Blog da Casa de Caridade Luz Divina - dirigente espiritual Vovó Luiza

3 de abril de 2011

As consequências de utilizar sangue em rituais na Umbanda

Muitos centros espíritas e pais ou mães de santo gostam de usar sangue, sacrificar animais em rituais de obrigação. Mas isto tem consequências. Vamos ver o que diz Ramatis a respeito:

Os praticantes "terão de se revitalizar com fluido do sangue derramado sob pena de tornarem seus corpos astrais disformes, como se fosse manteiga derretendo ao sol. A monoideia plasmada no corpo mental, por anos de atos ritualísticos de veneração ao sangue animal como elemento mantenedor da vida, causa-lhe profunda impressão pela natural plasticidade do plano astral, retendo-os em concha vibratória que os escraviza em louca e desenfreada busca  para saciar o anseio de vida, ao mesmo tempo que os imanta na crosta, dementados, nos centros que realizam as matanças animais.
A Lei é imutável e o tipo de vibração que estabelece o estado do espírito, após ultrapassar o inexorável portal da supultura, depende dos atos do encarnado no mediunismo, que estabelecem a ligadura energética do corpo astral com o metabolismo que se instala para sua manutenção no Além. Como a mente escraviza ou liberta, multiplicando por mil as consequências das ações iniciadas na carne na matemática da espiritualidade, o que era banal e exigiu o ato "simplório" e rotineiro de esfaquear um animal menor do orbe, derramando-lhe o sangue quente, do "lado de cá" é como chumbo abrasador que recai no alto da cabeça, consequência justa do que se fez em nome do Divino na Terra".

Portanto, pense duas, mil vezes antes de deixar que matem um animal em sua coroa...

27 de março de 2011

Umbanda é magia

A Umbanda é magia
Magia do marafo. Magia da fumaça
Magia do som. Magia do movimento
O marafo atrai. A fumaça defuma
O som harmoniza. E o movimento vibra
Umbanda é magia
Magia da guia. Magia do ponto riscado. Magia do ponteiro.
A guia protege. A pemba ordena. O ponteiro firma.
Umbanda é magia.
Magia da Oxalá. Magia de Ogum.
Magia de Oxossi. Magia de Xangô.
Oxalá é amor. Ogum é a força.
Oxossi é a vida. Xangô é o equilíbrio, a justiça
Umbanda é magia
Magia de Iemanjá. Magia de Oxum.
Magia de Iansã. Iemanjá é a criação.
Oxum é o equilíbrio. Iansã é a guerreira.
Umbanda é magia
Magia do terreiro. Magia da hierarquia. Magia da corrente.
O terreiro é a casa. A hierarquia é a ordem. A corrente a força.
Umbanda é magia
Magia do caboclo. Magia do preto-velho. Magia da criança.
O caboclo é a força. O preto-velho é a humildade. A criança a inocência.
Umbanda é magia
Magia do exu. Exu é o equilíbrio de tudo
Saravá a magia da umbanda!
Magia é a arte de manipular a natureza criando campos de força. E é exatamente isso que fazem os Orixás nos terreiros de Umbanda. Juntam elementos para criar desde um simples patuá até uma enorme energia positiva para destruir outra da mesma intensidade criada por espíritos malignos. Magia é botar um imã dentro de um coité com água com uma guia para absorver as energias negativas desta guia.
Magia não tem receituário nem dicionário. Magia é magia. Quem aguenta mandinga manipula patuá. Apenas lamento o mau uso do termo magia. Todas as pessoas que trabalham na Umbanda são pequenos magos. Uns conscientes e outros inconscientes, mas, direta ou indiretamente, praticam a magia. Por burrice tem gente matando cabritos, comendo carne crua e alguns, pasmem, praticando a magia do sexo, esta a mais burra e inexistente magia. São pessoas desorientadas e pervertidas usando o nome da magia para saciar seus instintos grotescos. Um conselho: não queiram entender a magia. Deixem isso para as entidades. 

