Blog da Casa de Caridade Luz Divina - dirigente espiritual Vovó Luiza

29 de maio de 2011

Animismo e Mistificação

Antes de falar do assunto em questão, quero deixar bem claro que este blog tem o objetivo apenas de esclarecer sobre os fundamentos da Umbanda e auxiliar os médiuns iniciantes a entenderem o que é esta religião, seus guias e entidades e o que significa ser médium. Nem mais, nem menos...


Bom, voltemos ao assunto: animismo é um "fenômeno" através do qual o médium acaba por transmitir suas próprias ideias a despeito do que poderia estar pretendendo alguma entidade que ali estivesse, sendo que, em muitas vezes, nem estavam - na verdade as "mensagens" eram fruto do consciente ou mesmo inconsciente do médium que, acreditando estar sendo atuado, passava aos demais suas próprias ideias e formas de pensar sobre esse ou aquele assunto. Ou seja, animismo é o próprio Ego ou eu do médium se manifestando.
Por exemplo: se o médium for um homofóbico não treinado e a mensagem for destinada a um(a) homossexual, na maioria das vezes essa mensagem poderá ser "truncada"(mutilada) e cheia de impressões pessoais, perdendo, dessa forma, a real validade para a questão.
São decorrências de animismo, talvez não em todas, mas em sua grande parte, os Exus Reis, Barões, Duques disso ou daquilo, as Pomba-Giras Princesas daquilo outro, os Oguns de capa, capacete e espada, "todos soldados romanos" e muitas outras coisas QUE FOGEM TOTALMENTE À HUMILDADE pregada pela Umbanda, quando anunciada ou fundada em ideias e pensamentos de médiuns vaidosos e orgulhosos.


"Meus caros, MUITO CUIDADO COM O ANIMISMO, mas MUITO CUIDADO MESMO! Respeitar o ANIMISMO alheio (ficar calado), não tentar corrigir esse defeito que muitos médiuns têm, muito menos que ajudar, vai acabar mesmo é criando A UMBANDA ANÍMICA (se é que já não existe), com todas as suas consequências".


MISTIFICAÇÃO é o fenômeno em que médium ou entidade incorporante (humana ou elemental) fazem parecer ao público que acontece uma coisa que realmente não acontece. Nesse aspecto, pelo lado do pseudo-médium, estão incluídos aqueles que, pretendendo se mostrar com o "santo", fingem que estão incorporados repetindo trejeitos e formas de falar de entidades reais - SÃO OS IMITADORES DE ENTIDADES. Não vou me alongar nos porquês alguns assim agem pelo fato de que seja lá qual for a desculpa, o real motivo são suas personalidades deturpadas, já que o fazem CONSCIENTEMENTE - esse é o já famoso EKÊ.
Pelo lado das entidades que assim agem, além de terem suas personalidades deturpadas, podem ter também outras reais intenções, na grande maioria das vezes com fins obsessivos.
Isto porque, se uma entidade qualquer se apresenta como Pai Manoel de Angola, se finge de Preto Velho, age como tal e não é (A NÃO SER EM ALGUNS CASOS PERMITIDOS EM QUE A ENTIDADE ESTÁ SENDO VIGIADA PARA QUE POSSA SUBIR O SEU DEGRAU), pode ter certeza de que, mais cedo ou mais tarde irá demonstrar seus reais propósitos, não só em relação ao médium que lhe dá passagem como, talvez, até mesmo em relação ao grupo que venha a chefiar.

Um obsessor (ou kiumba) deste tipo, se não reconhecido rapidamente, costuma ir ganhando terreno através de "trabalhinhos bem feitos" aqui ou ali, de uma forma que, aos poucos, vai ganhando a atenção e carinho, não só do médium como de outros que o cercam e, a tal ponto, que se amanhã (num futuro) resolver matar um boi nos dentes, todos vão achar perfeitamente normal por se tratar do "querido Preto Velho Tal", sem perceberem que desde muito tempo atrás já estavam sendo levados, em suas práticas, aos caminhos do Baixo Astral.
Quanto ao ANIMISMO, se pode perceber o quanto pode ser prejudicial, tanto ao médium quanto a seus seguidores, na medida em que TODOS poderão estar recebendo informações ANÍMICAS e não MEDIÚNICAS. Em outras palavras, informações relativas ao inconsciente ou mesmo consciente do médium e não realmente DE ESPÍRITOS PROTETORES e GUIAS.
Sabe-se que cada entidade tem seu perfil, seu jeito próprio de ser, mas cada linha ou falange tem suas características em comum. Por exemplo, um preto velho não precisa andar arcado, necessariamente, mas daí a andar como se estivesse cavalgando, dando pulinhos, são outros quinhentos... ou um Exu que dá um "puxão de orelha" nos filhos o faz com amor e carinho e não os ameaçando com um "vai ver o que vai acontecer!".
Mediunidade de verdade existe em diversos níveis, desde o simplesmente telepático, quando o médium recebe as informações intuitivas apenas através de seu Chakra Coronário e mais raramente pelo Frontal e vai passando por vários estágios. No caso de incorporações, esse tipo de atuação não comanda gestos e movimentos do médium - ele recebe e interpreta o que recebeu e depois repassa.
Na medida em que o treinamento se dá e o médium aprende a se entregar mais (melhora a sintonia espiríto/médium), outros Chakras vão sendo tomados a ponto de irem sendo, inclusive e aos poucos, dominados pelas entidades. A partir daí e dependendo de muitos fatores, ele pode ir perdendo o comando das pernas, dos braços, da fala, etc. No meio disso tudo pode ir perdendo a consciência, ou por alguns lapsos de tempo ou, mesmo tendo consciência, ir esquecendo tudo ou quase tudo o que aconteceu antes, como acontece quando acordamos, sabemos que estávamos sonhando e, por mais que queiramos não conseguimos lembrar. Mediunidade totalmente inconsciente e em todo o tempo existe sim, mas em cerca de 1 a 2% dos casos.

Na maioria das vezes, esse processo de tomada do corpo (e mente) pela entidade é lento (existem excessões) e que a PACIÊNCIA de uma grande parte de médiuns costuma ser muito curta, o que faz com que muitos deles se achem "prontinhos" com meses de treinamento, e esta pressa acaba facilitando o animismo e até a obsessão por kiumbas. Um exemplo é quando um médium é designado como de teletransporte e, a cada gira, rola no chão grunhindo e se contorcendo, só para "mostrar que é um médium fantástico"...
Portanto, irmãos, é preciso que entendam que, quanto mais consciente, maior a possibilidade de vir a ser anímico total, principalmente se pretender expor mais suas próprias ideias e atitudes do que as do espírito verdadeiro.
Precisam entender também que, quanto mais anímicos, MENOS atuados por PROTETORES VERDADEIROS estão e, por isso mesmo, MAIS VULNERÁVEIS a todos os tipos de influências estarão.
Se uma pessoa costuma receber "sua própria personalidade" (ANIMISMO) em detrimento de reais entidades espirituais, na verdade, se ele tiver mediunidade mesmo e estando dentro de um Terreiro ou Centro Espírita, vai acabar virando alvo para intercessões do Baixo Astral e, ainda que, de início, suas mensagens possam vir a ser positivas para uns e outros (frutos de seu consciente ou subconsciente), com a chegada do Baixo (por falta de proteção de cima) a incorporação vai ficar esquisita...
Quanto a "ser muito difícil sabermos quando uma pessoa está anímica ou mediunizada" é necessário, portanto, estudar a doutrina e os fundamentos da Umbanda, para conhecer a fundo suas Entidades, Guias e Orixás, além de ficarmos sempre vigilantes.

