Blog da Casa de Caridade Luz Divina - dirigente espiritual Vovó Luiza

27 de outubro de 2013

Dia de finados para a Umbanda


A comemoração dos mortos, hoje denominada Dia de Finados, teve origem na antiga Gália, no território europeu. Era no dia primeiro de novembro que eles celebravam a festa dos espíritos. Não nos cemitérios - os gauleses não honravam os cadáveres -, mas sim em seus lares, onde os médiuns e videntes falavam com as almas dos que haviam partido. Eles acreditavam que os bosques e os pântanos eram povoados por espíritos errantes. 

No século I as pessoas religiosas já rezavam por seus falecidos, mas somente por aqueles que morriam sem martírio; os que morriam martirizados eram considerados heróis e, portanto, já teriam um “lugar no céu”, assim não precisavam de orações em seu intermédio. No século IV, encontramos a Memória dos Mortos na celebração da missa. A partir do século V, a Igreja Católica dedica um dia por ano para rezar por todos os mortos, pelos quais ninguém rezava e nem se lembrava; sendo que, no século XI, os Papas Silvestre II, João XVIII e Leão IX obrigam os cristãos a dedicarem um dia por ano aos mortos.

Então, desde o século XIII, este dia anual de oração por todos os mortos é realizado no dia 2 de novembro, porque no dia 1º de novembro é a festa de "Todos os Santos". O Dia de Todos os Santos celebra todos os que morreram em estado de graça e não foram canonizados. O Dia de Todos os Mortos celebra todos os que morreram e não são lembrados na oração.

Contudo, somente no Brasil a data tem este nome. Na realidade, esta data celebra a lembrança dos “fiéis defuntos” e não o dia de finados. Adentrando-se a fundo no significado e na origem das palavras (etimologia), há uma diferença relevante no significado dos termos. A palavra finado significa, em sua origem, aquele que se finou, ou seja, que teve seu fim, que se acabou, que foi extinto. A palavra defunto, por sua vez, originada no latim, era o particípio passado do verbo “defungor", que significava satisfazer completamente, desempenhar a contento, cumprir inteiramente uma missão. Mais tarde, foi utilizada e difundida pelo cristianismo, para dizer que uma pessoa morta era aquela que já havia cumprido toda a sua missão de viver. Porém, atualmente, tornou-se sinônimo de cadáver.

Na Umbanda, dia 02 de novembro é o dia das Almas Benditas. É o dia dedicado para homenagear as Santas Almas que trabalham anonimamente na espiritualidade, nos bastidores, fazendo caridade e auxiliando aos encarnados e desencarnados em muitas missões e tarefas. E também para orar pelas almas sofredoras e, muitas vezes, errantes.

Muitas Casas de Umbanda costumam homenagear Obaluaê neste dia, pelo fato de que este Orixá é o Senhor da Transmutação, da passagem e é o chefe da Linha das Almas. Contudo, Obaluaê tem seu dia próprio de homenagem, que é dia 17 de dezembro. Podemos e devemos rezar para pedir a Obaluaê que proteja, abençoe e encaminhe as almas.

Portanto, para nós umbandistas, dia 02 de novembro não é dia de luto e nem de tristeza. Não nos lastimamos pela morte, mas sim celebramos a vida espiritual e o maravilhoso trabalho dos desencarnados em prol de seus irmãos sofredores.

Como diz este lindo ponto:

Orai pelas almas do rosário de Maria,
orai pelas almas, ao meio-dia,
orai pelas almas do rosário de Maria.
Almas da escuridão
almas de prisioneiros
almas que pedem salvação
almas de feiticeiros.
Orai pelas almas do rosário de Maria
orais pelas almas, ao meio-dia,
orai pelas almas do rosário de Maria.
Almas de Dom Miguel
almas tão inocentes
almas que pedem o céu
almas de penitentes.
Orai pelas almas do rosário de Maria,
orai pelas almas, ao meio-dia,
orai pelas almas do rosário de Maria.

Saravá! Adorei as Almas!

