Blog da Casa de Caridade Luz Divina - dirigente espiritual Vovó Luiza

22 de abril de 2011

Oração a Ogum

Eu andarei vestido e armado com as armas de Ogum,
Para que meus inimigos, tendo pés, não me alcancem;
Tendo mãos, não me peguem;
Tendo olhos, não me vejam, e nem em pensamento eles possam me fazer mal.
Armas de fogo o meu corpo não alcançarão,
Facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar;
Cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.
Jesus Cristo, me proteja e defenda com o poder de sua Santa e Divina graça.
Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições.
E, Deus, em sua divina misericórdia, seja meu defensor, enviando Ogum para me defender contra as maldades de meus inimigos.
Glorioso Ogum, em nome de Deus, estenda-me seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós.

Assim seja, pelo poder de Deus, de Jesus e da falange de Ogum!

A Páscoa para a Umbanda

A Páscoa (do hebraico Pessach, significando passagem através do grego Πάσχα) é um evento religioso cristão, normalmente considerado pelas igrejas ligadas a esta corrente religiosa como a maior e a mais importante festa da Cristandade. Na Páscoa, os cristãos celebram a Ressurreição de Jesus Cristo depois da sua morte por crucificação que teria ocorrido nesta época do ano em 30 ou33 da Era Comum.
Os eventos da Páscoa teriam ocorrido durante o Pessach, data em que os judeus comemoram a libertação e fuga de seu povo escravizado no Egito.
A palavra Páscoa advém, exatamente do nome em hebraico da festa judaica à qual a Páscoa cristã está intimamente ligada, não só pelo sentido simbólico de “passagem”, comum às celebrações pagãs (passagem do inverno para a primavera) e judaicas (da escravatura no Egito para a liberdade na Terra prometida), mas também pela posição da Páscoa no calendário, segundo os cálculos que se indicam a seguir.
A última ceia partilhada por Jesus Cristo e seus discípulos é narrada nos Evangelhos e é considerada, geralmente, um “sêder do pesach” – a refeição ritual que acompanha a festividade judaica, se nos ativermos à cronologia proposta pelos Evangelhos sinópticos. O Evangelho de João propõe uma cronologia distinta, ao situar a morte de Cristo por altura da hecatombe dos cordeiros do Pessach. Assim, a última ceia teria ocorrido um pouco antes desta mesma festividade.
Os termos "Easter" (Ishtar) e "Ostern" (em inglês e alemão, respectivamente) parecem não ter qualquer relação etimológica com o Pessach (Páscoa). As hipóteses mais aceitas relacionam os termos com Eostremonat, nome de um antigo mês germânico, ou de Eostre, uma deusa germânica relacionada com a primavera que era homenageada todos os anos, no mês de Eostremonat, de acordo com o Venerável Beda, historiador inglês do século VII.

Na Páscoa, é comum a prática de pintar-se ovos cozidos, decorando-os com desenhos e formas abstratas. Em grande parte dos países ainda é um costume comum, embora que em outros, os ovos tenham sido substítuidos por ovos de chocolate. No entanto, o costume não é citado na Bíblia. Antes, este costume é uma alusão a antigos rituais pagãos. Eostre ou Ostera é a deusa da fertilidade e do renascimento na mitologia anglo-saxã, na mitologia nórdica e mitologia germânica. A primavera, lebres e ovos pintados com runas eram os símbolos da fertilidade e renovação a ela associados. A lebre (e não um coelho) era seu símbolo. Suas sacerdotisas eram ditas capazes de prever o futuro observando as entranhas de uma lebre sacrificada. A lebre de Eostre pode ser vista na Lua cheia e, portanto, era naturalmente associada à Lua e às deusas lunares da fertilidade. De seus cultos pagãos originou-se a Páscoa (Easter, em inglês e Ostern em alemão), que foi absorvida e misturada pelas comemorações judaico-cristãs. Os antigos povos nórdicos comemoravam o festival de Eostre no dia 30 de Março. Eostre ou Ostera (no alemão mais antigo) significa “a Deusa da Aurora” (ou novamente, o planeta Vênus). É uma Deusa anglo-saxã, teutônica, da Primavera, da Ressurreição e do Renascimento. Ela deu nome ao Sabbat Pagão, que celebra o renascimento chamado de Ostara.
A festa cristã da Páscoa tem origem na festa judaica, mas tem um significado diferente. Enquanto para o Judaísmo, Pessach representa a libertação do povo de Israel no Egito, no Cristianismo a Páscoa representa a morte e ressurreição de Cristo, assimilando também diversos elementos como alegóricos de morte e renascimento representados pela transição do inverno-primavera que ocorre neste período.

Pessach (do hebraico פסח, ou seja, passagem), também conhecida como Páscoa judaica, é o nome do sacrifício executado em 14 de Nissan segundo o calendário judaico e que precede a Festa dos Pães Ázimos (Chag haMatzot). Geralmente o nome Pessach é associado a esta festa também, que celebra e recorda a libertação do povo de Israel do Egito, conforme narrado no livro de Shemot (Êxodo).
De acordo com a tradição, a primeira celebração de Pessach ocorreu há 3500 anos, quando de acordo com a Torá, Deus enviou as Dez pragas do Egito sobre o povo do Egito. Antes da décima praga, o profeta Moisés foi instruído a pedir para que cada família hebréia sacrificasse um cordeiro e molhasse os umbrais (mezuzót) das portas com o sangue do cordeiro, para que não fossem acometidos pela morte de seus primogênitos.
Chegada a noite, os hebreus comeram a carne do cordeiro, acompanhada de pão ázimo e ervas amargas (como o rábano, por exemplo). À meia-noite, um anjo enviado por Deus feriu de morte todos os primogênitos egípcios, desde os primogênitos dos animais até mesmo os primogênitos da casa do Faraó. Então 
o Faraó, temendo ainda mais a Ira Divina, aceitou liberar o povo de Israel para adoração no deserto, o que levou ao Êxodo. Como recordação desta liberação, e do castigo de Deus sobre Faraó foi instituído para todas as gerações o sacríficio de Pessach.
É importante notar que Pessach significa a passagem, porém a passagem do anjo da morte, e não a passagem dos hebreus pelo Mar Vermelho ou outra passagem qualquer, apesar do nome evocar vários simbolismos.
Um segundo Pessach era celebrado em 14 de Iyar,para que pessoas que na ocasião do primeiro Pessach estivessem impossibilitadas de ir ao Tabernáculo, fosse por motivos de impureza , ou por viagem .

É importante lembrar também que no Domingo é comemorada a ressurreição de Jesus Cristo. 

