Blog da Casa de Caridade Luz Divina - dirigente espiritual Vovó Luiza

30 de abril de 2012

Alerta sobre Animismo e Mistificação


Eis aí mais um tema que alguns pretendem fazer polêmica e, embora possamos vislumbrar sua importância, ela normalmente é deixada de lado em função de um pseudo "respeito que se deveria ter para com o animismo alheio".
Antes da abordagem gostaria de explicar, sendo bem claro para todos os que aqui chegam, que o propósito deste Blog não é o de ficar "batendo cabeça" para uma grande parte de IDEIAS SEM FUNDAMENTOS divulgadas até como "EVOLUÇÃO DA UMBANDA" que vemos serem espalhadas em livros e na própria internet. Nosso propósito é exatamente o de tentar explicar, em linguagem mais clara possível, o porquê de certos rituais, como acontecem certos fenômenos e se podem ter fundamentos ou não.
Nossa ideia é mesmo a de confrontar certos "axiomas" com a razão, para chegarmos a conclusões (ou até mesmo não), de que podem ser mesmo axiomas ou invenção ou mistificação.
Já está mais que na hora da Umbanda sair do MUNDO DOS CONTOS DE FADAS e se tornar mais RACIONAL; de deixarmos de divulgar procedimentos e teorias como "MISTÉRIOS" e os demonstrarmos, ainda que apenas pela prática, através das quais poderiam se tornar COROLÁRIOS (afirmações deduzidas de verdades demonstradas); de ficarmos aceitando tudo o que inventam como prática ritualística de Umbanda; de aceitarmos PURO ANIMISMO como MEDIUNIDADE, o que acaba por nos levar a situações até mesmo bizarras frente a pessoas que tenham um mínimo de raciocínio lógico e, principalmente aqueles que têm sede em dizer que tudo não passa de atuação do "Grande Irmão" (Guia) ou de mentes doentias.
Não raramente vemos pessoas (dirigentes e médiuns) praticar a Umbanda à luz de suas próprias verdades, mas não com o Fundamento verdadeiro da Umbanda. Mas o pior é que, quando lhes pedimos para exporem suas verdades com alguma base racional, com base nos fundamentos, acabam entrando naquela história de que "não pode ser explicado por ser eró (segredo, mistério), mas também não é como estão dizendo...” Ora, apelar para os erós (segredos), na maioria das vezes é saída pela tangente DE QUEM NÃO TEM RESPOSTA, POR NÃO TER CONHECIMENTO. E veja bem que isso não é uma crítica destrutiva. A ideia é de que seja um CONVITE AO RACIOCÍNIO, já que EM UMBANDA NÃO HÁ OVELHAS (ou pelo menos não deveria haver) e sim pessoas que pretendem (ou deveriam pretender) compreender um pouquinho mais, que seja, de todas essas práticas e ritualísticas, seus próprios objetivos a serem alcançados, ou seja, o máximo que se possa aprender para, futuramente, ANDAR COM SEUS PRÓPRIOS PÉS. O que for considerado fundamentado através do raciocínio e verificação prática, então que se pratique, enquanto o que não for... que se elimine da Umbanda.
A afirmativa de que "temos que respeitar todas as ritualísticas alheias" é correta, mas até certo ponto - o ponto em que se demonstre ter esse ou aquele ritual algum tipo de fundamento correto de nossa religião.
O que isso quer dizer é que: conhecendo-se uma determinada ritualística, têm-se TODOS OS DIREITOS DE ESTUDÁ-LA MAIS PROFUNDAMENTE E, PROVADAS SUAS VERDADES, ACEITÁ-LAS E ATÉ DELAS SE UTILIZAR. Caso contrário, demonstrar suas fragilidades (SIM, POR QUE NÃO?) e deixar para quem quiser ou puder entender, numa forma até caritativa, já que o conhecimento dessas fragilidades poderá ajudar muitos a se reciclarem em seus conceitos iniciais e, com isso ficarem MAIS CONSCIENTES DO QUE ESTÃO FAZENDO E MENOS VULNERÁVEIS.
Estou tocando nesse assunto porque algumas pessoas que dirigem os terreiros exercem práticas e "FUNDAMENTOS TEÓRICOS" baseados tão e somente em suas próprias experiências pessoais sem o devido conhecimento do que é o CORRETO e ainda dizem que "essas são as verdades". Verdades? Será que passam pelos crivos da coerência? Será que passam pelos crivos das contradições? Ou as estamos aceitando simplesmente porque quem as difundiu foi o Pai Fulano ou a Mãe Cicrana? Vamos raciocinar um pouquinho mais antes de aceitar tudo que nos cai às mãos?
Minha preocupação maior é com a IGNORÂNCIA de certos dirigentes e o excesso de “SEGREDO” com que são tratados certos assuntos por alguns, que, muito longe de virem a serem positivos, podem levar a dificuldades e quedas inconscientes, já que o apoio de práticas e fundamentos em sonhos e fantasias, mais cedo ou mais tarde vai se revelar como uma estrada sem chão. Anote isto em seu caderninho.
Pela minha prática a Umbanda é simples. É tão simples que se torna um "bicho de sete cabeças" pra quem pretende criar novos conceitos e fundamentos. E tanto é que os que assim agem acabam se contradizendo uns aos outros e contradizendo a si próprios, tal é a profusão de "novos conceitos", novas práticas e até mesmo NOVOS “ORIXÁS” que estão aparecendo por aí.
Quando iniciei meu caminho pelo Espiritismo, primeiro no Kardecismo e depois na Umbanda, havia, por parte dos dirigentes das Sessões, uma grande preocupação quanto ao ANIMISMO por entenderem eles que esse era um fenômeno através do qual o médium acabava por transmitir suas próprias ideias a despeito do que poderia estar pretendendo alguma entidade que ali estivesse, sendo que, em muitas vezes, nem estavam - na verdade as "mensagens" eram fruto do consciente ou mesmo inconsciente do PRÓPRIO MÉDIUM que, acreditando estar sendo atuado, passava aos demais suas próprias ideias e formas de pensar sobre esse ou aquele assunto.
Hoje em dia percebo, por alguns textos e por algumas incorporações, uma aceitação maior e até mesmo - por que não dizer - uma certa permissividade exagerada que, ao meu ver, em grande parte das vezes acaba fazendo com que se aprontem "médiuns" que mais são anímicos do que médiuns mesmo.
Nossa grande preocupação enquanto médiuns era, quando em atuação consciente, estar o mais relaxado possível e SEM IDEIAS PRÉ-CONCEBIDAS PARA QUALQUER ASSUNTO, já que esse fato poderia em muito atrapalhar a verdadeira mensagem que deveria ser repassada. Exemplo: a possibilidade de problemas psicológicos enraizados nos médiuns também afetarem as comunicações, bem assim como vaidades e pretensas sabedorias e conhecimentos que em muitas vezes poderiam CRIAR FALSAS MENSAGENS e, por decorrência, FALSOS ENSINAMENTOS.
