Blog da Casa de Caridade Luz Divina - dirigente espiritual Vovó Luiza

23 de junho de 2011

As guias

As GUIAS usadas na Umbanda são aqueles colares coloridos que os médiuns utilizam nos trabalhos, fazendo parte do uniforme do Umbandista.
Estes “colares” são verdadeiros pararraios em defesa dos médiuns. É um objeto no qual os Guias e Protetores imantam com determinadas forças para servirem de instrumentos em ocasiões precisas. 

A Guia é, então, uma das muitas ferramentas utilizadas pelo médium, servindo como defesa deste que, muitas vezes, se vê obrigado a entrar em contato com energias às quais ele não poderia suportar, daí a explicação para as guias que arrebentam de repente. Por ser de material altamente atrativo, a guia recebe toda a carga negativa que foi direcionada ao médium e arrebenta. A guia não serve somente como proteção do médium. Esta tem muitas outras utilidades, como:
- instrumento de ligação psíquica entre Médium e Espírito
- instrumento de tratamento
- como material de trabalho das Entidades, atraindo ou emitindo energias, etc.


CONFECÇÃO DAS GUIAS
As guias devem ser confeccionadas com produtos naturais, pois são imantáveis e condutores de energias. Estes materiais podem ser: sementes, madeira como o bambu, pedras, conchas e outros objetos marinhos, pedras preciosas e semipreciosas (mesmo que lapidadas), cristais, porcelana, miçangas, dentes de animais, guizos e outros, como por exemplo, os metais.
Jamais se usa plástico ou outro produto artificial.
Usando-se os materiais citados acima, as guias serão confeccionadas de acordo com o pedido feito pelas entidades, de acordo com a doutrina da casa que você frequenta ou de acordo com a necessidade daquela guia.
Não se pode montar uma guia só porque acha bonito, ou porque todos usam, ou porque você acha que deva usar. Espere, tudo na sua hora certa!
Nas lojas especializadas encontram-se guias prontas dos mais variados modelos, mas o correto é as guias serem confeccionadas pelo pai ou mãe de santo, conforme indicação da entidade do médium.
A guia é uma peça “benta” com força e irradiação para proteger e aumentar a força do médium, a vibração, etc. São ritualisticamente preparadas, ou seja, imantadas, de acordo com a tônica vibracional de quem as irá utilizar (médium e entidade), e conforme o objetivo a que se destinam.

Geralmente, quando uma entidade pede para seu filho montar a sua Guia, a mesma estará presente naquele momento, ou para dar orientações na montagem por intuição, ou para ver se o filho realmente tem o devido respeito pela religião (objetos, entidades, rituais, etc.) ou por vários outros motivos como, por exemplo, testes de fé, de paciência, pois tem vezes que a guia se quebra várias vezes antes de ficar pronta, ou às vezes a entidade está desenvolvendo sua mediunidade através das intuições e muito mais.
Por isso, para montar uma guia, deve-se estar tranquilo, sem agitação externa e sem preocupações, enfim, trabalhando, meditando e se conectando com seus Guias espirituais.
As guias, depois de prontas devem ser descarregadas e cruzadas (benzidas) em uma obrigação do médium.
Dependendo da doutrina de cada casa, as guias serão colocadas no congá por um determinado tempo, às vezes serão colocadas em certos recipientes com misturas de ervas, ou colocadas em sal grosso, etc. Só depois de feito isso é que a entidade chefe da casa ou seu próprio guia vai cruzá-la.
Lembre-se, se a guia não foi cruzada, a mesma não terá nenhum valor. 
Como foi dito, a guia será imantada com energias de acordo com as necessidades de quem vai usá-la e conforme a finalidade.

TIPOS DE GUIAS
Existem pelo menos quatro tipos de guias que são utilizadas frequentemente pelos filhos de fé.
São elas:
• Guia de proteção
• Guia de tratamento
• Guia do Orixá
• Guias das Entidades
Cada guia tem seu formato e cores específicas, e será de acordo com a necessidade a que se destina.
Veja a seguir algumas características das guias mais utilizadas. 

