, ao meu pai-de-santo a oportunidade de eu servir alguém como cambono. Não me arrependi porque aprendi muito.
2) O médium não deve ficar olhando os outros, julgar ou criticar seu irmão de corrente. Deve cuidar somente de si e deixar para a hierarquia corrigir o erro dos outros.
3) Levar seu material de trabalho e manter sua roupa branca sempre limpa e em ordem e, se não quiser ficar descalço, usar uma alpargata com sola de cordas e nunca tênis.
 4) Chegar e cumprir à risca os horários dos trabalhos e quando não puder participar dos mesmos, avisar com antecedência a sua ausência.

Fonte: Terreiro Pai Maneco

Com o espírito incorporado



 
   
  
Sempre digo que o kardecismo é muito mais tolerante que a Umbanda. Na mesa um espírito incorpora, deixa uma linda mensagem de amor ou de advertência para os perigos mundanos sem a necessidade de dizer seu nome. Na umbanda, ele tem que incorporar no ponto de chamada, com a tipicidade da linha (caboclo, preto-velho ou criança), cumprir todas as ordens da hierarquia do terreiro, riscar o seu ponto individual, beber, fumar e dar seu nome, correndo o risco de, se não cumprir tudo, ser chamada a sua atenção.

Claro que tudo será feito com cautela e tempo de treinamento. Para chegar a isso, o médium passa uma dificuldade de saber o que fazer dentro do terreiro. Ele está incorporado com o orixá, sentindo toda sua energia, mas ainda falta muito para dar o passo certo como cavalo bem domado, chegando mesmo em alguns momentos achar que o espírito se afastou, fato explicado pelo impulso mental do médium. Nessa parte quero chamar a atenção de um fato de grande importância. Dificilmente um médium é sonâmbulo (ou inconsciente, como alguns dizem), sendo o mais comum o médium consciente, aquele que sabe o que está acontecendo, mas não tem o controle das palavras e dos gestos.

É o que chamamos de terceira energia. Vejam como funciona: existe uma fusão do espírito do médium com o espírito comunicante, criando-se uma terceira energia. Gosto de dar exemplos. O café e o leite, separados, são puros.
Misturados criam uma terceira bebida, podendo ser mais preto ou mais branco, conforme a quantidade das bebidas. Mas sempre, a união de ambos, terá uma terceira qualidade. É impossível a comunicação pura do espírito. O importante é a presença do espírito, com maior ou menor intensidade. Voltando ao médium perdido no terreiro, o seu impulso inicial é procurar alguém para lhe dar um passe ou tocar em sua testa. Muitos dirigentes não gostam desse procedimento e inibem o espírito de fazer isso, o que é um erro porque, talvez até mais que o próprio dirigente, é o espírito quem quer o desenvolvimento de seu cavalo escolhido.

Recomendo para minha hierarquia deixar que isso aconteça, sem exageros, é claro. Com o decorrer do tempo esse médium ganha um charuto, cachimbo ou cigarro de palha, conforme a entidade, e é quando ele começa a se acalmar, até procurar um lugar para sentar. Daí para riscar o ponto é bem mais rápido. Quero anotar aqui, para conhecimento dos médiuns em desenvolvimento, alguns erros que atrapalham bastante a evolução da mediunidade: não procurar, sob nenhuma hipótese, tentar adivinhar o nome do espírito; não querer riscar o ponto sem antes estar bem assentado com a entidade; não tentar dar avisos e recomendações a ninguém; não ter ciúmes do espírito e não pensar que ele é seu, porque espírito não tem dono.
1) É comum o médium incorporado procurar um amigo seu para lhe dar um passe ou falar com ele, e isso não invalida a incorporação e não quer dizer que foi o médium que procurou e não o espírito, principalmente porque a entidade, sabendo das dificuldades de seu cavalo, tenta de todas as formas facilitar a incorporação. Alguém já me perguntou como o espírito sabe que a pessoa é amiga do médium. Respondi convicto: mais do que o guia, ninguém conhece tanto os amigos de seu protegido.

2) É fundamental ao médium confiar nos dirigentes do terreiro. Incorporem que as pessoas responsáveis estão lhe cuidando. Eu, na primeira vez que fui ao terreiro da Umbanda, senti a incorporação e saí dando passes para o ar e quase caí dentro do Congá. Meu pai-de-santo carinhosamente ajudou-me a levantar e disse: ·você não está na mesa kardecista, e sim em um Terreiro de Umbanda. Com o tempo você aprende·. E eu tinha vinte e cinco anos de experiência, o que me fez responder ao pai-de-santo: ·estou nas suas mãos, vou esquecer momentaneamente tudo que sei do espiritismo.· E foi o que fiz, sem nenhum arrependimento. Fazia, sem questionar, tudo que o pai-de-santo mandava.


