Blog da Casa de Caridade Luz Divina - dirigente espiritual Vovó Luiza

9 de fevereiro de 2013

O Carnaval e a Quaresma para o Umbandista


CARNAVAL
Muitos me perguntam: afinal de contas, o umbandista pode ou não pode pular o carnaval? Pode se divertir nesta data? Outros afirmam que o umbandista pode se divertir desde que não use máscara ou fantasia. Isto é um mito... Bem, vamos às explicações sobre este mito.
Conheço pessoas que durante todo o ano deixam de fazer o que querem, subjugam-se a modos de vida que acham mais prático, porque aparentemente não há tantos embates. Não sentem necessidade de se situarem com os pés no chão em suas ações cotidianas, pois acreditam que atingiram zonas confortáveis de segurança na rotina das suas vidas, na interdependência do círculo familiar, na eterna tolerância ao tédio no trabalho e aparentes relações amistosas com todos ao redor. Ou seja, fingem ser o que não são... tornam-se hipócritas.
São pessoas que vivem como que na superfície da verdadeira vida. Aqueles que passam a vida a ver as sombras na parede, se formos lembrar do mito da caverna de Platão. Só que chega o carnaval e parece que na mente e no íntimo destas pessoas ocorre uma espécie de desbloqueio, e todas as barreiras morais e sociais se neutralizam, entrando em clima de “vale tudo”, como se fosse uma compensação pelo “comportamento exemplar de todo o resto do ano”. Alegam que “merecem” ser felizes por um dia e caem na folia.
Muitos se divertem sadia e equilibradamente, apenas usando o momento para abolir as preocupações e afastarem-se das obrigações e responsabilidades diárias, nem que seja por uns poucos dias. Outros, porém, cometem todo o tipo de desvarios, comprometendo-se e, às vezes, levando outros de roldão em atos de imprudência, selvageria, colocando em risco sua integridade física e moral.
Tentar resolver ou esquecer os problemas pessoais durante os dias de folia carnavalesca é o pior caminho que alguém pode tomar. Pois o carnaval, que parece na sua manifestação física como explosões de cores e alegria, traz a beleza descompromissada, mas ocorre que não há equilíbrio nas forças emocionais e passionais que estão libertas, ricocheteando no ambiente uma energia sem ajustes e sem limites, onde no meio das quais estão à espreita outros seres com as piores intenções, que absorvem avidamente estas energias, vampirizando intensamente os foliões invigilantes.
São portais que se abrem em regiões profundas e obscuras, deixando passar entidades vingativas, perversas, artífices na arte do ilusionismo, mostrando para os incautos que se “divertem”, situações de êxtase, realizações, todo tipo de engodo auxiliado pelas drogas, pelo álcool, pela sexualidade exacerbada, de modo a aprisionarem facilmente quantos estejam à descoberto de sua proteção, inseguros de seus projetos de vida, desequilibrados emocionalmente, esvaziados de verdadeiros sentimentos, minados por angústias e rancores mal resolvidos.
Os blocos, a fuzarcas, escondem verdadeiros campos de batalha nos paralelos astrais.
Não existe acaso, e a Ordem e a Lei nunca se cumprem aleatória e injustamente. Não há que se ter medo do carnaval e o posterior período da quaresma. Em diferentes pontos do planeta, desde o início dos tempos, há periodicamente estes bolsões, estes “gaps” energéticos a sugarem aqueles que precisam ser acordados e sacudidos diante das Verdades, ou o resgate daqueles que abusaram da fé de outros, negociaram com o destino que não lhes pertencia, que esqueceram valores como respeito, amizade, cortesia.
Este post não quer mostrar conceitos de falso moralismo, de ostentação de um comportamento sisudo e sombrio. Pelo contrário, o umbandista, quando alcança o auto-conhecimento e a verdadeira paz, tem um constante sorriso nos lábios, seu coração nunca está vazio, suas mãos, sempre laboriosas. Não há espaço para tédio ou rotina na sua vida, porque aprendeu a fazer acontecer, aprendeu a guiar seus dias e suas horas de maneira proveitosa, sem perder tempo em contendas menores, pelejas inúteis. Não sente necessidade de compensar nada, pois já se encontra bem e em equilíbrio. Não sente necessidade de “sair do sério”, “compensar o resto do ano”, “cair na gandaia”… Até porque sabe que por detrás do ambiente glamuroso há um outro ambiente, ávido e perigoso.
E que uns poucos dias de alienação compulsória não mudarão o cenário de um mundo que está passando por profundas modificações socioeconômicas, geológicas, ideológicas, num panorama preocupante com as frequentes catástrofes ambientais, com a miséria descortinada, e lugares com profundos estremecimentos políticos.
O Carnaval, para o umbandista, deve ser um momento de reflexão. Repensar os verdadeiros valores, observar que nada é tão precioso como os relacionamentos puros e sinceros, que se fortalecem ao passar dos anos e se renovam em meio a crises.