GUIA DE PROTEÇÃO
Geralmente, quando um médium entra para a religião e começa a trabalhar numa casa de Umbanda, ele é batizado e faz a primeira obrigação - para Oxalá.
A guia de Oxalá é de cor branca. Oxalá é o Orixá Maior representado por Jesus.
Essa é a mais usada nos casos de proteção e tratamentos.

GUIA DE TRATAMENTO
Como vimos acima, usa-se muito a guia branca, pois ela tem, também, um efeito psicológico no tratamento. A guia de Oxalá é usada para tratamento do filho de fé ou filho de santo.

GUIA DO ORIXÁ
É a guia do pai e mãe de cabeça e que está ligada à faixa vibratória do médium e também é a guia que representa a linhagem das entidades que trabalham com esse médium.
A guia do Orixá é feita na cor relacionada ao Orixá, geralmente de uma cor só.

GUIA DAS ENTIDADES
São aquelas guias que não tem um padrão, ou seja, cada entidade pede sua guia de trabalho de acordo com suas necessidades. Por isso é que temos tantos modelos de guias tão diferentes umas das outras; temos guias feitas com contas coloridas e intercaladas com outros materiais, como dentes, olho de cabra, coquinhos, etc.
As guias das entidades devem ser feitas exatamente como elas pediram, pois tem grande significado para elas que nós nem sequer imaginamos, é como um ponto riscado, cheio de mistérios.

CORES DAS GUIAS
As guias seguem as cores padrão dos Orixás e Entidades. São elas:

  • Oxalá - branco leitoso
  • Oxossi - verde
  • Caboclo - verde e branco
  • Preto Velho - branco e preto
  • Iansã - amarelo ouro
  • Oxum - azul forte
  • Cosme e Damião - azul e rosa
  • Iemanjá - azul claro
  • Ogum - vermelho e branco ou só vermelho
  • Nanã - roxo
  • Xangô - marrom
  • Obaluaê - preto e branco
  • Exu - preto e vermelho
  • Pombo-gira - vermelho e preto
  • 7 Linhas (Orixás) - a guia de Sete Linhas é aquela que tem sete cores, ou seja, representa os sete Orixás da Umbanda. É utilizada também para proteção, pois significa que o médium está sob a proteção das Sete Linhas da Umbanda. 
As guias devem ter o tamanho suficiente para ir até abaixo do umbigo do médium.