4 de outubro de 2013

São Francisco de Assis e a Umbanda


No dia 4 de outubro celebramos São Francisco de Assis, que nasceu na cidade de Assis, na Itália, em 1181 (ou 1182). Este santo católico também é cultuado e homenageado na Umbanda, pois é o exemplo da devoção ao Criador, despindo-se da vaidade e do orgulho, dedicando-se à caridade, aos pobres e aos animais. Em algumas casas de Umbanda São Francisco é sincretizado com Xangô, mas em nossa Casa cultuamos São Francisco como um Caboclo de Xangô que abençoa os animais.

Conheça a história de São Francisco de Assis

Filho de um rico comerciante de tecidos, Francisco tirou todos os proveitos de sua condição social vivendo entre os amigos boêmios. Tentou, como o pai, seguir a carreira de comerciante, mas a tentativa foi em vão.

Sonhou, então, com as honras militares. Aos 20 anos alistou-se no exército de Gualtieri de Brienne, que combatia pelo Papa, mas em Spoleto teve um sonho revelador: Foi convidado a trabalhar para "o Patrão e não para o servo".

Suas revelações não parariam por aí. Em Assis, o santo dedicou-se ao serviço de doentes e pobres. Um dia do outono de 1205, enquanto rezava na igrejinha de São Damião, ouviu a imagem de Cristo lhe dizer: "Francisco, restaura minha casa decadente".

O chamado, ainda pouco claro para São Francisco, foi tomado no sentido literal e o santo vendeu as mercadorias da loja do pai para restaurar a igrejinha. Como resultado, o pai de São Francisco, indignado com o ocorrido, deserdou-o.

Com a renúncia definitiva aos bens materiais paternos, São Francisco deu início à sua vida religiosa, "unindo-se à Irmã Pobreza".

A Ordem dos Frades Menores teve início com a autorização do papa Inocêncio III e Francisco e onze companheiros tornaram-se pregadores itinerantes, levando Cristo ao povo com simplicidade e humildade.

O trabalho foi tão bem realizado que, por toda Itália, os irmãos chamavam o povo à fé e à penitência. A sede da Ordem, localizada na capela de Porciúncula de Santa Maria dos Anjos, próxima a Assis, estava superlotada de candidatos ao sacerdócio. Para suprir a necessidade do espaço, foi aberto outro convento em Bolonha.

Um fato interessante entre os pregadores itinerantes foi que poucos, dentre eles, tomaram as ordens sacras. São Francisco de Assis, por exemplo, nunca foi sacerdote.

Em 1212, São Francisco fundou com sua fiel amiga Santa Clara, a Ordem das Damas Pobres ou Clarissas. Já em 1217, o movimento franciscano começou a se desenvolver como uma ordem religiosa. E como já havia ocorrido anteriormente, o número de membros era tão grande que foi necessária a criação de províncias que se encaminharam por toda a Itália e para fora dela, chegando inclusive à Inglaterra.

Sua devoção a Deus não se resumiria em sacrifícios, mas também em dores e chagas. Enquanto pregava no Monte Alverne, nos Apeninos, em 1224, apareceram-lhe no corpo as cinco chagas de Cristo, no fenômeno denominado "estigmatização".

Os estigmas não só lhe apareceram no corpo, como foram sua grande fonte de fraqueza física e, dois anos após o fenômeno, São Francisco de Assis foi chamado ao Reino dos Céus.

Autor do "Cântico Irmão Sol", considerado um poeta e amante da natureza, São Francisco foi canonizado dois anos após sua morte e proclamado como padroeiro da Itália e 1939. 




3 de outubro de 2013

As armadilhas para o médium iniciante


Decidi hoje falar sobre alguns acontecimentos e fatos que tenho observado em alguns "médiuns novos", ou melhor dizendo, médiuns iniciantes na missão de incorporação.

É muito comum sentir medo, receio, de fazer a velha pergunta "o que é que eu to fazendo aqui no meio do terreiro, to ficando louco?!" Tudo muito natural, porém, em alguns casos (para não dizer em muitos casos), existem médiuns que passam a se sentir donos de certos “poderes" e “melhores” que aqueles que ainda não estão incorporando. Também é comum ouvir histórias do tipo "agora eu incorporo, então é só pedir tal coisa para meu guia que logo alcançarei...” – como se a mediunidade de incorporação fosse um pré-requisito para conseguir as coisas.