Magia do "marafo"

A cachaça tem dupla função. Serve para amortecer o médium permitindo ao espírito melhor domínio de seu mental, além de ser manipulado no plano espiritual para fins que fogem completamente à nossa compreensão. Espírito não vem no terreiro para beber. O grande exu Tranca Ruas das Almas, inquirido sobre a necessidade do espírito beber respondeu:
"Se quisesse beber não viria nos terreiros. Iria frequentar os bares onde vivem os alcoólatras e lá arranjaria um copo-vivo. (termo usado àqueles que são dominados por espíritos viciados em bebida)".
Aqui vale um ensinamento. No mundo espiritual existe o principio da lei dos semelhantes, ou seja, o semelhante atrai o semelhante. Todo homem embriagado quase sempre está acompanhado de um espírito semelhante. O grande problema é que, como o espírito não pode ingerir a bebida, ele aspira, para sua satisfação, o cheiro do álcool, razão pela qual o bêbado (copo vivo), ingere enormes quantidades de bebida. Uma parte para ele e outra para o espírito. 

Magia da fumaça

Todas as religiões do mundo usam a fumaça como depurador das energias. A defumação é sagrada e consagrada pelo mundo inteiro, desde os monges tibetanos até os padres católicos. O turíbulo do Orixá é o charuto. Faz parte da cultura indígena e por extensão da Umbanda. Não devemos confundir a fumaça do charuto com a defumação através de ervas ou bastões cheirosos. Ambos têm funções importantes na religião, mas são usados de forma diferente. Não devemos esquecer os vários tipos de fumaça usadas pelos espíritos. Além do charuto, o palheiro ou cachimbo do preto-velho, o cigarro comum das pombas-gira, também produzem o mesmo efeito. Uma forma também eficiente e forte para defumar é pano na brasa. Vejam, existem várias formas, mas todas produzem fumaça, mas também o cheiro. 

Magia do som e do movimento

A música foi feita para as pessoas se amarem. O som mexe nossos sentimentos. E também fazia parte da cultura dos índios. É um mantra. Mas não é só isso. O som repercute no éter. Ele vibra. A fala mansa domina e a fala grosseira irrita. Ele tem um equilíbrio, regulando nossas emoções. Quando ouvimos uma música forte, sentimos força interior. Ficamos mansos e dóceis ao som de uma música suave. 

Magia da guia

A guia é o elemento de ligação entre o médium e o espírito. Imanta-se um campo de força nela centralizado, criando uma eficiente proteção contra eventuais energias negativas.  A guia deve ser feita de acordo com a vontade do espírito. Guia não é colar e, muito menos, enfeite. Existem vários tipos de guia. A guia do Orixá cósmico é feita com pedras da cor cultuada pelo dirigente do terreiro. São pedras de cristal e suas miçangas podem ser distribuídas com bom gosto. Deve ser usada pendurada no pescoço e nunca atravessada no ombro. Guia não é nossa. Pertence à entidade, para nossa proteção.

Magia do ponto riscado

A sagrada grafia dos Orixás serve para identificar o espírito comunicante, para chamar falanges e construir campos de força. Pai de santo experiente identifica o espírito pelo seu ponto riscado.

Magia do ponteiro

Os antigos magistas já usavam a espada como elemento de grande importância em seus trabalhos de magia. Na verdade a ponta do aço é usada para explodir campos negativos de forças. Quando fincado, ele firma a magia, ou seja, firma o ponto. Todos os espíritos na Umbanda fazem uso do ponteiro. É difícil identificar suas intenções quando "batem os ponteiros". Mas batem, e batem muito bem.

Magia do Terreiro

O terreiro é a casa santa dos umbandistas. Nele se concentram todas as energias dos espíritos. Suas firmezas, o congá, a roncó, a casa dos exus, o respeito dos frequentadores. É o lugar onde cultuamos e desenvolvemos nossa espiritualidade através do emocionante encontro com o mundo dos espíritos, o outro lado da vida, a nossa Aruanda.

