Blog da Casa de Caridade Luz Divina - dirigente espiritual Vovó Luiza

22 de dezembro de 2013

PAGAR MENSALIDADE?!


Por Alexandre Cumino

Você colabora com seu Terreiro?

Sem dinheiro não conseguimos nem pegar um ônibus, comer, vestir ou fazer parte de alguma atividade social que se auto-mantenha, a não ser que... outros estão custeando nossa presença; o que é feito de fato quando um templo recebe a todos para um culto, louvação ou atividade mediúnica caritativa. Sempre há gastos e, se estamos sendo recebidos graciosamente e gratuitamente, alguém está custeando os gastos para realizar tal empreitada.

O bem mais precioso, que é a vida, nos foi concedido gratuitamente, assim como a presença de Deus, são bens que não se compram, vende ou troca. Daí a máxima: “dar de graça o que de graça recebemos”. Por esta máxima se dá a ética, não cobrar um único centavo pelo trabalho espiritual realizado nos Templos, que são a Casa de Deus, em que se reconhece o poder de realização muito além de nosso querer, ego ou vaidade. Gratuitamente está ali a graça divina e o poder de ação de nossos Guias e Orixás.

No entanto, quem paga o aluguel, luz, água, produtos de limpeza, vela, defumação, bebidas, fumo e outros elementos ritualísticos, além de encargos e cobranças relativas à legalização e contabilidade de um templo? O dirigente deve pagar tudo a fim de fazer valer sua condição de “beneficiário maior” ou este é seu “carma”, o de manter e sustentar, sozinho, o trabalho que é realizado por um grupo de médiuns, uma comunidade? Então os outros médiuns, todos templos vivos de Deus e sacerdotes deste templo individual, que se reúnem no coletivo (terreiro), não tem a mesma responsabilidade que seu dirigente/sacerdote, guardando as proporções a que cada um foi chamado em sua missão?

Para um médium assumir, realmente, este compromisso mediúnico/sacerdotal deve ter na Umbanda, em sua mediunidade e missão espiritual, uma prioridade perante a vida, na qual não deve haver compromisso que seja que o libere de estar presente de forma consciente de suas responsabilidades, que não se limitam a “vir e vestir o branco”, além de se mostrar presente e disposto a ajudar, também deve se informar de como colaborar financeiramente com o templo que o acolheu, tomando conhecimento do valor de uma mensalidade ou do quanto a casa necessita para suas despesas e realizações outras voltadas à comunidade. Direitos e deveres, obrigações e responsabilidades também fazem parte de um trabalho espiritual.

Se, de um lado, tudo recebemos do “espírito”, de Deus e suas Divindades e Entidades, por outro vivemos e nos movimentamos em um mundo real, no qual estamos em sociedade com suas regras e leis que devem ser observadas, respeitadas e cumpridas. Quem pretende realizar um trabalho espiritual com os olhos vendados para esta realidade está fadado ao fracasso, pois deve haver um equilíbrio, como um “caminho do meio”, entre espírito e matéria, nem tanto à terra e nem tanto ao céu. Pregar e viver o sagrado fora da realidade material em que vivemos é tão perigoso e arriscado quanto pregar e viver um mundo sem a presença do sagrado, de Deus e seus mistérios. Pois ambas as opções podem alienar, iludir, fanatizar e tornar a pessoa cega e fundamentalista.

Não é difícil identificar médiuns acomodados, encostados e muito mal acostumados que em nada contribuem para as condições físicas, básicas e mínimas necessárias para se realizar um trabalho espiritual, com o mínimo de higiene, limpeza e dignidade. Muitos esquecem de que, se o espírito é sagrado, o corpo que recebe o espírito também é sagrado, se o espírito tem origem divina o corpo também tem, pois a natureza é divina. Se o mundo espiritual é sagrado na realidade de terreiro, o próprio terreiro em si, como a casa que recebe e acolhe o “Espirito”, a Deidade, também é sagrado. O chão do templo é solo sagrado no qual “pisam” os Orixás e guias espirituais, as paredes são sagradas, tanto quanto o altar e a tronqueira, pois tudo compõem o todo que é a casa da fé, espaço mágico-místico-religioso, no qual se manifesta o Mistério Maior por meio de seus adeptos; força, poder e mistério que está presente, também, em cada pedaço de pedra que compõe o Terreiro de Umbanda.

Nosso Corpo Material, assim como a estrutura física do terreiro é uma dádiva concedida como oportunidade de evolução para nosso espírito, logo, que se cuide e tenha o mesmo sentimento/respeito tanto pelo espírito/divindade quanto pelo corpo/templo, zelando por sua manutenção. Aquele que não tem como prioridade participar efetivamente da sustentação material para sua realização espiritual, não é merecedor da mesma. Salvo raras exceções de médiuns em dificuldades reais, de desemprego, diferente daqueles que, por não priorizar a “Sua Casa”, vivem dando desculpas de que “não tem recurso” ou estão “apertados este mês”; simplesmente por que têm outros gastos que vem antes de seu compromisso, com a casa que o acolheu. Se sobra um “dinheirinho” já está destinado a qualquer outra atividade, menos ao compromisso assumido. Alguns fazem todos os cursos de espiritualidade que veem pela frente, se gabam de ser estudantes da espiritualidade, iniciados e preparados pelo astral em sua caminhada certa ao dia em que vão abrir sua própria casa, no entanto, em nada colaboram com o principal, o templo ao qual dizem “fazer parte”.