Mas o pior é quando o médium recém nascido passa a brincar com os guias. Sim, brincar, pois o médium ainda está em desenvolvimento, ainda está aprendendo a identificar as energias, mas ele se envaidece tanto que começa a achar que já está no “super nível” de pai de santo, e aí passa a incorporar em casa por qualquer motivo, passa a querer dar consultas para “ajudar” os necessitados, ou mal começou a se desenvolver e acha que já está "recebendo com firmeza"... aí mora o grande perigo! Perigo porque os espíritos que gostam de brincar (eguns ou kiumbas) vagam por aí o tempo todo, e como semelhante atrai semelhante, é muito fácil que estes espíritos se aproveitem desse médium vaidoso desavisado.

Como o médium ainda está no começo de seu desenvolvimento, ele ainda não sabe discernir / diferenciar as energias, pois ainda é tudo muito “parecido” e confuso, mas mesmo assim brinca de “receber os guias” em casa. Sendo assim, diante desta situação, os verdadeiros guias vão se afastando, pois não compactuam com sentimentos de vaidade e orgulho... então, sem os guias, quem vai se aproximar desses médiuns? Estes espíritos zombeteiros, e começam a brincar da mesma maneira, prejudicando o médium e o Terreiro, até que em determinado momento o Guia-chefe da Casa tem de intervir e, literalmente, o médium passa vergonha!

Não adianta o médium dizer: “ah, mas eu não sei o que aconteceu, não sei por que esse kiumba se aproximou de mim e tomou conta dessa forma...”!

Ora, analise seus atos, ser médium é uma missão maravilhosa, mas também é uma grande responsabilidade! A partir do momento que nos dispomos ao desenvolvimento mediúnico estamos nos comprometendo com o plano espiritual, e eles não estão aqui para serem chamados para dizer se devo ou não aceitar um namoradinho novo, se devo ou não pedir aumento para meu chefe!

É certo que pedindo com fé o auxílio virá, em forma de sonhos, intuição, ou seja lá qual for a forma que eles encontrarão para nos auxiliar, mas ficar chamando o tempo todo é abuso, eles também têm seu trabalho a fazer no plano espiritual! Ficar brincando de receber Guia é um ato muito perigoso, sem falar que é triste, pois está alimentando a vaidade!

Quantos casos já ouvimos de pessoas que estavam em desenvolvimento e começaram a chamar guias em casa ou na casa de amigos para consultas, e na hora que o " bicho pegou" acabaram se prejudicando e puxando para si cargas pesadas demais para seu grau mediúnico!? E os que se utilizam de seus guias para amedrontar as pessoas da família? Ou para mandar e desmandar “em nome” do guia? Brincam com sentimentos e com a vida das pessoas! "Meu guia mandou dizer que é pra você não falar mais com tal pessoa" ou "meu guia mandou dizer que é pra você fazer isso ou aquilo por mim que você será recompensado por ele"... E o engraçado é que quando o guia vem em terra ele nem fala ainda! Respeito, médiuns! Não faça ao próximo o que não gostaria que fizessem a você, apenas respeite os guias e as pessoas, igualmente!

Não é salutar endeusar o Guia, nem para si nem para os outros, esteja certo de que ele é muito mais humilde do que você pinta por aí, e nem está interessado em mandar e desmandar na vida pessoal de ninguém; é certo que diante de perigos provavelmente irão nos alertar, mas daí temos o livre arbítrio de aceitar ou não o conselho...

É importante os terreiros darem orientação e doutrina a seus filhos de santo, é importantíssimo que os médiuns sejam devidamente orientados para que não caiam nesse tipo de armadilha armada por eles mesmos e pela vaidade que alimentam. E, ainda assim, sempre terá algum médium que cairá na armadilha do baixo astral, isto porque o ser humano é falho e vaidoso!

Fonte: adaptado de Tsara de Sara Kali