Magia da hierarquia

A hierarquia na Umbanda é respeitada por todos os participantes. O pai ou mãe de santo dita as regras e a filosofia da casa, as mães e pais pequenos são seus auxiliares diretos, os capitães cuidam da gira e dos médiuns e os ogans cuidam da engoma, o conjunto de instrumentos usados no terreiro. Sobre a obediência à hierarquia o Caboclo Akuan disse: "quem não sabe obedecer, jamais poderá mandar". Este conjunto de respeito forma a união e a integridade mágica da casa dos espíritos.

Magia da corrente

Ninguém é tão forte como todos nós juntos. A corrente é a grande força do terreiro. Quem trabalha sozinho, um dia ou outro, vai se complicar. É inevitável o desastre. A corrente é a força do terreiro. Tudo gira em torno dela. São a firmeza das entidades.

Magia do Caboclo

A presença do índio brasileiro na Umbanda é a prova incontestável de sua nacionalidade. Mesmo nas outras linhas a sua cultura está sempre presente. Ele representa a força. Nem poderia ser diferente, partindo de um povo morador nas matas e dentro das florestas e conhecedor de todos seus segredos, inclusive os espirituais.

Magia da Criança

Imaginem uma criança com menos de sete anos, possuindo a experiência e a vivência de um homem velho e ainda gozando a imunidade própria dos inocentes. Esta é a entidade conhecida na umbanda por erê. Fazem tipo de criança, pedindo como material de trabalho chupetas, bonecas, bolinhas de gude, doces, balas e as famosas águas de bolinhas, ou seja, o refrigerante e tratam a todos como tio e vô. Os erês são, via de regra, responsáveis pela limpeza espiritual do terreiro. A incorporação da criança é típica. Sempre andam se arrastando e dificilmente ficam em pé. 

Magia do Preto Velho

O Preto Velho é o feiticeiro, apesar de suas mensagens serem baseadas no evangelho. É o fala mansa, humilde, mas intransigente. É ele quem nos dá os puxões de orelha. Na magia, além dos segredos de origem africana, conhecem a cultura dos pajés indígenas. Eles que organizam os trabalhos para o exu, aliás, seu subalterno direto.
Fonte: Terreiro Pai Maneco





22 de março de 2011

Os fatores de Deus e os aspectos dos Orixás

O estudo dos aspectos ou qualidade dos Orixás é muito importante. Por meio da manifestação de determinados sentimentos em nosso íntimo podemos estabelecer se estamos absorvendo a parte positiva ou negativa de um fator. Geralmente absorvemos as partes positivas deles, que têm o poder de fortalecer o nosso virtuosismo e manter-nos dentro do grau vibratório mental humano. Mas, caso desenvolvamos em nosso íntimo sentimentos classificados como negativos ou viciados, então alteramos nosso magnetismo mental e a própria mudança vibratória já começa a absorver, por intermédio dos chacras, as partes negativas dos fatores relacionados a eles. Como exemplo, tomaremos o amor: O amor é sinônimo de união e armonização. Já o sentimento oposto a ele é o ciúme, que é sinônimo de desconfiança e insegurança. Com isso em mente, então, ao ver uma pessoa ciumenta, ali também estará uma pessoa desconfiada e insegura em relação ao objeto que desperta nela o ciúme. Se inquirirem-na sobre a razão do seu ciúme “doentio”, com certeza ela negará que sente ciúme e dirá que o que sente é atração ou amor. Esse exemplo pode ser transposto para os
outros sentidos da vida e sempre encontraremos os sentimentos virtuosos ou seus opostos negativos.
Vejamos os aspectos positivos e negativos dos Orixás, os geradores naturais dos fatores de Deus.

OS ASPECTOS POSITIVOS DOS ORIXÁS
• Oxalá é magnetizador da Fé;
Orixás
• Oiá é cristalizadora da Religiosidade;
• Oxum é concebedora do Amor;
• Oxumaré é renovador da Concepção;
• Oxossi é expansor do Conhecimento;
• Obá é concentradora do Raciocínio;
• Xangô é o equilibrador da Justiça;
• Egunitá é energizadora da Razão;
• Ogum é ordenador da Lei;
• Iansã é direcionadora do Caráter;
• Obaluaê é transmutador da Evolução;
• Nanã é decantadora dos Sentidos;
• Iemanjá é geradora da Criatividade;
• Omulu é estabilizador da Geração.