Na Umbanda, os médiuns mais comuns são os de incorporação e os de intuição.

Perguntas e respostas sobre Mediunidade:

Pergunta: Para os espíritos trabalharem dentro da casa na lei de Umbanda tem que se manifestar como Caboclo, como criança ou como Preto-Velho? Ogum é índio ou é um soldado romano?

Resposta: A característica de Ogum que vem com uma armadura é porque nós fizemos estes símbolos. A Umbanda é cheia de folclore, e o folclore é aproveitado pelos espíritos. Um Ogum é qualquer filho de Ogum. O simbolismo pode ser o Romano, mas o espírito incorporado é o Índio.

Comentário da Mãe Lucília de Iemanjá: tem horas que a gente tem que saber segurar a vibração.
Comentário do Pai Fernando: Tem que aprender a se curvar diante do ponto cantado. No ponto de Preto-Velho não pode vir um Caboclo. Quando se canta Iemanjá, tem que vir Iemanjá e não Iansã.

Pergunta: Mas pode acontecer de um Preto incorporar num ponto de Caboclo?

Resposta: Pode, mas está errado.

Comentário da Mãe Jô de Oxum: Se alguém em um trabalho precisa de energia de Iemanjá é legal que as pessoas da corrente se concentrem e tragam esta energia para fortalecer este campo de força que está sendo formado. Incorporar espíritos que não estão sendo chamados pode atrapalhar na formação deste campo.
Comentário do Pai André de Xangô: Quando se chama Iemanjá podem vir ondinas , sereias, caboclos e caboclas.
Comentário do Pai Fernando: A Umbanda é muito mais complicada que o Kardecismo, mas é mais fácil, pois não cai na mentira. O espírito tem que vir no ponto certo, riscar o ponto certo, beber a bebida certa. No Kardecismo é fácil a entrada de espíritos obsessores, mas eles são reconhecidos pois nunca falam em nome de Jesus.
Comentário do Pai Fernando: é muito importante a compreensão da existência de uma terceira energia. É como se fosse um café com leite, o médium e o espírito.
Comentário do Pai André de Xangô: uma incorporação é como se tivesse o espírito do médium e o espírito sozinhos dentro de um quarto (o nosso corpo). A melhor incorporação é aquela em que a pessoa consegue fica sentada e quieta em um canto do quarto, enquanto deixa o espírito fazer tudo que precisa. Eu me lembro de uma das primeiras vezes em que o Pai Fernando estava incorporando o Caboclo Akuan, o pai-de-santo Edmundo Ferro chegou perto dele e disse: "Fernando, sinta-se um Caboclo"
Comentário da Mãe Lucília de Iemanjá: Durante a incorporação não se deve ter vergonha, nem incorporar pensando no que o outro está pensando de você.

Pergunta: Como eu sei que um Caboclo é um Caboclo, que um Cigano é um Cigano? 

Resposta Mãe Lucília de Iemanjá: Sob o comando da música.
Os Pretos-Velhos e os Caboclos podem trabalhar juntos, mas cada um vem em seu ponto de chamada.
Pergunta: Na incorporação de Ogum, faz três anos que eu giro, giro, giro e ele vai embora. Por quê?
Resposta: Pode ser que não houve a formação certa da terceira energia.
Comentário do Pai André de Xangô: O sentido do tempo também tem umas considerações. A umbanda não é como um curso que se você fizer direitinho no final do curso você vai receber um diploma. Na Umbanda não existe este tempo, cada um tem um tempo diferente.

Pergunta: Iansã tem necessidade de cumprimentar?

Resposta: Não, ondina não cumprimenta, pois ela é só vibração.
Comentário do Pai André de Xangô: Ondinas são elementares, nunca tiveram um corpo físico.
O Caboclo Sete Pedreiras disse uma vez que todos nós somos protegidos pelos nossos próprios guias e pelos membros espirituais desta casa. Falou também que todo escudo é poderoso, mas é projetado para proteger o que vem de fora, se quiser fragilizá-lo é só atacar pelo lado avesso, que não tem blindagem. O que o caboclo quis dizer com isso é que o que enfraquece a gente são os nossos medos, as nossas angústias, coisas que estão dentro da gente. 