Conforme narram os evangelistas, Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na Cruz na Sexta-feira, perto das 3 horas após o almoço, na véspera da páscoa hebraica. Naquela mesma noite, José de Arimatéia, um homem rico e honrado, juntamente com Nicodemus tiraram o corpo de Cristo da Cruz, ungiram-No com substâncias aromáticas, envolveram com linho (Sudário), conforme as tradições judaicas e sepultaram numa gruta de pedra. Essa gruta foi cortada por José para seu próprio sepultamento, mas por amor a Jesus cedeu-a. A referida gruta encontra-se no jardim de José, perto de Golgotá, onde Cristo foi crucificado. José e Nicodemus eram membros de Sanedrion (a corte suprema judaica) e ao mesmo tempo eram discípulos secretos de Cristo. A entrada da gruta, onde eles sepultaram o corpo de Jesus, foi fechada com uma enorme pedra. O sepultamento foi feito rapidamente e não conforme as leis, pois nessa noite iniciava-se a celebração da páscoa hebraica.
A despeito da celebração no Sábado de manhã, os sacerdotes e escrivães foram até Pilatos e pediram sua autorização para colocar soldados romanos para guardarem o túmulo. Foi colocado um lacre na pedra que fechava a entrada do sepulcro. Tudo isto foi feito como precaução, pois eles se lembraram das predições de Jesus Cristo, que Ele ressuscitaria no terceiro dia de sua morte.
No terceiro dia após Sua morte, no Domingo, de manhã cedo, quando ainda estava escuro e os guardas se encontravam em seu posto na sepultura lacrada, o Senhor Jesus Cristo Ressuscitou dos mortos. O mistério da Ressurreição, assim como o mistério da encarnação, - são inconcebíveis. Com a frágil mente humana, nós entendemos esse acontecimento da seguinte maneira: que no momento da Ressurreição a alma do Filho de Deus voltou ao Seu corpo, e em conseqüência o corpo reviveu e ficou imortal, vivificado e espiritualizado. Depois disto, o Cristo ressuscitado deixou a caverna sem derrubar a pedra e sem violar o lacre. Os guardas não viram o que aconteceu na caverna, e após a Ressurreição de Cristo continuavam vigiando o túmulo vazio. Em seguida aconteceu um terremoto, e então um Anjo de Deus desceu do céu, afastou a pedra da entrada do túmulo e sentou-se sobre ela. Ele tinha a aparência de um raio e sua roupa era alva como a neve. Os guardas, assustados com o Anjo, fugiram.
Nem as esposas dos produtores de mirra, nem os discípulos de Cristo, sabiam de nada do acontecido. Como o sepultamento de Cristo foi feito rapidamente, as esposas dos produtores de mirra combinaram que iriam ao túmulo no dia seguinte ao dos festejos da páscoa hebraica, ou seja, no Domingo, e terminariam a unção do corpo do Salvador com aromas e bálsamos. Elas inclusive não tinham conhecimento dos guardas romanos nem do selo. Quando a aurora começava a surgir, Maria Madalena, "outra" Maria, Salomé e algumas outras mulheres honradas foram até o túmulo levando a mirra perfumada. Pelo caminho, elas refletiam perplexas:"Quem irá retirar a pedra do túmulo?" - pois, conforme explica o Evangelho, a pedra era imensa. A primeira que se aproximou do sepulcro foi Maria Madalena. Vendo a sepultura vazia, ela correu para trás até aos discípulos Pedro e João e contou-lhes a respeito do desaparecimento do corpo do Mestre. Um pouco mais tarde chegaram ao túmulo outras portadoras de mirra. Elas viram um jovem vestido de branco sentado do lado direito do túmulo, o qual lhes disse: "Não se assustem, posto que sei que vocês procuram pelo Cristo crucificado. Ele Ressuscitou. Andem e digam aos discípulos Dele que eles O verão na Galiléia."Emocionadas com a notícia inesperada, elas apressaram-se para ir ter com os discípulos.
Entretanto os Apóstolos Pedro e João, tendo ouvido de Maria sobre o acontecido, vieram correndo à caverna: Porém, tendo encontrado ali apenas a mortalha e o tecido o qual estava na cabeça dé Jesus, voltaram perplexos para casa. Depois disso Maria Madalena voltou ao local do sepultamento de Cristo e começou a chorar. Nesse momento ela viu na sepultura dois Anjos vestidos de branco, os quais estavam sentados - um à cabeceira, outro aos pés, de onde estivere deitado o corpo de Jesus. Os Anjos perguntaram-lhe: "Por que você está chorando?." Após ter respondido aos Anjos, Maria voltou-se e viu Jesus Cristo, mas não o reconheceu. Pensando que se tratava de um jardineiro, ela perguntou: "Meu senhor, se você O retirou (Jesus Cristo) então diga onde O colocou e eu O pegarei." Então, o Senhor disse para ela: "Maria!." Ao ouvir a voz conhecida e tendo se voltado para Ele, ela reconheceu a Cristo e gritou: "Mestre" e jogou-se a Seus pés. Mas o Senhor não permitiu que ela O tocasse, mas ordenou que fosse ter com os discípulos e lhes contasse sobre o milagre da Ressurreição.
Nessa mesma manhã os guardas chegaram até aos sumo-sacerdotes e lhes relataram a respeito da aparição do Anjo e da sepultura vazia. Essa notícia deixou as autoridades judaicas muito agitadas: Cumpriram-se seus pressentimentos inquietantes. Agora para eles antes de mais nada, era necessário preocupar-se para que o povo não acreditasse na Ressurreição de Cristo. Tendo reunido o conselho, eles deram muito dinheiro aos soldados ordenando que propagassem e espalhassem orumor dizendo que os discípulos de Jesus à noite, na hora em que os guardas dormiam, roubaram Seu corpo. Assim fizeram todos os guardas, e o boato sobre o roubo do corpo do Salvador se manteve por longo tempo entre o povo, e até hoje é chamado o dicha mentira.
No primeiro dia de Sua Ressurreição, o Senhor apareceu algumas vezes aos seus discípulos, os quais se escondiam individualmente ou em pequenos grupos em diversos lugares de Jerusalém. De acordo com as tradições da Igreja, Cristo primeiramente apareceu à Sua Mãe e com isto consolou Sua aflição materna. Depois, o Senhor apareceu às outras esposas dos feitores de mirra, lhes dizendo: "Alegrem-se!" Elas, por sua vez, se apressaram em dividir esta alegria com outros Apóstolos. Nesse mesmo dia o Senhor apareceu ainda para o Apóstolo Pedro e a dois discípulos - Lucas e Cléofas que estavam a caminho de Emaús. À noite Ele apareceu para todos os Apóstolos, os quais estavam reunidos para condenar os boatos sobre Sua Ressurreição. Com medo dos judeus, eles se trancaram em uma das casas de Jerusalém (pela tradição na sala onde aconteceu a Santa Ceia e onde sete semanas após a Páscoa o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos).
Depois de uma semana, o Senhor novamente apareceu aos Apóstolos, incluindo Tomé, o qual estava ausente na primeira aparição do Salvador. Para dispersar as dúvidas de Tomé a respeito de Sua Ressurreição, o Senhor permitiu que ele tocasse Suas chagas, e Tomé, agora convencido, caiu aos Seus pés, exclamando: "Meu Senhor e meu Deus!" Conforme narram os evangelistas, durante o período de quarenta dias após Sua Ressurreição, o Senhor ainda apareceu algumas vezes aos Apóstolos, conversou com eles e dava-lhes as últimas instruções. Um pouco antes da Sua Ascensão o Senhor apareceu para mais de cinquenta crentes.
No quadragésimo dia após Sua Ressurreição o Senhor Jesus Cristo, na presença dos Apóstolos, subiu aos céus e desde então Ele está sentado à "direita" de Seu pai, segundo os católicos. Os Apóstolos, encorajados com a Ressurreição do Salvador e Sua gloriosa Ascensão, voltaram à Jerusalém para aguardar a descida do Espírito Santo sobre eles, conforme lhes prometeu o Senhor. Para os espíritas umbandistas, "espírito santo" são as entidades de luz que viriam para trabalhar e intuir os discípulos de Jesus.
História à parte, a Páscoa, para os Umbandistas, significa o ensinamento de Jesus, mestre e protetor da orbe terrestre, sobre a vida eterna do espírito humano, a capacidade de se refazer dos flagelos carnais e ficar liberto, ascendendo como espírito nas dimensões e podendo evoluir através de execução de diversos trabalhos, tanto no plano espiritual, nas aldeias, quanto em trabalhos caritativos através dos médiuns.
Portanto, a Páscoa é a comemoração da constatação da eternidade do espírito e de que a morte atinge apenas o corpo físico.
Que a paz de Cristo esteja com todos os filhos de boa vontade!