OS ASPECTOS NEGATIVOS DOS ORIXÁS
• Oxalá, em seu aspecto oposto ou negativo, gera a ilusão;
• Oiá, em seu aspecto oposto ou negativo, gera o fanatismo;
• Oxum, em seu aspecto oposto ou negativo, gera o ciúme;
• Oxumaré, em seu aspecto oposto ou negativo, gera a permissividade;
• Oxossi, em seu aspecto oposto ou negativo, gera a dispersão;
• Obá, em seu aspecto oposto ou negativo, gera a petrificação;
• Xangô, em seu aspecto oposto ou negativo, gera o desequilíbrio;
• Egunitá, em seu aspecto oposto ou negativo, gera a fraqueza;
• Ogum, em seu aspecto oposto ou negativo, gera a confusão;

• Iansã, em seu aspecto oposto ou negativo, gera o imobilismo;
• Obaluaê, em seu aspecto oposto ou negativo, gera a apatia;
• Nanã, em seu aspecto oposto ou negativo, gera a senilidade;
• Iemanjá, em seu aspecto oposto ou negativo, gera a esterilidade;
• Omulu, em seu aspecto oposto ou negativo, gera a paralisia.
É muito importante o estudo dos aspectos opostos ou negativos dos Orixás, pois, a partir da identificação das partes negativas de um fator que uma pessoa está absorvendo, é possível ajudá-la a substituir seus sentimentos negativos por outros, já positivos, e alterar tanto a sua psique quanto seu magnetismo mental. Fato esse que a torna mais calma, sensata, madura e cordata ou compreensiva.
Sabemos que é a partir da absorção das partes negativas dos fatores que uma pessoa torna-se mentalmente acessível a atuações espirituais tormentosas, pois a sua própria afinidade “magnética” começa a atrair os seus “semelhantes”.
• Pessoas ciumentas atraem espíritos possessivos;
• Pessoas descrentes atraem espíritos iludidos;
• Pessoas permissivas atraem espíritos devassos;
• Pessoas degeneradas atraem espíritos viciosos.
E assim sucessivamente, pois os afins se atraem mesmo, tanto nos aspectos positivos como nos negativos. Portanto, vigiem vossos sentimentos íntimos e os anulem caso forem negativos, senão não terão como alterar as vossas companhias. A frase dita pelo mestre Jesus é reveladora, pois só “andamos” com quem nos é afim. “Diga com quem andas que te direi quem és.”
E nós dizemos isso: “Diga que sentimentos íntimos vibras e te diremos quem atrairás”.

13 de março de 2011

Sobre sacrifício de animais em rituais

- "Minha filha", intuiu-me minha querida preta velha, Vó Luiza, "quer saber por que não se deve matar animais à título de 'mais força nos trabalhos' ou 'maior proteção pros filhos'?
Esta indagação foi feita diante de eu e irmãos de fé termos percorrido vários terreiros em busca de uma casa com sustentação, doutrina, fundamento, disciplina, mas ora encontrávamos caridade sem doutrina, ora encontrávamos doutrina e disciplina com sacrifício de animais, tanto em obrigações quanto para curar doenças, proteção... Então, começamos a nos perguntar se era certo matar os animais... pois a justificativa era sempre de que "assim dá mais força e proteção".
- "Os seres humanos encarnados, hoje, precisam de iluminação artificial em suas casas, dependem da energia elétrica pra tudo. Então, tem 2 formas de gerar energia: usinas nucleares e usinas hidrelétricas. As duas fornecem energia, ou seja, cumprem seus objetivos. Agora imagina que vão construir uma usina em sua cidade, bem perto de onde você mora. O que você vai preferir: a usina hidrelétrica - que utiliza meios naturais, a água, para mover e gerar energia -, ou a usina nuclear - que polui a natureza e pode matar as pessoas, apesar de gerar energia?
Então, assim é em relação à matança de animais nos rituais, principalmente obrigações, o pai ou mãe de santo pode optar em sacrificar os bichinhos ou usar plantas, ervas e frutas... as duas formas cumprem o mesmo objetivo, o problema são as consequências..."


