Blog da Casa de Caridade Luz Divina - dirigente espiritual Vovó Luiza

31 de julho de 2013

Mediunidade supersticiosa e folclórica


O estudo contínuo dos assuntos relacionados à mediunidade na Umbanda remove dentre seus seguidores dezenas ou centenas de crendices, costumes e hábitos que têm se mostrado nocivos à própria Religião. Muitos umbandistas têm uma visão deturpada do que significa o dom mediúnico em suas vidas e dentro dos terreiros. Centenas de adeptos desenvolvem uma mediunidade repleta de entendimento errôneo, suposições equivocadas e vícios comuns a pessoas que pouco, ou quase nenhum, acesso têm à informação. Muitos desses equívocos são provocados justamente pelo desconhecimento. Os maus hábitos acumulam-se ao longo do tempo e transformam-se em vícios que necessitam de tratamento imediato. Os erros acontecem aos montes causando muito desconforto aos Caboclos de Aruanda, que vez por outra precisam intervir para remediar a situação. A culpa de tais problemas poderia ser atribuída a muita gente: Chefes de Terreiro despreparados, médiuns afoitos ou de pouca instrução, seguidores pouco compromissados com a religião, dirigentes desinteressados e até mesmo Espíritos desencarnados causadores de demandas. A realidade mostra, porém, que a maior causa de todos os problemas que afetam a missão do umbandista é unicamente a falta de estudo. Sem o mínimo conhecimento de tudo o que envolve o mecanismo da mediunidade, assim como em muitos outros aspectos da vida comum, os erros grosseiros e infantis acontecem em profusão. A mediunidade, a partir de uma prática sem base teórica, tende a ser conduzida como um brinquedo nas mãos de infantes.

A mediunidade não é superstição. Partindo da premissa de que deve ser exercitado numa perfeita união entre a Fé e a Sabedoria, o dom mediúnico transforma-se em valioso instrumento de propagação das verdades espirituais. De outra forma, a mediunidade equivocada é conduzida do mesmo jeito como o adivinho faz com as entranhas de um animal. Não há verdades. Tudo é subjetivo e enganoso. Falta ciência e sabedoria.


A mediunidade supersticiosa e folclórica transforma os Guias Espirituais em oráculos domésticos, onde os mais ínfimos problemas de ordem inferior são levados em conta. Assim, o Preto Velho passa a ser o informante da traição de um marido ou do futuro econômico de um filho carnal. O Caboclo, por sua vez, transforma-se em ajudante fiel dos negócios ou aquele que vai vencer um inimigo de desafeto. Na mesma proporção, o Exu abandona a condição de Guardião e assume o papel de vingador ferrenho, ou um escravo à disposição do médium. A Pomba Gira, sob a mesma ótica, é tida como uma prostituta arrependida e por isso mesmo obrigada a arranjar parceiros para pessoas de moral duvidosa.

A mediunidade não é show pirotécnico onde o que se vê são rápidos e ilusórios lampejos de brilhos multicoloridos. O médium sem instrução transforma o dom em ótimo artifício na exibição de espetaculares manobras que mais chamam a atenção dos curiosos e dos seres trevosos do que dos Espíritos de Luz. Assim, tudo é espantoso e deslumbrante. Todos os gestos do médium em transe são inchados de exageros. Todas as receitas de oferendas são idênticas às listas de um estranho guisado. Os pontos riscados transformam-se numa mandala confusa de desenhos e rabiscos infantis sem fundamento. As brancas vestes sacerdotais assumem a aparência de fantasias carnavalescas em que imperam o luxo, a vaidade e o exibicionismo.


Nesta mediunidade folclórica vale mais a grosseira presença física do médium do que a suave e discreta participação dos Guias de Luz. O Preto Velho se esconde, o Caboclo se afasta, o Exu ri do fanfarrão e o médium se exibe. Neste tipo de condução da mediunidade há uma completa falta de força espiritual, pois a carne assume todas as funções do medianeiro e o animismo, a mistificação e a charlatanice estão em primeira linha.