19 de maio de 2011

A ingratidão com a espiritualidade

“Se você quer trabalhar fazendo a caridade, então você precisa estar preparado para lidar com a ingratidão" - disse a querida Vó Luiza.
Quem tem sob sua responsabilidade outras vidas, ou seja, o Sacerdote, Pai espiritual, Madrinha, Dirigente, sabe muito bem o que essa frase representa, sabe muito bem o que é sentir e vivenciar a ingratidão, afinal, o respeito, o carinho, o amor e a admiração duram até o pronunciamento do primeiro NÃO. Simples, não?!? É só dizer NÃO que se perde o valor e a admiração, e o Pai ou Mãe de Santo ‘já não presta mais’; aliás, esse é um excelente teste de respeito e amor que pode ser feito em qualquer situação: no convívio familiar, no trabalho, antes de formar uma sociedade, no relacionamento amoroso, etc., é só dizer NÃO a uma pessoa ou situação e aguardar o resultado: simplesmente esta pessoa, ou pessoas, viram as costas.
O mimo, o vitimismo, o egocentrismo, a prepotência e, porque não dizer, a infantilidade, estão tão enraizados no íntimo de alguns seres humanos que o reflexo ao NÃO é quase que imediato, mesmo que ainda inconsciente ou sutil. Mas, o pior é que esse reflexo, muitas vezes, é tão agressivo, é tão evidente e tão expressivo que acaba contaminando pessoas próximas, acarretando a ‘saída’ em massa de médiuns de um Terreiro. É a ingratidão coletiva! É triste ver isso acontecer! Mais triste ainda é ver todo um trabalho espiritual, toda uma ação divina que estava atuando na vida do médium e dos médiuns ser agressivamente rompida pelo egocentrismo humano.

É perceber a tristeza das Entidades Espirituais que acompanham aqueles médiuns quando tomam uma atitude dessa. Afinal, nós temos o livre arbítrio, nós podemos ir e vir, mas muitas Entidades não. Muitas vezes, elas ficam entregues aos caprichos dos médiuns, pois têm como missão acompanhá-los por todas suas passagens nesse plano. E ai? Será que é muito difícil para os médiuns pensarem nas Entidades que o acompanham nesse momento? Será que é muito difícil pensar em algo maior, em algo que vai além do próprio umbigo?
É preciso sair do egocentrismo e saber que uma atitude pode influenciar muitas coisas, pessoas e espíritos. É importante pensar em um TODO, pensar na capacidade e não no desejo pessoal. E é alicerçado nesse pensamento que, muitas vezes, um Pai (e aí pode ser pai de santo, pai carnal ou pai espiritual) diz NÃO a um filho. Pena que esse filho está ainda tão acostumado com mimos e ainda tão preocupado com seu desejo pessoal que acaba perdendo a grande oportunidade de sua vida em aprender, crescer e provar que já é capaz de pensar no TODO, pensar nos outros e na causa maior - que é sua missão, a caridade.
E aproveitando a "inspiração", cito duas frases, uma de Pinot Duclos, que diz: “A ingratidão consiste em esquecer, desconhecer ou reconhecer mal os benefícios, e se origina da insensibilidade, do orgulho ou do interesse.” A outra é de Maria Padilha: “Só nos é permitida a evolução quando nos tornamos capacitados e responsáveis pelos nossos atos". Portanto, saber OUVIR NÃO é uma grande oportunidade de provar respeito, carinho, amor, e, principalmente, provar que se cresceu como ser humano e como ser espiritual, que consegue pensar em todos, em possibilidades, em determinação, em persistência e humildade.
E o que é ouvir um não? Um NÃO pode ser de diversas formas, não a palavra propriamente proferida. Um NÃO é dito quando a pessoa escuta o que não quer ou não gosta, quando é chamado a sua atenção diante de vícios, comportamentos perigosos e inadequados, ou mesmo um alerta para se cuidar, quando ouve "umas verdades" que doem porque mostra seus erros.
Então, aceitar um “NÃO” é sair do desejo pessoal e entrar no mais importante estágio de evolução. Saiba que os grandes líderes só se tornaram “grandes” e “líderes” depois de terem ouvido muitos NÃOS e de terem refletido sobre eles e se reformulado como pessoas.


Estudo sobre a ingratidão - Bezerra de Menezes
Denomina-se ingratidão a ausência de um sentimento positivo e harmonizador ao não reconhecer o bem que outrem nos proporcionou por emoções de baixo teor vibratório típicas do ser ingrato. A ingratidão frequentemente se apresenta seguida por atitudes não elevadas por parte do indivíduo ingrato.
Emoções Associadas à Ingratidão:
Raiva - não é raro a ocorrência de uma sensação de raiva em relação àquele que prestou auxílio. O beneficiado se considera humilhado devido à sua natureza orgulhosa.
Inveja - sentimento que direciona contra o seu benfeitor. O indivíduo auxiliado sente um misto de tristeza e rancor por não possuir o bem ou a qualidade ética daquele que o orientou. Muitas vezes, há precipitação do benfeitor que não aguardou o momento oportuno no amadurecimento do seu assistido. Como disse Jesus: "Não atirai pérolas aos porcos para que eles não as pisem com os pés".
Compreensão Fluídico-energética da Ingratidão:A ingratidão caracteriza-se por emanações energéticas de baixa frequência e ondas longas (grande comprimento ondulatório). Estas ondas produzem cores escuras e opacas, portanto, destituídas de brilho e luminosidade.
Consequências do Sentimento de Ingratidão:Ao se deixar envolver pelo sentimento de ingratidão, o indivíduo estabelece sintonia, no plano extrafísico, com energias da mesma frequência. Em razão deste fato, amplia seus contatos com esferas espirituais de baixo teor vibratório. Passa, ao se deter nesta postura ingrata, a se distanciar da luminosidade dos Espíritos protetores e a se identificar com a frequência vibratória de entidades sofredoras, as quais intercambiam energias deste nível de pensamentos e emoções.
Consequência da Ingratidão sobre o Benfeitor:
Quando o benfeitor compreende, ele perdoa. Neste caso, cresce espiritualmente ao exercitar o entendimento e a humanidade.
Perdoando o ingrato, atrai para si maior simpatia e amor dos Espíritos de luz (e dos protetores do ingrato), sintonizando sua mente em faixas superiores.