O templo (terreiro) é de todos e não apenas do sacerdote (pai ou mãe de santo). Todos têm responsabilidade, direitos e deveres sobre este templo. Sem que todos se sintam parte e façam parte do templo então o templo estará abandonado, largado, sujo, empoeirado e profanado. Se você faz parte de um templo então arregace as mangas e procure saber por onde pode fazer para ajudar nesta estrutura, procure saber quais são as dificuldades que este templo passa. Procure saber se o seu templo está em local adequado, verifique se o templo acomoda bem as pessoas que o procuram, se informe sobre as leis direitos e deveres de um templo. De nada adianta criticar falta de espaço, climatização ruim ou qualquer outra dificuldade se você não ajude a manter o seu templo inclusive, quem tem condições financeiras, ir além do pagamento de uma simples mensalidade.


PAGAR MENSALIDADE?! É O MÍNIMO QUE VOCÊ PODE FAZER POR SEU TEMPLO!!! Um templo não é um clube que você paga uma mensalidade e vira as costas para as dificuldades e necessidades do mesmo.

20 de dezembro de 2013

Orixá regente do ano de 2014


De acordo com a Vovó Luiza de Guiné, que é a Dirigente Espiritual de nossa Casa de Umbanda, o ano de 2014 será regido por Xangô. Ela fez esta afirmação em meados do mês de novembro, muito antes de qualquer site ou pai de santo ter se pronunciado a respeito deste assunto.

Como sabemos, Xangô é o Orixá da Justiça e Sabedoria, tendo Júpiter como seu planeta regente, o qual será o planeta regente do novo ano, criando assim correspondência direta com Xangô. O senso de Justiça de Xangô é representado pelo raio e pelo trovão e Ele sempre separa o bem do mal.

Sendo assim, sendo Xangô o regente de 2014, para que as pessoas tenham um ano bom terão que ser justas, corretas, honestas, cumprir com suas obrigações e deveres, procurar agir corretamente e pensar antes de agir, para não sofrer futuras consequências.

Por causa da regência de Xangô, em 2014 também haverá uma tendência de que as pessoas estejam bem mais espertas e atentas do que o habitual e qualquer falha ou erro, por menor que seja, poderá ser motivo de desentendimentos e de julgamentos.  
Segundo a nossa querida Vó Luiza, em doutrina aos filhos da Casa, explicou que sendo regido por Xangô, 2014 será um ano bom para quase tudo, inclusive para quem busca romance, casamento e realização profissional. Mas, para tudo, é preciso muita luta por seus objetivos, pois nada cairá do céu.

Portanto, o ano de 2014 será bom para início de um trabalho ou abertura de empresa, será uma época boa para tomadas de decisão, para novos projetos ou colocar antigos planos em ação, também será bom para promoções no emprego, se as pessoas forem merecedoras. Haverá liberdade de movimento em 2014, que invocará sentimentos impulsivos, renovação, transformação. Estudar, criar e colocar em prática são as tônicas para 2014.

Contudo, apesar de cada ano ter um regente, devemos lembrar que todos os Orixás e Entidades da Umbanda sempre estão junto a nós, basta chamar por Eles. Independente do Orixá regente do ano, a Vó Luiza pede para todos lembrarem de que a fé, o respeito e homenagem deve sempre serem dados a todos os Orixás e Entidades da Umbanda, e não somente ao Orixá regente do ano.

Que 2014 seja abençoado para todos!

Axé!



13 de dezembro de 2013

Os Marinheiros na Umbanda


Os Marinheiros da Umbanda são homens e mulheres que, quando encarnados, de alguma forma se relacionaram com o mar. Eles são os "limpa-trilhos" da Umbanda, levando todo o mal para as ondas do mar e, por este motivo, são considerados os Exus da calunga grande.

Os Marinheiros trabalham na linha de Iemanjá, trazendo mensagem de esperança e muita força. Seu trabalho é realizado em descarrego, consultas, passes, no desenvolvimento dos médiuns e em outros trabalhos que possam envolver demandas.

Quase sempre se apresentam cambaleantes (não por estarem bêbados, mas sim por causa do balanço do navio), e têm em suas danças o balanço das ondas do mar.
A gira de marinheiro é bem alegre e descontraída. Eles são sorridentes e animados, não tem tempo ruim para esta falange. Com palavras macias e diretas eles vão bem fundo na alma dos consulentes e em seus problemas. Em seus trabalhos são sinceros e ligeiramente românticos, sentimentais e muito amigos. Gostam de ajudar aqueles que estão com problemas amorosos ou em procura de alguém, de um "porto seguro".

Em muito, seu trabalho é parecido com o dos Exus. Dificilmente um leigo irá notar a diferença entre alguns marinheiros e os Exus na hora da gira, pois alguns Exus vêm com todos os trejeitos dos Marinheiros e com outros nomes, é quase imperceptível.

Os Marinheiros não têm filhos de cabeça, pois são entidades auxiliares. Têm como chefe de falange o Seu Martim Pescador.

Características:
Cor = azul marinho
Guias = contas azul marinho ou azul marinho com branco
Erva = arruda
Símbolos = âncora, peixe, onda, navio
Ponto da natureza = orla do mar
Flor = margarida branca
Pedra = água marinha
Metal = bronze
Dia da semana = sábado
Elemento = água
Bebidas = cerveja, cachaça, vodka, rum, conhaque ou uísque
Animal representativo = peixe
Comidas = peixe ou frutas
Data comemorativa = 13 de dezembro
Sincretismo = não há
Saudação = Da Costa, Marujo! Salve a Marujada!