UTILIZANDO AS GUIAS
Geralmente os médiuns usam as seguintes guias nos trabalhos do Centro:
• De proteção
• Do seu Orixá
• Dos seus Guias (entidades que trabalham com o médium)
Uma guia efetivamente só tem valor quando é recebida em consequência de uma obrigação, ou quando cruzada por uma entidade incorporada, sendo uma proteção especial com que a entidade favorece o filho. Sem isso, não passa de um adorno sem outro valor que o custo das próprias contas.
Quando recebidas em consequência de uma obrigação, elas trazem em si o axé correspondente a cada obrigação. O pai ou mãe de santo (Babalaô ou Yalorixá) deve fazer a guia de cada filho pessoalmente, rezando ou cantando o ponto dos Orixádeve fazer a guia de cada filho pessoalmente, rezando ou cantando o ponto dos Orix_____________________________________________s. Se uma quebrar, deve-se procurar recuperar o máximo possível de contas e depois montá-la e consagrá-la ou cruzá-la novamente.
As guias não devem ser usadas a toda e qualquer hora, só dentro do Centro, nas festas, cerimônias especiais e nos trabalhos. Para cuidar bem delas deve-se lavá-las de vez em quando com as águas de cada Orixá a que pertencem. Assim tem-se:
Iemanjá: água do mar, colhida de preferência onde a água seja limpa.
- Oxum: água de um rio com corredeiras e que seja cristalina; se possível, colher em uma cachoeira.
- Xangô e Iansã: águas da chuva, sendo que a de Xangô deve ser colhida durante fortes temporais e a de Iansã deve ser colhida durante chuvas mais amenas.
- Nanã: água de um rio límpido e sereno correndo para o mar. Também pode ser água de um lago.
- Ogum: de preferência as águas minerais que contenham ferro.
- Oxossi: as águas minerais sem ferro.
- Cosme e Damião: águas da praia, desde que sejam límpidas.
- Oxalá: água do orvalho da manhã que deve ser colhida ao amanhecer.
- Obaluaê: as águas de grutas profundas ou as que brotam em campos santos.
Na impossibilidade de se colher as mencionadas águas, utiliza-se apenas água mineral que não seja ferruginosa, para a limpeza das guias.
Importante lembrar:
- As guias são elementos ritualísticos pessoais, individuais e intransferíveis, devendo ser confeccionadas, manipuladas e utilizadas somente pelo médium a quem se destinam, ou pelo pai ou mãe de santo deste.
- Deve-se observar que cada indivíduo e cada ambiente possuem um campo magnético e uma tônica vibracional próprios e individual (tanto positivo quanto negativo).
- A confecção ou manipulação das guias por outras pessoas, ou ainda, seu uso, em ambientes ou situações negativas ou discordantes com o trabalho espiritual, fatalmente acarretará uma "contaminação" ou interferência vibracional.
- Como elemento de atração e isolamento, funcionam como um tipo de pararraios, atraindo para si toda (ou quase) a carga negativa ou estranha ao médium, isolando-o até certo ponto. No entanto, as guias irão permanecer "carregadas", até serem devidamente "limpas".
- Excepcionalmente, podem ser utilizadas pelo médium para "puxar" uma determinada vibração, de forma a lhe proporcionar alívio em seus momentos de aflição. Nestes casos, 10 a 15 minutos de uso são suficientes.
- Em qualquer dos casos, a guia irá proporcionar uma interferência no campo magnético do médium. Dependendo da situação ou circunstância, poderá até mesmo causar-lhe um certo desconforto aparente ou mal-estar, devido a um aceleramento de sua Faixa Vibratória. 
Como vimos, as guias são elementos ritualísticos muito sérios e como tal que devem ser respeitadas e cuidadas.
Seu uso deve se restringir ao trabalho espiritual, ao ambiente cerimonial (terreiro) e aos momentos de extrema necessidade por parte do médium.
Utilizar a guia em ambientes ou situações dissonantes com o trabalho espiritual, ou por mera vaidade e exibicionismo, é no mínimo um desrespeito para com a vibração a qual representam.
A guia é um objeto muito sério e deve ser utilizado com seriedade.
Lembre-se que as guias são objetos sagrados e como tais devem ser tratadas.
Mas, o mais importante de fato, é que o filho aprenda a ter fé e confiança nas Entidades e em Deus, não se apoiando em verdadeiras "muletas psicológicas" para se sentir protegido.