Pode, sim, perfeitamente ser um momento de descanso e descontração do físico, sair um pouco da rotina pesada de trabalho, estudo, numa oportunidade de maior interação com a família e amigos, na meditação saudável sobre planos, resolução de metas, construção de sonhos. Na vibração positiva pela humanidade e sua evolução, na reflexão profunda sobre seu caminho, suas certezas, suas metas. No pensamento de paz e harmonia universal, obtenção de uma reserva de serenidade, clareza de mente, esperança e fé.
Alguns umbandistas, com menos conhecimento ou que não refletem sobre os mitos repassados, acreditam que os Orixás afastam-se do planeta, e que até os Exus, nossos guardiães, “ganham liberdade” e são “soltos” (como se estivessem presos por nós! rsrsrs), não realizando sua função de proteção...
Ora, vamos ser racionais e refletir: você acredita mesmo que os Orixás, Entidades e os Exus que são designados para nos proteger, orientar, fazer caridade vão mesmo se afastar e nos deixar à mercê? Que estamos fadados a sermos pegos por kiumbas e Eguns? Faz sentido? Faz sentido o fato de, se um umbandista resolver brincar um pouco com sua família e amigos, dentro do bom senso e do equilíbrio, sem exageros, vai ser castigado ficando com um kiumba obsessor à tiracolo?   
Como umbandista, acredito que nesta época do ano abrem-se determinados portais...
O que temos que cuidar no carnaval – e em todas as épocas – é com os excessos... Mas, na época de carnaval, por causa da densa energia coletiva emanada, o pensamento excessivamente libertino que permeia a ambiência prejudica o equilíbrio, atrai espíritos vingativos, malévolos, vampirescos – daí a necessidade de maior vigilância por nossa parte. Mas é nesta época que os Exus de Lei, os Exus Guardiões, patrulham ainda mais a crosta brasileira, como o fazem em outras ocasiões em vários momentos.
Os dirigentes sérios e com conhecimento de causa orientam que, se os umbandistas forem participar das festividades carnavalescas, apresentem-se exatamente como são, sem engodos e sem ilusões, respeitando-se e respeitando os outros, sem abusos de bebidas, sem ingerir drogas e se resguardem, pois estarão conscientes que os locais estão densos, pesados de todo tipo de pensamento.
Para finalizar, vamos refletir que ao citarmos influências positivas e negativas, não devemos considerá-las exatos sinônimos de Bem e Mal. Devemos ter a compreensão que todos estaremos sempre passando do pólo negativo ao positivo, faz parte da roda da vida, um pólo se interpondo ao outro, quando se esgota o pólo negativo, já está inserido o pólo positivo. Pelo mesmo motivo aprendemos que não existe escuridão absoluta e que, quando algo chega até o fim de sua capacidade, se inicia um novo ciclo em outra direção. Todos passamos por isto e, ao passarmos pelo pólo negativo, se estivermos cheios de pensamentos desarmonizados, estaremos mais suscetíveis às suas consequências. Se ao passarmos pelo pólo positivo não tivermos nos dedicado à auto-iluminação, nada veremos, nada aproveitaremos, será como se tudo fosse igual, pois não estaremos em condição de vibrar com aqueles que estão nesta faixa. É bem diferente de ser bom ou mau.
Todos passam pelo positivo e negativo e, assim, seria grande preconceito dizer que se está sempre do lado positivo e da Luz. Estou tentando expressar que não é o fato do mundo estar circulando do lado positivo ou negativo, mas o fato de quem nós realmente somos quando passamos por estas vibrações. Logo, o que a vida traz para cada um não depende do mundo exterior ou de outras pessoas, mas o que cada um está fazendo dela, em cada minuto que estivermos encarnados.
A QUARESMA
Muitos centros de umbanda fecham ou têm o atendimento limitado no período do carnaval e quaresma, mesmo não sendo datas ligadas a nossa religião. Por que isto acontece?
A dúvida sobre o funcionamento dos Terreiros de Umbanda durante o carnaval e quaresma vem da época que os Orixás eram proibidos de serem cultuados e deveriam ser sincretizados com os santos católicos.
Como o período da quaresma corresponde a uma época de reclusão e reflexão dentro da igreja católica, muitos Terreiros de Umbanda e Candomblé ficavam em uma posição delicada junto à comunidade católica e fechavam as portas para não terem problemas com as autoridades locais e com as pessoas em geral, quando poderiam ser acusados de desrespeitosos com a religião católica.
As pessoas consideravam que as casas de santo não deveriam bater tambores ou praticar qualquer ritual na quaresma, a exemplo da igreja católica que deixa suas imagens cobertas por mantos de cor roxa em sinal de respeito e luto, onde os católicos se recolhem em oração e penitência para preparar o espírito para a ressurreição de Cristo.
Os Centros de Umbanda não precisam parar suas atividades durante a quaresma, podendo funcionar normalmente, pois não estão ligadas aos dogmas da igreja católica que determinem que não possam fazer atendimento espiritual nesta ocasião.
Devemos lembrar que estes são rituais católicos e não pertencem à religião umbandista.  A quaresma para nós vai marcar apenas o final do ano espiritual no astral, sendo esta época o encerramento de um ciclo e o início de outro.
Que cada amanhecer traga a verdadeira felicidade e bem-estar a todos, com a proteção e vibração das Forças Maiores!
Saravá!