O que me preocupa, nos dias de hoje, é o aumento dessa permissividade aos fenômenos anímicos em detrimento dos verdadeiramente mediúnicos, pois, podem ter certeza: são decorrências de animismo. Sempre que posso faço essa pergunta: será que os Exus são bichos para virem grunhindo, serem tortos, fazerem o mal, serem vingativos ou, ao contrário, serem NOBRES ou TODOS os NOBRES viraram Exus do outro lado?
Quando comecei Exu Sete Encruzilhadas era só isso - SETE ENCRUZILHADAS (da calunga ou da encruza). Agora já se apresentam como Exu tal da terceira porta do lado direito da calunga, Pomba Gira tal do lado esquerdo do cruzeiro, da porta esquerda da fornalha, da terceira catacumba depois da primeira curva à esquerda (isso já foi por minha conta). O que é isso? Evolução da Umbanda? Não meus irmãos. Isso é PURO ANIMISMO! Pura atuação do consciente ou inconsciente humano ou, em caso pior, MISTIFICAÇÃO do "médium" ou ação de um kiumba.
Meus caros, MUITO CUIDADO COM O ANIMISMO, mas MUITO CUIDADO MESMO! Respeitar o ANIMISMO alheio, não tentar corrigir esse defeito que muitos de nós temos, muito menos que ajudar, vai acabar mesmo é criando A UMBANDA ANÍMICA (se é que já não existe) com todas as suas consequências. Só para que tenhamos uma ideia do quanto o animismo está imperando nos dias de hoje, percebam que as Giras em que há maior participação (presença) dos médiuns (pra não falar da assistência) nos dias de hoje são: as de Crianças, as de Malandros e as de Exus. Repararam? Por que? Porque são essas as giras mais propícias a "empolgações", EXTERIORIZAÇÕES DE EGOS (ANIMISMO ou MISTIFICAÇÃO) e outros comportamentos "humanizados" e inadequados que poderão ser observados por todos os que queiram fazê-lo friamente, embora sem ideias pré-concebidas.
Por outro lado, as Giras de Caboclos e Pretos Velhos, que em minha opinião são OS VERDADEIROS REPRESENTANTES DA UMBANDA NO BRASIL, POR EXIGIREM MAIOR RESPEITO, menos brincadeiras e "gracinhas", menos fantasias (quando são entidades de Lei mesmo), menos festanças e alvoroços, comportamento mais equilibrado tanto de assistentes quanto de médiuns, em muitas vezes não alcançam a metade do público assistente e, podemos perceber que ATÉ MESMO PELO LADO DOS MÉDIUNS, não são tão procuradas.
Se falarmos então em Sessões de Estudo, é um tal de "tenho compromisso", "infelizmente não vou poder", "mais de uma Gira meu marido não vai deixar" e outras desculpas mais que nem dá pra comentar.
E desculpem-me mais uma vez certa radicalização de pensamento, pois se o faço é porque preocupa-me observar que alguns Terreiros atuais (e alguns mais antigos também), principalmente os que vivem em busca de MAIS ASSISTÊNCIA, acabam se transformando em PALCOS TEATRAIS para interpretações pseudo mediúnicas de artistas frustrados com um imenso vestuário, cenários, festas e mais festas e, se deixarem e tiverem dinheiro para tal, poses para fotos e filmagens (nada contra quando acontece às vezes mas SEM POSES DE ENTIDADES, por favor). Ou, “médiuns” que precisam mostrar que são os tais acabam fazendo TEATRO, recebendo tudo quanto é “entidade”, ao ouvir a primeira palavra do ponto já estão “incorporando” e “incorporam” de um tudo: até espirro, se alguém espirrar... “Médiuns” que gostam de chamar a atenção jogando-se no chão, fazendo mil e uma arte... e o pior são os dirigentes aceitarem isso e ainda dizerem que são bem-vindos...
O que acontece muito nos dias de hoje é que TEM MUITA GENTE BRINCANDO DE UMBANDA e isso não é nada bom - as consequências disto...
Que vai ter gente tentando justificar essas explosões de ANIMISMO ou MISTIFICAÇÕES, lá isso vai, porque, como costumam dizer, a Umbanda recebe a todos em seu seio... Agora, pra quem acha coisas como essas "muito normais", provavelmente deverá achar também normal quando as falanges de Cavalos de Ogum, Leões de Xangô, Tigres de Oxossi, Cobras de Oxum, etc. e tal, forem também mais divulgadas porque já tem gente "recebendo" isso aí, “RECEBENDO O CAVALO DE OGUM”! Pode? Vou repetir o que uma entidade, há muitos anos repetia para nós a título de aviso: "VÃO ABRINDO PORTEIRA, VÃO ABRINDO PORTEIRA, PRA VER O QUE ACONTECE!". Entenda quem puder!
Voltando ao assunto inicial e agora mais "academicamente", explicamos que MISTIFICAÇÃO é o fenômeno em que médium ou entidade incorporante (humana ou elemental) fazem parecer ao público que acontece uma coisa que realmente não acontece. Nesse aspecto, pelo lado do pseudo médium, estão incluídos aqueles que, pretendendo se mostrar com o "santo", fingem que estão incorporados repetindo trejeitos e formas de falar de entidades reais - SÃO OS IMITADORES DE ENTIDADES. Não vou me alongar nos porquês, alguns assim agem pelo fato de que seja lá qual for a desculpa, o real motivo são suas personalidades deturpadas, já que o fazem CONSCIENTEMENTE - esse é o já famoso EKÊ. Pelo lado das “entidades” que assim agem, além de terem suas personalidades deturpadas, podem ter também outras reais intenções, na grande maioria das vezes com fins obsessivos. Por que digo isso? Porque, por exemplo, se uma entidade qualquer se apresenta como Pai Manoel de Angola, se finge de Preto Velho, age como tal e não é (a não ser em alguns casos permitidos em que a entidade está sendo vigiada para que possa subir o seu degrau), pode ter certeza de que, mais cedo ou mais tarde irá demonstrar seus reais propósitos, não só em relação ao médium que lhe dá passagem como, talvez, até mesmo em relação ao grupo que venha a chefiar.
Um obsessor (ou kiumba) deste tipo, se não reconhecido rapidamente, costuma ir ganhando terreno através de "trabalhinhos bem feitos" aqui ou ali, de uma forma que, aos poucos, vá ganhando a atenção e carinho, não só do médium como de outros que o cerquem e, a tal ponto, que se amanhã (num futuro) resolver matar um boi nos dentes, todos vão achar perfeitamente normal por se tratar do "querido Pai Manoel" (que me perdoem os verdadeiros), sem perceberem que desde muito tempo atrás já estavam sendo levados, em suas práticas, aos caminhos do Baixo Astral. ANOTE ISTO TAMBÉM!