Fonte: Terreiro Pai Maneco

Hierarquia na Umbanda



A Umbanda apresenta facetas interessantes e que fogem ao tradicionalismo das religiões. Embora não exista nenhuma regra escrita que lhe dê o poder, o pai-de-santo (leia-se sempre: pai-de-santo ou mãe-de-santo) é quem dirige um terreiro de Umbanda e sua palavra tem a força da decisão. O fato peculiar é que ele não é nomeado e muito menos eleito: ele tem seguidores que acreditam e aceitam o que ele prega. Queiram ou não, ele é o chefe da comunidade que se abriga sob seu teto e o seu Orixá será sempre o chefe espiritual do terreiro. O Orixá cósmico do dirigente marca a linha de trabalho do terreiro e a entidade dessa linha que incorpora nele sempre será o chefe espiritual do terreiro que ditará todas as normas e regras para o seu funcionamento.

Vale dizer que igualmente inquestionáveis são as decisões do pai-de-santo, por se entender que eles interpretam a vontade dos espíritos responsáveis pelo terreiro. O cuidado com um templo umbandista é muito complexo por haver a necessidade de uma permanente assistência aos pontos de segurança firmados pelo seu responsável e a própria dinâmica da gira que está sempre em permanente ebulição e por isso fica sob austera vigilância. Para isso existe toda uma hierarquia dentro de um terreiro, começando pelo pai-pequeno (leia-se sempre: pai-pequeno ou mãe-pequena), que é o substituto do pai-de-santo, além de ter a obrigação de fazer com que os trabalhos sejam rigorosamente dentro da linha pré-esta bel ecida pelos dirigentes principais.

Depois deles surgem os capitães-de-terreiro, que são os que auxiliam os trabalhos e cuidam das coisas do terreiro, mas jamais podem substituir as tarefas dos dirigentes maiores, a não ser que lhe seja especificamente autorizado para tal. Finalmente os ogans, que são os que cuidam da parte musical do terreiro, principalmente dos atabaques. Entre essa hierarquia não pode haver discordância de filosofia. A fidelidade entre eles tem que ser absolutamente homogênea. Temos que entender ser impossível a unanimidade no conceito e no entendimento da religião, e ela pode ser discutida e modificada, principalmente na Umbanda que ainda não está bem definida em suas regras, mas sempre em nível interno da hierarquia.

Discordâncias e não aceitação do mando levam os membros a uma ruptura da hierarquia capaz de fazer o papel do palanque de uma cerca. Mandar e ser mandado não podem ser confundidos com prepotência e submissão. Aprendi com uma entidade que quem não sabe obedecer jamais vai poder mandar. O soldado faz continência ao sargento, o sargento ao tenente, o tenente ao capitão, o capitão ao major, o major ao coronel, o coronel ao general e o general à Bandeira Nacional.
Já me perguntaram se eu gosto de ser pai-de-santo. Refleti bem antes de responder afirmativamente. Se sou um é porque gosto. Na verdade não sei porquê.

Na minha reflexão descobri que antes eu tinha compromisso só com as entidades que eu trabalho, hoje tenho com todas que trabalham no terreiro. E as pessoas às vezes não entendem que eu sou igual a qualquer um, com todas as emoções, acertos e erros de um médium, e o que me difere é que sou talvez mais experiente e obrigado a cumprir o compromisso que assumi perante os espíritos que me cuidam. E todo pai-de-santo, entre o dever de cumprir as suas obrigações e magoar um membro de sua corrente, fica sem opção: o compromisso com a espiritualidade tem que prevalecer. Tenho acertado comigo mesmo: quando eu sentir que estiver, por um motivo qualquer, atrapalhando o terreiro, entregarei minha guia ao meu sucessor.


Notas:



1) A Umbanda não tem um órgão centralizador · felizmente, e por isso não existem regras para a abertura de um Terreiro. Alguém se torna pai-de-santo quando recebe suas obrigações de outro pai-de-santo. Com sua personalidade, modo de ser, idéias sobre a religião e filosofias, é seguido por outros que acreditam no que diz e faz e se subordinam, espontaneamente, ao seu mando. São opções livres e da vontade de cada um.

2) O pai-de-santo, também chamado zelador, dirigente ou diretor, cria a linha de seu trabalho de acordo com seu Orixá cósmico. Por isso que se diz Terreiro ou Casa de Oxalá, Ogum, Oxossi, Xangô, Iemanjá, Oxum ou Iansã.