23 de abril - dia de Ogum


Orixá da energia (ligada a atitude), perseverança, vencedor de demanda, persistência, tenacidade, renascimento (no sentido de capacidade de se reerguer). Orixá sem reino específico, que atua na defesa de todos os reinos. A energia de Ogum está em todos os lugares.
Cor básica: vermelho e branco.
Sincretizado no Rio de Janeiro com São Jorge, tem o seu dia comemorado em 23 de abril.
Elemento: fogo.
Dia da Semana de vibração maior: terça-feira
Planeta: Marte
Características de seus filhos: são persistentes, tem temperamento forte. Determinados e batalhadores.

 Desdobramentos Principais de Ogum
  • Ogum Megê – vermelho, branco e preto (trabalha em harmonia com Omulu, na entrada da calunga  pequena - cemitério).
  • Ogum Rompe Mato – Vermelho e verde (trabalha em harmonia completa com Oxossi, na entrada da mata. Podendo ser cultuado tanto na terça-feira, dia de Ogum, quanto na quinta-feira, dia de Oxossi)
  • Ogum Beira-mar – coral (trabalha na orla marítima em harmonia com Iansã e Iemanjá)
  • Ogum Iara – azul claro e vermelho (trabalha na cachoeira em harmonia com Oxum)
  • Ogum de Lei – vinho e branco (trabalha com as Almas em harmonia com Xangô, Omulu, Oxum e Ogum Iara)


Os demais Oguns, encontrados mais raramente dentro dos terreiros de Umbanda, são desdobramentos destes principais Chefes de Linha, exemplo: Ogum 7 Ondas (desdobramento de Ogum Beira-Mar).

Eguns e Kiumbas

Eguns nada mais são do que os espíritos que já desencarnaram e Kiumbas quer dizer exatamente a mesma coisa.
Apenas se dá entre eles uma diferença de evolução. Eguns são todos os que desencarnaram, tiveram vida humana, em contraposição aos Orixás que são forças da natureza. Kiumbas são Eguns ainda muito atrasados na escala de evolução espiritual, são considerados negativos e que, por vezes, se fazem passar por outras entidades, normalmente por Exus, criando no leigo um ponto de vista muito negativo em relação a estas entidades, os Exus, por eles mistificados.
É sabido que o termo evolução é extremamente relativo, e dentro de uma mesma qualidade de entidades, poderá variar muito o grau de evolução entre cada um deles. Ou seja, mesmo entre os Caboclos, assim como entre os Pretos-Velhos e outras entidades, sempre haverá um que esteja um pouco acima e um outro um pouco abaixo na escala de evolução espiritual.
O certo, no entanto, é que estas entidades, Caboclos, Pretos-Velhos, Crianças, Exus e algumas outras, já chegaram a um nível de evolução tal que os permitem diferenciar o certo do errado e procurarem humildemente ajuda e colaboração das entidades de níveis mais altos, no sentido de auxiliar aos filhos que os procuram, nos momentos em que seus conhecimentos, permissão ou capacidade de trabalho são impotentes para a ajuda. 
Normalmente se ouve: "Você está com o encosto de um Egum muito perigoso! Você precisa fazer uma obrigação para despachar este Egum que está complicando sua vida!"
Isso realmente pode acontecer, pois Egum é todo espírito desencarnado.
E pode acontecer que, por ainda estar num momento de evolução espiritual ainda atrasada, esteja sendo usado para feitiços ou malefícios e até mesmo por ignorância sobre sua atual condição de desencarnado (egum).
Por vezes, em virtude de desencarnes violentos ou inesperados, o espírito não se apercebe ou não aceita sua nova condição fluídica e sente-se como um de nós, ainda encarnados, sendo assim, ele mantém-se muito próximo, principalmente de seus entes queridos quando em vida, tumultuando suas vidas, em virtude da diferença de vibração de suas energias. Este Egum precisa certamente ser esclarecido e afastado.
Várias doutrinas se ocupam deste mister de maneiras diferentes, comprovando que é necessário que os níveis de vida, encarnada e desencarnada, mantenham suas independências.
Nota-se a diferença entre os Eguns, Entidades e Kiumbas.
Na realidade, Egum é a qualificação de todo e qualquer espírito desencarnado. O seu nível de evolução é que o especificará!
Quando nos referimos aos espíritos vampirizadores, aos incitadores ao vício ou àqueles que se aproximam de nós sempre para o mal, os quais são comprados por quem tem a alma maculada pela maldade, para nos impor males ou feitiços, esses serão certamente os Kiumbas.
Tentemos de todas as maneiras, pela caridade, pela fé, pela oração e pelo trabalho espiritual, elevarmos cada vez mais os Kiumbas, que se encontram nos lamaçais da espiritualidade, possam ser cada vez mais atraídos para os caminhos de luz.

A importância do anjo da guarda

Os anjos de guarda nos protegem e acompanham a cada dia. E esse acompanhamento também está nas horas de trabalho (sessões). Isto porque estamos numa corrente espiritual onde espíritos sem luz e perturbados, confusos, enfim, vêm contra nós, e os Orixás, Guias, Entidades nos protegem, mas a presença do anjo da guarda antes e depois da incorporação é por demais importante.
Um exemplo, normalmente quando uma pessoa sofre um trabalho de demanda, um trabalho contra o bem estar dela, o primeiro reflexo que se nota é o enfraquecimento de seu anjo da guarda, tornando-o distante e deixando a pessoa vulnerável.
É comum que os Guias/Entidades do terreiro, quando se vêem frente a uma pessoa com demanda, venham a pedir um “fortalecimento para o anjo de guarda”, ou seja, um reforço para restaurar os laços entre você e seu anjo da guarda. Esse reforço consiste em trazê-lo mais próximo de você, com mais força para te proteger contra os ataques da demanda.
Para os médiuns, os anjos da guarda são tão importantes quanto os próprios Orixás e Entidades.
Quando o médium vai incorporar, para que o Orixá/Entidade se aproxime, o anjo de guarda permite a passagem para ocorrer a incorporação. Quando o Orixá/Entidade está incorporado no médium, o anjo da guarda permanece ao lado, pois o médium está protegido por energias do Orixá ou Entidade que está ali. 
Quando há o processo de desincorporação, o Anjo da Guarda se aproxima mais, para manter o equilíbrio do médium. 
Portanto, os médiuns devem ficar atentos para não oferecer resistência na hora da desincorporação desse Orixá/Entidade, pois existe uma hora certa em que o Orixá deve deixar a matéria e o anjo da guarda se aproximar, não deixando a matéria desprotegida.
O seu anjo da guarda sempre anda com você em qualquer lugar que você esteja, pronto a lhe proteger, embora você não o veja.
O que chamamos de intuição, muitas vezes é a mensagem do seu Anjo da Guarda.
Quando o médium fica meio em transe após a incorporação, alguns dirigentes colocam a mão sobre o coração do médium e dizem: “fulano, seu anjo da guarda te chama!”
Esta era uma prática comum antigamente (não há como datar precisamente) de benzedeiras. Elas utilizavam esta frase como uma pequena oração para pessoas que não se achavam plenamente conscientes por vários motivos (mediunizadas, epilepsia, desmaio, etc.).
Tal prática talvez tenha sido trazido para a nossa amada Umbanda por alguma Preta Velha, já que é de pleno conhecimento nosso que muitas delas foram exímias benzedeiras.
O Anjo da Guarda é visto como o Mentor de nossa razão, de nossa consciência. Desta forma, este é um chamado ao restabelecimento da consciência com implicações magísticas.
Ao fazer referência ao nosso anjo da guarda, chamando-nos de volta ao domínio das faculdades no corpo físico após o transe mediúnico, ocorre uma espécie de invocação a nós mesmos.