Quando o benfeitor se magoa e sofre: passa, nesse caso, a entrar em sintonia com as ondas de tristeza e mágoa que ampliam seu sofrimento. Há uma queda de nível vibratório que fragiliza o benfeitor, tornando-o, portanto, suscetível a Espíritos sofredores.
Quando o benfeitor reage e revida contra o ingrato: passa a entrar na mesma frequência vibratória do ingrato, torna-se igual a ele e assimila a ação dos obsessores espirituais. Pode, neste caso, enfermar-se física ou psiquicamente.
Consequência da Ingratidão sobre o Próprio Ingrato:A imaturidade espiritual é o que caracteriza o ingrato. Desta forma, como todo ser imaturo, necessita amadurecer pela experiência.
Amadurecimento pela reflexão (esclarecimento):
No plano espiritual: sob a orientação dos espíritos maiores, poderá rever sua postura, modificando-se parcial ou integralmente;

Nas próximas existências: além do esforço desenvolvido no sentido de corrigir-se durante o período de erraticidade no plano espiritual, passará a exercitar nas próximas encarnações o sentimento de gratidão em novas oportunidades de esclarecimento e reflexão.
Amadurecimento pela dor: no plano espiritual e nas próximas encarnações. O amadurecimento pela dor só se faz necessário quando o ingrato não amadurece pelo esclarecimento ou reflexão e não aceita as oportunidades de trabalho regenerativo que lhe são oferecidas. A dor não é imposta pelos espíritos superiores (muito menos por Deus), mas é consequência automática da Lei de Ação e Reação.
Ao nos afastarmos da Lei de Harmonia Universal, portanto de Deus, criamos situações de sofrimento. Desta maneira, não faz sentido responsabilizarmos Deus ou os outros pelos nossos sofrimentos.
"Sabei que se aquele a quem prestais serviço esquece o benefício, Deus vo-lo terá mais em conta do que se já tivésseis sido recompensado pela gratidão do vosso favorecido" (Bezerra de Menezes).

16 de maio de 2011

13 de MAIO - Homenagem aos Pretos Velhos

Vovó Luíza de Guiné
Os Pretos-Velhos representam a força, a sabedoria, o amor e a caridade.
Eles curam, ensinam, educam pessoas e espíritos sem luz.
São humildes, não têm raiva ou ódio pelas humilhações e torturas que sofreram no passado.
Com seus cachimbos, fala pousada, tranquilidade nos gestos, eles escutam e ajudam àqueles que necessitam, independente de sua cor, idade, sexo e religião.
São verdadeiros conselheiros mostrando a vida e seus caminhos.
São também psicólogos, amigos, confidentes e mentores espirituais; para alguns, são os exorcistas que lutam com suas mirongas, banhos de ervas, pontos de fogo, pontos riscados e outros.
Apoiados pelos exus, desfazem trabalhos e atuam contra as forças negativas (o mal), espíritos obsessores e kiumbas, que levam as pessoas ao lado negativo e à destruição.
Por isso, se você for falar com um preto-velho, tenha humildade e saiba escutar, não espere milagres ou que ele resolva seus problemas como “passe de mágica”.
A solução começa dentro de você mesmo, a partir do momento que você acredita.
Tenha fé, acredite em você, tenha amor a Deus e a você mesmo.

Quero fazer uma homenagem especial a minha querida VOVÓ LUIZA. Essa super guia que me abençoa, protege e aconselha.
Salve minha querida VÓ LUIZA!


Yorimá, Yorimá, os Pretos Velhos nós vamos saravá
Yorimá, Yorimá, os Pretos Velhos nós vamos saravá
Eles sofreram, mas ensinaram
Com persistência, bondade e fé
Enquanto eles apanhavam
Eles oravam pedindo à proteção
Para o senhor, que os castigavam
Sem piedade e nem coração
Yorimá, Yorimá, os Pretos Velhos nós vamos saravá
Yorimá, Yorimá, os Pretos Velhos nós vamos saravá
A Lei de Zâmbi sempre seguia
Na esperança do seu passamento
Que um dia haveria de vir
Pela bondade de seus pensamentos


Salve todos os PRETOS-VELHOS! 

Prece às 7 Linhas

Querido pai, querido mestre, nosso senhor, venho a ti de joelhos pedir a proteção vossa, meu pai Zambi, que nos mande as suas legiões de falangeiros da luz, que as sete linhas sagradas da Umbanda possam nos fortalecer para que enfrentemos nossas batalhas diárias.
Ó querido e amado mestre Oxalá, senhor do princípio e do fim, senhor de tudo e de todos, peço a vossa licença para invocar as vossas falanges.
Minha amada e idolatrada mãe Iemanjá, vós que sois as mães das mães, imploro a vossa paz e peço que cubra-me com seu sagrado manto, que em vossa paz encontre o equilíbrio perfeito para tomar as minhas atitudes dia após dia

Ó querida senhora, suplico a vós que mande suas energias vindas do mar, para me encaminhar para a fonte do bem e do saber.
Peço a interseção de Ogum, senhor dos caminhos, para que com sua espada espante todo mal encarnado e desencarnado que possa me atingir, que vosso escudo, ó meu querido sentinela, possa me guardar, que sua lança cintilante vá na minha frente, para que minhas desavenças saibam que vós estais comigo o tempo todo.
Peço a vós, meu pai Xangô, senhor da justiça e do fogo, que vigie meus passos para que não ande em caminhos errados, me direcione para o caminho do bem e da justiça.
Ó querido guerreiro das matas, meu protetor Oxossi, vós que sois o senhor das matas, guarde-me com as suas flechas formando um cerco em volta do meu corpo, coibindo qualquer pensamento negativo direcionado a mim como flecha, que esse não possa abalar meu coração.
Peço ao senhor das forças telúricas, meu Pai Obaluaê, senhor dos enfermos, que derrame sobre mim as suas graças, que a força do vosso cruzeiro possa dar vários badalos no coração naqueles que me querem mal, que as santas almas benditas possam derramar sobre mim os vossos eflúvios para que, crendo em vós, não temerei mal algum.

Suplico às correntes sagradas de São Cosme e São Damião, junto com a corrente médica do oriente e do doutor Bezerra de Menezes e doutor Fritz, possam derramar seus bálsamos curadores, que os mesmos curem meu corpo físico, astral e mental, que as queridas crianças possam elevar meu pensamento e harmonizar o meu coração.
Também peço a segurança, força e a coragem dos Exus e Pombos-Giras, que vós possam nos guardar contra as demandas.
Pela força pungente dos Caboclos das matas, da alegria dos Baianos, da sabedoria e humildade dos Pretos Velhos.
Assim seja!