3) A rudeza das minhas palavras não deve ser considerada como desrespeito aos meus companheiros, mas entendida como fidelidade à boa organização de um terreiro: a mãe ou pai-de-santo ditam as normas, a mãe ou pai-pequeno as acatam e os capitães de terreiro obedecem e as fazem cumprir.
Fonte: Terreiro Pai Maneco

4 de abril de 2010

Concentração, Manifestação, Mistificação

Concentração
1º Mandamento
Você está equilibrado emocionalmente e psicologicamente, está com a sua saúde em perfeito estado? São pontos primordiais para uma boa Concentração dentro de um terreiro de Umbanda. O equilíbrio destas funções é necessário para qualquer médium em desenvolvimento, ou já desenvolvido, para que possa trabalhar na linha da Fé e Caridade.
Não é porque um médium tem vinte anos de mediunidade que ele está sempre pronto para concentrar para qualquer guia ou entidade. O ato de você se concentrar nada mais é do que você ligar um rádio dentro da sua mente e sintonizar uma estação. Essa estação que você tenta captar é a ligação que você, médium, tem com o Mundo Espiritual. Neste momento é que vem a importância de um Centro.
Para você aprender a se concentrar é importantíssimo verificar onde você está pisando e quem vai lhe desenvolver, pois você irá se doar plenamente a essa pessoa. Assim, é recomendado que você veja e reflita no que está fazendo e no passo que irá dar, pois uma vez que você estiver concentrando em um lugar que não seja de bem, você irá receber a comunicação de Espíritos que não sejam do bem também.
Para uma concentração de bem e perfeita, é importante que esses pontos acima estejam em perfeita harmonia com o irmão.
Para o médium novo nunca se deve concentrar com o Mundo Espiritual fora de um Centro, sem a presença de seu Babalaô. Assim como há irmãos no Mundo Espiritual que queiram ajudar, também tem irmãos que só querem atrapalhar ou mesmo prejudicá-lo. Às vezes não fazem por mal, mas por ignorância ou falta de esclarecimento.
Existem alguns locais que temos que evitar nos Concentrarmos, a não ser que tenhamos autorização. São eles: encruzilhadas, cemitérios, hospitais, capelas, Centros em visita, casa de Exu, por brincadeira ou curiosidade.
Concentração simples
Peça licença a Deus. Peça licença a nosso pai Oxalá. Peça licença e proteção ao Dono do Congá. Peça licença e proteção a seu Anjo de Guarda. Afaste tudo que estiver tomando a sua atenção. Feche os seus olhos. Sinta o seu corpo. Respire fundo lentamente. Bloqueie seus ouvidos para o que tiver escutando. Através do pensamento eleve-se e transporte-se até onde você quer chegar.
Leve o pensamento até a entidade que você quer sintonizar ou chamar. Solte o corpo e mente. Não fique ansioso. Não interfira com outros pensamentos. Confie plenamente nos seus guias ou entidades. Entre no compasso e nas batidas do atabaque, se houver. Sinta arrepios, calor, frio, vontade de chorar, rir, pular, dançar, felicidade.
Deste modo, você está pronto para a incorporação, você abrirá um canal para o mundo Espiritual. Muito importante também é para que e para quem vamos abrir esse canal! Um canal aberto sem propósito tende a abrir campo para indesejáveis incorporações nem sempre fáceis de doutrinar.
Outra coisa muita importante é a corrente de concentração. Quando se abre uma corrente de concentração com todos os médiuns do Centro, os irmãos devem levar o pensamento a Oxalá pedindo força e saúde para o filho que pediu a corrente. Se for uma corrente de descarrego levar o pensamento ao irmão que precisa de ajuda, mas lembre-se: médium novo não pode se concentrar nesta gira. Peçam encaminhamento para o irmão ou irmãos que estão atrapalhando a vida de quem está sendo descarregado. Nunca com ódio nem raiva e muito menos brincadeira. Lidar com o Mundo Espiritual não é fácil, quanto mais se forem irmãos sem esclarecimento.
  
