Ogum é o
Orixá que rege as batalhas. Todos os instrumentos são consagrados a Ogum, uma
vez que, acima de tudo, é ele o Orixá da forja e da metalurgia, processo de
manipulação dos metais.
Por isso,
um dos símbolos deste Orixá são as sete ferramentas juntas, que representam
exatamente este poder sobre os metais, em especial o ferro, considerado o metal
negro, símbolo da relação de Ogum com o elemento terra.
Entendemos
Ogum, acima de seu papel mitológico, como o impulso Divino primordial. Este
Orixá é a força que rege todo início de movimento, força que rompe a barreira
estática de todo início de processo. Quem não percebe que o começo de um
processo pode parecer lento e difícil, mas que a continuidade de um processo já
iniciado não parece tão maçante assim? É Ogum aquela energia que possibilita o
início do que quer que seja. É a explosão inicial e a quebra do equilíbrio estático.
Também em
Ogum vemos uma forte relação com todos os Orixás. Ele é considerado um dos
Orixás mais antigos, já que estava lá quando tudo foi iniciado. É considerado a
força irmã da energia de Exu (o movimento), sendo que Exu e Ogum andam sempre
juntos.
Ogum é o
Orixá do movimento e do impulso. Sua energia se relaciona com todo processo de
revolta que gera uma mudança em relação ao padrão anterior. É a energia da
conquista que não se preocupa com a manutenção do conquistado. Por isto, diz-se
que Ogum é a figura mitológica do grande guerreiro, o grande general que lidera
e vence todas as batalhas. O guerreiro valente e impulsivo que, com sua ira e
suas armas, submete todos os inimigos e derruba todos os obstáculos.
É um
Orixá fortemente relacionado com os elementos terra e fogo, este último mais
comum em nossa Umbanda e explicitado pela cor deste Orixá, o vermelho. O branco
também atribuído a Ogum mostra sua relação primordial com a Criação, enquanto
impulso original de todo o criado.
O modelo
do arquétipo demonstrado pelos filhos de Ogum é o das pessoas rebeldes,
briguentas e impulsivas. Que perseguem energeticamente seus objetivos e não se
desencorajam facilmente. Daquelas que nos momentos difíceis triunfam onde
qualquer outro teria abandonado o combate e perdido toda a esperança. Possuem
humor mutável, passando por furiosos acessos de raiva ao mais tranquilo dos
comportamentos. É o arquétipo das pessoas impetuosas e arrogantes, que se
arriscam a melindrar os outros por uma certa falta de discrição quando lhe
prestam serviços, mas que, devido à sinceridade e franqueza de suas intenções,
tornam-se difíceis de serem odiadas. Os filhos de Ogum nada temem, são
atléticos, agressivos e de mau humor, conquistadores, rápidos, agem sem pensar,
ofendem-se facilmente, insistem naquilo que desejam, emotivos, impacientes,
brigões, arrependem-se facilmente, gostam de comer bem e de beber, temperamento
difícil e com muita iniciativa. Os filhos de Ogum não podem ter vícios,
principalmente com bebidas e drogas. Não conseguem falar manso, gostando das
disputas até no falar. São práticos e não são egoístas, gostando de fazer
doação de suas coisas. São apaixonados por viagens, mudanças de endereços,
curiosos, adoram inovações tecnológicas. Ogum rege, no corpo humano, o sistema nervoso,
as mãos, os pulsos e o sangue. As doenças mais associadas a Ogum são
relacionadas às articulações, aparelho digestivo e fígado.
Ogum toma
a vanguarda, vai na frente dos outros, o que precede, é o símbolo do
primogênito que, através de sua agressão, abre o caminho para quem o segue. É
um desbravador em todo o sentido do termo. Por estas características, anda e
trabalha junto com Exu, indo na frente, abrindo caminho para Exu passar e
trabalhar no Baixo Astral, nas zonas umbralinas, ajudando a combater o mal e
defende os Exus dos ataques dos kiumbas nos locais sombrios. Assim, em toda
firmeza para Exu, Ogum faz a ronda, também fazendo papel de guardião.
É o
protetor dos militares e guerreiros. Tem ânsia de conquistas, mesmo que não
tenha nenhuma estratégia, o que o difere de Xangô. Diz-se que Ogum não pede,
Ele toma. Tem grande dificuldade de manter as suas conquistas. Ogum é um
excelente executor de ideias; é impaciente, sincero, violento e brigão. Abre os
caminhos junto com Exu. É objetivo. É o senhor das contendas sempre atacando
pela frente, de peito aberto. Sabe armar arapucas para pegar o inimigo.