Alguns representantes mais conhecidos:

Seu Martim Pescador
Maria do Cais
Chico do Mar
Zé Pescador
Seu Iriande
Seu Gererê
Seu Sete Marolas

15 de novembro de 2013

Dia da Umbanda - 15 de novembro


No final de 1908, Zélio Fernandino de Moraes, um jovem rapaz com 17 anos de idade, que se preparava para ingressar na carreira militar na Marinha, começou a sofrer estranhos "ataques". Sua família, conhecida e tradicional na cidade de Neves, estado do Rio de Janeiro, foi pega de surpresa pelos acontecimentos.
Esses "ataques" do rapaz eram caracterizados por posturas de um velho, falando coisas sem sentido e desconexas, como se fosse outra pessoa que havia vivido em outra época. Muitas vezes assumia uma forma que parecia a de um felino lépido e desembaraçado que mostrava conhecer muitas coisas da natureza.
Após examiná-lo durante vários dias, o médico da família recomendou que seria melhor encaminhá-lo a um padre, pois o médico (que era tio do paciente), dizia que a loucura do rapaz não se enquadrava em nada que ele havia conhecido. Acreditava que o menino estava “endemoniado”.
Alguém da família sugeriu que "isso era coisa de espiritismo" e que era melhor levá-lo à Federação Espírita de Niterói, presidida na época por José de Souza. No dia 15 de novembro, o jovem Zélio foi convidado a participar da sessão, tomando um lugar à mesa. Tomado por uma força estranha e alheia a sua vontade, e contrariando as normas que impediam o afastamento de qualquer dos componentes da mesa, Zélio levantou-se e disse: "Aqui está faltando uma flor". Saiu da sala indo ao jardim e voltando após com uma flor, que colocou no centro da mesa. Essa atitude causou um enorme tumulto entre os presentes. Restabelecidos os trabalhos, manifestaram-se nos médiuns kardecistas espíritos que se diziam pretos escravos e índios.
O diretor dos trabalhos achou tudo aquilo um absurdo e advertiu-os com aspereza, citando o "seu atraso espiritual" e convidando-os a se retirarem.
Após esse incidente, novamente uma força estranha tomou o jovem Zélio e através dele falou: "Por que repelem a presença desses espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens? Será por causa de suas origens sociais e da cor?"
Seguiu-se um diálogo acalorado, e os responsáveis pela sessão procuravam doutrinar e afastar o espírito desconhecido, que desenvolvia uma argumentação segura.
Um médium vidente perguntou: “Por que o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram, quando encarnados, são claramente atrasados? Por que fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura de luz? E qual o seu nome irmão?”
"Se querem um nome, que seja este: sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque para mim, não haverá caminhos fechados. O que você vê em mim são restos de uma existência anterior. Fui padre e o meu nome era Gabriel Malagrida. Acusado de bruxaria fui sacrificado na fogueira da Inquisição em Lisboa, no ano de 1761. Mas em minha última existência física, Deus concedeu-me o privilégio de nascer como caboclo brasileiro."
Anunciou também o tipo de missão que trazia do Astral:
"Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã (16 de novembro) estarei na casa de meu aparelho, às 20 horas, para dar início a um culto em que estes irmãos poderão dar suas mensagens e, assim, cumprir missão que o Plano Espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados”.
O vidente retrucou: "Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto?” perguntou com ironia. E o espírito já identificado disse:
"Cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei".
Para finalizar o caboclo completou:
"Deus, em sua infinita Bondade, estabeleceu na morte o grande nivelador universal, rico ou pobre, poderoso ou humilde, todos se tornariam iguais na morte, mas vocês, homens preconceituosos, não contentes em estabelecer diferenças entre os vivos, procuram levar essas mesmas diferenças até mesmo além da barreira da morte. Por que não podem nos visitar esses humildes trabalhadores do espaço, se apesar de não haverem sido pessoas socialmente importantes na Terra, também trazem importantes mensagens do além?"
No dia seguinte, na casa da família Moraes, na rua Floriano Peixoto, número 30, ao se aproximar a hora marcada, 20:00 h, lá já estavam reunidos os membros da Federação Espírita para comprovarem a veracidade do que fora declarado na véspera; estavam os parentes mais próximos, amigos, vizinhos e, do lado de fora, uma multidão de desconhecidos.
Às 20:00 h, manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Declarou que naquele momento se iniciava um novo culto, em que os espíritos de velhos africanos que haviam servido como escravos e que, desencarnados, não encontravam campo de atuação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas em sua totalidade para os trabalhos de feitiçaria; e os índios nativos de nossa terra, poderiam trabalhar em benefício de seus irmãos encarnados, qualquer que fosse a cor, a raça, o credo e a condição social.
A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, seria a característica principal deste culto, que teria por base o Evangelho de Jesus.
O Caboclo estabeleceu as normas em que se processaria o culto. Sessões, assim seriam chamados os períodos de trabalho espiritual, diárias, das 20:00 às 22:00 h; os participantes estariam uniformizados de branco e o atendimento seria gratuito. Deu, também, o nome do Movimento Religioso que se iniciava: UMBANDA – Manifestação do Espírito para a Caridade.
A Casa de trabalhos espirituais que ora se fundava, recebeu o nome de Nossa Senhora da Piedade, porque assim como Maria acolheu o filho nos braços, também seriam acolhidos como filhos todos os que necessitassem de ajuda ou de conforto.
Ditadas as bases do culto, após responder em latim e alemão às perguntas dos sacerdotes ali presentes, o Caboclo das Sete Encruzilhadas passou a parte prática dos trabalhos.
O caboclo foi atender um paralítico, fazendo este ficar curado. Passou a atender outras pessoas que haviam neste local, praticando suas curas.
Nesse mesmo dia incorporou um preto velho chamado Pai Antônio, aquele que, com fala mansa, foi confundido como loucura de seu aparelho e com palavras de muita sabedoria e humildade e com timidez aparente, recusava-se a sentar-se junto com os presentes à mesa dizendo as seguintes palavras:
"_ Nêgo num senta não meu sinhô, nêgo fica aqui mesmo. Isso é coisa de sinhô branco e nêgo deve arrespeitá."
Após insistência dos presentes fala:
"_Num carece preocupá não. Nêgo fica no toco que é lugá di nego."
Assim, continuou dizendo outras palavras representando a sua humildade. Uma pessoa na reunião pergunta se ele sentia falta de alguma coisa que tinha deixado na terra e ele responde:
"_Minha caximba. Nêgo qué o pito que deixou no toco. Manda muleque busca."
Tal afirmativa deixou os presentes perplexos, os quais estavam presenciando a solicitação do primeiro elemento de trabalho para esta religião. Foi Pai Antônio também a primeira entidade a solicitar uma guia, até hoje usadas pelos membros da Tenda e carinhosamente chamada de "Guia de Pai Antônio".