CONCENTRAÇÃO DOS ORIXÁS E GUIAS NA UMBANDA 
OXALÁ:
Geralmente na gira de Oxalá, são cantados os pontos que convém a gira. O médium toma seu lugar dentro do Centro.
Após a chegada de um guia no médium Chefe da casa, você começará a sua concentração. Permaneça cantando os pontos que estão sendo cantados e batidos, não se distraia com nada, feche os seus olhos, respire fundo, envolva-se na batida do atabaque, nos pontos, deixe-se levar suavemente, pensamento voltado a Oxalá, nas flores, nas estrelas, no céu, só em pensamentos bons, na cruz, na imagem de Oxalá que está no congá. Isso tudo é elo de ligação da gira de Oxalá para uma concentração perfeita.
Em gira feita dentro de um Centro Espírita, já existe um procedimento de abertura de canal com o Mundo Espiritual. Isso é feito na abertura da gira, quando nós cantamos para todas as entidades. Com isso já é feita a aproximação de todas as entidades dentro de cada gira. O Mundo Espiritual sabe muito bem quem está pronto para a incorporação ou não, mesmo sendo um médium antigo. No Mundo Espiritual seguem ordens e não existe a dúvida, são regras muito rígidas que devemos respeitar. Por isso, uma incorporação só se dá com o consentimento do Mundo Espiritual. E uma boa concentração acaba em uma boa incorporação.
Fluídos mais comuns na gira de Oxalá:
·         Sentir um perfume de flores
·         Mãos trêmulas
·         Suar frio
·         Sentir-se muito bem
·         Sentir-se leve e feliz
·         Arrepiar-se

NANÃ:
Na gira de Nanã são usados os mesmos procedimentos que na gira de Oxalá. Sendo que este Orixá é a vovó de Oxalá e como toda vovó devemos fazer a concentração, pensando em uma entidade velhinha, na imagem que está no congá; em nossas próprias avós e tudo que leve o seu pensamento até este Orixá.
Sua incorporação é muito rápida, porém muito forte para um médium novo, por esse motivo essa entidade incorpora num médium mais antigo e mais bem preparado. Isso não significa que um médium novo não sinta as suas vibrações. Aí é que entra a boa concentração do médium, fique sempre pronto para se doar para caridade.
Lembre-se que um médium dentro de um Centro Espírita é um veículo que as entidades usam para se comunicarem.
Fluídos mais comuns na gira de Nanã:
·         Muita paz
·         O corpo querendo se curvar para frente
·         Formigamento nas costas
·         Formigamento nas pernas
·         Sono
·         Preguiça
·         Sentir-se bem
·         Arrepios
·         Leve sensação de que vai cair

IEMANJÁ:
Como nos outros Orixás, é o mesmo procedimento. Senhora Iemanjá, Rainha das águas salgadas, Rainha do mar, Sereia bendita das ondas do Mar, Nossa Senhora. Essa deve ser a concentração mais fácil, pois temos muito campo para firmarmos nosso pensamento, como praias, mares, peixes, conchas, pescadores, barcos, ondas batendo nas pedras, sereias, canto das sereias e a imagem de Nossa Senhora da Conceição. Se transporte para o mar, veja você brincando nas suas ondas sagradas, sinta a sua água fria e pura no seu corpo a banhar, lembre-se do gosto da água salgada em sua boca, sinta a pureza de seus pontos, sinta-se feliz. Mas com o maior respeito! Pois como temos as calmarias também temos as suas violentas e devastadoras ondas. Na gira da Senhora Iemanjá, não só a Senhora se manifesta, mas também Espíritos do mar, como pescadores, por terem tanto a ver com o mar, continuam mesmo depois de desencarnarem a fazer parte dessa grande e poderosa falange do mar. Nisso meus irmãos temos que sempre estar em plena concentração durante toda a gira da Senhora.
Fluídos mais comuns na gira da Senhora Iemanjá:
·         Arrepios
·         Vontade de se jogar no chão
·         Paz
·         Cheiro de Mar
·         Tremedeira nas mãos
·         Sons de ondas batendo na praia
·         Relaxamento
·         Bem-estar

OXUM:
Mesmo procedimento dos outros Orixás. Mamãe Oxum, o próprio nome já está dizendo tudo, Mãe das águas doces, Mãe de rios, cachoeiras, cascatas, córregos límpidos como a água que bebemos que é a fonte da nossa vida.
Para se fazer uma concentração para a gira da Mamãe Oxum, simplesmente enviemos os nossos pensamentos para esses lugares acima mencionados, liberte-se de sua matéria, deixando o pensamento voltar-se para banhar-se nessas águas doces e maravilhosas de nossa Mamãe Oxum. Abra os seus olhos e contemple a imagem de Nossa Senhora da Glória, simples e bela como suas águas.
Como na gira de Iemanjá, não só a Mamãe Oxum se manifesta, mas também espíritos de sua falange são enviados para nos trazer bons fluídos; dar passes, descarregar um irmão enfermo, pois o poder de suas águas são muito poderosas, nesta gira se permanece em pé e em plena concentração até o final da gira.
Fluídos mais comuns na gira da Mamãe Oxum:
·         Tremor nos braços
·         Arrepios
·         Cabeça rodando
·         Braços leves
·         Vontade de chorar
·         Paz
·         Agitação incomum
·         Feliz
·         Serenidade
·         Leveza