Pai Nosso Umbandista

Pai nosso que estais nos céus, nos mares, nas matas e em todos os mundos habitados,
santificado seja o teu nome pelos teus filhos, pela natureza, pelas águas, pela luz e pelo ar que respiramos.
Que o teu reino, reino do bem, do amor e da fraternidade
nos una a todos e a tudo que criaste, em torno da sagrada cruz, aos pés do divino salvador e redentor.
Que a tua vontade nos conduza sempre para o culto do amor e da caridade
dai-nos hoje e sempre vontade firme para sermos virtuosos e úteis aos nossos semelhantes.
Dai-nos hoje o pão do corpo, o fruto das matas e a água das fontes para o nosso sustento material e espiritual.
Se formos merecedores, perdoa nossas faltas e dê-nos o sublime sentimento de perdão para aqueles que nos ofendem
Não nos deixeis sucumbir ante a luta, dissabores, ingratidões, tentações dos maus espíritos e ilusões pecaminosas da matéria.
Enviai, Pai, um raio da tua divina complacência, luz e misericórdia para os teus filhos pecadores que aqui habitam, pelo bem da humanidade.
Que assim seja!

8 de maio de 2011

Mãe - a primeira pessoa do plural

“Ser mãe é desdobrar fibra por fibra o coração
ser mãe é ter no alheio
lábio que suga o pedestal do seio
onde a vida, onde o amor, cantando vibra.

Ser mãe é ser um anjo que se libra
sobre um berço dormido; é ser anseio,
é ser temeridade, é ser receio,
é ser força que os males equilibra.

Todo o bem que a mãe goza é o bem do filho,
espelho em que se mira afortunada,
luz que lhe põe nos olhos novo brilho.

Ser mãe é andar chorando num sorriso;
ser mãe é ter um mundo e não ter nada;
ser mãe é padecer num paraíso.” (Coelho Neto)



Esses versos expressam o que é o amor sublime que brota espontâneo na mulher que concebe, luz divina depositada em seu coração, transformando-a em colaboradora do Pai a iluminar os caminhos de filhos de Deus sob seus cuidados.
Amor é compromisso, é dedicação, é esforço, é trabalho em favor do ser amado.
Uma das características marcantes do homem, no estágio evolutivo em que o planeta Terra se encontra, é o egoísmo, a tendência de pensar muito em si mesmo. Mas, no lar o ser humano dá os primeiros passos a caminho da fraternidade. Na interdependência existente entre os membros da família, envolvendo pais e filhos, marido e mulher, irmãos e irmãs, opera-se um fenômeno prodigioso: aprende-se a conjugar o verbo de nossa ação não mais na primeira pessoa do singular (eu); usamos a primeira do plural (nós).
Temos no lar uma microssociedade onde exercitamos a vocação de conviver e participar. É significativo que pessoas com problemas de relacionamento social, que cometem desatinos, que se revelam incapazes de respeitar o próximo, de sensibilizar-se com os sofrimentos alheios, geralmente vêm de famílias desajustadas onde escasseavam afetividade, carinho, compreensão, solicitude...
Em mundos mais evoluídos, a família amplia-se além das fronteiras de sangue, abrangendo imensas comunidades, o que é natural: somos todos filhos de Deus.
Na Terra, adiantam-se numa abençoada vanguarda de renovação aqueles que, não obstante o cuidado da família consangüínea, ampliam sua capacidade de amar com o esforço em favor do semelhante. Cuidam de enfermos, auxiliam necessitados, consolam aflitos, vinculam-se a obras assistenciais, integrando-se verdadeiramente na vida social, onde se destacam não pela riqueza ou pela cultura, mas pelo empenho de trabalho em favor do bem comum, exercitando amor como o fazem as mães.
E, como ocorre com as mães, esses abnegados vanguardeiros estagiam, intimamente, no paraíso, ainda que transitando pelos espinhos da Terra.
Reformador - nº 1910 - Maio - 1988

Parabéns, mamães, por seu dia!

5 de maio de 2011

Inteligência Emocional e Inteligência Espiritual - fontes de equilíbrio emocional

Para conseguir melhor equilíbrio emocional é necessário compreender que cada vida tem seu ritmo particular; é preciso respeitar o próprio ritmo. Assim, não se deve entrar na sintonia do outro. Precisa manter seu centro interno livre das influências externas, assim como não se julgar culpado em relação às escolhas que os outros fazem.
Todos nós precisamos estimular os diferentes tipos de inteligência que temos de forma latente: QI, QE e QS.

QI (Quociente de Inteligência) é a capacidade de compreender e manipular símbolos matemáticos e linguísticos.
QE (Quociente Emocional) é a capacidade de autoconhecimento, autodisciplina, persistência e empatia.
QI e QE podem trazer crescimento profissional e financeiro – porém, paz interior e alegria só com inteligência espiritual (QS), que é a capacidade de encontrar um propósito para a própria vida e de lidar com problemas existenciais que surgem em momentos de fracasso, de perdas e de dor. Sem isso, até as pessoas inteligentes e sensíveis às necessidades dos outros sentem um vazio nas próprias vidas.
A Inteligência Espiritual pode não ter nada a ver com religião. Muitas pessoas que se dizem religiosas têm baixíssima sabedoria espiritual porque agem mais por condicionamento (tradição, busca de vida social, etc.) ou são guiadas por seus egos (vaidades e orgulho). No entanto, a verdadeira religiosidade, que busca compreender e estudar Deus, certamente leva a desenvolver o QS.
QS leva o ser humano a criar situações novas, a perceber a necessidade de mudar de rumo. A inteligência espiritual mostra que a pessoa tem problemas existenciais e aponta os meios de resolvê-los.
O ser humano evoluiu para fazer perguntas existenciais, para buscar sentidos e valores mais amplos. Porém, esse questionamento não basta para acabar com o vazio da vida moderna. A grande sensação de plenitude acontece quando se percebe que tudo na vida está interligado, que não existe separação no Universo e que fazemos parte de uma grande família cósmica. Essa percepção proporciona um sentimento de apoio, identificação e proteção. Nos sentimos amados, que é a necessidade básica do ser humano.
A Inteligência Espiritual dá à pessoa capacidade de avaliar o sentido da vida e é a base do QE (inteligência emocional) e do QI. Enquanto o QI resolve principalmente problemas de lógica, o QE ajuda a avaliar as situações e a reagir a elas de forma adequada, levando em consideração os próprios sentimentos e o dos outros. O QS leva a indagar se a pessoa quer estar em determinada situação (se o trabalho está dando a satisfação de que necessita ou se esta é a vida que quer levar).