No dia seguinte, verdadeira romaria formou-se na rua Floriano Peixoto. Enfermos, cegos, etc. vinham em busca de cura e ali a encontravam, em nome de Jesus. Médiuns, cuja manifestação mediúnica fora considerada loucura, deixaram os sanatórios e deram provas de suas qualidades excepcionais.
A partir daí, o Caboclo das Sete Encruzilhadas começou a trabalhar incessantemente para o esclarecimento, difusão e sedimentação da religião de Umbanda. Além de Pai Antônio, tinha como auxiliar o Caboclo orixá Malé, entidade com grande experiência no desmanche de trabalhos de baixa magia.
Em 1918, o Caboclo das Sete Encruzilhadas recebeu ordens do Astral Superior para fundar sete tendas para a propagação da Umbanda. As agremiações ganharam os seguintes nomes: Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia; Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição; Tenda Espírita Santa Bárbara; Tenda Espírita São Pedro; Tenda Espírita Oxalá, Tenda Espírita São Jorge; e Tenda Espírita São Gerônimo. Enquanto Zélio estava encarnado foram fundadas mais de 10.000 tendas a partir das mencionadas.
Embora não seguindo a carreira militar para a qual se preparava, pois sua missão mediúnica não o permitiu, Zélio Fernandino de Moraes nunca fez da religião sua profissão. Trabalhava para o sustento de sua família e diversas vezes contribuiu financeiramente para manter os templos que o Caboclo das Sete Encruzilhadas fundou, além das pessoas que se hospedavam em sua casa para os tratamentos espirituais, que segundo o que dizem, parecia um albergue. Nunca aceitara ajuda monetária de ninguém era ordem do seu guia chefe, apesar de inúmeras vezes isto ser oferecido a ele. Ministros, industriais, e militares que recorriam ao poder mediúnico de Zélio para a cura de parentes enfermos e os vendo recuperados, procuravam retribuir o benefício através de presentes, ou preenchendo cheques vultosos. "_Não os aceite. Devolva-os!", ordenava sempre o Caboclo.
A respeito do uso do termo espírita e de nomes de santos católicos nas tendas fundadas, o mesmo teve como causa o fato de naquela época não se poder registrar o nome Umbanda, e quanto aos nomes de santos, era uma maneira de estabelecer um ponto de referência para fiéis da religião católica que procuravam os préstimos da Umbanda. O ritual estabelecido pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas era bem simples, com cânticos baixos e harmoniosos, vestimenta branca, proibição de sacrifícios de animais. Dispensou os atabaques e as palmas. Capacetes, espadas, cocares, vestimentas de cor, rendas e lamês não seriam aceitos. As guias usadas são apenas as que determinam a entidade que se manifesta. Os banhos de ervas, os amacis, a concentração nos ambientes vibratórios da natureza, a par do ensinamento doutrinário, na base do Evangelho, constituiriam os principais elementos de preparação do médium.
O ritual sempre foi simples. Nunca foi permitido sacrifícios de animais. Não utilizavam atabaques ou quaisquer outros objetos e adereços. Os atabaques começaram a ser usados com o passar do tempo por algumas das Tendas fundadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, mas a Tenda Nossa Senhora da Piedade não utiliza em seu ritual até hoje.
Após 55 anos de atividades à frente da Tenda Nossa Senhora da Piedade (1º templo de Umbanda), Zélio entregou a direção dos trabalhos as suas filhas Zélia e Zilméa, continuando, ao lado de sua esposa Isabel, médium do Caboclo Roxo, a trabalhar na Cabana de Pai Antônio, em Boca do Mato, distrito de Cachoeiras de Macacu – RJ, dedicando a maior parte das horas de seu dia ao atendimento de portadores de enfermidades psíquicas e de todos os que o procuravam.
Em 1971, a senhora Lilia Ribeiro, diretora da TULEF (Tenda de Umbanda Luz, Esperança, Fraternidade – RJ) gravou uma mensagem do Caboclo das Sete Encruzilhadas, e que bem espelha a humildade e o alto grau de evolução desta entidade de muita luz. Ei-la:
"A Umbanda tem progredido e vai progredir. É preciso haver sinceridade, honestidade e eu previno sempre aos companheiros de muitos anos: a vil moeda vai prejudicar a Umbanda; médiuns que irão se vender e que serão, mais tarde, expulsos, como Jesus expulsou os vendilhões do templo. O perigo do médium homem é a consulente mulher; do médium mulher é o consulente homem. É preciso estar sempre de prevenção, porque os próprios obsessores que procuram atacar as nossas casas fazem com que toque alguma coisa no coração da mulher que fala ao pai de terreiro, como no coração do homem que fala à mãe de terreiro. É preciso haver muita moral para que a Umbanda progrida, seja forte e coesa. Umbanda é humildade, amor e caridade – esta a nossa bandeira. Neste momento, meus irmãos, me rodeiam diversos espíritos que trabalham na Umbanda do Brasil: Caboclos de Oxossi, de Ogum, de Xangô. Eu, porém, sou da falange de Oxossi, meu pai, e não vim por acaso, trouxe uma ordem, uma missão. Meus irmãos: sejam humildes, tenham amor no coração, amor de irmão para irmão, porque vossas mediunidades ficarão mais puras, servindo aos espíritos superiores que venham a baixar entre vós; é preciso que os aparelhos estejam sempre limpos, os instrumentos afinados com as virtudes que Jesus pregou aqui na Terra, para que tenhamos boas comunicações e proteção para aqueles que vêm em busca de socorro nas casas de Umbanda. Meus irmãos: meu aparelho já está velho, com 80 anos a fazer, mas começou antes dos 18. Posso dizer que o ajudei a casar, para que não estivesse a dar cabeçadas, para que fosse um médium aproveitável e que, pela sua mediunidade, eu pudesse implantar a nossa Umbanda. A maior parte dos que trabalham na Umbanda, se não passaram por esta Tenda, passaram pelas que saíram desta Casa. Tenho uma coisa a vos pedir: se Jesus veio ao planeta Terra na humildade de uma manjedoura, não foi por acaso. Assim o Pai determinou. Podia ter procurado a casa de um potentado da época, mas foi escolher aquela que havia de ser sua mãe, este espírito que viria traçar à humanidade os passos para obter paz, saúde e felicidade. Que o nascimento de Jesus, a humildade que Ele baixou à Terra, sirvam de exemplos, iluminando os vossos espíritos, tirando os escuros de maldade por pensamento ou práticas; que Deus perdoe as maldades que possam ter sido pensadas, para que a paz possa reinar em vossos corações e nos vossos lares. Fechai os olhos para a casa do vizinho; fechai a boca para não murmurar contra quem quer que seja; não julgueis para não serdes julgados; acreditai em Deus e a paz entrará em vosso lar. É dos Evangelhos. Eu, meus irmãos, como o menor espírito que baixou à Terra, mas amigo de todos, numa concentração perfeita dos companheiros que me rodeiam neste momento, peço que eles sintam a necessidade de cada um de vós e que, ao sairdes deste templo de caridade, encontreis os caminhos abertos, vossos enfermos melhorados e curados, e a saúde para sempre em vossa matéria. Com um voto de paz, saúde e felicidade, com humildade, amor e caridade, sou e sempre serei o humilde Caboclo das Sete Encruzilhadas".