17 de junho de 2011

Congá

O Congá (ou altar) é um ponto de força, devendo ser firmado e assentado corretamente, pois é o meio que as irradiações divinas têm para alcançar todos os fiéis diante dele.
A principal função de um Congá é criar um magnetismo, uma ligação entre a espiritualidade e a matéria, através do qual as irradiações verticais das entidades - do alto - descem até o Congá e se espalham na horizontal, ocupando todo o espaço destinado às práticas religiosas (terreiro).
Os fundamentos de um Congá só podem ser explicados por quem os fez, mas o Fundamento Divino de sua existência em um Centro é que quando nos colocamos respeitosamente diante dele estaremos bem próximo de Deus (Zambi) e de suas entidades sagradas.
As imagens não são as entidades e nem têm função magística, elas apenas representam, simbolizam as entidades, tendo a função de impor respeito e ajudar os fiéis a se concentrarem.
O Congá, além de ser formado pelas imagens dos Orixás e Entidades, também pode e deve ter elementos naturais que os representam, trazendo a força da natureza - pois os Orixás e as Entidades são partes desta.
Estes elementos podem ser as águas minerais ou cristalinas, as ervas, flores ou plantas, as pedras ou os minérios, como também instrumentos simbolizando a força e o mistério dos Orixás e Entidades.
Alguns exemplos de elementos que podem ser colocados no Congá:
Oxalá - cristal transparente, taça de inox ou copo com vinho branco ou água mineral, girassol, trigo.
Iansã - otá, champagne branca, espada, espada de Santa Rita ou flores amarelas.
Oxum - quartzo rosa, ametista, pirita, copo com água de rio ou de cachoeira, flores azuis ou lírio.
Oxossi - esmeralda ou quartzo verde, guiné, alecrim, copo de vinho branco, cipó.
Xangô - otá ou jaspe, machado, cerveja preta.
Ogum - granada ou rubi, cerveja branca, espada de São Jorge, escudo ou lança.
Obaluaê - ônix ou turmalina preta, taça de vinho tinto ou água mineral, crisântemo, palha da costa com búzios.
Iemanjá - água marinha ou madrepérola, água do mar, estrela do mar, conchas, rosa branca, alfazema.
Crianças (Cosme e Damião) - guaraná, doces, balas, moedas.
Pretos-velhos - fumo de rolo, café preto, copo com água, flores brancas.
Também o Congá deve ter velas nas cores dos Orixás e Entidades, pois ao serem ativadas religiosamente, tornam-se elemento magístico, energético e vibratório que atua no etérico de quem recebe sua irradiação ígnea, consumindo as energias negativas que são descarregadas pelos frequentadores do Centro.
Não há mal nenhum em ter um pequeno altar em casa, desde que em local reservado, havendo respeito e amor.
Umbanda tem fundamento e é preciso respeitar!
Matéria do Jornal de Umbanda Carismática (JUCA)

9 de junho de 2011

Religião X Espiritualidade

Parece mentira, mas foi verdade. No dia 1°/Abr/2010, o elenco do Santos atual campeão paulista de futebol  foi à uma instituição que abriga 34 pessoas. O objetivo era distribuir ovos de Páscoa para crianças e adolescentes, a maioria com paralisia cerebral.
Ocorreu que boa parte dos atletas não saiu do ônibus que os levou.
Entre estes, Robinho, Neymar, Ganso, Fábio Costa, Durval, Léo, Marquinhos e André - todos ídolos super-aguardados,todos declaradamente evangélicos.
O motivo teria sido religioso: a instituição era o
 Lar Espírita Mensageiros da Luz, de Santos-SP, cujo lema é Assistência à Paralisia Cerebral.
Visivelmente constrangido, o técnico Dorival Jr. tentou convencer o grupo a participar da ação de caridade. Posteriormente, o Santos informou que os jogadores não entraram no local simplesmente porque não quiseram.
Dentro da instituição, os outros jogadores participaram da doação dos 600 ovos, entre eles, Felipe, Edu Dracena, Arouca, Pará e Wesley, que conversaram e brincaram com as crianças.
Eis que o escritor, conferencista e Pastor (com P maiúsculo) ED RENÉ KIVITZ, da Igreja Batista de Água Branca (São Paulo), fez uma análise profunda sobre o ocorrido e escreveu o texto "No Brasil, futebol é religião", que abaixo tenho o prazer de 
compartilhar.



"No Brasil, futebol é religião por Ed Rene Kivitz

Os meninos da Vila pisaram na bola. Mas prefiro sair em sua defesa. Eles não erraram sozinhos. Fizeram a cabeça deles. O mundo religioso é mestre em fazer a cabeça dos outros. Por isso, cada vez mais me convenço que o Cristianismo implica a superação da religião, e cada vez mais me dedico a pensar nas categorias da espiritualidade, em detrimento das categorias da religião.
A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos morais de cada tradição de fé. 
A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais de todas e cada uma das tradições de fé.
Quando você começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o inferno; ou se Deus é a favor ou contra à prática do homossexualismo; ou mesmo se você tem que subir uma escada de joelhos ou dar o dízimo na igreja para alcançar o favor de Deus, você está discutindo religião.