Usa-se a inteligência espiritual quando se está em um impasse, quando enfrenta-se as armadilhas de velhos hábitos ou quando tem-se problemas com doenças ou sofrimentos. Portanto, a inteligência espiritual capacita o ser humano a refletir sobre o sentido da própria vida e a lidar com os problemas existenciais.
Alguns sinais de inteligência espiritual elevada:
- Capacidade de ser flexível
- Grau elevado de autoconhecimento
- Capacidade de enfrentar a dor emocional
- Capacidade de aprender com o sofrimento
- Capacidade de se inspirar com ideias e valores
- Relutância em causar danos nos outros
- Tendência para ver conexões entre realidades distintas
- Tendência para se questionar sobre suas ações e desejos, com perguntas como: “Por que agir de tal maneira?”, ou: “O que aconteceria se eu agisse de outra maneira?”
- Capacidade de seguir as próprias ideias e ir contra as convenções hipócritas.
Para desenvolver a inteligência espiritual, comece fazendo-se estas perguntas:
- Quais os meus limites?
- Por que certas coisas me incomodam?
- Qual o meu propósito de vida?
- Estou sendo verdadeiro com este propósito ou o estou traindo?
Comece a considerar a dor como desafio e mesmo como oportunidade. Assim, em vez de culpar a empresa por um trabalho sem sentido, pode-se tentar melhorar o trabalho ou procurar outro emprego, ou então, em vez de culpar o outro pela falta de amor, pode-se romper o relacionamento que está fazendo mal. É preciso assumir a responsabilidade pela própria vida e transcender a dor e os obstáculos. Como diz o ditado popular: "se a vida lhe oferece um limão, faça uma limonada".
Pode-se aumentar a autoconsciência que leva à QS através da meditação, da oração, da autorreflexão ou da leitura de poemas ou trechos de livros que ativam sentimentos de transcendência.

Assim como as pessoas, os ambientes podem guardar más energias

Os ambientes ficam impregnados pelos acontecimentos que ocorreram neles. Os sentimentos como tristeza, ciúmes, raiva permanecem nos ambientes se não forem desimpregnados de forma correta. Assim como sentimentos de alegria, contentamento, também.
Os ambientes úmidos, que recebem pouca luz solar e pouco arejados são os mais difíceis de serem saudáveis. Imóveis muito antigos também podem exigir mais cuidados. 

As pessoas mais sensíveis captam essas vibrações negativas e podem ser influenciadas por elas, passando a se sentir da mesma forma. Ou podem apresentar um mal-estar indefinível, ou mesmo ansiedade.
As limpezas físicas não são suficientes para limpar energeticamente o ambiente. As melhores soluções são através da queima de cascas de laranja secas ao sol, potes com grãos de café (ou defumação com o café) e ramos de coníferas (tuias, pinheiros, cedros) colocados decorativamente nos cantos dos ambientes.
A decoração também influencia e existem objetos que ficam mais impregnados, exigindo algumas vezes a remoção deles para que se consiga melhores efeitos. Uma análise mais profunda pode ser necessária, em alguns casos.

Pessoas que estão carregadas com pensamentos de baixa-estima, revolta, rancor, mágoa “sujam” o ar dos ambientes e, através da respiração, somos contagiados se não soubermos identificar e nos proteger. Na verdade, a maior proteção é o amor puro que nosso coração irradia. Energia nociva se combate com energia benéfica.
As pessoas que meditam, que ocupam seus pensamentos com assuntos que as elevam espiritualmente já possuem uma proteção, suas auras (campo de energia que irradiamos) são menos vulneráveis. Pedras também nos protegem, tais como a turquesa, granada, quartzo verde e malaquita. Elas podem ser usadas como colares. Objetos de prata (limpos periodicamente) que simbolizam proteção também protegem.
As roupas de cor escura são menos vulneráveis que as claras. Porém, pessoas com espíritos fortalecidos são menos atingidas, de uma forma geral. Portanto, fortalecer nosso campo energético é muito importante.

Para se proteger evite conversar muito com pessoas cronicamente negativas (suas conversas podem contagiar nosso campo), desenvolva atitudes e pensamentos positivos e de confiança na vida, vista-se com conforto e com beleza, e de acordo com a temperatura (passar frio ou calor diminui nossa energia vital), alimente-se e durma bem e evite situações de confronto, quando possível.
Em resumo, saúde corporal, emoções serenas, pensamentos de confiança e buscar sentir-se como parte do universo nos protege das energias nocivas.

Paz e felicidade é uma questão de escolha

Muitas pessoas vão ao Centro Espírita se consultar com as entidades, principalmente com os pretos-velhos, pedindo paz e felicidade. Mas saem dali e não mudam sua forma de pensar e seus comportamentos. Pior: pensam negativamente. Colocam suas aspirações, desejos e suas conquistas unicamente "nas mãos" das entidades, isentando-se da responsabilidade por sua felicidade.
Ser feliz é uma decisão pessoal. A chave é querer viver melhor e ter boa vontade para tentar novas formas de encarar nossa realidade.
Com que vibração você está sintonizado (a)?
Dentro de você está a habilidade e o poder de fazer tudo que precisa ser feito.
Este poder estará à sua disposição a partir do momento que você assumir a responsabilidade pelas pequenas decisões que você toma no dia a dia.
Faça algo por você mesmo: uma pessoa feliz faz muito pelo mundo, porque não é um foco de insatisfação.
• Cultive o bom humor: rapidamente você melhora o seu dia e de quem está perto de você, lembre-se que um simples sorriso pode mudar um ambiente, suavizando uma situação.
• Compreenda que não há duas pessoas exatamente iguais. Conviver em paz é compreender e respeitar as diferenças. Importante: procure não levar as pessoas a mal, compreendê-las (sem entrar em sua sintonia) nos mantêm centrados, fazendo um bem enorme à nossa saúde e ao ambiente a nossa volta.
•Pensamentos de confiança facilitam seu dia-a-dia. Abuse deles.
Dicas para conquistar e manter o equilíbrio pessoal
•Pelas manhãs, faça pelo menos 3 respirações completas, voltado para o Sol. Inspire enchendo completamente os pulmões, segure o ar por alguns segundos (o quanto conseguir tranquilamente) e expire soltando o ar pela boca, esvaziando totalmente os pulmões. Este simples ato renova sua energia.
O que pode nos ajudar nesse caminho?
• Respirações diárias profundas, renovando o ar de nosso interior
• Ter consigo algum símbolo de sua fé pessoal
• Fotos de momentos felizes
• Frases que motivam sua evolução como pessoa e o ajude a superar as dificuldades, dando-lhe ânimo e coragem
• Paisagens naturais que comunicam sentimentos agradáveis
• Procure alegrar seu quarto de dormir: o repouso é fundamental para nossa saúde e bons relacionamentos.
Muito importante:
Evite irritar-se, que prejudica muito sua saúde. Encare suas experiências desagradáveis como aprendizados.
A experiência é a mãe da certeza e seu fruto pode ser a sabedoria.
• O maior inimigo do homem é o pensamento negativo, que ele abriga dentro de si.
• Cultive a confiança em si mesmo, seja seu melhor amigo.
• Cultive a confiança no bem último de todas as coisas e no prazer de estar trilhando seu caminho, que é único, e dando o melhor de si mesmo.