Entre tantas formas de se exercitar a mediunidade há também a que leva em conta a ascensão social do médium. É a mediunidade interesseira. Esta mediunidade interesseira é
 aquela em que as reais intenções do indivíduo são quase desconhecidas. Há muitos interesses em jogo, e o principal é o de “subir” na vida. O médium intenciona ser aplaudido, então usa a mediunidade para chamar a atenção da platéia. O médium quer obter dinheiro de forma menos trabalhosa, então comercializa o dom. Se tem interesse em reconhecimento público, então transforma a mediunidade em degrau para a subida aos palanques políticos, aos palcos da mídia e aos púlpitos das câmaras e agremiações. Tal como o médium pirotécnico, o médium interesseiro quer aparecer, mas com o fim certo de obter algum rendimento financeiro.

Nesse tipo de mediunidade, o indivíduo não se envergonha ao “pedir” o pagamento pelo serviço prestado. Seu rosto não enrubesce quando dita o valor daquilo que vergonhosamente chama de caridade. Se precisar usar uma máscara, ceramente o fará. Mas, em seu tempo, lançará por terra a fantasia e mostrará sua verdadeira e tenebrosa face. Como o lobo entre os cordeiros.

fonte: Umbanda, fé divina

30 de julho de 2013

Tese de mestrado da USP mostra benefícios da Umbanda à saúde


Estudo realizado no final de 2012 no Instituto de Psicologia da USP apresentou a relação entre religiosidade e saúde ao analisar duas religiões brasileiras: Santo Daime, que faz uso sacramental da bebida psicoativa Ayahuasca, e a Umbanda, ambas com rituais fundamentados em práticas de estados diferenciados de consciência, segundo a autora.
A psicanalista Suely Mizumoto, em sua dissertação de mestrado Dissociação, religiosidade e saúde: um estudo no Santo Daime e na Umbanda, fez diversas constatações. Entre elas, que adeptos do Santo Daime e da Umbanda apresentaram diferenças significativas quanto à redução da frequência de mudanças de humor e de sentimentos contraditórios. As diferenças foram baseadas nas experiências anteriores e posteriores à participação nos rituais de cada religião. Quando comparados a um grupo controle, os adeptos mostraram ter maior equilíbrio de humor e emoção.
Segundo a pesquisadora, a comunidade religiosa, provedora de apoio emocional, material e afetivo, pode também ser compreendida como uma comunidade terapêutica para as condições psicológicas estressantes. Os adeptos podem encontrar em suas comunidades suporte em momentos de fragilidade. No entanto, Suely diz que, “na verdade, o aprendizado que essas religiões proporcionam podem ensinar seus adeptos a ter um domínio maior quanto ao enfrentamento espiritual dessas questões, diminuindo experiências mediúnicas traumatizantes”.
A psicóloga empregou um questionário que abordava o perfil social, a religiosidade e a saúde, tanto física como mental, dos voluntários.  “Os resultados obtidos dos perfis sociais, saúde e religiosidade e das escalas revelaram indicadores de bem estar que confirmam índices de saúde inteiramente satisfatórios e até melhores quando comparados aos resultados do grupo controle”, relata a pesquisadora.
Com o tema de sua dissertação, Suely espera amenizar os preconceitos com as religiões afro brasileiras. A Umbanda é um exemplo de religião que trabalha exclusivamente na arte do ensino da prática mediúnica, não faz uso de psicoativos, mas mesmo assim pode não ser bem interpretada. “Não havendo nocividade nestas práticas, a relação entre religião e saúde, mais bem esclarecida por esta pesquisa, pode ajudar a desconstruir muito do senso comum que envolve a religiosidade no País”, disse.

26 de julho de 2013

Características dos filhos de Nanã

São pessoas com uma capacidade extrema de entendimento e compreensão com as falhas humanas e, por causa disso, perdoam e consolam aos que erram com grande facilidade. Vivem voltados para o bem-estar da comunidade, sempre fazendo o possível para atender as vontades e necessidades de todos. 