Zélio Fernandino de Moraes dedicou 66 anos de sua vida à Umbanda, tendo retornado ao plano espiritual em 03 de outubro de 1975, com a certeza de missão cumprida. Seu trabalho e as diretrizes traçadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas continuaram em ação através de suas filhas Zélia e Zilméa de Moraes, e das muitas Casas de Umbanda espalhadas pelo Brasil, as quais têm em seus corações um grande amor pela Umbanda, árvore frondosa que está sempre a dar frutos a quem souber e merecer colhê-los.






27 de outubro de 2013

Dia de finados para a Umbanda


A comemoração dos mortos, hoje denominada Dia de Finados, teve origem na antiga Gália, no território europeu. Era no dia primeiro de novembro que eles celebravam a festa dos espíritos. Não nos cemitérios - os gauleses não honravam os cadáveres -, mas sim em seus lares, onde os médiuns e videntes falavam com as almas dos que haviam partido. Eles acreditavam que os bosques e os pântanos eram povoados por espíritos errantes. 

No século I as pessoas religiosas já rezavam por seus falecidos, mas somente por aqueles que morriam sem martírio; os que morriam martirizados eram considerados heróis e, portanto, já teriam um “lugar no céu”, assim não precisavam de orações em seu intermédio. No século IV, encontramos a Memória dos Mortos na celebração da missa. A partir do século V, a Igreja Católica dedica um dia por ano para rezar por todos os mortos, pelos quais ninguém rezava e nem se lembrava; sendo que, no século XI, os Papas Silvestre II, João XVIII e Leão IX obrigam os cristãos a dedicarem um dia por ano aos mortos.

Então, desde o século XIII, este dia anual de oração por todos os mortos é realizado no dia 2 de novembro, porque no dia 1º de novembro é a festa de "Todos os Santos". O Dia de Todos os Santos celebra todos os que morreram em estado de graça e não foram canonizados. O Dia de Todos os Mortos celebra todos os que morreram e não são lembrados na oração.

Contudo, somente no Brasil a data tem este nome. Na realidade, esta data celebra a lembrança dos “fiéis defuntos” e não o dia de finados. Adentrando-se a fundo no significado e na origem das palavras (etimologia), há uma diferença relevante no significado dos termos. A palavra finado significa, em sua origem, aquele que se finou, ou seja, que teve seu fim, que se acabou, que foi extinto. A palavra defunto, por sua vez, originada no latim, era o particípio passado do verbo “defungor", que significava satisfazer completamente, desempenhar a contento, cumprir inteiramente uma missão. Mais tarde, foi utilizada e difundida pelo cristianismo, para dizer que uma pessoa morta era aquela que já havia cumprido toda a sua missão de viver. Porém, atualmente, tornou-se sinônimo de cadáver.

Na Umbanda, dia 02 de novembro é o dia das Almas Benditas. É o dia dedicado para homenagear as Santas Almas que trabalham anonimamente na espiritualidade, nos bastidores, fazendo caridade e auxiliando aos encarnados e desencarnados em muitas missões e tarefas. E também para orar pelas almas sofredoras e, muitas vezes, errantes.

Muitas Casas de Umbanda costumam homenagear Obaluaê neste dia, pelo fato de que este Orixá é o Senhor da Transmutação, da passagem e é o chefe da Linha das Almas. Contudo, Obaluaê tem seu dia próprio de homenagem, que é dia 17 de dezembro. Podemos e devemos rezar para pedir a Obaluaê que proteja, abençoe e encaminhe as almas.