Alguns pensamentos altamente benéficos:
- A cada dia aperfeiçoo meu modo de pensar, falar e sentir.
- A intuição me guia e me sugere a melhor resposta para cada momento de minha vida.
- Busco meu crescimento interior através de atividades que me dão prazer e sabedoria.
- Acolho meu próprio ser com generosidade e respeito.
Construindo nossa paz interna:
"A melhor maneira de vivermos o hoje e nos prepararmos para o amanhã é concentrar toda a nossa imaginação e entusiasmo na execução de nossas atividades de hoje, da melhor forma possível. E é o melhor que podemos fazer por nós mesmos e pelo mundo." (Vovó Luíza de Guiné)
Trabalhe no que você gosta que não precisará trabalhar nenhum dia de sua vida…

2 de maio de 2011

Conhecendo mais sobre os Pretos Velhos

Pretos Velhos são espíritos que se apresentam em corpo fluídico de velhos africanos que viveram nas senzalas, majoritariamente como escravos que morreram no tronco ou de velhice, e que adoram contar as histórias do tempo do cativeiro. Sábios, ternos e pacientes, dão o amor, a fé e a esperança aos "seus filhos".
A característica desta linha seria o conselho, a orientação aos consulentes devido a elevação espiritual de tais entidades, são como psicólogos, receitam auxílios, remédios e tratamentos caseiros para os males do corpo e da alma.
Guias: muitos Pretos Velhos gostam de Guias com contas de Rosário de Nossa Senhora, alguns misturam favas e colocam cruzes ou figas feitas de guiné ou arruda.
Roupas: preta e branca; carijó (xadrez preto e branco). As Pretas Velhas às vezes usam lenços na cabeça e/ou batas; e os Pretos Velhos às vezes usam chapéu de palha.
Bebida: café preto amargo, vinho tinto doce, vinho moscatel, cachaça com mel (às vezes misturam ervas, sal, alho e outros elementos na bebida).
Na Umbanda, os Pretos Velhos são homenageados no dia 13 de maio, data que foi assinada a Lei Áurea, a abolição da escravatura.
Todos os Pretos-Velhos vêm na linha das Almas, mas cada um vem na irradiação de um Orixá diferente.


Falanges de Preto Velho
1 – Falange da Costa (Rei Cambinda)
2 – Falange de Congo (Rei Congo)
3 – Falange de Angola (Pai Joaquim)
4 – Falange de Guiné (Pai Guiné)
5 – Falange de Moçambique (Pai Gerônimo)
6 – Falange de Luanda (Povo do Oriente – Pai José)
7 – Falange de Bengala (Povo do Espaço – Pai Tomé)



Em sua linha de atuação eles apresentam-se pelos seguintes codinomes, conforme acontecia na época da escravidão, onde os negros eram nominados de acordo com a região de onde vieram:
Congo e Guiné - Ex: Pai Francisco do Congo, Pai Guiné, refere-se a pretos velhos ativos na linha de Iansã.
Aruanda - Ex: Pai Francisco de Aruanda, refere-se a pretos velhos ativos na linha de Oxalá. 
D´Angola - Ex: Pai Francisco D´Angola, refere-se a pretos velhos ativos na linha de Ogum.
Matas - Ex: Pai Francisco das Matas, refere-se a pretos velhos ativos na linha de Oxossi.
Calunga, Cemitério ou das Almas - Ex: Pai Francisco da Calunga, Pai Francisco do Cemitério ou Pai Francisco das Almas, refere-se a pretos velhos ativos na linha de Omolu/ Obaluaê.
Entre diversas outras nominações tais como: Moçambique, da Serra, da Bahia, etc.
Muitos Pretos Velhos podem apresentar-se como Tio, Tia, Pai, Mãe, Vó ou Vô, porém todos são Pretos Velhos.


Vibração com o Orixá


PRETOS VELHOS DE OGUM
São mais rápidos na sua forma incorporativa e sem muita paciência com o médium e às vezes com outras pessoas que estão cambonando e até consulentes. São diretos na sua maneira de falar, não enfeitam muito suas mensagens, às vezes parece que estão brigando, para dar mesmo o efeito de "choque", mas são extremamente bondosos, tanto para com seu médium como para as outras pessoas. São especialistas em consultas encorajadoras, ou seja, dão coragem e segurança para aqueles indecisos e "medrosos". É fácil pensar nessa característica, pois Ogum é um Orixá considerado corajoso.

PRETOS VELHOS DE OXUM
São mais lentos na forma de incorporar e até falar. Passam para o médium uma serenidade inconfundível. Não são tão diretos para falar, enfeitam o máximo a conversa para que uma verdade dolorosa possa ser escutada de forma mais amena, pois a finalidade não é "chocar" e, sim, fazer com que a pessoa reflita sobre o assunto que está sendo falado. São especialistas em reflexão, nunca se sai de uma consulta de um Preto-velho de Oxum sem um minuto que seja de pensamento interior. As vezes é comum sair até mais confuso do que quando entrou, mas é necessário para a evolução daquela pessoa.

PRETOS VELHOS DE XANGÔ
São raros de ver. Sua incorporação é rápida como as de Ogum. Assim como os caboclos de Xangô, trabalham para causas de prosperidade sólida, bens como casa própria, processo na justiça e realizações profissionais. Passam seriedade em cada palavra dita. Cobram bastante de seus médiuns e consulentes.

PRETOS VELHOS DE IANSÃ
São rápidos na sua forma de incorporar e falar. Assim como os de Ogum, não possuem também muita paciência para com as pessoas. Essa rapidez é facilmente entendida, pela força da natureza que os rege e é essa mesma força que lhes permite uma grande variedade de assuntos com os quais ele trata, devido a diversidade que existe dentro desse único Orixá. 
Utilizando o movimento das águas, são excelentes para descarregos e passes.
Esses Pretos Velhos retribuem ao médium principalmente a defesa, são rápidos na ajuda. Se cobram a honestidade do seu médium no momento da consulta, não admitem que desconfiem dele (médium). Mesmo assim, eles também possuem uma especialidade. Geralmente suas consultas são de impacto, trazendo mudança rápida de pensamento para a pessoa. São especialistas também em ensinar diretrizes para alcançar objetivos, seja pessoal, profissional ou até espiritual. Entretanto, é bom lembrar que sua maior função é o descarrego. É limpar o ambiente, o consulente e demais médiuns do terreiro, de eguns ou espíritos de parentes e amigos que já se foram e que ainda não se conformaram com a partida, permanecendo muito próximos dessas pessoas.