O filho de Nanã sempre parece ser muito mais velho do que realmente é. É um conservador por natureza e sente, com frequência, saudades de um tempo que não viveu, sempre achando que as coisas no passado eram bem melhores e, assim, sente-se distanciado da modernidade em que vive.

Às vezes carinhosos até em excesso, se tornam também ranzinzas, preocupados em demasia com detalhes e têm uma forte tendência a criticar tudo e todos. Não costumam ter muito senso de humor e valorizam demais pequenos incidentes que transformam em grandes dramas. Odeiam ser contrariados e quando batem o pé em uma posição, dificilmente voltam atrás. 

Suas reações bem equilibradas e a pertinência das decisões o conservam sempre no caminho da sabedoria e da justiça.

Calmos, discretos e extremamente benevolentes, sempre agem com dignidade e gentileza, mas têm uma dificuldade nata em cumprir horários, já que estão sempre achando que o dia é muito mais longo do que realmente é e pode esperar por sua lentidão.

Com um temperamento severo e austero, chega bem perto da rabugice, sendo assim, se tornando mais temido que amado.


14 de julho de 2013

Orixás disputam a coroa de um médium?


Orixá significa “senhores do alto ou ainda senhores da luz”, são qualidades de Deus. Se Deus é a perfeição suprema, como podemos admitir que tenha lógica que determinado Orixá esteja brigando pela coroa de um médium? Isso nos mostra uma falha que não existe em Deus e que não pode ser aceita de forma racional.

Muitos dirigentes e médiuns, pela falta de informação, costumam dizer que os “Orixás estão brigando pela sua coroa” quando algum médium ainda não está firme e passa dificuldades na incorporação ou, em casos mais sérios, o terreiro está com problemas com obsessores e os médiuns mais sensitivos começam a passar mal. Contudo, esta justificativa não tem fundamento, isto é desculpa de quem não conhece os fundamentos da Umbanda, de quem não estudou os planos e dimensões espirituais e de que como os Orixás e Entidades atuam.

É irracional pensar isso, pois Orixá é sagrado, é amor, é luz! Não se pode hoje dentro da Umbanda acreditar que os mesmos brigariam pela coroa de um filho, mostrando assim uma falha gravíssima na criação. Alegarmos tal anátema é abrir uma comparação infeliz na perfeição divina.

Muitos sacerdotes mal informados e alimentados por fantasias, ainda pregam este absurdo o que mostra uma deficiência imensa em nossa religião, criando mitos e dogmas desnecessários. É preciso conduzir nossa religião com bom senso antes de qualquer prática! Orixá tem fundamento, tem força e tem luz, pois são qualidades de Deus e não ficam por ai disputando esta ou aquela cabeça!