Bela sabedoria, Vó Luiza!!!

Oração aos Orixás

Ogum
Que a tenacidade de Ogum nos inspire a viver com determinação, sem que nos intimidemos com pedras, espinhos e trevas. Sua espada e sua lança desobstruam nossos caminhos e seu escudo nos defenda.
Ogum yê!


Oxossi
Que o labor de Oxossi nos estimule a conquistar sucesso e fartura à custa de nosso próprio esforço. Que suas flechas caiam à nossa frente, às nossas costas, à nossa direita e à nossa esquerda, cercando-nos para que nenhum mal nos atinja.
Okê Oxossi! 


Oxum
Que oxum nos dê a serenidade para agir de forma consciente e equilibrada. Tal como suas águas doces – que seguem desbravadoras no curso de um rio, entrecortando pedras e se precipitando numa cachoeira, sem parar nem ter como voltar atrás, apenas seguindo para encontrar o mar – assim seja que nós possamos lutar por um objetivo sem arrependimentos.
Ora yeyêo oxum! 


Iansã
Que os raios de Iansã iluminem nossos caminhos e o turbilhão de seus ventos leve para longe aqueles que de nós que se aproximam com o intuito de se aproveitarem de nossos fraquezas.
Êpa hey Iansã! 


Que as pedreiras de xangô sejam a consolidação da lei divina em nosso coração. Seu machado pese sobre nossas cabeças agindo na consciência e sua balança nos incuta o bom senso.
Kaô kabecilê Xangô! 


Iemanjá
Que as ondas de Iemanjá nos descarreguem, levando para as profundezas do mar sagrado as aflições do dia-a-dia, dando-nos a oportunidade de sepultar definitivamente aquilo que nos causa dor e que seu seio materno nos acolha e nos console.
Odoyá Iemanjá !


Omulu
Que Omulu traga não só a cura de nossas mazelas corporais como também ajude nosso espírito a se despojar das vicissitudes.
Atotô Omulu! 


Nanã
Que a sabedoria de Nanã nos dê outra perspectiva de vida, mostrando que cada nova existência que temos, seja aqui na terra ou em outros mundos, gera a bagagem que nos dá meios para atingir a evolução, e não uma forma de punição sem fim como julgam os insensatos.
Saluba Nanã! 


Oxalá
Que a paz de Oxalá renove nossas esperanças de que, depois de erros e acertos, tristezas e alegrias, derrotas e vitórias, chegaremos ao nosso objetivo mais nobre: aos pés de Zambi maior!
Êpa Babá Oxalá! 

28 de dezembro de 2010

Orixá regente de 2011

Não poderia ser diferente: na Umbanda e nas religiões afro-brasileiras não encontramos um consenso de qual é o Orixá regente para 2011. São muitas formas de se fazer esta leitura: búzios, astrologia, odus, numerologia...
Assim, estamos liberando um pequeno texto sobre o assunto, que não tem a intenção de ser definitivo.
É certo que Mercúrio será o planeta regente de 2011. As particularidades e atributos desse planeta fazem referência à comunicação, à eloquência e à energia do movimento, move-se mais depressa do que qualquer outro planeta. 
Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol, está entre o Sol e Vênus, e pode ser visto a olho nu ao amanhecer e ao entardecer. O Sol está ligado ao Orixá Xangô, uma das grandes paixões de Iansã, segundo os mitos africanos, e Vênus está ligado a Oxum, que também segunda a mitologia yoruba, é irmã próxima de Iansã e vivem “disputando” entre si.
Mercúrio está associado aos trabalhos do intelecto como escrever, ensinar e aprender, sendo a inteligência o melhor veículo para compreender o mundo e a si mesmo. Mercúrio representa nossa maneira de aprender e comunicar o que aprendemos, mas também representa nossa maneira de ouvir. Em seus aspectos negativos de comportamento humano surge o mentiroso, o ladrão, o superficial, e no positivo encontraremos aquela pessoa alegre, brincalhona, estudiosa, inteligente.
Com este astro como regente, não faltarão oportunidades para boas conversas, intercâmbio de experiências entre pessoas das mais diferentes idades e uma vontade incontrolável de mudar completamente tudo aquilo que nos cerca. Por ser agitado e muito versátil, Mercúrio provocará uma movimentação intensa em todas as áreas da nossa vida, com mil ideias ao mesmo tempo, o desejo de partir em busca de novidades falará mais alto dentro de cada um de nós.
Diante disto, entendemos que o Orixá regente de 2011 será Iansã,  o Orixá que ajudará nossa vida girar e se transformar, afinal é nela que encontramos a eloquência, a potência do movimento e os extremos de temperatura como é característica do planeta mercúrio. É Ela que vemos e sentimos no amanhecer e no entardecer, assim como vemos o planeta mercúrio.