Portanto, para nós umbandistas, dia 02 de novembro não é dia de luto e nem de tristeza. Não nos lastimamos pela morte, mas sim celebramos a vida espiritual e o maravilhoso trabalho dos desencarnados em prol de seus irmãos sofredores.

Como diz este lindo ponto:

Orai pelas almas do rosário de Maria,
orai pelas almas, ao meio-dia,
orai pelas almas do rosário de Maria.
Almas da escuridão
almas de prisioneiros
almas que pedem salvação
almas de feiticeiros.
Orai pelas almas do rosário de Maria
orais pelas almas, ao meio-dia,
orai pelas almas do rosário de Maria.
Almas de Dom Miguel
almas tão inocentes
almas que pedem o céu
almas de penitentes.
Orai pelas almas do rosário de Maria,
orai pelas almas, ao meio-dia,
orai pelas almas do rosário de Maria.

Saravá! Adorei as Almas!

4 de outubro de 2013

São Francisco de Assis e a Umbanda


No dia 4 de outubro celebramos São Francisco de Assis, que nasceu na cidade de Assis, na Itália, em 1181 (ou 1182). Este santo católico também é cultuado e homenageado na Umbanda, pois é o exemplo da devoção ao Criador, despindo-se da vaidade e do orgulho, dedicando-se à caridade, aos pobres e aos animais. Em algumas casas de Umbanda São Francisco é sincretizado com Xangô, mas em nossa Casa cultuamos São Francisco como um Caboclo de Xangô que abençoa os animais.

Conheça a história de São Francisco de Assis

Filho de um rico comerciante de tecidos, Francisco tirou todos os proveitos de sua condição social vivendo entre os amigos boêmios. Tentou, como o pai, seguir a carreira de comerciante, mas a tentativa foi em vão.

Sonhou, então, com as honras militares. Aos 20 anos alistou-se no exército de Gualtieri de Brienne, que combatia pelo Papa, mas em Spoleto teve um sonho revelador: Foi convidado a trabalhar para "o Patrão e não para o servo".

Suas revelações não parariam por aí. Em Assis, o santo dedicou-se ao serviço de doentes e pobres. Um dia do outono de 1205, enquanto rezava na igrejinha de São Damião, ouviu a imagem de Cristo lhe dizer: "Francisco, restaura minha casa decadente".

O chamado, ainda pouco claro para São Francisco, foi tomado no sentido literal e o santo vendeu as mercadorias da loja do pai para restaurar a igrejinha. Como resultado, o pai de São Francisco, indignado com o ocorrido, deserdou-o.

Com a renúncia definitiva aos bens materiais paternos, São Francisco deu início à sua vida religiosa, "unindo-se à Irmã Pobreza".

A Ordem dos Frades Menores teve início com a autorização do papa Inocêncio III e Francisco e onze companheiros tornaram-se pregadores itinerantes, levando Cristo ao povo com simplicidade e humildade.

O trabalho foi tão bem realizado que, por toda Itália, os irmãos chamavam o povo à fé e à penitência. A sede da Ordem, localizada na capela de Porciúncula de Santa Maria dos Anjos, próxima a Assis, estava superlotada de candidatos ao sacerdócio. Para suprir a necessidade do espaço, foi aberto outro convento em Bolonha.

Um fato interessante entre os pregadores itinerantes foi que poucos, dentre eles, tomaram as ordens sacras. São Francisco de Assis, por exemplo, nunca foi sacerdote.

Em 1212, São Francisco fundou com sua fiel amiga Santa Clara, a Ordem das Damas Pobres ou Clarissas. Já em 1217, o movimento franciscano começou a se desenvolver como uma ordem religiosa. E como já havia ocorrido anteriormente, o número de membros era tão grande que foi necessária a criação de províncias que se encaminharam por toda a Itália e para fora dela, chegando inclusive à Inglaterra.

Sua devoção a Deus não se resumiria em sacrifícios, mas também em dores e chagas. Enquanto pregava no Monte Alverne, nos Apeninos, em 1224, apareceram-lhe no corpo as cinco chagas de Cristo, no fenômeno denominado "estigmatização".

Os estigmas não só lhe apareceram no corpo, como foram sua grande fonte de fraqueza física e, dois anos após o fenômeno, São Francisco de Assis foi chamado ao Reino dos Céus.

Autor do "Cântico Irmão Sol", considerado um poeta e amante da natureza, São Francisco foi canonizado dois anos após sua morte e proclamado como padroeiro da Itália e 1939. 




3 de outubro de 2013

As armadilhas para o médium iniciante


Decidi hoje falar sobre alguns acontecimentos e fatos que tenho observado em alguns "médiuns novos", ou melhor dizendo, médiuns iniciantes na missão de incorporação.

É muito comum sentir medo, receio, de fazer a velha pergunta "o que é que eu to fazendo aqui no meio do terreiro, to ficando louco?!" Tudo muito natural, porém, em alguns casos (para não dizer em muitos casos), existem médiuns que passam a se sentir donos de certos “poderes" e “melhores” que aqueles que ainda não estão incorporando. Também é comum ouvir histórias do tipo "agora eu incorporo, então é só pedir tal coisa para meu guia que logo alcançarei...” – como se a mediunidade de incorporação fosse um pré-requisito para conseguir as coisas.

Mas o pior é quando o médium recém nascido passa a brincar com os guias. Sim, brincar, pois o médium ainda está em desenvolvimento, ainda está aprendendo a identificar as energias, mas ele se envaidece tanto que começa a achar que já está no “super nível” de pai de santo, e aí passa a incorporar em casa por qualquer motivo, passa a querer dar consultas para “ajudar” os necessitados, ou mal começou a se desenvolver e acha que já está "recebendo com firmeza"... aí mora o grande perigo! Perigo porque os espíritos que gostam de brincar (eguns ou kiumbas) vagam por aí o tempo todo, e como semelhante atrai semelhante, é muito fácil que estes espíritos se aproveitem desse médium vaidoso desavisado.