Há pouco também, tive a oportunidade de ler em um certo debate, que o Exu tal de uma certa pessoa vinha, ora como Tiriri, ora como Marabô ou qualquer coisa parecida. Onde está a lógica disto? Como é que não se percebe que, pelo menos alguma coisa está esquisita nisso aí? Ou será que só eu vejo assim? Por que um Exu de verdade tem que se apresentar ora como um, ora como outro? Animismo ou Mistificação! Pode ter certeza que não escapa de um desses dois fenômenos, ambos bastante prejudiciais a esse médium que, infelizmente acreditava ser isso "normal".
E quando vemos (com olhos da razão e não da emoção) certos "Caboclos" e "Pretos Velhos" que "carinhosamente" chegam em terra com os comportamentos mais "kiumbizados" (neologismo rápido) possíveis, com brincadeiras e piadinhas que nem Exus ou Malandros fariam? Seriam Caboclos mesmo? Ou Pretos Velhos? E ainda tem os famosos "pretos velhos" que viram exu na hora grande... rsrsrs
Quanto ao ANIMISMO, por tudo o que já escrevi antes, já se pode perceber o quanto pode ser prejudicial, tanto ao médium quanto a seus seguidores, na medida em que TODOS poderão estar recebendo informações ANÍMICAS e não MEDIÚNICAS. Em outras palavras, informações relativas ao inconsciente ou mesmo consciente do médium e não realmente DE ESPÍRITOS PROTETORES e GUIAS.
Existe uma Corrente de Pensamentos através da qual divulga-se que o animismo deve ser aceito porque: "não existe uma dicotomia (divisão) entre fenômeno anímico e fenômeno mediúnico. Na grande maioria das vezes o que ocorre é um estado intermediário com maior ou menor participação do Espírito encarnado no médium em relação ao Espírito desencarnado que por ele se expressa". Essa mesma Corrente de Pensamentos explica que, admitindo-se a pluralidade das existências (reencarnações sucessivas) o fenômeno anímico pode muito bem se manifestar quando, "em transe", o indivíduo passa a expressar seus próprios conhecimentos mais antigos (de outras encarnações), conhecimentos esses que nem imagina ter na presente encarnação e que, por isso, fica muito difícil sabermos quando uma pessoa está ANÍMICA ou MEDIUNIZADA.
Então vamos por parte e em síntese: Mediunidade MESMO existe em diversos níveis, desde o simplesmente telepático, quando o médium recebe as informações intuitivas apenas através de seu Chakra Coronário e mais raramente pelo Frontal e vai passando por vários estágios. No caso de incorporações, que é o que nos preocupa nesse momento, essa atuação NÃO COMANDA GESTOS E MOVIMENTOS DO MÉDIUM - ele recebe e interpreta o que recebeu e depois repassa.
Na medida em que o treinamento se dá e o médium aprende a se entregar mais (melhora a sintonia espiríto/médium), outros Chakras vão sendo tomados a ponto de irem sendo, inclusive e aos poucos, dominados pelas entidades. A partir daí e dependendo de muitos fatores, ele pode ir perdendo o comando das pernas, dos braços, da fala, etc. No meio disso tudo pode ir perdendo a consciência, ou por alguns lapsos de tempo ou, mesmo tendo estado consciente, ir esquecendo tudo ou quase tudo o que aconteceu antes, como acontece quando acordamos, sabemos que estávamos sonhando e, por mais que queiramos não conseguimos lembrar. Mediunidade totalmente inconsciente e em todo o tempo existe sim, mas em cerca de 1 a 2% dos casos.
Se você que está lendo raciocinar calmamente, perceberá que, na maioria das vezes, esse processo de tomada do corpo (e mente) pela entidade é lento (existem exceções) e que a PACIÊNCIA de uma grande parte de médiuns costuma ser muito curta, o que faz com que muitos deles se achem "prontinhos" com meses de treinamento (e mesmo assim não diário - alguns até uma vez por mês) ou só porque fizeram um amaci aqui, uma "obrigação" ali ... e outros até porque fizeram um cursinho aqui, outro ali ...
Percebe onde isso tudo pode parar? Percebe que médiuns que sequer incorporam verdadeiramente podem estar saindo e dando uma de "inconscientes" e acabam sendo mesmo é totalmente ANÍMICOS?
"Ah, mas se as mensagens forem positivas, então pouco importa se ele está recebendo uma entidade ou está expressando uma de suas personalidades passadas, não é?" - Ainda poderiam apelar alguns.
Vou ser o mais claro possível para quem ainda não entendeu as conseqüências disto.
Em primeiro lugar é preciso que entendamos que quanto mais consciente, maior a possibilidade de vir a ser anímico total, principalmente se pretender expor mais suas próprias ideias e atitudes do que as de quem está do outro lado. Precisamos entender também que, quanto mais anímicos, MENOS ATUADOS por PROTETORES VERDADEIROS estaremos e, por isso mesmo, MAIS VULNERÁVEIS a todos os tipos de influências estaremos.
Se uma pessoa costuma receber "suas próprias personalidades passadas" (ANIMISMO) em detrimento de reais entidades espirituais, na verdade, se ele tiver mediunidade mesmo e estando dentro de um Terreiro ou Centro Espírita, vai acabar virando um alvo de primeira para intercessões do Baixo Astral e, ainda que de início, suas mensagens possam vir a ser positivas para uns e outros (frutos de seu consciente ou subconsciente), com a chegada do Baixo (por falta de proteção de cima) a coisa vai começar a ficar esquisita. Para essas entidades anímicas que aconteciam e que precisavam ser corrigidas é que se dava o nome de "Caboclo ou Preto Velho SUBCONSCIENTE".
Quanto a "ser muito difícil sabermos quando uma pessoa está anímica ou mediunizada... fica não! Somente para os também anímicos e os que, sem preparo algum específico, acham que não dá de saber a diferença!
Esse texto não está direcionado a ninguém particularmente. São apenas observações minhas ao longo do tempo e, quem quiser, tem todo o direito de discordar em partes ou no todo.
Se queremos a Umbanda RESPEITADA, temos antes que TORNÁ-LA RESPEITÁVEL.
SARAVÁ!
Fonte: adaptado de Denis Sant'Ana