Iansã em seus aspectos psicológicos humanos é alegre, inteligente, impulsiva, afetuosa e atraente, cheia de instinto e justa.
Este próximo ano também estará relacionado com a orixá Oxum, pelo fato de Vênus estar perto de Mercúrio e por levarmos em conta que o primeiro dia do ano cai em um sábado, dia dos Orixás d’água, ou seja, dia em que cultuamos Oxum e Iemanjá, prometendo um ano dotado de intuição, de doçura e, acima de tudo, um ano de libertação. Quando há ação de Iansã, pode ter certeza, há a ação de Oxum complementando e potencializando, fazendo e acontecendo, girando e conduzindo tudo. Tudo no auge da paixão e do amor.
Portanto, 2011 vibrará em Iansã e Xangô. Claro está que devemos ter sempre todas estas energias dos Orixás canalizadas em nossos trabalhos e as diferenças de interpretação na comunidade Umbandista não devem servir de motivação para conflitos e sim para a compreensão da nossa plena liberdade de escolha.

Fonte: Choupana do Caboclo Pery

26 de dezembro de 2010

Armas do Pacificador

"Bem aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus".Jesus 

Há pouca coisa mais importante do que a Paz, se é que existe alguma. O próprio prazer, a satisfação e a felicidade só se expressam em plenitude e perduram quando respaldados e experienciados sob as asas da Paz. Mesmo a aclamada liberdade ou a saúde perdem muito de seu brilho quando desacompanhadas da paz e na falta da paz ambas não sobrevivem. 

Por mais que nos estressemos com atritos, explosões de ira, agressões verbais e físicas ou com intermináveis brigas encenadas mentalmente, o que em última instância anelamos é Paz.  Quem me dera ter Paz! É o suspiro doído que brota das entranhas de incontáveis corações. Por estas e tantas outras razões, precisa-se de pacificadores que atuem em todas as áreas das relações humanas. O salário é a própria paz e esta não tem preço. 

Para Jesus, os pacificadores fazem parte de uma "tropa de elite" em cujo regimento encontram-se o "humilde de espírito","os que choram", "os mansos", "os que têm fome e sede de justiça", "os misericordiosos" e "os limpos de coração". Tal corporação submete-se a exercícios e técnicas de esvaziamento, de individuação; são treinados a reconhecer a voz divina em seus próprios corações, desenvolvendo assim a irresistível força da humilde. Estão sempre alerta em relação às perdas que podem ser infligidas pelo orgulho, arrogância e soberba. Para isso monitoram as possíveis rebeliões do ego, cuidando para mantê-lo em harmonia com o Self, em submissão aos domínios da Alma. 

Além da coragem e da força, possuem segurança interna que os permite deixar correrem livres as lágrimas, ao perceberem que seus maiores inimigos e suas maiores batalhas precisam ser travadas contras suas próprias sombras. Usam, no entanto, estas mesmas lágrimas como fonte de consolo, como bálsamo com o qual amorosamente lavam e tratam as feridas causadas por estas angustiantes lutas interiores. 