Banhos:
Os banhos com ervas de Oxalá servem para fortalecer a sintonia com nosso Anjo da Guarda.

Para firmar o anjo da guarda:
Sempre manter uma vela acesa com um copo de água em um local alto e fazer orações ao anjo da guarda regularmente, pedindo que guie pelos caminhos certos da vida e que lhe proteja. 

A mediunidade inconsciente

A incorporação com inconsciência ou semiconsciência é algo que se conquista com o tempo e, também, que todos têm a possibilidade de atingir este nível de mediunidade. Claro que a consciência, assim como a semiconsciência, são oportunidades únicas e divinas que temos para aprender o que é compaixão e para exercer a nossa real reforma íntima. No entanto, a inconsciência parece ser o “sonho de consumo” para muitos médiuns e para eles nada melhor do que o tempo. Mas por que o tempo? Porque com o tempo aprendemos a entender o plano astral e a confiar na Espiritualidade e nos Guias Espirituais que nos sustentam, mas, principalmente, aprendemos a amar. Entender o plano astral é fundamental e quando isso não acontece bloqueamos as informações do próprio astral. O fato é que se não conhecemos, por exemplo, as ações maléficas de um egum não as reconheceremos a nível energético ou espiritual e, com certeza, as ações do Guia, assim como a comunicação dele conosco, será muito difícil e duvidosa, pois a insegurança e o medo serão alimentados pela nossa falta de conhecimento.
Também é fundamental confiar nos Guias Espirituais e, para isso, é importante conhecê-los. É importante saber quais são suas afinidades com as ervas ou com as pedras, seus pontos de força, suas vestimentas, suas armas e seus símbolos astrais. Conhecer suas formas de trabalho como, por exemplo, se são curadores, demandadores ou doutrinadores, assim como saber se a nossa ligação com este Guia é cármica, missionária, temporária (com a finalidade de aprendizado para ambos) ou se Ele é nosso protetor. E por aí vai! São informações simples, mas que fazem toda a diferença, pois servem para que se criem laços “de baixo para cima”, afinal os laços de cima para baixo já existem, além de facilitar muito todo o trabalho espiritual e a própria incorporação.
A partir daí o medo e a insegurança começam a diminuir e, com certeza, as coisas ficam muito mais simples. Saiba que “só se pode amar aquilo que se conhece” e a Umbanda, assim como os queridos Guias Espirituais, necessitam de nosso amor. Um amor de alma, que se manifesta na hora de alegria, mas, principalmente, na hora da dor. Quando falamos em amar falamos em não julgar. Aí está a verdadeira manifestação do ser como “instrumento”, manifestação essa tão solicitada pelos Guias Espirituais e que, muitas vezes, somos testados pelo próprio plano astral. Um bom exemplo disso é quando ouvimos dos consulentes erros idênticos àqueles que convivemos ou combatemos em nosso dia a dia junto à nossa família, nossos amigos ou conosco mesmo. Nesse momento, somente um verdadeiro instrumento de Deus. ou seja, um médium confiante na espiritualidade e com amor incondicional para realizar uma boa consulta junto com o Guia, sem julgar ou interferir.
Claro que podemos acelerar esse tempo e, para tanto, temos duas necessidades: primeiro, a de estudar a doutrina Umbandista e, segundo, a de exercitar aquilo que conscientemente ouvimos dos Guias Espirituais de Luz. Necessidades essas que, na verdade, representam todo um processo de Fé, Amor, Compaixão e Caridade e que devem ser exercitadas por todos os Umbandistas incondicionalmente.
Aos que galgam a inconsciência para terem Fé, para se esconderem atrás dela se isentando de suas responsabilidades ou para fazerem dela suas muletas de ego e vaidade, saibam que é muito mais honroso a realização de um bom trabalho no limite da consciência ou semiconsciência do que uma manifestação grandiosa, mas inconsciente.

Ensinamentos no sono

Poucos conseguem romper as teias inferiores das mais baixas sensações fisiológicas para assimilarem as lições do plano espiritual durante o sono. O homem eterno guarda a lembrança completa e conservará consigo todos os ensinamentos, intensificando-os e valorizando-os, de acordo com o estado evolutivo que lhe é próprio. 
O homem físico, entretanto, escravo de limitações necessárias, não pode ir tão longe. O cérebro de carne, pelas injunções da luta a que o Espírito foi chamado a viver, é aparelho de potencial reduzido, dependendo muito da iluminação de seu detentor, no que se refere à fixação de determinadas bênçãos divinas. Desse modo, o arquivo de semelhantes reminiscências, no livro temporário das células cerebrais, é muito diferente nos discípulos entre si, variando de alma para alma. Entretanto, na memória de todos os irmãos de boa vontade, permanecerá, de qualquer modo, o benefício, ainda mesmo que eles, no período de vigília (acordado), não consigam positivar a origem. Isto é, não consigam identificar a origem dos ensinamentos. 
Em despertando, na Crosta, depois das aulas recebidas durante o sono, os aprendizes experimentam alívio, repouso e esperança, a par da aquisição de novos valores educativos. É certo que não podem reviver os pormenores, mas guardarão a essência, sentindo-se revigorados, de inexplicável maneira para eles, não só a retomar a luta diária no corpo físico, mas também a beneficiar o próximo e combater, com êxito, as próprias imperfeições. 
Seus pensamentos tornam-se mais claros, os sentimentos mais elevados e as preces mais respeitosas e produtivas, enriquecendo-se-lhes as observações e trabalhos de cada dia. 
Enquanto o corpo repousa, o Espírito se desprende dos laços materiais, fica mais livre e pode mais facilmente ver os outros Espíritos, entrando com eles em comunicação. O sonho não é senão a recordação desse estado. Quando de nada nos lembramos, diz-se que não sonhamos, mas, nem por isso a alma deixou de ver e de gozar da sua liberdade. 
Não nos lembramos de todos os sonhos porque nisso que chamas sono só tens o repouso do corpo, porque o Espírito está sempre em movimento. No sono ele recobra um pouco de sua liberdade e se comunica com os que lhe são caros, seja neste ou noutro mundo. Mas, como o corpo é de matéria pesada e grosseira, dificilmente conserva as impressões recebidas pelo Espírito durante o sono, mesmo porque o Espírito não as percebeu pelos órgãos do corpo. 
Algumas considerações:
No estado de vigília (acordado): as percepções se fazem com o concurso dos órgãos físicos; os estímulos exteriores são selecionados pelos sentidos; são transmitidos ao cérebro pelas vias nervosas; no cérebro físico, são gravados para serem reproduzidos pela memória biológica a cada evocação. 
Quando dormimos: cessam as atividades físicas, motoras e sensoriais; o Espírito liberto age e sua memória perispiritual registra os fatos sem que estes cheguem ao cérebro físico; tudo é percebido diretamente pelo Espírito; excepcionalmente, por via retrógrada, as percepções da alma poderão repercutir no cérebro físico; quando lembramos, dizemos que sonhamos.