2 de fevereiro de 2013

A Linha dos Baianos

Na Umbanda pura, sem mistura com Candomblé, Nações ou catolicismo, dia 02 de fevereiro é dia de Nosso Senhor do Bonfim - o padroeiro do Povo Baiano. Por este motivo, esta data ficou instituído, na Umbanda, como o dia de se homenagear a Linha dos Baianos.

O Baiano representa a força daquele que fica à margem da sociedade, o que sofreu e aprendeu na "escola da vida" e, portanto, pode ajudar as pessoas. O reconhecido caráter de bravura e irreverência do nordestino migrante parece ser responsável pelo fato de os baianos terem se tornado uma entidade de grande frequência e importância nas giras paulistas e de todo o país, nos últimos anos. Os baianos da Umbanda são pouco presentes na literatura umbandista. Povo de fácil relacionamento, comumente aparece em giras de Caboclos e Pretos-Velhos, sua fala é mais fácil de se entender que a fala dos caboclos. Conhecem de tudo um pouco, inclusive a Kiumbanda, por isso podem trabalhar desfazendo feitiços.


Enfrentam os invasores (kiumbas, obsessores) de frente, chamando para si toda a carga com falas do gênero "venha me enfrentar, vamos vê se tu pode comigo". Buscam sempre o encaminhamento e doutrinação, mas quando o kiumba não aceita e insiste em perturbar algum médium ou consulente, então o Baiano se encarrega de "amarrá-lo" para que não mais perturbe ou até o dia que tenha se redimido e queira realmente ser ajudado. 
Costumam dizer que se estão ali trabalhando é porque não foram santos em seu tempo na terra, e também estão ali para passarem um pouco do que sabem e principalmente aprenderem com o povo da terra. São amigos e gostam de conversar e contar casos, mas também sabem dar broncas quando vêem alguma coisa errada. 
Nas giras eles se apresentam com forte traço regionalista, principalmente em seu modo de falar cantado, diferente, eles são “do tipo que não levam desaforo pra casa”, possuem uma capacidade de ouvir e aconselhar, conversando bastante, falando baixo e mansamente, são carinhosos e passam segurança ao consulente que tem fé. Os trabalhos com a corrente dos Baianos trazem muita paz, passando perseverança para vencermos as dificuldades de nossa jornada terrena. 
A Entidade pode vir na linha de Baianos e não ser necessariamente da Bahia, da mesma forma que na linha das crianças nem todas as entidades são realmente crianças. Os Baianos são das mais humanas entidades dentro do terreiro, por falar e sentir a maioria dos sentimentos dos seus consulentes. Adoram trabalhar com outras entidades como Erês, Caboclos, Marinheiros, Exus, etc. São grande admiradores da disciplina e organização dos trabalhos. São consoladores por natureza e adoram dar a disciplina de forma brusca e direta, diferente de qualquer entidade. 
Os Baianos não têm filhos de cabeça, pois são entidades auxiliares.

Cor
Laranjado
Fio de Contas
Laranjado
Ervas
Arruda, guiné, espada de São Jorge
Símbolo
Cactus
Pontos da Natureza
Campina
Flores
De cactus
Essências
Água de cheiro
Pedras
Coralina
Metal
Latão
Saúde
Psíquica e emocional
Planeta
Terra
Dia da Semana
Segunda-feira
Elemento
Terra
Chacra
Umbilical
Saudação
É da Bahia
Bebida
Água de coco, cachaça, batida de coco
Animal representativo
Galinha angolana
Comidas
Coco, cocada, farofa com carne seca
Número
2
Data Comemorativa
2 de Fevereiro
Sincretismo
Nosso Senhor do Bonfim