IANSÃ:
A sua concentração baseia-se em raios, tempestades, trovões, ventos e chuva. Por carregar uma espada junto ao seu peito, trata-se de uma Santa guerreira que lutou pelas fileiras do bem e do amor. Envie seus pensamentos diretos a sua imagem no Congá. Eleve seu pensamento e sua vontade de prestar caridade, sinta-se útil dentro de um terreiro. Mostre sempre que está pronto para servir a Jesus e a Santa Bárbara.
Como em outros Orixás, a sua incorporação é muito forte para um médium novo, mas seus fluídos e Espíritos que vibram na sua corrente, podem se manifestar em um médium novo. Concentração é muito importante nesta gira, trazem fluídos e força para os médiuns. Permaneça de pé em plena vibração e Concentração até o fim da gira.
Fluídos mais comuns na gira de Iansã:
·         Frio
·         Agitação
·         Leveza
·         Bem-estar
·         Arrepios nos braços
·         Arrepios nas pernas
·         Braços leves, mas firmes
·         Cabeça rodando
·         Vontade imensa levantar os braços, gritar ou bradar

OGUM:
Tratando-se de um orixá guerreiro, nossa concentração tende ser a mais perfeita possível. Como seu Ogum está em várias linhas, como: mar, terra, mato e o espaço podem dirigir a concentração para vários pontos. Levantai vossos olhos na direção de sua imagem e contemplai o seu rosto, sua armadura, seu escudo e sua lança. Sinta o seu poder a sua presença, a sua frente, vibre com os pontos cantados e batidos. Entregue a sua mente e seu corpo. Mentalize em sua mente um guerreiro perfeito, um amigo, um pai. São Jorge, guerreiro vencedor de demanda, guardião da bandeira de Nosso Senhor Jesus Cristo, que em batalhas nunca tremeu. Por isso, nunca tenham receio nem temor quando se concentrar para o glorioso e particularmente amado Ogum.
Fluídos mais comuns na gira de Seu Ogum:
·         Calor na nuca
·         Força nos braços
·         Força nas pernas
·         Calor no corpo
·         Tremor no corpo
·         Forte influência no pensamento e na vontade

XANGÔ:
Os médiuns continuam em seus lugares habituais. Xangô é rei da Justiça e da seriedade, Orixá de muita força. Sua concentração não é nada fácil, pois a sua incorporação é muita puxada para o médium. Como este Orixá tem como o seu ponto de firmeza as pedras, suas montanhas, suas grutas e até mesmo o seu leão, levemos nossos pensamentos até estes lugares, imagine você sentado lá em cima de uma pedreira bradando e saudando a natureza e os ventos. Contemple a força e o poder do seu leão que aos seus pés deita-se com sua grandiosa beleza.
Envolva-se nesta força, que a gira de Seu Xangô transmite para o médium. Não relute nem tente cortar o pensamento, se entregue a esse Rei da Justiça e do amor.
Fluídos mais comuns na gira de Seu Xangô:
·         Calor no corpo
·         Força
·         Braços e pernas dormentes
·         Cabeça rodando
·         Garganta doendo
·         Arrepios na cabeça
·         Se sente grande
·         Pensamento firme
·         Corpo trêmulo