Quando você começa a discutir se o correto é a reencarnação ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa do Gênesis, e se o livro certo é a Bíblia ou o Alcorão, você está discutindo religião. Quando você fica perguntando se a instituição social é espírita kardecista, evangélica, ou católica, você está discutindo religião.

O problema é que toda vez que você discute religião você afasta as pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância. A religião coloca de um lado os adoradores de Allah, de outro os adoradores de Yahweh, e de outro os adoradores de Jesus. Isso sem falar nos adoradores de Shiva, de Krishna e devotos do Buda, e por aí vai. 
E cada grupo de adoradores deseja a extinção dos outros, ou pela conversão à sua religião, o que faz com que os outros deixem de existir enquanto outros e se tornem iguais a nós, ou pelo extermínio através do assassinato em nome de Deus, ou melhor, em nome de um deus, com d minúsculo, isto é, um ídolo que pretende se passar por Deus.
Mas, quando você concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores como reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade, você está no horizonte da espiritualidade, comum a todas as tradições religiosas. E quando você está com o coração cheio de espiritualidade, e não de religião, você promove a justiça e a paz.
Os valores espirituais agregam pessoas, aproxima os diferentes, faz com que os discordantes no mundo das crenças se deem as mãos no mundo da busca de superação do sofrimento humano, que a todos nós humilha e iguala, independentemente de raça, gênero, e inclusive religião.

Em síntese, quando você vive no mundo da religião, você fica no ônibus. Quando você vive no mundo da espiritualidade que a sua religião ensina,  ou pelo menos deveria ensinar, você desce do ônibus e dá um ovo de páscoa para uma criança que sofre a tragédia e miséria de uma paralisia cerebral".

Ed René Kivitz, cristão, pastor evangélico, e santista desde pequenininho

4 de junho de 2011

Exus e Pombo-Giras


Trecho retirado do livro TAMBORES DE ANGOLA
de Robson Pinheiro 
Exu é entidade de luz (em evolução) com profundo conhecimento das leis magísticas e de todos os caminhos e trilhas do Astral Inferior. Não tem nada a ver com as imagens vendidas nas casas de artigos religiosos, com chifrinhos e rabos... Exu não é o Diabo. São os guardiões, são os espíritos responsáveis pela disciplina e pela ordem no ambiente. São trabalhadores que se fazem respeitar pelo caráter forte e pelas vibrações que emitem naturalmente. Eles se encontram em tarefa de auxílio. Conhecem profundamente certas regiões do submundo astral e são temidos pela sua rigidez e disciplina.
Formam, por assim dizer, a nossa força de defesa, pois lidamos, em um número imenso de vezes, com entidades perversas, espíritos de baixa vibração e verdadeiros marginais do mundo astral, que só reconhecem a força das vibrações elementares, de um magnetismo vigoroso, e personalidade forte que se impõem. Essa, a atividade dos guardiões. Sem eles, talvez, as cidades estivessem à mercê de tropas de espíritos vândalos ou nossas atividades estivessem seriamente comprometidas. São respeitados e trabalham à sua maneira para auxiliar quanto possam. São temidos no submundo astral porque se especializaram na manutenção da disciplina por várias e várias encarnações.
