Blog da Casa de Caridade Luz Divina - dirigente espiritual Vovó Luiza

12 de maio de 2014

Adorei as Almas! Saravá os Pretos-Velhos!


Os Pretos-Velhos pertencem à Linha das Almas (Yorimá) e representam a humildade, a fé, força de vontade, a resignação, a sabedoria, o amor e a caridade. São um ponto de referência para todos aqueles que necessitam, curando, ensinando, educando encarnados e espíritos sem luz.

Todos os Pretos Velhos são Magos do Bem, que utilizam esta vestimenta fluídica de Preto Velho para envolverem os seus filhos na fumaça do pito, na toalha de renda, no terço de contas de Lágrima de Nossa Senhora, na palha da Costa, sob o sorriso fácil, o olhar profundo. Quem resiste ao encanto de um Preto ou Preta Velha?

Na verdade, os espíritos que vieram da África, vergados sob o peso da escravatura, eram na sua maioria jovens, que adquiriram a vivência e experiências espirituais em terras brasileiras, a terra da Umbanda. Aqui envelheceram e foram se preparando para serem os Pretos Velhos tão queridos da nossa religião.

A crença trazida do seu berço africano foi sendo praticada na calada das noites, nas toadas dos pontos, nos transes ao redor das fogueiras e o tempo foi passando, lhes fornecendo um conhecimento forjado pelo sofrimento e o amor pelos Orixás e entidades mágicas do Mundo Espiritual.

Espíritos de outros orbes que não a Mãe África, ali reencarnaram para enriquecer sua caminhada espiritual e encarnaram como nativos africanos, pela dolorosa provação do cativeiro, agravada muitas vezes por serem seus algozes irmãos de sangue, de ideologias diversas. Negros entregando negros nas mãos de feras brancas com destino aos navios negreiros.

Com o desencarne de milhares de africanos que passaram pela duríssima prova da escravidão, estes espíritos adquiriram, de acordo com sua evolução espiritual, luz suficiente para aderirem ao chamado daquela Espiritualidade Superior que cuida dos movimentos evolutivos da Humanidade. E, do astral, imprimiam seu jeito de ser, com suas virtudes de tolerância, paciência, perdão, alegria, musicalidade, meiguice, prontidão em servir, além da enorme sabedoria adquirida através de séculos de sofrimentos.

Vieram em céu brasileiro, na dimensão astral, ombrear forças com a Espiritualidade Indígena, advinda de espíritos igualmente sofridos e com sua sabedoria peculiar e xamânica, consolidaram uma egrégora poderosa que se manifestou finalmente através do Caboclo das Sete Encruzilhadas.

Quantos Vovôs e Vovós! Pai Benedito, Pai Antero, Pai Congo, Pai Joaquim, Pai Tomé, Pai Cipriano, Pai Guiné, Pai Serafim, Vovó Cambinda, Vovó Luiza, Vovó Maria, Vovó Ana, Vovó Rosa da Bahia, Vovó Maria Redonda, Vovó Catarina, Vovó Maria Conga... quantos inumeráveis espíritos que deixam seus passos de Luz por esses terreiros do Brasil!

A grande característica desta linha é o conselho. Os termos "Velho", "Vovô" e "Vovó" são para sinalizar a experiência de vida destas Entidades, pois quando pensamos em alguém mais velho, como um vovô ou uma vovó, subentendemos que esta pessoa já tenha vivido mais tempo, adquirindo assim sabedoria, paciência e compreensão. É baseado nestes fatores que as pessoas mais velhas aconselham.

No mundo espiritual é bastante semelhante e é devido a esta característica de aconselhar que diz-se que os Pretos Velhos são os "Psicólogos da Umbanda". Normalmente os Pretos-Velhos tratados por Vovô ou Vovó são mais “idosos” do que aqueles tratados por Pai, Mãe, Tio ou Tia. E, também, os "Vovôs e Vovós" são aqueles que vieram da África; já os "Pai", "Mãe", "Tio" e "Tia" são os que nasceram em terras brasileiras.

Usando suas guias de contas pretas e brancas, ou as sementes de Lágrimas de Nossa Senhora, vestindo branco ou xadrez carijó, lenços na cabeça ou não, terços e rosários complementando os apetrechos, que podem ainda ser velas, pedras, pembas, madeiras de riscar pontos, e claro, seus tocos...

As linhas de atuação dos pretos velhos variam de acordo com a vibração e sua ligação aos Orixás e também acrescentam aos seus nomes a identificação da origem: Preto Velho do Congo, da Guiné, de Aruanda, das Almas, etc.

Podemos vê-los nos terreiros, desprendidos de qualquer vaidade, ou artificialidade, sempre prontos para uma prosa, ou apenas escutar e abençoar, nunca recusando um passe em quer que seja, uma baforada de fumaça, um olhar atento mesmo quando o consulente traz problemas fúteis. Porque, por trás de palavras inconsistentes, o Preto Velho lê a carência, as obsessões, as tragédias familiares, a solidão e o desamparo e estará sempre, do seu jeito, amparando.

Cada Preto Velho, cada Preta Velha é exímio mestre em fazer a caridade, dando orientação e consolo, segurança e proteção, desmanchando os nós e as demandas, firmando filho de Pemba, desvelando uma verdade que é a Luz Maior.

O dia em que a Umbanda homenageia os Pretos-Velhos é 13 de maio, que é a data em que foi assinada a Lei Áurea (libertação dos escravos).

Dia da semana: segunda-feira
Data comemorativa: 13 de maio
Guias: contas brancas e pretas ou lágrimas de Nossa Senhora
Chakra atuante: básico ou sacro
Planeta regente: Saturno
Cor representativa: branco e preto
Saudação: Adorei as Almas, ou Cacurucaia
Fumo: cachimbos ou cigarros de palha
Bebida: café preto amargo, vinho tinto suave, água, cachaça com mel (alguns gostam de acrescentar ervas e alho)
Comida: feijoada ou tutu de feijão, banana branca, cocada

Salve todos os Pretos-Velhos da Umbanda! Adorei as Almas!