Como o médium ainda está no começo de seu desenvolvimento, ele ainda não sabe discernir / diferenciar as energias, pois ainda é tudo muito “parecido” e confuso, mas mesmo assim brinca de “receber os guias” em casa. Sendo assim, diante desta situação, os verdadeiros guias vão se afastando, pois não compactuam com sentimentos de vaidade e orgulho... então, sem os guias, quem vai se aproximar desses médiuns? Estes espíritos zombeteiros, e começam a brincar da mesma maneira, prejudicando o médium e o Terreiro, até que em determinado momento o Guia-chefe da Casa tem de intervir e, literalmente, o médium passa vergonha!

Não adianta o médium dizer: “ah, mas eu não sei o que aconteceu, não sei por que esse kiumba se aproximou de mim e tomou conta dessa forma...”!

Ora, analise seus atos, ser médium é uma missão maravilhosa, mas também é uma grande responsabilidade! A partir do momento que nos dispomos ao desenvolvimento mediúnico estamos nos comprometendo com o plano espiritual, e eles não estão aqui para serem chamados para dizer se devo ou não aceitar um namoradinho novo, se devo ou não pedir aumento para meu chefe!

É certo que pedindo com fé o auxílio virá, em forma de sonhos, intuição, ou seja lá qual for a forma que eles encontrarão para nos auxiliar, mas ficar chamando o tempo todo é abuso, eles também têm seu trabalho a fazer no plano espiritual! Ficar brincando de receber Guia é um ato muito perigoso, sem falar que é triste, pois está alimentando a vaidade!

Quantos casos já ouvimos de pessoas que estavam em desenvolvimento e começaram a chamar guias em casa ou na casa de amigos para consultas, e na hora que o " bicho pegou" acabaram se prejudicando e puxando para si cargas pesadas demais para seu grau mediúnico!? E os que se utilizam de seus guias para amedrontar as pessoas da família? Ou para mandar e desmandar “em nome” do guia? Brincam com sentimentos e com a vida das pessoas! "Meu guia mandou dizer que é pra você não falar mais com tal pessoa" ou "meu guia mandou dizer que é pra você fazer isso ou aquilo por mim que você será recompensado por ele"... E o engraçado é que quando o guia vem em terra ele nem fala ainda! Respeito, médiuns! Não faça ao próximo o que não gostaria que fizessem a você, apenas respeite os guias e as pessoas, igualmente!

Não é salutar endeusar o Guia, nem para si nem para os outros, esteja certo de que ele é muito mais humilde do que você pinta por aí, e nem está interessado em mandar e desmandar na vida pessoal de ninguém; é certo que diante de perigos provavelmente irão nos alertar, mas daí temos o livre arbítrio de aceitar ou não o conselho...

É importante os terreiros darem orientação e doutrina a seus filhos de santo, é importantíssimo que os médiuns sejam devidamente orientados para que não caiam nesse tipo de armadilha armada por eles mesmos e pela vaidade que alimentam. E, ainda assim, sempre terá algum médium que cairá na armadilha do baixo astral, isto porque o ser humano é falho e vaidoso!

Fonte: adaptado de Tsara de Sara Kali

30 de setembro de 2013

Xangô na Umbanda


Hoje, dia 30 de setembro, comemora-se o Orixá Xangô na Umbanda pura. Xangô é um dos Orixás mais respeitados, reconhecidos e louvados dentro dos cultos afro-brasileiros. Na Umbanda pura, Xangô é sincretizado com São Jerônimo. Sincretizado não significa que sejam os mesmos, apenas possuem características semelhantes. Vamos conhecer um pouco da história de São Jerônimo para poder compreender o motivo do sincretismo de Xangô com este santo.

Jerônimo foi escritor, filósofo, teólogo, retórico, gramático, dialético, historiador e doutor nas Sagradas Escrituras. Nasceu na Dalmácia, hoje Croácia, por volta do ano 340. Ele sempre era visto lendo um livro e passou a ser reconhecido como patrono dos estudos e do conhecimento.

Muitas são as características que unem em personalidade São Jerônimo e Xangô. Os dois têm temperamento forte e são radicais em seus posicionamentos. São Jerônimo foi procurar o deserto. No deserto, entrava num ritmo de orações e jejuns tão rigorosos que quase chegou a falecer. Tempos depois de se fortalecer no deserto, ele foi para Constantinopla, onde encontrou-se com São Gregório. Este lhe mostrou o caminho do amor pelo estudo das Sagradas Escrituras.

Xangô é o rei das pedreiras, Senhor dos coriscos e do trovão, Pai da justiça, o Orixá da política, guerreiro, bravo e conquistador.

Xangô é a ideologia, a decisão, a vontade, a iniciativa. Xangô é a rigidez, a organização, o trabalho, a discussão pela melhora, o progresso cultural e social, a voz do povo, o levante, a vontade de vencer.

Xangô, pelo seu temperamento forte na defesa do senso de justiça e verdade, estabelece a reforma íntima que todos os médiuns devem passar para serem merecedores das bênçãos desse grande Orixá. Por isto, cuidado ao pedir justiça a Xangô, pois a justiça é imparcial e só será vencedor aquele que for merecedor e for justo.


Kaô, Kabecilê!