Muitos do próprio culto confundem os Exus com outra classe de espíritos, que se manifestam à revelia em terreiros descompromissados com o bem.
Na Umbanda a caridade é lei maior e, esses espíritos com aspectos mais bizarros, que se manifestam em médiuns são, na verdade, outra classe de entidades, espíritos marginalizados por seu comportamento ante a vida, verdadeiros bandos de obsessores, de vadios, que vagam sem rumo nos sub-planos astrais e que são, muitas vezes, utilizados por outras inteligências, servindo a propósitos menos dignos. Além disso, encontram médiuns irresponsáveis que se sintonizam com seus propósitos inconfessáveis e passam a sugar as energias desses médiuns e de seus consulentes, exigindo “trabalhos”, matanças de animais e outras formas de satisfazerem sua sede de energia vital. São conhecidos como os kiumbas, nos pântanos do astral. São maltas de espíritos delinquentes, à semelhança daqueles homens que atualmente são considerados na Terra como irrecuperáveis socialmente, merecendo que as hierarquias superiores tomem a decisão de expurgá-los do ambiente terrestre, quando da transformação que aguardamos neste milênio. Os médiuns que se sintonizam com essa classe de espíritos desconhecem a sua verdadeira situação.
Depois, existe igualmente um misticismo exagerado em muitos terreiros que se dizem umbandistas e se especializam em maldades de todas as espécies, vinganças e pequenos “trabalhos”, que realizam em conluio com os kiumbas e que lhes comprometem as atividades e a tarefa mediúnica. São, na verdade, terreiros de kiumbanda, e não de Umbanda. Usam o nome da Umbanda como outros médiuns utilizam-se do nome de espíritas, sem o serem.
Os espíritos que chamamos de Exus são, na verdade, os guardiões, os atalaias do Plano Astral, que são confundidos com kiumbas. São bondosos, disciplinados e confiáveis. Utilizam o rigor a que estão acostumados para impor respeito, mas são trabalhadores do BEM.
São eles os verdadeiros Exus da Umbanda, conhecidos como guardiões nos sub-planos astrais ou umbral. Verdadeiros defensores da ordem, da disciplina, formam a polícia do mundo astral, os responsáveis pela manutenção da segurança, evitando que outros espíritos descompromissados com o bem instalem a desordem, o caos, o mal. Tem experiência nessa área e se colocam a serviço do bem, mas são incompreendidos em sua missão e confundidos com demônios e com os kiumbas, os marginais do mundo astral.
ELES NÃO EXIGEM NEM ACEITAM “TRABALHOS”, DESPACHOS OU OUTRAS COISAS RIDÍCULAS das quais médiuns irresponsáveis, dirigentes e pais de santo ignorantes se utilizam para obter o dinheiro de muitos incautos que lhes cruzam os caminhos. Isso é trabalho de kimbanda, de magia negra.
NADA TEM A VER COM A UMBANDA!