6 de julho de 2013

Nanã Buruquê


Dia 26 de julho é o dia que, devido ao sincretismo com Sant’Ana, comemora-se na Umbanda o Orixá Nanã Buruquê. Mas muitos terreiros pouco cultuam e alguns poucos conhecem este Orixá.
Nanã é a divindade que junto com Zambi fez parte da criação, é a mais antiga de todos os Orixás, a mais velha e a mais respeitada. Historiadores afirmam que  Nanã “surge” anterior à Idade do Ferro, provocando uma relação “conturbada” com Ogum. É responsável pelo elemento barro, que deu forma ao primeiro homem e a todos os seres viventes da terra.
Segundo a lenda africana, quando Zambi, o ser Supremo, encarregou Oxalá de fazer o mundo e modelar o ser humano, Oxalá tentou vários caminhos. Tentou fazer o Homem de ar, como Ele. Não deu certo, pois o homem logo se desvaneceu. Tentou fazer de pau, mas a criatura ficou dura. De pedra, mas ainda a tentativa foi pior. Fez de fogo e o homem se consumiu. Tentou azeite, água e até vinho de palma, e nada. Foi então que Nanã veio em seu socorro e deu a Oxalá a lama, o barro do fundo da lagoa onde Ela morava, a lama sob as águas, que é Nanã. Oxalá criou o homem e o modelou no barro. Com o sopro de Zambi ele caminhou. Com a ajuda dos Orixás povoou a terra.
Com o barro, Nanã propicia o uso das cerâmicas, momento em que o homem começa a desenvolver a cultura.
Orixá que auxilia as passagens difíceis da vida, que pode trazer riquezas, assim como a miséria, é a própria evolução do Ser, o princípio, o meio e o fim; o nascimento, a vida e a morte. Nanã tanto rege a vida como a morte, pólos da mesma realidade.
Pertencem a Nanã os búzios, que simbolizam morte por estarem vazios e fecundidade porque lembram os órgãos genitais femininos, entretanto, o que a melhor sintetiza é o “grão”, pois, além de Nanã possuir domínio sobre a agricultura e desenvolvimento do homem, todo “grão” tem que morrer para germinar. Nanã é que dá nascimento às sementes permitindo transmutação e transformação contínua para que nada se perca.
Atributos: calma e misericórdia. Nanã é o momento inicial em que a água brota da terra ou da pedra. É a soberana de todas as águas; é também a lama, a terra em contato com a água; é o pântano, o lodo, sua principal morada e regência. Ela é a chuva, a tempestade, a garoa. Nanã é a mãe, boa, querida, carinhosa, compreensível e sensível; a senhora da passagem desta vida para a outra, comandando o portal mágico, a passagem das dimensões.
Este Orixá relembra a nossa ancestralidade mística, o momento em que fomos criados espírito. A água foi necessária na Terra para a geração da vida, tendo o barro ou a lama um simbolismo correspondente ao momento em que fomos "feitos" pelo Pai. Assim, Nanã é considerada a Grande Mãe. Ela reconduz os espíritos desencarnados ao mundo espiritual, aconchegando-os em seus braços.

Tipo psicológico dos filhos de Nanã: os filhos deste Orixá podem ser tímidos e ao mesmo tempo serenos. Por vezes, são severos nos seus valores morais e austeros na educação da família. Não raro, são rabugentos, o que os fazem ser temidos. Geralmente não são sensuais e não se ligam às questões da sexualidade. Outras vezes, por medo de serem amados e virem a sofrer, se dedicam com afinco à profissão, sendo dispostos à ascensão social.
Quanto à calma e à lentidão que lhes são peculiares, nos momentos das decisões, acabam gerando conflitos com pessoas ativas e dinâmicas. Em equilíbrio, são pessoas bondosas, simpáticas, bonachonas e dignas de confiança.

Aspectos positivos: sensatez, perseverança, ordem, objetividade, paciência, respeitabilidade, calma. Sem pressa para realização, o tempo não os aflige. São benevolentes, gentis, mansos, como se fossem bons e amorosos avós.

Aspectos negativos: conservadorismo extremado, preguiça, avareza, indiferença, estupidez. Demorados, teimosos e rabugentos, adiam as decisões e podem ser vingativos.

Florais de Bach: Centaury, Hornbeam, Clematis e Willow.
Mineral: ametista.
Metal: ouro branco.

Planeta: Lua, que é o regente do signo de câncer – ligação com as águas; junção da água das chuvas e solo barrento e pantanoso, demonstrando que precisam trabalhar o passado, libertando e deixando ir embora o que não serve mais.

Signo: escorpião, que é regido por Plutão – ligação com as águas paradas e profundas (o mangue), refletindo a expressão "eu calo" do escorpiano que observa e que é profundo no sentir os ambientes e a psiquê humana; possuem a capacidade de vivenciar a dor e o sofrimento e renascer mais forte, com maior capacidade de domínio sobre as próprias emoções.

Flores: de cor roxa.
Chackra: frontal
Dia da semana: sábado
Saudação: Saluba, Nanã!