22 de setembro de 2013

Cosme e Damião


A Linha de Yori ou Ibeijada é composta por Crianças, sendo espíritos que incorporam em médiuns da Umbanda e de outras religiões afro-brasileiras, trazendo nomes infantis. Caracterizam uma criança na forma de falar, nos gestos, na inocência das brincadeiras, transmitindo alegria e esperança. São representados em imagem tripla (Cosme, Damião e Doum) ou sincretizados na imagem dos santos gêmeos Cosme e Damião, e em algumas regiões chamados também de Crispim e Crispiniano.

Por ocasião da festa, a 27 de setembro, os terreiros distribuem doces e fazem uma mesa farta para as crianças que incorporam nos médiuns. As cores são rosa e azul claro. As entidades possuem diversos pontos de atuação: cachoeiras, praias, matas, lajeados.

As oferendas normalmente são feitas em jardins e são sempre doces, refrigerantes, além de frutas. Quando incorporam nos terreiros, são brincalhões, travessos, meigos e chorões. São entidades de grande atuação e força espiritual. Sempre se comenta nos terreiros que quando uma criança faz um trabalho, só ela tem o poder de tirar. Também têm grande poder de cura.

Exemplos de nomes de crianças:

Rosinha da Praia
Mariazinha da beira da Praia
Mariazinha da pedra da Cachoeira
Marcelinho
Pedrinho da Praia
Jorginho
Pedrinho da Mata
Caboclinho da Mata
Mariazinha da Mata
Joãozinho da Pedra Branca
Zezinho do Lajeado
Bentinha
Mariazinha
Julinha
Joãozinho
Camponesa
Raio de Sol
Rosinha
Joãozinho da Mata
Aninha
Crispim do Cantuá
Zezé
Zezinho
Joaninha
Juquinha
Ritinha
Paulinho
Estherzinha
Maria Flor
Terezinha
Miguelzinho
Jeremias
Geremias
Margarida
Catarina
Lazinho

Esta faculdade de apresentar-se e agir como criança, não quer dizer que seja um espírito-criança. Pode ser, talvez, mais velho que seus médiuns. Ele vem com aspecto ou forma infantil, porque se afiniza com esta linha ou porque assim cumprirá melhor sua missão.

Data de homenagem: 27 de setembro
Cores: rosa e azul claros
Amalá: doces e guaraná
Dia da semana: domingo
Saudação: Oni Ibeijada
Chacra: cardíaco
Pedra: quartzo rosa
Metal: estanho
Pontos da natureza: jardins e praias
Campo de atuação: família

Salve as Crianças! Oni Ibeijada!

15 de setembro de 2013

Do que a Umbanda precisa?


Dia desses, ao final de uma Gira de desenvolvimento mediúnico, manifestou-se Pai João de Angola, o Preto Velho regente da casa.

Como de costume, acendeu seu cachimbo, cumprimentou os presentes e chamou todos para bem perto dele e, após se acomodarem, pediu que todos respondessem uma pergunta simples:

– “Do que a Umbanda precisa?”

E assim um a um foram respondendo:
 – Mais união... – Mais estudo… – Mais divulgação… – Mais respeito… – Mais reconhecimento…
Mais, mais e mais…

Após todos manifestarem suas opiniões, Pai João sorriu e disparou:
 – Muito se diz do que a Umbanda precisa, não é? E eu digo que a Umbanda precisa de Filhos!

Silêncio repentino no ambiente.
Naturalmente os filhos ficaram surpresos e ansiosos para a conclusão desta afirmação.  Pai João pitou, pensou, pitou, sorriu e continuou:

- É isso, a Umbanda precisa, sobretudo, de FILHOS!
Porque um filho jamais nega sua mãe, sua origem, sua natureza. Quando alguém questiona vocês sobre o nome de sua mãe, vocês procuram dar um outro nome a ela que não seja o verdadeiro? Um filho nem pensa nisso, simplesmente revela a verdade. Assim é um verdadeiro Filho de Umbanda, não nega sua religião, nem conseguiria, pois seria o mesmo que negar a origem de sua vida seria o mesmo que negar o nome de sua mãe.

Um filho de Umbanda, dentro do Terreiro, limpa o chão como devoção e não como uma chata necessidade de faxinar.  Um filho de Umbanda dá o melhor de si para e pelo Terreiro, pois sente que ali ele está na casa de sua mãe.

Um filho de Umbanda ama e respeita seus irmãos de Fé, pois são filhos da mesma mãe e sabem que por honra e respeito a ela é que precisam se amar, se respeitar e se fortalecer.

Um filho de Umbanda naturalmente sente que o Terreiro é a casa de sua mãe, onde ele encontra sua família e por isso quando lá não está sente-se ansioso para retornar e sempre que retorna é um momento de alegria e prazer.

Um filho de Umbanda não precisa aprender o que é gratidão. Porque sua entrega verdadeira no convívio com sua mãe, a Umbanda, já lhe ensina por observação o que é humildade, cidadania, família, caridade e todas as virtudes básicas que um filho educado carrega consigo.

Um filho de Umbanda não espera ser escalado ou designado por uma ordem superior para fazer e colaborar com o Terreiro; ele por si só observa as necessidades e se voluntaria, pois lhe é muito satisfatório agradar sua mãe, a Umbanda.

Um filho de Umbanda sabe o que é ser Filho e sabe o que é ter uma Mãe.

Quando a Umbanda agregar em seu interior mais Filhos que qualquer outra coisa, estas necessidades que vocês tanto apontam como união, respeito, educação, ética, enfim, não existirão, pois isto só existe naqueles que não são Filhos de fato!

Tenham uma boa noite, meus filhos!”

Pai João pitou mais uma vez e desincorporou.  Diante dele, seus filhos, com olhos marejados, rosto rubro, agradeciam a lição.

Saravá a Umbanda, salve a sabedoria dos Pretos Velhos!

Fonte: Rodrigo Queiroz