É o
Senhor dos objetos cortantes e armas de fogo. Carrega a força de qualquer
impacto, vibrando em todos os momentos impactantes. É o que ferve o sangue.
Está presente no calor das coisas, principalmente no fogo. É a força instintiva
de Marte, sendo este o planeta regente desse Orixá. Padroeiro de todos aqueles
que manejam o ferro, como lanterneiros, maquineiros e ferreiros. Ogum é o
símbolo do trabalho, da atividade de criação e expansão.
Ogum representa ou se manifesta através da luta
pela sobrevivência e por isso está associado à defesa de todos os reinos, além
de estar diretamente associado ao início de tudo, ao novo, à conquista.
Ao encontrarmos a energia do Orixá Ogum,
cujo elemento é o fogo, manifestando-se no reino do Orixá Omulu - que
é a terra, o chão, o solo, através do calor do sol e traduzimos isso para a
calunga pequena ou cemitério, que em termos ritualísticos de Umbanda é o reino
de Omulu - temos a formação do desdobramento de Ogum, chamado de Ogum
Megê. Ou seja, é o Orixá Ogum atuando na defesa do reino do Orixá Omulu em
combinação vibratória com o mesmo, formando este desdobramento de Ogum. É o
Ogum magista, ou seja, conquista/defesa através da magia.
Quando o Orixá Ogum manifesta-se
na defesa do reino de Xangô, encontramos o desdobramento chamado
de Ogum de Lei, ou seja, combinação vibratória do Orixá Ogum com o
Orixá Xangô. Em nível de necessidade nossa de terra (ou terreiro) é quando Ogum
atua na execução de justiça. É o Ogum da ponderação, ou seja, conquista/defesa
através da ponderação, da estratégia.
Ao cruzamento vibratório do Orixá Ogum com
o Orixá Oxossi dá-se o nome de Ogum Rompe-Mato. É
o Ogum do imediatismo, ou seja, conquista/defesa através da expansão.
Ao cruzamento vibratório do Orixá Ogum com
a Orixá Oxum, ou seja, Ogum atuando na defesa dos rios e cascatas,
dá-se o nome de Ogum Iara. É o Ogum da diplomacia, ou seja,
conquista/defesa através da concórdia, diplomacia.
E o Orixá Ogum atuando na
defesa do reino de Iemanjá, juntamente com a Orixá Iansã (ação
sazonal dos ventos e tempestades causando a turbulência das ondas) dá-se o nome
a esta manifestação de Ogum Beira-Mar. É o Ogum do inesperado, ou
seja, conquista/defesa através de ações inesperadas.
Uma observação importante a se fazer é que cada vez
que um Orixá se desdobra por combinar-se com outro, ele absorve algumas de
características do Orixá com o qual se combinou, gerando e atendendo assim
outras necessidades nossas.
Especificando:
Ogum Megê – este desdobramento de Ogum, gerado pela
união dos elementos terra (Omulu) e fogo, está presente nos assuntos atinentes
a desmanche de magia.
Ogum de Lei – este desdobramento de Ogum está
presente nos assuntos atinentes a execução de justiça.
Ogum Iara – este desdobramento de Ogum
está presente nos assuntos atinentes a conquistas diplomáticas.
Ogum Rompe Mato – este desdobramento de Ogum está presente nos assuntos pertinentes a coisas de solução rápida, revigorantes e de conquista de espaço de maneira geral.
Ogum Beira Mar – este desdobramento de Ogum está presente nos assuntos atinentes a conquista material e de fortuna.
Ogum Rompe Mato – este desdobramento de Ogum está presente nos assuntos pertinentes a coisas de solução rápida, revigorantes e de conquista de espaço de maneira geral.
Ogum Beira Mar – este desdobramento de Ogum está presente nos assuntos atinentes a conquista material e de fortuna.
Estas são as manifestações mais comuns que se
apresentam nos terreiros e são considerados chefes de linha, outras encontradas
em nível de terreiro são consideradas desdobramentos destes desdobramentos.
Em função de sua característica básica de luta e
guerra, o Orixá Ogum foi associado ao planeta Marte, que rege a terça-feira, e
por extensão é o dia da semana em que cultuamos Ogum na Umbanda. O dia em que
homenageamos Ogum é 23 de abril. Na Umbanda é sincretizado com São Jorge, mas
NÃO é este Santo! Suas cores são o vermelho e branco. Seus domínios são as
estradas, encruzilhadas, cachoeiras e o mar. Seu Amalá é a feijoada feita de
feijão fradinho ou feijão vermelho.
Ogum iê, meu Pai! Saravá!