OXOSSI:
Nesta gira, a concentração se diferencia entre Enviado de Oxossi, Caboclos e Boiadeiros. Enviado de Seu Oxossi é uma incorporação muito forte, sua concentração tem que ser muito clara e o médium tem que estar muito equilibrado e pronto espiritualmente para a sintonia ser perfeita. Tanto a incorporação quanto a desincorporação de qualquer enviado é muito séria e requer o máximo do médium, por esse motivo só o Médium Chefe do terreiro o incorpora. A concentração é diferente. Primeiro é enviado pelo Mundo Espiritual uma falange para a limpeza do ambiente. Depois o médium incorpora um irmão que o ajudará na limpeza do seu corpo e mente, após essa purificação, o médium é preparado para a incorporação de um Enviado. Você não se concentra direto para um Enviado. Você não tem o domínio de sua mente para concentrar para um Enviado de São Sebastião. O ato de incorporação de um Enviado vem sempre do Mundo Espiritual, nunca do médium.
Quanto aos Caboclos, sua concentração é bem mais fácil, por terem vivido nas matas e selvas, em contato direto com a natureza. Podemos fazer uma concentração perfeita seguindo estes costumes, vamos pensar nas matas e nas selvas. Vamos nos imaginar dentro de uma tribo de índios, com suas cabanas, seus caboclos, sua caboclas enfeitadas com lindos penachos de penas, colorindo as suas vestimentas, sua integração perfeita com a natureza, pássaros voando pelo meio da mata virgem. Bravos Orixás que um dia foram donos de nossa terra. E hoje são considerados no Mundo Espiritual como bravos guerreiros de Oxalá.
Vamos falar em uma concentração muito forte, que é a falange dos Boiadeiros. Que também pertence à linha de Oxossi. Como nós já sabemos os Boiadeiros viveram no Nordeste do nosso País. Eram trabalhadores do campo, tocavam o gado para as pastagens, viviam montados em seus cavalos ligeiros, confiavam firmemente no seu laço certeiro. Este mesmo laço que hoje é usado para laçar almas que estejam perdidas. Tinham como o seu maior valor, sua força e sua fé em Jesus para enfrentar os castigos que aquela terra oferecia.
Para se concentrar nos fortes Boiadeiros do nosso sertão, pense em suas terras, em seu laço, no seu boi, na sua boiada, naquele chapéu de couro junto com seu chicote e nos pontos que são cantados e batidos através dos nossos atabaques.
Fluídos mais comuns na gira de Seu Oxossi, Caboclos e Boiadeiros:
·         Corpo quente
·         Cabeça rodando
·         Vibração pelo corpo todo
·         Vontade de dançar
·         Sentindo-se muito forte
·         Pensamento com firmeza
·         Corpo leve
·         Mãos trêmulas
·         Pernas muito trêmulas

OBALUAÊ e OMULÚ:
Nesta gira a concentração só é feita por médiuns antigos e preparados. Seu Obaluaê e Seu Omulú trabalham na linha de doenças. Para os médiuns novos a concentração tem que ser de muita força e dedicação, pois na sua gira existe toda uma falange trabalhando para que os fluídos de doença e mazelas sejam retiradas de junto de nós.
Médiuns devem se concentrar, pedindo mentalmente para que todo mal se afaste de todos dentro e fora do terreiro, que toda doença do corpo físico seja levada. E que a paz de nosso corpo volte, com a graça de Deus.

CRIANÇAS:
Concentração para gira de Criança é a mesma coisa, mas é mais espontânea e simples. Sabemos que esta gira pertence a todas as crianças do Mundo Espiritual. Partindo desse conhecimento, podemos fazer a nossa concentração diretamente voltadas a elas. Fechem os olhos materializem em sua mente uma pracinha linda e bela cheia de árvores, lindos jardins com muitas flores, com crianças brincando, risos de alegria e felicidade. As Crianças do Espaço adoram se manifestarem em médiuns novos, pois para eles o fato de um médium novo ficar balançando para lá e para cá é uma brincadeira. Por isso, às vezes é preciso se concentrar bem para que a incorporação se conceda logo.
Fluídos mais comuns na gira das Crianças:
·         Alegria
·         Vontade de rir
·         Vontade de pular
·         Felicidade
·         Mãos trêmulas
·         Bons pensamentos
·         Vontade de comer doce

POVO DO ORIENTE:
O Povo do Oriente não se trata de um Orixá, mas todo o respeito para com a sua gira é a mesma de um Orixá. Quando falamos nos Povos do Oriente, abrimos vários tipos de incorporações: a) Médicos do Espaço; b) Budistas; c) Árabes; d) Hindus; e) Indianos; f) Socorristas do Espaço.
São todos da mesma falange, com o mesmo padrão de concentração. Para uma incorporação ser bem feita devemos nos deixar levar pelos pensamentos do bem, pensar nas areias do Deserto, nas montanhas, em hospitais Espirituais e no grande homem que foi "Gandhi”.
Fluídos mais comuns na gira dos Povos do Oriente:
·         Corpo leve
·         Mente leve
·         Arrepios pelo corpo
·         Paz
·         Seriedade
·         Incorporação suave
·         Mãos trêmulas