Um exemplo de trabalho dos Exus

Essa história foi contada pela Pomba Gira Maria Padilha das 7 Encruzilhadas, que trabalha na Egrégora de algumas casas de Umbanda, visando explicar algumas dinâmicas de trabalho. Os personagens dessa história receberam nomes fictícios.
Carlos se dirige a um Centro de Umbanda aconselhado por um amigo, pois a sua vida está bastante complicada. Sua mãe vive doente, já tendo ido a diversos médicos sem sucesso na cura. O seu pai foi demitido da empresa que trabalhava há mais de 25 anos e vive deprimido e chorando pelos cantos. Ele mesmo desempregado há três anos, vê o seu filho adoecer sem condições de comprar o medicamento. A sua esposa, única ainda empregada, apresenta sérios indícios de fadiga mental e física.
Ao chegar no Centro descobre que é dia de consulta com Preto Velho. O seu amigo vai explicando a rotina da casa e como ele deve agir e pedir na hora da consulta.
Chega finalmente a sua vez de se consultar, o seu pensamento está coberto de dúvidas, achando que estava chegando ao fundo do poço ao se dirigir a um terreiro de "macumba", falar com uma pessoa que nunca viu antes na vida e abrir o seu coração, suas dúvidas e temores. Num primeiro momento, acha graça da posição do médium todo curvado e do jeito de falar, não consegue se aquietar, mas o Preto Velho vai aos pouquinhos ministrando alguns passes e por fim Carlos começa a se abrir.
O Preto Velho a tudo ouve, manifestando de tempos em tempos palavras encorajadoras para o aflito Carlos. Carlos não entende o por que, mas enquanto ele fala, o Preto Velho vai estalando os dedos em volta dele, olha discretamente para o copo d’água ao lado da vela, joga para cima a fumaça de seu cachimbo, e assim vai firmando e passando as informações para os guardiões que pertencem a egrégora da Casa, que através dos Exus de trabalho partem com a velocidade do pensamento para a casa de Carlos.
Em dado momento, o Preto Velho que está “preso” ao corpo carnal do médium e. consequentemente, com sua visão limitada, utiliza alguns elementos magísticos e ritualísticos para proporcionar alívio ao Carlos. Diz, no final da consulta, que irá trabalhar para ele e toda a sua família, dá algumas recomendações sobre como rezar e elevar o pensamento a Deus e se despedem.
Carlos tem alguma sensação de alívio, sente-se mais leve e confiante, mas ao mesmo tempo não acredita que meia dúzia de estalar de dedos vão “resolver” o seu problema... Incrédulo, mas não tão fraco retorna a sua casa sem nem imaginar que a batalha está apenas começando.
O Preto Velho, ao ver Carlos se levantar e ir embora, sabe que a essa altura toda a egrégora da Casa já está se preparando para a batalha, e, apesar de ainda estar preso ao corpo do médium pelo processo de incorporação, pode perceber que será grande. Mas ainda há o que ser feito em terra... Precisa descarregar o seu aparelho e o terreiro. Terminado o saravá ele parte, indo se unir com os outros membros da egrégora.
Com o término dos trabalhos, os médiuns começam a ir embora e no Terreiro de Umbanda se faz silêncio. Mas um silêncio apenas aos ouvidos humanos, pois os sons ali emitidos estão numa frequência diferente dos sons conhecidos nessa Terra. E os médiuns pensam: “A gira terminou.” Não meus caros, a “gira” está apenas começando. A egrégora da Casa está reunida dentro do terreiro aguardando o retorno dos Exus de Trabalhos com as informações reais de cada consulta que foi realizada.
Os Exus vão retornando, um a um. O Mentor da Casa assiste e faz intervenções quanto às deliberações do Alto, e os Chefes de Linha estabelecem o famoso “quem vai fazer o que”. Tudo isso ocorre em ambiente absolutamente harmônico e organizado. Exus, Caboclos e Pretos Velhos trocam impressões a respeito dos problemas apresentados e deliberam.
Quando Exu Marabô retorna com as informações a respeito do que encontrou na casa de Carlos, o diálogo que se dá é o seguinte:
Marabô: É, Pai Benedito, a situação lá está bem complicada.
Pai Benedito: Eu já suspeitava. O que você viu?
Marabô: A casa do moço Carlos foi totalmente absorvida por uma rede de energia que tem seres bem grotescos mantendo-a firme. Segui buscando a origem dessa rede e me deparei com uma construção logo acima da casa. Adentrando ao recinto vi uma inteligência poderosa por trás disso, mas sem nenhuma relação direta com nenhum dos envolvidos. Buscando entender a “trama” continuei procurando o porque daquilo e encontrei uma mulher bastante dementada, com um aparelho acoplado em sua nuca e pude “ler” seus pensamentos e “sentir” seus desejos que eram de vingança para com o pai carnal do moço Carlos. Vi também que eles ainda não sabem que o moço Carlos veio aqui no terreiro. Bem, em resumo: A inteligência envolveu essa pobre infeliz e prometendo-lhe “devolver” o pai do moço Carlos pra ela e suga suas energias que é retro-alimentada pelo sentimento de culpa que o pai do moço Carlos tem. Parece que foi uma aventura dele na juventude, só não me preocupei em saber se desta ou de outra vida, pois achei que os dados que tinha já eram suficientes para podermos trabalhar.