29 de abril de 2012

As velas na Umbanda


A vela, para a Umbanda, é uma força atratora e servem para ajudar a nos conectar com as Entidades e também a focar em nossos pedidos. Veja quais velas você deve acender, conforme a necessidade:

Vela azul: deve ser acesa para as Senhoras da Água (Oxum, Iemanjá) e Marinheiros quando se deseja adquirir calma, serenidade, sabedoria, desenvolver e trabalhar poderes paranormais, sensitividade, intuição e ter expansão nos projetos.

Vela amarela: deve ser acesa para Iansã quando há necessidade de cura energética, clarear a mente, abrir o intelecto, firmar os pensamentos, desenvolver a espiritualidade e ocorrer mudanças rápidas das situações.

Vela branca: representa a pureza e sinceridade. É utilizada para obtermos paz de espírito, harmonia e equilíbrio em nossas casas. Acende-se para Oxalá, Anjo de Guarda ou Pretos Velhos quando se deseja paz, limpeza, cura, reconciliação, harmonia e iluminação.

Vela laranja: deve ser acesa para os Ciganos (também serve para os Baianos) quando se precisa ter força mental, aumentar a confiança, a criatividade, o entusiasmo, o poder de atração e obter sucesso nos empreendimentos.

Vela violeta ou lilás: deve ser acesa para Nanã quando há necessidade de transmutar as energias, transformar negatividade, ter inspirações, aumentar a intuição, combater o "stress" e acalmar-se.

Vela rosa: representa a beleza, o amor, a moralidade. Deve ser acesa para Ibeiji (Cosme e Damião) em assuntos amorosos para fortificar relacionamentos afetivos e familiares. Boa cor para realizar os desejos do campo emocional e afetivo.

Vela verde: simboliza a calma, a tranquilidade e o equilíbrio. Deve ser acesa para Oxossi quando se desejar a cura espiritual, fertilidade, estabilidade e abundância.

Vela vermelha: deve ser acesa para Ogum quando se precisa de coragem, ânimo, determinação, força, ação, dinamismo, vigor, proteção, conquistar e liderar assuntos relacionados à matéria, trabalho e dinheiro, para que se tenha triunfo e evolução rápida dos acontecimentos.

Vela marrom: deve ser acesa para Xangô quando se precisa de justiça correta aos olhos de Deus e também para assuntos relacionados a trabalho e prosperidade.

Vela branca e preta: deve ser acesa para Omulu quando se precisa de cura física e também para mudança interior.

Corrente - a orquestra de Deus

Hoje gostaria de lembrá-los da importância do trabalho em equipe nas giras. 
Uma gira não é só o dirigente quem faz, mas todas as pessoas, encarnadas e desencarnadas. Cada um tem seu valor e sua função. Já vi pessoas se sentirem desmotivadas, e até pararem de frequentar os trabalhos, porque se sentiam inválidas, esquecidas. Não pensem assim!
Vamos fazer uma analogia: pense na corrente como uma orquestra.
O dirigente está ali para "reger a orquestra" no plano físico. Ele é instruído pelo mundo espiritual, que possui várias entidades e cada uma também tem sua função, e nessa orquestra todos somos músicos.
Para uma orquestra tocar magistralmente, os músicos tem que se preparar antes, afinar seus instrumentos e saber que, às vezes, alguns instrumentos tem que solar, mas isso não quer dizer que os outros são menos importantes. Eles estão ali fazendo a base da música, pois, sem essa base, não há música alguma, apenas som.

Portanto, médiuns, façam parte dessa orquestra. Afinem seu instrumento, ou seja, se preparem para as giras e realmente queiram fazer parte dela.
Não estejam na gira apenas por estar, por costume.
Quando os curimbeiros (ogans) puxarem os pontos, cantem com o coração, não pensem que cantar e tocar é trabalho apenas deles.
Quando os guias chegarem em terra os atendam com amor, com o coração aberto, não importa se você não é cambone.
Aproveitem esses momentos com os guias, eles são mágicos! Quando vocês não estiverem atuando diretamente em algum trabalho, rezem. Isso facilita o trabalho das entidades.
Enfim, participem! Não sejam apenas mais um no terreiro.
A gira é feita de um conjunto de elementos: médiuns, entidades, guias, muito amor e, principalmente, você!