A análise dos sonhos pode nos trazer informações valiosas para nosso auto-descobrimento. Contudo, devemos nos precaver contra as interpretações pelas imagens e lembranças esparsas. Há sempre um forte conteúdo simbólico em nossas percepções psíquicas que, normalmente nos chegam acompanhadas de emoções e sentimentos.
Se, ao despertarmos, nos sentirmos envolvidos por emoções boas, agradáveis, vivenciamos uma experiência positiva durante o sono físico. Ao contrário, se as emoções são negativas, nos vinculamos certamente a situações e Espíritos inferiores.
Daí a necessidade de adequarmos nossas vidas aos preceitos espíritas, vivenciando o amor, o perdão, a abnegação, habituando-nos à prece, à meditação antes de dormir, para nos ligarmos a valores bons e sintonia superior. Assim, teremos um sono reparador e sonhos construtivos. 

13 de abril de 2011

Trabalhando sua mediunidade

O kardecismo é muito mais tolerante que a Umbanda. Na mesa um espírito incorpora, deixa uma linda mensagem de amor ou de advertência para os perigos mundanos sem a necessidade de dizer seu nome. Na Umbanda, ele tem que incorporar no ponto de chamada, com a tipicidade da linha (caboclo, preto-velho ou criança), cumprir todas as ordens da hierarquia do terreiro, riscar o seu ponto individual, beber, fumar e dar seu nome, correndo o risco de, se não cumprir tudo, ser chamada a sua atenção.
Claro que tudo será feito com cautela e tempo de treinamento. Para chegar a isso, o médium passa uma dificuldade de saber o que fazer dentro do terreiro. Ele está incorporado com a Entidade, sentindo toda sua energia, mas ainda falta muito para dar o passo certo como cavalo bem domado, chegando mesmo em alguns momentos achar que o espírito se afastou, fato explicado pelo impulso mental do médium. Nessa parte quero chamar a atenção de um fato de grande importância. Dificilmente um médium é sonâmbulo (ou inconsciente, como alguns dizem), sendo o mais comum o médium consciente, aquele que sabe o que está acontecendo, mas não tem o controle das palavras e dos gestos.
É o que chamamos de terceira energia. Vejam como funciona: existe uma fusão do espírito do médium com o espírito comunicante, criando-se uma terceira energia. Gosto de dar exemplos. O café e o leite, separados, são puros. Misturados criam uma terceira bebida, podendo ser mais preto ou mais branco, conforme a quantidade das bebidas. Mas sempre, a união de ambos, terá uma terceira qualidade. É impossível a comunicação pura do espírito. O importante é a presença do espírito, com maior ou menor intensidade. Voltando ao médium perdido no terreiro, o seu impulso inicial é procurar alguém para lhe dar um passe ou tocar em sua testa para poder incorporar. Muitos dirigentes não gostam desse procedimento e inibem o espírito de fazer isso, o que é um erro porque, talvez até mais que o próprio dirigente, é o espírito quem quer o desenvolvimento de seu cavalo escolhido.
Deve-se deixar que isso aconteça, sem exageros, é claro. Com o decorrer do tempo esse médium ganha um charuto, cachimbo ou cigarro de palha, conforme a entidade, e é quando ele começa a se acalmar, até procurar um lugar para sentar. Daí para riscar o ponto é bem mais rápido. Quero anotar aqui, para conhecimento dos médiuns em desenvolvimento, alguns erros que atrapalham bastante a evolução da mediunidade: não procurar, sob nenhuma hipótese, tentar adivinhar o nome do espírito; não querer riscar o ponto sem antes estar bem assentado com a entidade; não tentar dar avisos e recomendações a ninguém; não ter ciúmes do espírito e não pensar que ele é seu, porque espírito não tem dono.
  • É comum o médium incorporado procurar um amigo seu para lhe dar um passe ou falar com ele, e isso não invalida a incorporação e não quer dizer que foi o médium que procurou, e não o espírito, principalmente porque a entidade, sabendo das dificuldades de seu cavalo, tenta de todas as formas facilitar a incorporação. Mais do que o guia, ninguém conhece tanto os amigos de seu protegido.
  •  É fundamental ao médium confiar nos dirigentes do terreiro. Incorporem que as pessoas responsáveis estão lhe cuidando. 
"Na Umbanda, os médiuns mais comuns são os de incorporação e os de intuição".
Respostas sobre Mediunidade:
A característica de Ogum que vem com uma armadura é porque nós fizemos estes símbolos. A Umbanda é cheia de folclore, e o folclore é aproveitado pelos espíritos. Um Ogum é qualquer filho de Ogum. O simbolismo pode ser o Romano, mas o espírito incorporado é o Índio.
Tem horas que a gente tem que saber segurar a vibração. O médium tem que aprender a se curvar diante do ponto cantado. No ponto de Preto-Velho não pode vir um Caboclo. Quando se canta Iemanjá, tem que vir Iemanjá e não Iansã.
Se alguém em um trabalho precisa de energia de Iemanjá é legal que as pessoas da corrente se concentrem e tragam esta energia para fortalecer este campo de força que está sendo formado. Incorporar espíritos que não estão sendo chamados pode atrapalhar na formação deste campo. Quando se chama Iemanjá podem vir ondinas, sereias, caboclos e caboclas.
A Umbanda é muito mais  complicada que o Kardecismo, mas é mais fácil, pois não cai na mentira. O espírito tem que vir no ponto certo, riscar o ponto certo, beber a bebida certa. No Kardecismo é fácil a entrada de espíritos obsessores, mas eles são reconhecidos, pois nunca falam em nome de Jesus.

Uma incorporação é como se tivesse o espírito do médium e a entidade sozinhos dentro de um quarto (o nosso corpo). A melhor incorporação é aquela em que a pessoa consegue "ficar sentada e quieta em um canto do quarto", enquanto deixa a entidade fazer tudo que precisa. 
Durante a incorporação não se deve ter vergonha, nem incorporar pensando no que o outro está pensando de você.
Como se sabe que um Caboclo é um Caboclo, que um Cigano é um Cigano?
Sob o comando da música, do ponto cantado. Os Pretos-Velhos e os Caboclos podem trabalhar juntos, mas cada um vem em seu ponto de chamada.
Às vezes, na incorporação de uma entidade, o médium apenas gira e esta vai embora. Isto acontece porque pode ser que não houve a formação certa da terceira energia. O sentido do tempo também tem umas considerações. A umbanda não é como um curso que se você fizer direitinho no final do curso você vai receber um diploma. Na Umbanda não existe este tempo, cada um tem um tempo diferente.
Lembre-se: o que enfraquece os médiuns são os medos, as angústias, coisas que estão dentro de cada pessoa.
Fonte: Pai Maneco

6 de abril de 2011

Influências dos Orixás nas pessoas

Para definir bem a influência dos orixás nas pessoas vou contar uma estória: "Duas pessoas brigando. Passando um filho de Ogum , ou ele passa direto e nem olha, ou já vai se meter na briga. Um filho de Xangô para, fica olhando, e já começa a reclamar: Coitado do baixinho! Por que será esta briga? Acho que aquele alto não tem razão. E pior, nem sabe brigar. É um fraco. E fica questionando. Um filho de Oxossi para, senta no chão e, rindo, fica assistindo e se deleitando com a briga. Uma filha de Iemanjá chamaria os dois, colocaria suas cabeças em seu colo e os acalmaria recomendando paz. Uma filha de Iansã já reclamaria e chamaria a polícia. Uma filha de Oxum, nada faria, além de chorar". 
Fonte: Pai Maneco