PRETOS VELHOS DE OXOSSI
São os mais brincalhões, suas incorporações são alegres e um pouco rápidas. Esses Pretos Velhos geralmente falam com várias pessoas ao mesmo tempo. Possuem uma especialidade: a de receitar remédios naturais para o corpo e a alma, assim como emplastos, banhos e compressas, defumadores, chás, etc. São verdadeiros químicos em seus "tocos", afinal, não podiam ser diferentes, pois são alunos do maior "químico" - Oxossi.


PRETOS VELHOS DE NANÃ
São raros, assim como os filhos desse Orixá. Sua maneira de incorporação é de forma mais envelhecida ainda. Lenta e muito pesada, enfatizando ainda mais a idade avançada. Falam rígido, com seriedade profunda. Não brincam nas suas consultas e prezam sempre o respeito, tanto do médium quanto do consulente e pessoas a volta como os cambonos e pessoas do terreiro em geral e principalmente do pai ou da mãe de santo. Cobram muito do seu médium, não admitem roupas curtas ou transparentes, mesmo para médiuns homens. Seu julgamento é severo. Não admite injustiça com seu médium. Costumam se afastar dos médiuns que consideram de "moral fraca". Mas prezam demais a gratidão, de uma forma geral. Podem optar por ficar numa casa, se seu médium quiser sair, se julgar que a casa é boa, digna e honrada. É difícil a relação com esses guias, principalmente quanto há discordância, ou seja, não são muito abertos a negociação no momento da consulta. São especialistas em conselhos que formem moral, e entendimento do nosso carma, pois isso sem dúvida é a sua função. Atuam também como os de Iansã e Omulú, conduzindo Eguns.



PRETOS VELHOS DE OBALUAÊ
São simples em sua forma de incorporar e falar. Exigem muito de seus médiuns, tanto na postura quanto na moral. Defendem quem é certo ou quem está certo, independente de quem seja, mesmo que para isso ganhem a antipatia dos outros. Agarram-se a seus "filhos" com total dedicação e carinho, não deixando no entanto de cobrar e corrigir também. Pois entendem que a correção é uma forma de amar. Devido a elevação e a antiguidade do Orixá para o qual eles trabalham, acabam transformando suas consultas em conselhos totalmente diferenciados dos demais Pretos Velhos, ou seja, se adaptam a qualquer assunto e falam deles exatamente com a precisão do momento. Como trabalha para Obaluaê, e este é o "dono das almas", esses Pretos Velhos são geralmente chefes de linha e assim explica-se a facilidade para trabalhar para vários assuntos. Sua "visão" é de longo alcance para diversos assuntos, tornando-os capazes de traçar projetos distantes e longos para seus consulentes. Tanto pessoal como profissional e até espiritual. Assim exigem também fiel cumprimento de suas normas, para que seus projetos não saiam errado, para tanto, os filhos que os seguem devem fazer passo a passo de tudo que lhe for pedido, apenas confiando nesses Pretos Velhos. Quando o filho não faz isso, costumam tirar o que já lhe deu, para que o mesmo repense a importância desse Preto Velho em sua vida. Gostam de contar histórias para enriquecer de conhecimento o médium e as pessoas a volta. Não trabalham para saúde (essa função é do Erê de Obaluaê), salvo se essa doença for proveniente de "trabalhos feitos - demanda".



PRETOS VELHOS DE IEMANJÁ
São belos em suas incorporações, contudo mantendo uma enorme simplicidade. Sua fala é doce e meiga. Possuem a paciência das mães e a compreensão também. Cobram pouco de seus médiuns, apenas que eles cumpram a caridade sempre por amor, nunca por obrigação. Sua especialidade maior são os conselhos sobre laços espirituais e familiares. Gostam também de trabalhar para fertilidade de um modo geral, e especialmente para as pessoas que desejam engravidar.  Cobram dos seus médiuns que lutem para ter um casamento feliz e sólido, pois para eles só assim poderão ajudar a outras pessoas nesse sentido, já que seu médium já vive essa realidade.

PRETOS VELHOS DE OXALÁ
São bastante lentos na forma de incorporar e tornam-se belos principalmente pela simplicidade contida em seus gestos. Raramente dão consulta, sua maior especialidade é o passe de energização. Cobram também bastante de seus médiuns, principalmente no que diz respeito a prática de caridade, assiduidade no terreiro e vaidade.

Os Pretos Velhos

A mais carismática entidade que povoa os terreiros de Umbanda, os Pretos Velhos, têm como data comemorativa dia 13 de maio e suas cores são o preto e o branco.