Por: Júlia Guerrero

27 de abril de 2012

CONSULTA NA UMBANDA É COISA SÉRIA

Existem muitas pessoas que vêm perguntar aos guias sobre assuntos os mais variados: saúde, vida sentimental, vida material e até mesmo vida espiritual. 
Querem emprego, namorados, dinheiro, posição. 
... Querem se livrar dos inimigos, dos aborrecimentos; querem ganhar na loteria, saber do marido ou mulher e com quem andam. 
Querem que os guias dêem respostas para qualquer pergunta por mais indiscreta e complicada que seja e que, além disso, resolva rapidamente as situações mais escabrosas, os problemas mais difícieis. 
Nada disso é sério.
Consulta na Umbanda é esclarecimento, conselho amigo e sábio dado por um guia de Luz e que enxerga longe para ajudar a quem necessita, para caminhar na estrada difícil da escola da vida.
Para guiá-lo para a luz. 
O médium que dá consultas, quando incorporado com seus guias, assume uma grande responsabilidade para com a pessoa atendida.
Essa tem, habitualmente, propensão para acreditar cegamente em tudo o que ouve do médium incorporado. 
Uma palavra leviana pode ter consequências gravíssimas e irremediáveis, pode levar a erros e injustiças, pode afastar o consulente do caminho da luz, pode provocar dramas. 
Alguns assuntos são espinhosos, saúde por exemplo:
médium não é médico, logo não tem direito de diagnosticar nem receitar remédio de farmácia. 
Os Guias verificam se a doença é de origem espiritual ou material e, então, aconselham o paciente, porém, sem ter a pretensão de substituir o médico da Terra. Só Ela pode fazer algo. 
Alguns guias receitam banhos de ervas ou chás.
Para estes últimos é preciso muito cuidado e o médium responsável deve conhecer bem as ervas receitadas para evitar possíveis aborrecimentos ou acidentes. 
Em todos os casos, temos que encarar os seguintes fatos:
os guias, por mais esclarecidos e evoluídos que sejam, não são infalíveis nem dotados do conhecimento integral de tudo que acontece no Universo.

O saber de cada guia é fator de sua evolução.
Os guias podem ignorar ou não ter licença para dizer certas coisas.
Ora, uma Entidade de luz é disciplinada e prefere calar-se a dizer o que não deve.
No que se trata de bens materiais, o assunto é complexo, a maioria dos guias prefere ajudar sem falar, por vários motivos: 
- a pessoa está na Terra para aprender uma lição de vida
– a mãe pode ajudar o filho e explicar o dever de casa, mas não pode fazê-lo.
- a pessoa tem que lutar para conseguir o que deseja e ela tem um carma a pagar.
Numa prova cármica, em regra geral, ninguém pode interferir.
Muitas vezes o pedido formulado é altamente prejudicial à evolução espiritual do consulente, ou à sua felicidade material futura.
Os guias preferem ouvir os pedidos em silêncio para poder agir em seguida da melhor forma.
Não devemos esquecer que o guia não é onisciente. 
Ele corre gira para ficar ciente de todas as circunstâncias.
Ele também não é todo-poderoso.
Só pode dar com licença do Alto e conforme o merecimento de cada um. 
Há pedidos sobre o futuro aos quais nem sempre o guia pode responder, o futuro é aleatório e seu conhecimento não é aberto a todos. 
Estamos lançados numa trajetória porém temos livre-arbítrio e podemos nos desviar dela. 
Algumas perguntas não passam de fofocas e os guias não tem tempo a perder com este gênero. 
A parte espiritual é que justifica a existência das consultas. 
Um guia que está dando passe não precisa conversar para saber do que é que a pessoa necessita; nem precisa colocar seu médium a par dos problemas que a afligem. Ele vai ajudar no que for possível. 
A utilidade da consulta vem da necessidade que as pessoas têm de contar seus problemas a um amigo discreto, compreensivo e que pode lhe dar bons conselhos, esclarecendo dúvidas, ajudando de fato, explicando, encorajando, consolando.

As pessoas precisam de um ouvido atento, de um amparo afetivo. Necessitam poder se abrir sem constrangimento.
Tudo isso elas encontram na figura amiga dos guias.
O médium deve vivenciar a síntese da Sabedoria: 
1- FÉ no Poder Eterno da Vida; 
2- ESPERANÇA de atingir a perfeição; 
3- CARIDADE para retribuir a Misericórdia do Alto; 
4- PAZ para sentir a Harmonia da Lei que rege os Espaços; 
5- AMOR para com todos os seres e para com todas as forças da Natureza; 
6- SABEDORIA como humildade, reconhecendo que somente Deus é possuidor da Sabedoria Divina; 
7- CRISTO como presença íntima em nosso coração; 
8- COMPREENSÃO - por saber que os seres atuam em planos diferentes de entendimento; 
9- SERVIÇO – reconhecendo de que deve colocar-se como servo do Mestre e nunca como senhor; 
10- VIGILÂNCIA – observação das falhas que lhe são próprias, antes da constatação dos erros alheios; 
11- HUMILDADE – todas as tarefas são importantes e feitas para Aquele que é maior do que todos os companheiros; 
12- DAR – sem pensar em receber, agradecendo.