História de Maria Mulambo

"Por volta de 1818 eu nasci. Meu nome é Maria Rosa da Conceição, sou filha de um fazendeiro em Alagoas. Cresci na fazenda de meu pai, e me apaixonei pelo capataz da fazenda, e acabamos nos encontrando escondido de meu pai. Aos 19 anos, fui prometida para o filho de um outro fazendeiro. Mas sem amá-lo e amando profundamente o capataz da fazenda, resolvi fugir para Pernambuco.
Meu pai mandou nos perseguir e um dia fomos encontrados pelo novo capataz de meu pai e alguns jagunços. Vi meu marido ser morto por golpes de facão e eu fui violentada e humilhada por todos que estavam ali e levada de volta para meu pai com minha filha recém nascida.
Meu pai me humilhou e com uma expressão de muito orgulho cuspiu no meu rosto e no de minha filha e nos expulsou. Não tive medo de enfrentar a vida, mas minha filha não merecia este tipo de vida. Resolvi fugir novamente para Pernambuco e pedir amparo para minha filha aos meus tios.
Eles me receberam não como sobrinha, mas como serviçal e fui novamente muito humilhada e agredida, sendo que suportei em nome de minha filha. Vi minha filha ainda muito pequena, que mal engatinhava, morrer de varíola. Aí fugi novamente. Agora sozinha e sem amparo, não tive alternativa a não ser me entregar a prostituição.
Nessa vida de orgias, muita bebida e fumo, acabei por pegar tuberculose e muitas doenças venéreas. Passei a ser rejeitada até pelas prostitutas do lugar e as pessoas, sempre que me viam nas vielas, passaram a me chamar por puro escárnio de Maria Mulambo.
Os anos se passaram e fui encontrada pelos meus irmãos, mas já era muito tarde.
Em um de meus últimos suspiros, fui visitada e amparada por um espírito bondoso... Maria Padilha - a qual estou ligada até hoje.
Sou Maria Mulambo. Desculpe, e fique em paz."
Fonte: Pai Maneco

A função do Congá

O Congá é o mais potente aglutinador de forças dentro do terreiro: é atrator, condensador, escoador, expansor, transformador e alimentador dos mais diferentes tipos de energias e magnetismo. Existe um processo de constante renovação de axé que emana do Congá, como núcleo centralizador de todo o trabalho na Umbanda.
Cada vez que um consulente chega à sua frente e vibra em fé, amor, gratidão e confiança, renovam-se naturalmente os planos espiritual e físico, numa junção que sustenta toda a consagração dos Orixás na Terra, na área física do templo.
As funções do Congá:
Atrator: atrai os pensamentos que estão à sua volta num amplo magnetismo de recepção das ondas mentais emitidas. Quanto mais as imagens e elementos dispostos no altar forem harmoniosos com o Orixá regente do terreiro, mais é intensa essa atração. Congá com excessos de objetos dispersa suas forças.
Condensador: condensa as ondas mentais que se “amontoam” ao seu redor, decorrentes da emanação psíquica dos presentes: palestras, adoração, consultas, etc.
Escoador: se o consulente ainda tiver formas-pensamentos negativas, ao chegar na frente do Congá, elas serão descarregadas para a terra, passando por ele (o Congá) em potente influxo, como se fosse um pararraios.
Expansor: expande as ondas mentais positivas dos presentes; associadas aos pensamentos dos guias e entidades que as potencializam, são devolvidas para toda a assistência num processo de fluxo e refluxo constante.
Transformador: funciona como uma verdadeira usina de reciclagem de lixo astral, devolvendo-o para a terra.
Alimentador: é o sustentador vibratório de todo o trabalho mediúnico, pois junto dele fixam-se no Astral os mentores dos trabalhos que não incorporam.
Veja, todo o trabalho na Umbanda gira em torno do Congá. A manutenção da disciplina, do silêncio, do respeito, da hierarquia, do combate à fofoca e aos melindres deve ser uma constante dos zeladores (dirigentes).
Nada adianta um Congá todo enfeitado, com excelentes materiais, se a harmonia do corpo mediúnico estiver destroçada; é como tocar um violão com as cordas arrebentadas.
Caridade sem disciplina é perda de tempo. Por isso, para a manutenção da força e do axé de um Congá devemos sempre ter em mente que ninguém é tão forte como todos juntos.
Fonte: Umbanda pé no chão

O porquê do ritual na Umbanda

"O ritual do terreiro é preciso para ordenamento dos trabalhos. As formas cultuadas servem de apoios mentais, que vos levam a firmar os pensamentos em breves instantes, auxiliando-nos para o rebaixamento vibratório das energias dos Orixás ao qual viemos apoiados para fazermos a caridade na Terra. A disciplina externa deve estar casada com a ordem interna dos médiuns, sendo o templo de fora um reflexo da 'igreja' de dentro de cada criatura que comparece a sessão da noite em que serão atendidas centenas entre encarnados e desencarnados. A harmonia, ou como vocês dizem na Terra, o ponto de equilíbrio, é alcançado na superação das fragilidades individuais, sustentada no esforço intencional de servir ao próximo, renovado em cada encontro semanal. A vontade alicerçada no livre arbítrio e no amor incondicional ao semelhante e para com o Sagrado é a maior fortaleza de cada um na caminhada em prol da evolução individual, sendo Jesus o maior exemplo desta disposição interna." (Caboclo Pery)
O homem encarnado tem dificuldade de se concentrar. Por este motivo há necessidade do ritual, pois os gestos, palavras, movimentos e sons que caracterizam um ritual, de valor simbólico previamente conhecido dos participantes do rito, repetido com regularidade, em intervalos que se repetem, favorecem a concentração e criam um condicionamento mental individual e coletivo que propicia um automatismo salutar na sintonia mediúnica. Por exemplo, diante do ponto cantado da entidade, quando o médium está concentrado e com o pensamento limpo, imediatamente ocorre a incorporação mediúnica.
Um ritual é uma forma de organização, um método sistematizado, que objetiva disciplinar e dar uniformidade aos pensamentos através de estímulos sensórios externos que são interiorizados no psiquismo. A repetição metódica e regular dos cânticos, a visão das imagens em comum a todos os componentes do terreiro, dispostos de frente para o congá; os atabaques, os cheiros, a defumação, as cores, os movimentos repetitivos, tudo isto favorece o condicionamento anímico e a entrega passiva dos médiuns que darão sustentação à corrente, fortalecendo o intercâmbio mediúnico.
Na Umbanda, existem vários tipos de rituais, pois isto depende do pai ou mãe de santo do terreiro. Variam diante da necessidade espiritual do grupo de trabalho e dos frequentadores da casa - isto sem falar dos dirigentes da casa que gostam de enfeitar e inventar coisas que não existem na Umbanda, ou misturar com outros cultos que conheceu - mas isto é outro assunto. 
O ritual tem, ainda, aspecto social porque une os seus praticantes na orbe do respeito e cumplicidade, além de estreitar os laços de amizade.
Um terreiro de Umbanda é um local sagrado para o culto aos Orixás. Entidades espirituais que estão presentes precisam de um ambiente magnetizado positivamente para a fixação e manutenção de suas energias no local; o espaço físico-astral, consagrado pela fé e confiança dos frequentadores, tanto da assistência como do corpo mediúnico que se confunde num só, sendo o lado daqui (plano material, plano físico) uma consequência do lado de lá (plano espiritual), que geralmente é bem mais amplo. Serve para a invocação, evocação e ligação mediúnica com as entidades que se apresentam para a realização dos trabalhos de caridade.
Portanto, meus filhos, o ritual é importante para todos, pois ajuda os encarnados a se concentrarem nos trabalhos, e a concentração correta é o remédio preventivo contra os espíritos trevosos ou trapalhões que, por acaso, queiram atrapalhar os trabalhos...