Pai Benedito: Sim, sim... Mais do que suficientes! Não estamos aqui para julgar ninguém. Isso cabe ao Pai. Bem, nesse caso teremos que destruir essa construção, mas precisamos primeiro recuperar a moça, e já que o pai de Carlos está involuntariamente retro-alimentando a construção, precisaremos de recursos para auxiliar os familiares também.
Assim, Pai Benedito se dirige ao Caboclo Flecha Dourada, responsável pela corrente de desobsessão daquele terreiro e expõe a situação.          Imediatamente o Caboclo determina que a Pomba Gira Maria Padilha irá utilizar os seus elementos magísticos para que a equipe de resgate da Casa recupere a moça e quem mais tenha condições de tratamento e a “equipe de força” destrua a construção e todos os equipamentos dentro dela. Tarefas distribuídas, eles partem para a construção.
Caboclos, Pretos Velhos e Exus guardam uma certa distância da construção e observam Maria Padilha assumir uma configuração praticamente transparente. Ao chegar perto da construção percebe-se sair de sua boca uma espécie de fumaça enegrecida que começa a tomar conta do ambiente. Logo atrás dela, homens empurram uma espécie de carrinho, que lembram os carrinhos usados em minas de escavação de carvão. Conforme Maria Padilha vai entrando no ambiente tomado por essa fumaça negra, os seres que lá estão caem em profundo sono, sendo resgatados pelos homens e colocados dentro dos carrinhos. A ação dela é rápida. Ninguém percebe a sua presença.
Quando todos são resgatados, Maria Padilha começa a manipular a energia dos instrumentos dentro da construção, mudando sua forma, plasmando outras energias e transformando os instrumentos em bombas autodestrutivas. Finalmente, ela sai da construção e os Exus que compõe a “tropa de choque” ou “equipe de força” passam a detonar a bomba e a destruir a construção e a malha que envolve a construção material na Terra e a prender os seres grotescos que dão sustentação a malha no ponto da construção material.
Caboclos e Pretos Velhos começam a tratar ali mesmo as inteligências retiradas da construção, colocando-os em macas e direcionando aos locais adequados aos tratamentos que irão receber, sob os olhos atentos dos Exus Guardiões, Amparadores e de Trabalho. Outros partem para a construção material e começam o trabalho individualizado entre os membros da família. Exus fazem o trabalho de limpeza e descarga, resgatando os “perdidos”, para serem encaminhados para os trabalhos de desobsessão da Casa de Umbanda, abrindo espaço e dando condições vibratórias para o trabalho dos Caboclos e Pretos Velhos, que é o de inspirar pensamentos de perdão ao pai de Carlos, de esperança no próprio Carlos, saúde e bons eflúvios na esposa e mãe de Carlos. Através de passes magnéticos Caboclos e Pretos Velhos transformam o campo vibratório da casa e cuidam de seus moradores. Enquanto tudo isso ocorre a casa dorme, e todos são tratados em espírito.
Enquanto isso, os médiuns daquele terreiro também dormem em suas casas, mas alguns estão doando ectoplasma, auxiliando nos trabalhos de transmutação energética. Uns participando ativamente e outros observando e aprendendo, através do processo de desdobramento, assistem a boa parte dos trabalhos.
Após o trabalho realizado o Mentor da Casa sorri.
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É claro que, de agora em diante, é de acordo com o merecimento de cada um, de cada membro dessa família, tudo dependerá do quanto cada um irá lutar para melhorar, mas agora sem as “amarras” ou interferência do Astral Inferior.
A Umbanda, através de uma ação conjunta dos componentes da egrégora de uma Casa de Umbanda, pode proporcionar alívio, conforto e libertação aos membros da família e auxílio aos irmãos perdidos nas trevas da ignorância, do ódio, do rancor, do remorso e da culpa.
Mesmo que Carlos nunca mais volte ao terreiro para agradecer a melhora, ou que nunca desperte para a ajuda que recebeu, mesmo que o pai de Carlos nunca se perdoe, a Umbanda se fez presente em Caridade e Amor!
Você ainda acha que Exu é o Diabo?
A Umbanda nasceu do Coração de Zambi em Sua Infinita Misericórdia por nós! Porque só a Umbanda tem quem nos defenda e proteja, independentemente da nossa ignorância nos impedir de reconhecê-los como bons e amigos!
Obrigado, Exu, pela proteção, defesa e principalmente por ter tanta paciência com a nossa ignorância!
Salve os nossos amigos, defensores e compadres! Saravá Exu e Pomba Gira!
Laroyê Exu!