De: Áurea Oliveira

21 de abril de 2012

Ogum orienta filha de fé

A encruzilhada estava muito escura, muito vento, sozinha ela sentia muito medo de alguma violência, mesmo com o marido dentro do carro com os faróis acesos para clarear um pouco aquela intensa escuridão.
Trêmula e temente, ela saúda os quatro cantos da encruzilhada, posta-se no meio e ajoelha-se, imediatamente é tomada por uma dor profunda e chora, chora muito, com dificuldade posiciona o alguidar, abre a cerveja, corta as frutas e tenta acender as velas sem sucesso devido tanto vento, acende com dificuldade o charuto e saúda alto: “-Valei-me meu Pai 
Ogum!” e mais uma vez o pranto toma conta dos seus sentidos, as lágrimas caem no alguidar e banha a singela oferenda…
Do lado espiritual um clarão ilumina aquela inóspita encruzilhada e de frente à oferenda ele se posiciona, é um mensageiro de Ogum, com ele simultaneamente aparecem dezenas de Guardiões Exus, formam um verdadeiro cinturão no perímetro da encruzilhada, desenhando uma roda de proteção.
Ogum dos Sete Caminhos toca a ponta de sua espada na cabeça de Eliza que “desmaia”, quando se dá conta está do lado espiritual, vê seu corpo no chão e se alegra com a miragem daquele mensageiro à sua frente.
- Porque tanta dor minha filha?
- Meu Pai Ogum, não aguento tanto sofrimento, tudo dá errado para mim, tudo foge do controle, dívidas que não acabam, problemas no casamento, desarmonia na família. Meu Pai, sinto que tenho muito olho gordo na minha direção, também desconfio que estou sob efeito de forte “magia negra” e estou convencida de que isso é o que está fechando meus caminhos.
- Filha, segure minha mão.
Ao encostar as mãos nas de Sr. Sete Caminhos, uma luz intensa envolveu o corpo de Eliza, que foi projetada ao passado de sua memória presente agora vista por um ângulo que não gostava de imaginar, seguiram algumas cenas:
“A casa toda bagunçada, os dois filhos pequenos brincando com o pai, Eliza na cozinha preparando a janta, enquanto cortava os legumes reclamava baixinho da própria vida: – Não aguento mais cuidar desta casa, fazer comida, limpar, educar filhos. Queria mesmo é estar agora num restaurante, voltar para casa e dormir, não ter hora para acordar amanhã…”
“É dia do aniversário de casamento de 10 anos de Eliza e Roberto, ela acorda depois dele, vai para a cozinha, onde o marido o espera com a mesa posta e flores decorando o ambiente:
- Bom dia querida!
- O que é isso Roberto? Enlouqueceu? Tá gastando dinheiro com florzinha, bolachinha e besteiras?
Decepcionado e triste pelo constante desânimo da esposa e pela nítida demonstração de esquecimento da data por parte dela, ele responde: – Não meu bem, hoje completamos uma década de casados e venho guardando há três meses um dinheirinho para lhe surpreender com este café, gostaria de lhe oferecer mais para externar meu amor… Mas isso é o que eu pude fazer… Desculpe por lhe importunar com meus sentimentos…”
“- Mamãe, mamãe, mamãe.
- Fala muleque! – esbraveja Eliza.
- Mamãe, eu fiz na escolinha, é para você! Diz Juninho feliz da vida com o primeiro cartão de dia das mães feita por ele mesmo.
O cartão tinha o formato de um coração com braços grandes, com os dizeres na capa: Mamãe…, e dentro ‘Te amo um tantão assim’!
- Tá bom muleque, vai brincar e me deixa descansar.”
Ainda seguiram outras cenas como estas e Sr. Sete Caminhos tirou Eliza do “transe”, que imediatamente tomada por vergonha chorou.
- Pois então minha filha. Acredita que sua vida ainda não está a contento por ação mágica? A vida vai mal ou você que não se permite olhar para a mesma?
Acaso pensa que haverá amor sem cultivo? Pensa que haverá conquistas sem luta, derrota e aprendizado? Acreditas mesmo que pode viver em paz sem gratidão?
Você tem o marido que escolheu, os filhos que pretendeu, a casa que idealizou e a rotina que pediu. Onde sua vida vai mal? Que tanta insatisfação é essa? Por que é tão difícil contentar-se com o que se tem?
É pertinente que almeje sempre mais, mas não sem antes ser justa com o que se tem, com o que escolheu, pediu e optou.
Retribua o carinho do seu marido que só não lhe abandonou por tê-la como uma boa lembrança e querer a todo custo retomar o que você deixou num passado sem motivo. Seus filhos só precisam da sua atenção e legítimo carinho.
Falta-lhe emoção? É disso que reclama? Mas o que tem feito para alterar a rotina?
Quer mais conquistas materiais? Do que você precisa? O que tem feito para atingir seus objetivos?
Tem falta de um passado jovial? Entenda que tudo passa, o tempo passa e você passa pelo tempo. Lembranças são o que são, memórias para que você não se esqueça do é, foi e o que não quer ser ou voltar a ser.
Seja sincera, a vida lhe foi muito boa e você, por ser movida por uma ingratidão constante, por uma necessidade de ser mais do que faz por ser e não mover um grão de areia para que sua realidade seja ao menos diferente, diz ainda ter a “certeza” que é algo de inveja e magia?
Desfaça você mesma a magia da ilusão que criou a si mesma. Saia deste quadro de lamentos gratuitos e olhe para o que tem, antes de almejar o que poderá ter e ser.
Após estas duras e verdadeiras palavras, Eliza no choro compulsivo de vergonha não conseguia falar, talvez nem pensar.
- Agora você voltará ao corpo, lembrando de tudo o que ocorreu aqui e estará de volta à sua realidade, seja melhor consigo e com os seus.
E Sr. Ogum Sete Caminhos recostou a ponta de sua espada na cabeça de Eliza, novamente um clarão tomou conta da encruzilhada e Eliza acordou com seu marido desesperado lhe chamando: – Meu bem, acorda, acorda, Eliza, meu amor, por favor!
Ao abrir os olhos, ele sorriu amorosamente, Eliza mais uma vez foi tomada por uma vergonha incalculável, abraçou Roberto e chorou…
Esta foi mais uma ação daqueles ordenadores espíritos que trabalham sob os ditames de Pai Ogum. Que quando evocados não estão à disposição do evocador, mas tão somente da Lei, da Verdade e do Caminho reto.
Esta história de Eliza retrata um pouco dos milhares de casos constantes de pessoas que abarcam aos terreiros de Umbanda, e vestidos com a “máscara do desafortunado” lamentam sobre tudo, e que não são capazes de reconhecer o que têm e o que podem vir a ter por serem capazes de ter.
Muitos destroem seus casamentos por falta de zelo, respeito e maleabilidade. Outros minam suas relações familiares pelo insistente relapso de retribuição e gratidão. Outros pedem empregos e os desprezam por não serem gratos ao que têm antes de se preparar para algo a mais.
Assim, num fluxo contínuo e constante de uma espécie de torpor comportamental, os filhos desta matéria, deste plano físico, perpetuam uma cultura de crise existencial em prol de uma necessidade mal expressa e incompreendida…
Desejo que Pai Ogum, aquele que reflete a Lei do Criador, a Ordem no Universo, através de seus milhares de falangeiros e intermediários, esteja ao lado destes filhos na matéria, e que possam ser corrigidos e reposicionados no caminho reto da evolução.
Ogum abençoe, Ogum proteja, Ogum encaminhe!