A sofrida vida dos escravos trazidos da África, já bastante documentada e comentada, fazia com que os indivíduos, em função do penoso e extenuante trabalho a que eram submetidos, somado aos maus tratos, vivessem, em média, somente sete anos após sua chegada ao Brasil.
As mudanças no panorama econômico brasileiro, como a decadência do ciclo da cana-de-açúcar e a redução da atividade mineradora, fizeram com que uma grande leva de escravos migrados para os centros urbanos pudesse levar uma vida mais amena e conseguisse ter uma expectativa de vida mais longa. Mesmo assim, as condições de salubridade, nesta época, não favoreciam a longevidade.
Então surge a figura daquele escravo que, apesar das suas condições de vida, alcança idade avançada, personificando o patriarca da raça, cuja sapiência parece lhe ser conferida pelos cabelos brancos.
Vemos, portanto, o aparecimento de uma entidade cuja linha de trabalho é marcada pela tolerância, rústica simplicidade e um profundo sentimento de caridade. Só quem sofreu na carne as desventuras da vida, pode entender ou se aproximar da compreensão do sofrimento alheio, porque é possível responder a toda violência sofrida, com amor, sem nenhum sentimento revanchista ou de vingança.
Característica típica da raça africana é o apego à vida, alegria que se manifesta em musicalidade e uma sabedoria ancestral quase biológica, que transparece na religião.
A forma como se apresenta nos terreiros de Umbanda, através dos médiuns, é como uma pessoa muito idosa, curvada pelos anos. Às vezes apoiado em uma bengala, com uma voz meiga, algo paternal que atrai a confiança e simpatia de quem ouve.
Com movimentos lentos, típicos de um ancião, geralmente senta-se em um pequeno banquinho ou num pedaço de tronco, fumando seu cachimbo de barro ou um cigarro de palha, queimando seu fumo de rolo.
Gosta de beber desde a cachaça branquinha até o vinho tinto bem forte ou um café amargo. Mas uma de suas bebidas favoritas é a polpa do coco verde, triturada no pilão e misturada com um pouco de pinga. Também gosta de beber, em seu coité, uma mistura de folhas de saião, trituradas com mel e cachaça.
Os pretos velhos foram homens comuns, que alcançaram a redenção espiritual através dos suplícios do cativeiro. A sua tolerância ao martírio, sem manifestar revolta ou ódio pelos seus algozes e o profundo amor indiscriminado pela humanidade, os ascendeu a um patamar de mestres espirituais.
Outros nos contam que, em vida terrena, os Pretos Velhos eram homens predestinados, encarnados para assegurar um lenitivo ao sofrimento dos escravos, e que, por sua bondade e sabedoria, cativaram a amizade até dos senhores brancos, a quem também acudia com conselhos e curas. Daí a sua relativa liberdade para atender, com suas curas, ao povo pobre e sua misteriosa longevidade que lhe proporcionava a fama de sábio e feiticeiro por viver muito mais que a maioria dos escravos comuns.
Um dos pratos típicos servido nas festas ou como oferenda ao Preto Velho, e o mais brasileiro de todos, é feijoada. Comida nascida no Brasil é o resultado de circunstâncias e do gênio da raça negra.
O feijão preto era o mais básico e barato alimento na senzala. Plantado, colhido e preparado pelos escravos, na própria fazenda em que trabalhavam, era, às vezes, enriquecido pelas sobras de carne da cozinha da casa grande (geralmente porco). As partes que o senhor branco não comia, como os pés, a orelha, a garganta, o rabo, o focinho, etc., iam direto para o tacho coletivo e assim nascia a feijoada.
A falange dos Pretos Velhos guarda sinais particulares e individuais da origem dos elementos que a compõem. Antigos escravos, estes ainda conservam certas designações que denunciam de qual nação ou tribo africana eram oriundos. Assim encontramos Pai Tião D’Angola, Vovó Maria Conga, Vovó Luiza, Vovó Cambinda, Pai Joaquim de Aruanda, Pai Zeca da Candonga, todos com uma característica comum: a bondade e a doçura com que tratam os fiéis que os consultam, procurando um alívio para suas aflições.
Grandes conhecedores de magia, dos feitiços de Exú e das propriedades curativas das ervas, os Pretos Velhos usam também a fumaça de seus cachimbos, como os pagés e caboclos, para dissolver as cargas e energias negativas que envolvem as pessoas. Trabalham com passes magnetizantes e indicam banhos de ervas para seus consulentes. Porém, uma de suas características mais marcantes é sua força psicológica. Sustentada pelo conhecimento espiritual, esta entidade surpreende e encanta, ensinando, com seu exemplo, a resignação aos golpes kármicos do destino. Conhecido como o psicólogo dos pobres, o Preto Velho, embasado em sua rica experiência de vida e transpirando a sabedoria da idade, sabe, como ninguém, ouvir e entender os problemas de seus fiéis.
O grande segredo desta virtude está no perdão aos sofrimentos recebidos. Perdão este, sem discurso demagógico, que vem de um sentimento puro de desapego e humildade. Humildade. Talvez seja esta a palavra chave do carisma do Preto Velho.
A linha dos Pretos Velhos está dentro da “falange das almas”. Seres desencarnados que alcançaram uma luz espiritual e retornam, através dos médiuns, ao plano terreno, numa missão de caridade, como que resgatando uma dívida espiritual, ajudando os necessitados, tanto na parte física, com passes magnéticos, defumações e indicando ervas curativas, como na psicológica, com conselhos e amparo afetivo, praticando a bondade incondicional que lhes é inerente.
O seu discurso nas preleções e conselhos transpiram uma mensagem cristã de perdão e compaixão, evidenciando a influência dessa religião com as citações sobre Jesus e os santos católicos.
Uma perfeita mistura da moral cristã, com os costumes africanos e o conhecimento da medicina natural, com práticas de pajelança.
As guias usadas nos terreiros vêm da direta influência africana, porém, uma das guias preferidas pelos Pretos Velhos é formada pelas contas de uma semente vegetal que varia do branco leitoso ao negro. Conhecida, popularmente, como lágrimas de Nossa Senhora, são extraídas de uma planta da família das gramíneas, entrelaçadas com dentes de porco selvagem, à moda indígena, crucifixos e outros fetiches africanos, como a figa de guiné, revelando a miscigenação cultural / religiosa brasileira.
Estas entidades, verdadeiros psicólogos, que falam a língua dos pobres e lhes tocam o coração, são grandes curadores no plano físico e espiritual, usando seu conhecimento fototerápico com defumações e banhos de limpeza astral, são mais eficientes em sua caridade do que os discursos filosóficos de uma intelectualidade distante da realidade.
Quando falamos dessa grande falange, referimo-nos também às entidades do gênero feminino, que povoam os terreiros com sua graça e candura. As Pretas Velhas, Vovó Luiza, Vovó Maria Conga, Mãe Selma da Caconde, Tia Anastácia, Cambinda, Mãe Rosa da Bahia e muitas outras. A mesma história, vivida pelo gênero masculino, encontramos também entre estas entidades que passaram pelas mesmas agruras e conservaram em seu íntimo a bondade e o perdão.
As manifestações das Pretas Velhas seguem características semelhantes às dos Pretos Velhos. O seu modo de incorporação, com uma postura curvada, o andar dificultoso e o gosto pelo cachimbo de barro com fumo de rolo.
Assim as Pretas Velhas, da Umbanda, são um referência de resignação e desprendimento, erradicando os sentimentos de raiva e ressentimento que poderiam advir das humilhações e torturas sofridas pelo seu povo no passado.
Carinhosamente, também chamados de pai preto, estes guias ensinam uma importante lição de humildade e resignação diante das adversidades da vida, sem perder a alegria e o bom humor. É comum ouvir dos mesmos observações debochadas a respeito dos problemas. Simplificando o que parecia complicado, dando esperanças para fortalecer psicologicamente seu consulente, porque sabe que se fraquejarmos na lida da vida, os problemas se tornam maiores e não suportamos o fardo.
A grande lição que ensinam estas entidades é que colhemos o que plantamos. E esta é uma grande oportunidade para rever os erros cometidos, tomar consciência da nossa responsabilidade por nós mesmos na busca da felicidade.
A característica interessante é a forma descompromissada desta prática espiritual com o formalismo e austeridade presente em outras religiões. O adágio popular de que os velhos se parecem com crianças, tem um profundo senso prático no trabalho dos Pretos Velhos.
A informalidade e humildade destas entidades fazem os fiéis se sentirem descontraídos, como se estivessem na presença de um membro da família ou um velho amigo mais sábio, que lhes atende e aconselha falando francamente, procurando ajudar a resolver seus problemas.
Usa uma vestimenta simples e branca, típica dos praticantes da Umbanda, lembrando a pureza de sentimentos e o vínculo simbólico com Oxalá, Pai criador dos homens e seu enorme amor pela humanidade.
É quando todas as barreiras caem e as pessoas entregam, aos seus ouvidos pacientes, suas histórias e mazelas, sem nenhum pudor de confessar fracassos ou desilusões. Por que não se sentem falando a um estranho, mas a alguém que parece conhecê-los desde o início de suas vidas.