PRETO VELHO:
Na gira de Preto Velho a concentração do médium tem de ser voltada à época da escravidão, época essa em que viveram os nossos queridos Pretos-Velhos. Então, reportemo-nos àquelas fazendas de café do século passado, mas sempre pensando em um negro velho, sentado em cima de um tronco de árvore com o seu cachimbo a pitar, com um cajado ao lado para lhe facilitar o seu andar, nas festas que faziam dentro de suas senzalas, da alegria que tiveram quando foram libertados da escravidão. Sempre que você levar o seu pensamento aos Pretos-Velhos, pense sempre em coisas boas, nunca em sofrimento. Lembrai do cruzeiro bendito. Lembrai de um Velho querido.
Fluídos mais comuns na gira de Preto Velho:
·         Dor nas costas
·         Arrepios
·         Mãos trêmulas
·         Pernas trêmulas
·         Corpo leve
·         Vontade de sacudir o corpo
·         Cabeça pesada
·         Paz

POMBAS-GIRAS E EXUS:
A concentração para essa gira não é muito difícil, mas de muita responsabilidade para o médium. É uma gira muito pesada para um médium novo e ele só trabalhará com ordem do Guia Chefe do Centro. Nesta gira, a concentração é simples e perigosa. Para um médium já antigo, que conhece os fluídos de seu Exu ou da sua Pomba-Gira, fica mais fácil, porém para um médium novo que não conheça os fluídos do Povo da Rua, fica bem complicado. Abra sua mente para os pontos cantados, não pense em entidades de luz, para não atrapalhar a concentração. Nesta gira sempre o Exu da casa e chefe da gira vem primeiro. E sempre é ele que puxa os seus manos, podemos assim dizer. Sendo deste modo, a concentração é quase espontânea para o médium. Ligue-se nos pontos e no atabaque, para que facilite a sua incorporação.
Fluídos mais comuns na gira de Pomba-gira e Exu:
·         Vontade de rir
·         Corpo pesado
·         Gosto ruim na boca
·         Sensação de embriaguez
·         Pensamentos sem firmeza

Atenção:
Toda concentração tem o seu começo e fim. Quando você estabelece um contato com o Mundo Espiritual, você abre uma linha de incorporação. Quando o médium está pronto ou em fase de desenvolvimento, você se concentra e tem a incorporação, depois há a desincorporação e a desconcentração. O fato de você cortar o pensamento no final de uma incorporação é muito importante, pois não é só porque o guia foi embora que o canal com o Mundo Espiritual está fechado. O canal só se fecha quando você pára de se concentrar.
Depois que seu guia já subiu, você deve parar com a concentração, às vezes isso não é muito fácil, pois você ainda sente os fluídos da última incorporação. Leve o seu pensamento a nosso Pai Oxalá e respire fundo, bata sua cabeça no congá pedindo força, volte para o seu lugar e fique parado. Se as pernas estiverem bambeando sente-se no banco, beba uma água, tente botar a sua mente em estado normal. Se não conseguir vá até o médium chefe do terreiro. Lembre-se: não é o guia que está querendo voltar, ele sabe muito bem quais são as ordens e como cumpri-las, é o fluído da entidade que ainda está perto de você.

Manifestação:
A Manifestação é um passo a mais que se dá nessa nossa caminhada para servimos ao nosso Mestre Jesus, como médium de incorporação. Como na concentração, cada Orixá tem seu modo de se manifestar, todos têm sua forma diferenciada de se manifestar, cada Orixá ou entidade tem suas próprias características. A Manifestação nada mais é que a consequência de uma boa concentração. É a hora em que seu Espírito se afasta de sua matéria e dá lugar a outro Irmão Espiritual.
Atenção: médiuns conscientes devem ficar atentos para não deixar que seus pensamentos interfiram na manifestação. Deixe o espírito da entidade trabalhar, do jeito dele. Não queira interferir. Para tanto, confie e relaxe.

Mistificação:
Mistificação é quando o médium, por algum motivo, não sente a vibração da entidade, não incorpora naquele momento, mas mesmo assim finge receber o guia, imitando seus movimentos. Mistificar também é interferir na forma de trabalho da entidade.
Para não mistificar, não tenha pressa, não se afobe para incorporar. Sinta a vibração, deixe que a entidade tome conta por completo. O orgulho e a vaidade também são fontes de mistificação. Por exemplo: um médium pode achar importante e bonito receber determinada entidade, como a cigana. Aí, sente uma vibração de uma pomba-gira e já sai rodando e fazendo trejeitos como se fosse uma cigana. Cuidado!