14 de abril de 2012

Oração a Ogum

Eu estou vestido e armado com as roupas e as armas de São Jorge,
para que os meus inimigos tenham pés e não me alcancem,
tenham mãos e não me toquem,
tenham olhos e não me vejam,
e nem mesmo em pensamento eles possam me fazer mal.
Armas de fogo o meu corpo não alcançarão.
Facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar.
Cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.
Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça.
Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições,
e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meu inimigos.
Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós.
Assim seja, com o poder de Deus, de Jesus e da Falange do Divino Espírito Santo!

12 de abril de 2012

Ogum - Ogunhê, meu Pai!

Ogum representa ou se manifesta através da luta pela sobrevivência e por isso está associado à defesa de todos os reinos, além de estar diretamente associado ao início de tudo, ao novo, à conquista.
 Ao encontrarmos a energia do Orixá Ogum, cujo elemento é o fogo, manifestando-se no reino do Orixá Omulu - que é a terra, o chão, o solo, através do calor do sol e traduzimos isso para a calunga pequena ou cemitério, que em termos ritualísticos de Umbanda é o reino de Omulu - temos a formação do desdobramento de Ogum, chamado de Ogum Megê. Ou seja, é o Orixá Ogum atuando na defesa do reino do Orixá Omulu em combinação vibratória com o mesmo, formando este desdobramento de Ogum. É o Ogum magista, ou seja, conquista/defesa através da magia.
 Quando o Orixá Ogum manifesta-se na defesa do reino de Xangô, encontramos o desdobramento chamado de Ogum de Lei, ou seja, combinação vibratória do Orixá Ogum com o Orixá Xangô. Em nível de necessidade nossa de terra (ou terreiro) é quando Ogum atua na execução de justiça. É o Ogum da ponderação, ou seja, conquista/defesa através da ponderação, da estratégia.
 Ao cruzamento vibratório do Orixá Ogum com o Orixá Oxossi dá-se o nome de Ogum Rompe-Mato. É o Ogum do imediatismo, ou seja, conquista/defesa através da expansão.
 Ao cruzamento vibratório do Orixá Ogum com a Orixá Oxum, ou seja, Ogum atuando na defesa dos rios e cascatas, dá-se o nome de Ogum Iara. É o Ogum da diplomacia, ou seja, conquista/defesa através da concórdia, diplomacia.
 E o Orixá Ogum atuando na defesa do reino de Iemanjá, juntamente com a Orixá Iansã (ação sazonal dos ventos e tempestades causando a turbulência das ondas) dá-se o nome a esta manifestação de Ogum Beira-Mar. É o Ogum do inesperado, ou seja, conquista/defesa através de ações inesperadas.
 Uma observação importante a se fazer é que cada vez que um Orixá se desdobra por combinar-se com outro, ele absorve algumas de características do Orixá com o qual se combinou, gerando e atendendo assim outras necessidades nossas.
Especificando:
Ogum Megê – este desdobramento de Ogum, gerado pela união dos elementos terra (Omulu) e fogo, está presente nos assuntos atinentes a desmanche de magia.
Ogum de Lei – este desdobramento de Ogum está presente nos assuntos atinentes a execução de justiça.
Ogum Iara – este desdobramento de Ogum está presente nos assuntos atinentes a conquistas diplomáticas.
Ogum Rompe Mato – este desdobramento de Ogum está presente nos assuntos pertinentes a coisas de solução rápida, revigorantes e de conquista de espaço de maneira geral.
Ogum Beira Mar – este desdobramento de Ogum está presente nos assuntos atinentes a conquista material e de fortuna.
Estas são as manifestações mais comuns que se apresentam nos terreiros e são considerados chefes de linha, outras encontradas em nível de terreiro são consideradas desdobramentos destes desdobramentos.
 Em função de sua característica básica de luta e guerra, o Orixá Ogum foi associado ao planeta Marte, que rege a terça-feira, e por extensão é o dia da semana em que cultuamos Ogum na Umbanda. O dia em que homenageamos Ogum é 23 de abril.
Ogunhê, meu Pai!

9 de abril de 2012

A oração Creio umbandista

Creio em Deus, onipotente e supremo.
Creio nos Orixás e nos Espíritos Divinos que nos trouxeram para a vida por vontade de Deus.
Creio nas Falanges Espirituais, orientando os homens na vida terrena.
Creio na reencarnação das almas e na justiça divina, segundo a Lei do Retorno.
Creio na comunicação dos Guias Espirituais, encaminhando-nos para a caridade e a prática do bem.
Creio na invocação, na prece e na oferenda, como atos de fé.
E creio na Umbanda, como religião redentora, capaz de nos levar pelo caminho da evolução até o nosso Pai Oxalá.
Assim seja!

7 de abril de 2012

A Páscoa para os umbandistas

Apesar de já ter postado anteriormente sobre o significado da Páscoa para os umbandistas, mas por ver muitos irmãos de fé agirem como se fossem católicos, é que resolvi voltar a falar sobre os rituais e simbolismos católicos nesta data.