Efeitos da Defumação

Durante a queima de ervas odorantes desprendem-se energias ocultas, potencializadas no éter vegetal e que podem afastar os maus fluidos do ambiente onde atuam. Sem dúvida, seria absurdo alguém mobilizar fumaça de ervas para limpar paredes, abrir janelas ou descascar batatas. Mas não é insensato a fumaça afastar, dispersar fluídos nocivos, obediente à mesma lei de correspondência vibratória, que permite ao homem-matéria acomodar-se numa cadeira material e o espírito desencarnado sentar o seu corpo astral numa cadeira confeccionada de substância astralina.  
Desde o instante em que as ervas principiam a germinar no seio da terra até o momento em que são colhidas, elas extraem do solo toda a sorte de minerais, vitaminas, proteínas, sais químicos e umidade, além de imantadas pelos raios solares, eflúvios elétricos e magnéticos provindos da própria Lua, além de impregnados do ectoplasma terráqueo, supercarregadas de éter-físico, prana e da energia vigorosa que é o fogo “kundalíneo”. 
Algumas plantas são fontes prodigiosas de utilidades benfeitoras à humanidade, já na sua contextura física, como é a carnaubeira, vegetal da família das palmáceas. O homem pode extrair dela: açúcar, sal, álcool, ração para o gado, madeira para habitação, combustível para iluminar, resina para cola, medicamento para sífilis, úlceras, erupções e reumatismo. São mais de 40 utilidades já catalogadas nessa planta maravilhosa, cujo poder e serventia, considerados apenas no campo físico, ainda prolongam-se pelo mundo etéreo-astralino, num campo de forças incomuns! Enfim, todo o potencial que se elabora no seio da planta, durante os meses de sua vivência no solo seivoso da terra, depois é liberto em alguns minutos na defumação, projetando em torno um potencial de forças, que, além de sua manifestação propriamente física, ainda desagregam miasmas e bacilos astralinos disseminados no ambiente humano. 
A queima de ervas defumadoras também obedece a uma determinada disciplina mental ou concentração, atraindo a cooperação de espíritos de pretos-velhos, caboclos e bugres, simpáticos a tal processo tradicional de defesa psíquica, os quais ajudam a amenizar na limpeza das pessoas enfeitiçadas. Considerando que a matéria é energia condensada em “descida” vibratória do mundo oculto, a defumação representa uma operação inversa ou liberação de energias, as quais passam a repercutir novamente nos planos etéricos e astralinos de onde se originaram. O perfume, ou a exalação natural das plantas, também age na emotividade e na mente do ser, pois o seu odor associa ideias e reminiscências místicas, conforme acontecia nos templos iniciáticos do Egito, da Grécia, Índia e Caldéia. A defumação composta de incenso, sândalo e mirra, tão tradicional e estimulante para o espírito, que produzia uma condição receptiva e inspirativa simultaneamente nos planos físico, astral e etéreo, ainda hoje é uma espécie de bálsamo espiritual.
Há certos tipos de ervas cuja reação etérica é tão agressiva e incômoda, que torna o ambiente indesejável para certos espíritos, assim como os encarnados afastam-se dos lugares saturados de enxofre ou gás metano dos charcos. Aliás, as máscaras contra gases provam suficientemente quanto à existência de certas fumacinhas que também podem aniquilar os seres humanos! Há perfumes que inebriam determinadas pessoas, mas causam cefaléias, tonturas e até náuseas noutras criaturas. O odor ácido e picante do alho e da cebola, que aguça o apetite nas saladas das churrascarias, depois é detestado pela produção do mau hálito. Durante a queima de ervas produzem-se reações agradáveis ou desagradáveis no mundo oculto, porque, além de sua propriedade física, elas também libertam outras energias provenientes do armazenamento do éter e do magnetismo físico no duplo etérico do vegetal. O cheiro ou a exalação das ervas e flores que afetam o olfato dos encarnados também é um campo vibratório. Cada espécie vegetal no mundo possui a sua característica fundamental e atende a uma necessidade na Criação. A mesma seiva venenosa da cicuta, que mata, hoje serve benfeitoramente na medicina homeopática, curando convulsões, estrabismo, efeitos de comoção no cérebro ou da espinha. 
Deus não criou as espécies vegetais apenas como enfeites do mundo, pois elas atendem simultaneamente às necessidades da vida manifesta no plano físico, etéreo e astralino.  
Fonte: "Magia de Redenção" 