Perseveram valorosamente na trincheira da mansidão, resistindo com nobre bravura aos mais variados ataques. Assim conquistam admiração, respeito e amor, o que os leva a ocuparem espaço cada vez maior no coração das pessoas com as quais convivem. Percebem que a truculência é a arma do fraco, com a qual tenta camuflar o sentimento de inferioridade e a própria insegurança. 

Desenvolvem um paladar refinado, um olfato apurado que, como uma bússola, os mantém na direção de tudo que cheira justiça, que tem o sabor da Verdade, que é temperado com a universal e divina Lei do Amor.

Movem-se com o cauteloso cuidado da misericórdia por saberem que no terreno minado da existência humana há muitos buracos causados pela ignorância, pela maldade, pelas múltiplas expressões da miséria, carentes de ser preenchidos por corações repletos de compaixão.

E por saberem que precisam usar, sobretudo, o coração, buscam cuidar bem dele mantendo-o limpo, em paz, iluminado com a Luz de Cristo. Assim, são capazes de enxergar as manifestações divinas, mesmo nas mais densas noites.

Estes soldados do Reino desenvolvem e colocam em prática táticas arquitetadas com os recursos da inteligência emocional e espiritual. Com elas, diluem na solução da compreensão amorosa injúrias e difamações e, como recompensa, não lhes faltam motivos de comemoração, de regozijo, de exultante alegria. Aos integrantes desta tropa de elite, o Mestre Jesus faz referência chamando-os bem aventurados. Deste grupo de operações especiais, faz parte o pacificador.

Como os demais, o pacificador desenvolve práticas de não confrontação, de proatividade, resistência pacifica, da arte da paz, que lhe permitem resistir bondosamente e ser bem sucedido em suas incursões nos traiçoeiros domínios dos inimigos da alma. Para tal, faz uso de três poderosas armas de combate. São elas: Prontidão para ouvir, falta de pressa para falar, pressa nenhuma em se irar. Diligentemente, submete-se a ordem Superior que assim determina: "Todo o homem, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar".

Um pacificador é um construtor de pontes, reparador de brechas, apagador de incêndios, encurtador de distância, restaurador de relacionamentos. É facilmente reconhecido como um Filho da Luz. Não é, entretanto, partidário da paz a qualquer preço, ainda que seja capaz de pagar preço alto para que haja paz. A paz que busca não é a paz de cemitério, onde sob a superfície a morte impera, e sim a paz de cujo solo a vida floresce.

Não somos ensinados a ouvir! Nascemos com dois desafios básicos e urgentes: aprender a andar e aprender a falar. Talvez por isso a dificuldade de parar para ouvir. Raramente os adultos ouvem as crianças. Basta olhar o empenho com o qual elas buscam atenção apesar de, geralmente, acabarem submetidas aos gritos dos adultos. E aí quem grita por ultimo grita pior! 

Quando alguém é perito na arte de ouvir liberta-se da compulsão do falar e deixa de olhar o ouvido alheio como território a ser conquistado. Um pacificador possui na arte de ouvir seu mais eficiente e fiel escudeiro. Com tal respaldo, fica livre para dar atenção, valorizar, compreender, reconhecer, entender e respeitar os que necessitam ser ouvidos. Lembrando Rubem Alves, "De todos os sentidos, o mais importante para a aprendizagem do amor, do viver  juntos e da cidadania é a audição. No princípio era o Verbo; Antes do Verbo  era o silêncio. É do silêncio que nasce o ouvir. Só posso ouvir a palavra se meus ruídos interiores forem silenciados. Só posso ouvir a verdade do outro se eu parar de tagarelar." 

O pacificador, por ser um bom ouvinte, fala usando menos palavras e mais sabedoria. Sua palavras, no entender do sábio rei Salomão, são "como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo"; isto é, possui arte, beleza, valor e momento oportuno. "São agradáveis como favo de mel: doces para a alma e medicina para o corpo".

Ouvindo e falando com amor e sabedoria, o pacificador, este reconhecido filho de Deus, dificilmente alimentará a ira, seja no semelhante, seja em si mesmo.  Ele integra a "tropa de elite" empenhada em alargar as fronteiras da Paz.