Jejuar, não comer carne, comer peixe e bacalhau = esta é uma tradição especificamente católica, que está tão arraigada na mente das pessoas, por milênios de monopólio da Igreja Católica no mundo, que as pessoas repetem este rito sem ao menos se perguntarem qual é o fundamento. Em primeiro lugar, desculpa informar, mas peixe também é carne. Em segundo lugar, espíritas e umbandistas verdadeiros não seguem este ritual católico. É certo que não há, nas sagradas escrituras (Bíblia), nenhuma norma ou referência que regulamente o consumo de peixe na semana santa. Esta foi uma prática regulamentada por interesses comerciais do Vaticano. Sim, o Vaticano! Isto porque o Vaticano, na virada dos séculos XV e XVI, financiava a maior parte das expedições marítimas e era proprietário da maior frota de bacalhoeiros (barcos de pesca de bacalhau). Acontece que seus armazéns estavam abarrotados de bacalhau, quase não havia saída, seu consumo era muito baixo, pois naquela época as pessoas eram ainda mais carnívoras. Então, antes que sua mercadoria de bacalhau estragasse, pensaram em como escoar a produção, advindo daí a ideia de maximizar seus lucros, com o Vaticano e seus padres proibindo o consumo de carne na Quaresma, dizendo que era pecado e que podiam substituir a carne dita vermelha por peixes e bacalhau. Não deu outra: o consumo de bacalhau explodiu! Grande sacada comercial! E até hoje as pessoas repetem este ritual e nem se perguntam por que... Além do mais, se a ideia é o sacrifício, é jejuar, não tem cabimento se fartar de pratos feitos de peixe e bacalhau! Falando em sacrifício, a Umbanda não trabalha com esta estória de sacrifício, pois não adianta a pessoa "se sacrificar" na semana santa e passar o resto do ano sendo egoísta, mau, fofoqueiro, maledicente e outros tantos defeitos. Os Orixás e Entidades desejam que as pessoas evoluam espiritualmente, praticando a caridade e sendo boas umas com as outras, tratando-se como irmãos.

Ressurreição = a Umbanda não acredita na ressurreição, mas sim na vida eterna e na reencarnação. Ressurreição, segundo o dicionário, é renascer, é o corpo físico voltar à vida. Ora, sabe-se que isto é cientificamente impossível e que todos os nossos Orixás, Entidades e espíritos iluminados, falam em vida após a morte física, o espírito vive, mas a carne (corpo) não. Então, não tem cabimento chorar e se lamentar pela morte de Jesus Cristo (Oxalá para nós umbandistas). Na verdade, ele não morreu, apenas foi para outra dimensão, uma dimensão muito melhor e superior, devido a sua adiantada evolução espiritual. Respeita-se o sacrifício físico que o grande Mestre se impôs e mais ainda respeita-se o ensinamento que ele quis passar: que existe vida após a morte e que a vida espiritual é mais importante do que a vida carnal. Portanto, Páscoa, para nós umbandistas, é época de reflexão e agradecimento a Oxalá pelo ensinamento e exemplo repassado. Mas sem sacrifícios, pois o fato de estarmos vivendo neste planeta de provações já é sacrifício suficiente...

Ovo e coelho de chocolate = o ovo e o coelho são símbolos de fertilidade desde a antiguidade. Entre diversos povos, era hábito presentear nesta data com ovos de verdade pintados e coloridos, como forma de lembrar a passagem dos hebreus pelo deserto. Os franceses tiveram a ideia de fazer estes símbolos de chocolate. Outra grande sacada comercial! Muito gostosa, por sinal... Não que devemos abandonar este ato, até porque é um gesto simpático presentear as pessoas queridas com algo que simboliza carinho e doçura, mas sem nos endividarmos o restante do ano por causa deste costume...

Então, como o umbandista deve se comportar perante a Páscoa? Simplesmente respeitando e agradecendo em oração a Cristo, mas não apenas nesta época, mas durante toda a sua vida. Devemos continuar em nossa missão de ajudar o próximo, sermos caridosos e procurarmos sempre melhorar como seres humanos.

Feliz Páscoa a todos os irmãos de fé!

4 de abril de 2012

Salve São Jorge, salve Ogum!

OGUM é o Orixá que examina os problemas e dá seu parecer, fornecendo os elementos necessários para que XANGÔ possa exercer a justiça. É o guerreiro valente, que enfrenta a luta do dia-a-dia sem receio e capaz de reverter uma derrota em vitória.
Há um estreito relacionamento de OGUM com EXÚ, que se encontram nas encruzilhadas da vida, abrindo caminhos e expurgando as vibrações negativas para que possamos nos orientar na busca da luz. E quando as situações vivenciais não nos apontam qualquer perspectiva é a OGUM que devemos recorrer para nos livrar da adversidade.
Nas aberturas dos trabalhos rituais, após a evocação de EXÚ, a saudação se faz a OGUM. São os nossos guardiães e principais responsáveis pela segurança espiritual dos Templos.
Na Umbanda é um Orixá muito solicitado e querido por seus filhos.
Suas falanges são imensas e trabalham abrangendo uma extensa área vibratória e dependendo da tarefa a que estão se dedicando poderão atuar junto às matas (OGUM ROMPE-MATO), com a falange das Almas (OGUM MEGÊ), no mar (OGUM BEIRA-MAR).
Sincretizado no Rio de Janeiro com São Jorge é muito popular e festejado no dia 23 de Abril, onde os Templos Umbandistas reverenciam o grande Orixá.
É o Orixá que tem sob sua responsabilidade a força magnética que atua no planeta Terra. O equilíbrio magnético de nosso mundo, o armazenamento desta energia nos grandes depósitos minerais com a predominância do metal ferro, a sua liberação gradual quando solicitada dos seres encarnados, ou não, e todas as demais inúmeras aplicações das forças magnéticas são de atuação do Orixá OGUM.

DIA DA SEMANA - terça-feira
CONTAS - em Nação: azul rei ou verde claro; na Umbanda: vermelhas
FLORES - vermelhas (Crista de Galo ou cravo vermelho)
MINERAL - ferro
FRUTAS - cajá; manga
COMIDA - inhame; camarão seco no dendê
BEBIDAS - em Nação: vinho de palma; na Umbanda: cerveja branca
SÍMBOLO - espada (adaga)
SAUDAÇÃO - PATAKORI OGUM ou OGUNHÊ
 INFLUÊNCIA DO ORIXÁ SOBRE SEUS FILHOS (ARQUETIPO)

POSITIVAS - Quando prevalece a vibração do Orixá: são corajosos, intrépidos, ordeiros, elegantes, etc.
NEGATIVAS - Quando prevalece o livre arbítrio negativo: são arrogantes, indisciplinados, ciumentos, covardes, etc.

OGUM, nosso guerreiro invencível, Orixá protetor dos viajantes e dos oprimidos, estenda a sua vibração até nós para que possamos caminhar na estrada da vida, no cumprimento tranquilo de nossa tarefa cármica.
PATAKORI OGUM!