Diálogo entre Exu e Oxalá

O céu e a terra fundiam-se no horizonte distante, parecendo uma coisa só, como se não houvesse separação entre o mundo espiritual e o material, a consciência individual e a cósmica. 
Sentado sobre uma pedra em uma enorme montanha, de cabeça baixa e olhos apenas entreabertos, Exu observava o fenômeno da natureza e refletia sobre o seu interminável trabalho. 
Como é difícil a humanidade – pensou em certo momento – parece nunca estar satisfeita, está sempre querendo mais e, em sua essência egoísta, desarmoniza tudo, tudo... Tudo que era para ser tão simples acaba tão complicado!
Com os olhos habituados a enxergar na escuridão e na distância, Exu observou cada canto daqueles arredores. Viu pessoas destruindo a si mesmas através de vícios variados, viu maldades premeditadas e outras praticadas como se fossem atos da mais perfeita normalidade. Viu injustiças, principalmente contra os mais fracos e indefesos. Com seus ouvidos, também atentos a tudo, ouviu mentiras, palavras de maledicência, gritos de ódio e sussurros de traição.
Exu suspirou.
Serei eu o diabo da humanidade? – pensou ironicamente, ao lembrar o quanto era associado à figura do demônio. Passou horas observando coisas que estava habituado a ver todos os dias: mentiras, fraudes, corrupção, traições, inveja e uma gama enorme de sentimentos negativos.
Foi quando estava imerso nesses pensamentos que Exu ouviu uma voz ao seu lado, dizendo naquele tom austero, porém complacente:
- "Laroyê, Senhor Falante"!
Exu ergueu os olhos e vislumbrou a figura altiva de Oxalá.
- "Epa Babá!" – respondeu Exu, fazendo um pequeno movimento com a cabeça, em sinal de respeito.
- "Noto que está pensativo, amigo Exu" – falou Oxalá. 
Exu respirou fundo, contemplou novamente o horizonte e respondeu:
- "Trabalhamos tanto... e incansavelmente, mas os homens parecem não valorizar nosso esforço..."
Oxalá moveu os lábios para dizer algo, mas antes que isso acontecesse, Exu, como que prevendo o que seria dito, continuou:
- "Não falo em tom de reclamação, sou um trabalhador incansável e o amigo sabe disso. É com prazer que levo o que tem ser levado e retiro o que deve ser retirado. É com satisfação que abro ou fecho os caminhos, de acordo com a necessidade de cada um, é com resignação que acolho sobre minhas costas largas a culpa do mal que muitos espíritos encarnados e desencarnados fazem, não reclamo do meu trabalho. Sou Exu, para mim não existe frio ou calor, cansaço ou preguiça, existe apenas a necessidade de cumprir a tarefa para qual fui designado".
- "Se mostra tão resignado e, no entanto, parece que deixa-se abater pelo desânimo" – comentou Oxalá, apoiando-se em seu paxorô.
Exu soltou uma gargalhada, ao que Oxalá deu um leve sorriso, com um movimento quase imperceptível no canto direito dos lábios.
- "Não sou resignado nem tampouco estou desanimado" – falou Exu – "estou pensativo sobre pouca inteligência dos homens. Veja só: como responsável pela aplicação da Lei Cármica observo muita coisa. Observo não apenas o sofrimento que alguns homens impõem a si mesmos, mas vejo também as incessantes oportunidades que o nosso Pai, Zambi, dá a cada um dos seres que habitam a Terra. O aprendizado que tanto precisam lhes é dado por bem, mas quase nunca enxergam pelo amor, então lhes é dada a oportunidade de aprender pela dor, mas geralmente só lembram a 
lição enquanto a dor está a alfinetar sua carne. Com o alívio vem o esquecimento e todos os erros e vícios voltam a aflorar".
Oxalá fez menção de dizer algo, mas com o dedo em riste entre os lábios, novamente Exu o impediu de falar.
- "Ouça" – disse Exu, colocando a mão em concha na orelha, como se ele e Oxalá precisassem disso para ouvir melhor. E ambos ouviram o som que vinha da Terra. "O som da inveja, dos maus sentimentos, da maledicência, da promiscuidade, da ganância". Exu deu outra gargalhada e disse:
- "Percebe? Temos trabalho por muitos séculos ainda".
- "E isso não é bom?" – perguntou Oxalá, que dessa vez não deixou Exu responder e continuou:
- "Pobres homens, ignorantes da própria grandeza espiritual e da simplicidade do Universo. Se não desconhecessem tanto o funcionamento das coisas, seriam mais felizes".
- "Não estão preocupados em discernir o bem do mal" – resmungou Exu.
- "E você está, Senhor Falante?" – tornou Oxalá.
Mais uma vez Exu gargalhou.
- "Para mim não existe o bem ou o mal. Existe o justo, bem sabe disso"...
- "Então por que tenta exigir esse discernimento dos pobres homens?"
- "Eu conheço os caminhos" – respondeu Exu um tanto irritado – "para mim não existem obstáculos, todos os caminhos se abrem em encruzilhadas. Para mim, as portas nunca se fecham e as correntes nunca prendem. Conheço o sutil mistério que separa aquilo que chamam de bem daquilo que chamam de mal. Não sou maniqueísta, não sou benevolente, pois não dou a quem não merece, mas também não sou cruel, pois sempre ajo dentro da Lei. Os homens, coitados, acreditam na visão simplista do bem e do mal, como se todo o Universo, em sua “complexa simplicidade” se resumisse apenas entre o bem e o mal".
- "Pobres homens" – repetiu Oxalá.
- "Pobres homens" – concordou Exu – "mesmo olhando o Universo de uma forma tão simplista, dividido apenas entre bem e mal, acabam sempre demonizando tudo, achando que o mal é o melhor caminho para co
nseguir o que desejam ou, então, acreditam que são eternas vítimas do mal. E o que é pior, quase sempre eu é que sou o culpado..."
- "Mas é você o responsável pelo mal?" – perguntou Oxalá, admirando o horizonte.
- "Sou justo, apenas isso" – respondeu Exu.
- "Não seria a justiça uma prerrogativa de Xangô?" – tornou o maior dos orixás.
Exu olhou fundo nos olhos de Oxalá e respondeu:
- "Estou à serviço do Universo, de cada uma das forças que o compõe, inclusive do Senhor da Justiça".
- "Isso significa que trabalha em harmonia com o Universo, caro Exu?"
- "Imaginei que soubesse disso" – respondeu Exu, irônico como sempre.
- "Acho que sempre soube. Quando observo o horizonte e vejo o céu fundindo-se à Terra, percebo o quanto o material pode estar ligado ao espiritual. Mas também lembro que o sol vai raiar e acredito que apesar de todas as dificuldades que os próprios homens criam, é possível acender a chama da fé em seus corações. 
Percebo o quanto eles são falhos, mas percebo também o quanto são frágeis e precisam de nós" – e nesse momento pousou a mão sobre o ombro de Exu – "sejam dos que trabalham na luz ou na escuridão, pois tudo faz parte do Uno e se interrelacionam. O mesmo homem que hoje está nas profundezas mais abissais, amanhã pode ser o mensageiro da luz".
Exu olhou para os olhos de Oxalá, como se não estivesse concordando, mas dessa vez foi Oxalá quem não deixou que o outro falasse, prosseguindo com sua narrativa:
- "Se não fossem os valorosos guardiões que trabalham nas regiões trevosas, dificilmente os que ali sofrem um dia alcançariam o benefício da luz. Se houvesse apenas a luz, não haveria o aprendizado, que tem como ponto de partida o desconhecimento, as trevas. O Universo tão simples é ao mesmo tempo tão inteligente, que mesmo nós, que observamos os homens a uma distância grande, às vezes nos surpreendemos com sua magnitude. Os homens são frutos que precisam amadurecer e você, amigo Exu, é a estufa que os aquece até o ponto certo da maturação e eu sou a mão que os colhe como frutos amadurecidos".
- "Quem diria que trabalhamos em harmonia?" – disse Exu em meio a um sorriso – "acreditam que vivemos a digladiar quando na verdade trabalhamos em busca de 
um mesmo objetivo: o aprimoramento da raça humana"!
Oxalá só não soltou uma gargalhada porque não era esse seu hábito (e sim o de Exu), mas disse sem conseguir esconder o contentamento:
- "Então, companheiro Exu, não temos porque lamentar. A ignorância em que vivem os homens é sinal de que ainda temos trabalho a realizar. A pouca sabedoria que possuem significa que ainda estão muito próximos ao ponto de partida e cabe a nós, não importa se chamados de “direita” ou “esquerda”, auxiliá-los em sua caminhada, que é muito longa ainda. Apenas contemplar as mazelas dos corações humanos não irá auxiliá-los em nada. Sou a luz que guia os olhos da humanidade e você é o movimento que não a deixa estática. Se pararmos por um segundo sequer, atrasaremos em séculos e séculos o progresso da raça humana, que tanto depende de nós."
Nesse momento o sol começou a raiar timidamente no horizonte, separando o céu e a Terra. Exu levantou-se da sua pedra e se pôs a caminhar montanha abaixo.
- "Aonde vai, Senhor Falante?" – perguntou Oxalá, como se não soubesse.
- "Vou trabalhar, Senhor dos Orixás" – respondeu Exu gargalhando novamente – "Esqueceu que sou um 
trabalhador incansável e que trabalho em harmonia com o Universo, mesmo que ele me imponha a luz do sol?"
Oxalá não respondeu, mas esboçou um sorriso tímido.
Assim trabalha o Universo feito por Zambi: sempre em harmonia. Os homens, mesmo ainda presos a tantos conceitos primários, trilham em direção ao progresso, pois não estão órfãos de seus Orixás e Protetores.

Fonte: Templo Tião D'angola e Boiadeiro Sete Porteiras.

Atributos de Iansã - Orixá regente de 2011

Atributo: Movimento e mudança. 

Corresponde à necessidade de mudança, de deslocamento, transformações materiais, avanços tecnológicos e intelectuais. A luta contra as injustiças. A mente é inconstante e rápida de raciocínio.

Os aspectos psicológicos das filhas de IANSÃ: podem ser irriquietas, por terem muita agilidade mental, o que ocasiona um mundo de ideias e deixa os pensamentos rápidos demais, iguais a raios. O psiquismo dos filhos de IANSÃ é propenso à educação, à oralidade, à orientação. Não se prendem a tarefas rotineiras e repetitivas. Precisam colocar em prática a sua garra e impetuosidade diante do novo, como as nuvens nos céus que mudam constantemente o formato, se moldando aos ventos.

Aspectos Positivos: coragem; lealdade e franqueza, fluidez de raciocínio; propicia a higienização mental; flexibilidade (jogo de cintura), facilidade de falar. Talento artístico; charme e sensualidade.

Aspectos Negativos: possessividade; rancor; impulsividade - agir sem pensar; a franqueza que machuca; a impaciência e a irritação.


Fonte: "Umbanda Pé no Chão"