Divindade
masculina Yorubá, figura que se repete em todas as formas mais conhecidas da
mitologia universal. Ogum é o arquétipo do guerreiro. Bastante cultuado no
Brasil, especialmente por ser associado à luta, à conquista, é a figura do
astral que, depois de Exu, está mais próxima dos seres humanos. Foi uma das
primeiras figuras da religião incorporada por outros cultos, notadamente pela
Umbanda, onde é muito popular. Tem sincretismo com São Jorge (tradicional
guerreiro do mito católico, também lutador, destemido e cheio de iniciativa).
A relação de Ogum com os
militares (é considerado o protetor de todos os guerreiros) tanto vem do
sincretismo realizado com São Jorge, sempre associado às forças armadas, como
da sua figura de comandante supremo Yorubá.
Portanto, Ogum é aquele que gosta
de iniciar as conquistas, mas não sente prazer em descansar sobre os resultados
delas, ao mesmo tempo é figura imparcial, com a capacidade de calmamente
exercer (executar) a justiça ditada por Xangô. É muito mais paixão do que
razão.
É o padroeiro de todos os que
manejam ferramentas: ferreiros, barbeiros, tatuadores, e, hoje em dia,
mecânicos, motoristas de caminhões e maquinistas de trem. É, por extensão, o
Orixá que cuida dos conhecimentos práticos, sendo o patrono da tecnologia. Do
conhecimento da guerra para o da prática – tal conexão continua válida para
nós, pois também na sociedade ocidental a maior parte das inovações
tecnológicas vem justamente das pesquisas armamentistas, sendo posteriormente
incorporada à produção de objetos de consumo civil, o que é particularmente
notável na indústria automobilística, de computação e da aviação.
Assim, Ogum não é apenas o que
abre as picadas na matas e aquele que derrota os exércitos inimigos; é também
aquele que abre os caminhos para a implantação de uma estrada de ferro, instala
uma fábrica numa área não industrializada, promove o desenvolvimento de um novo
meio de transporte, luta não só contra o homem, mas também contra o
desconhecido. Ele é o símbolo do trabalho, da atividade criadora do homem sobre
a natureza, da produção e da expansão, da busca de novas fronteiras, de
esmagamento de qualquer força que se oponha à sua própria expansão.
Tem, junto com Exu, posição de
destaque logo no início de um ritual. Tal como Exu, Ogum também ajuda a
proteger o Terreiro. A força de Ogum está tanto na coragem de se lançar à luta
como na objetividade que o domina nestes momentos.
Além da ajuda que pode prestar em
qualquer luta, Ogum é o representante no panteão africano não só do
conquistador, mas também do trabalhador braçal, do operário que transforma a
matéria-prima em produto acabado. Ele é a própria apologia do ofício, do
conhecimento de qualquer tecnologia com algum objetivo produtivo, do
trabalhador, em geral, na sua luta contra as matérias inertes a serem
modificadas.
Ogum gosta das coisas
esclarecidas e às claras, dos assuntos definidos em rápidas palavras, de falar
diretamente a verdade sem ter de preocupar-se em adaptar seu discurso para cada
pessoa. Não é violento e agressivo, embora seja austero e firme, pois gosta da
verdade e não aceita falsidades e demandas.
Ogum é o
Senhor dos caminhos e realiza a abertura destes, a ordenação, o afastamento da
desordem e do caos, o corte das atuações negativas, mas tudo a partir do
equilíbrio íntimo dos seres perante a Lei Divina. A primeira “batalha” que Ogum
ensina é vencer os vícios e a desordem interna para que, uma vez equilibrados,
possamos atrair situações e relacionamentos ordenados, livres da desordem que
nasce do desrespeito à Lei Maior e à Justiça Divina.
OGUM é o Orixá que examina os
problemas e dá seu parecer, fornecendo os elementos necessários para que XANGÔ
possa exercer a justiça. É o guerreiro valente, que enfrenta a luta do
dia-a-dia sem receio e capaz de reverter uma derrota em vitória.
Lei e
Justiça são interligadas, não se pode obter o amparo da Justiça Divina sem
viver em obediência às Leis da Criação. O dragão subjugado por São Jorge, que é
sincretizado com Ogum, representa exatamente o trabalho pela vitória sobre as
nossas trevas interiores. O dragão é o símbolo da maldade, dos vícios, das
negatividades, do ego exacerbado, da vaidade extrema, da ganância. Vencendo “o
dragão”, sob o amparo de Ogum, nos habilitamos a atrair situações favoráveis,
sob o amparo da Lei. Porque a Lei atua sem cessar, irradiando-se para toda a
Criação. Sintonizados com a Lei, alcançamos o amparo da Lei e da Justiça do
Criador. Então, os inimigos terão olhos, mãos, pés e armas, mas não conseguirão
nos enxergar, não poderão nos tocar e nem nos alcançar ou ferir.
Ogum é a
Lei, é a via reta. É associado ao planeta Marte e ao número 7.
Entenda
que quando falamos dos Oguns que baixam nos Terreiros de Umbanda rodando suas
espadas no ar, não são o próprio Orixá Ogum, pois não se incorpora Orixás na
Umbanda, muito menos são Caboclos de Ogum, os caboclos de Ogum são índios que
fazem cruzamento com este Orixá. Os Oguns que incorporam na Umbanda são os
falangeiros de Ogum.
A
respeito do sincretismo de Ogum com São Jorge, Fernandes, em seu artigo
“Astrologia e Mitos Religiosos”, afirma que “o simbolismo, aliás, não poderia
ser mais adequado: São Jorge veste uma armadura de guerra (a proteção
necessária para atuar em ambientes inferiores) e monta um cavalo branco (as
forças da matéria e o lado animal da personalidade, já purificados – por isso a
cor branca – e colocados à serviço de desígnios elevados). Utiliza a lança e a
espada (um símbolo do direcionamento da energia) e consegue vencer o dragão (as
forças das trevas). A espada está ligada ao Orixá de três formas: por ser
guerreiro e caçador, Ogum rege as armas em geral; por ser ferreiro, é
fabricante de objetos de metal; e, finalmente, é o Orixá regente do ferro,
matéria-prima para a maioria das armas. Como símbolo, a espada representa a
energia mobilizada e direcionada para cortar o avanço do mal”.
DIA DE HOMENAGEM – 23 de abril
DIA DA SEMANA -
terça-feira
CONTAS - na
Umbanda: vermelhas
FLORES -
vermelhas (Crista de Galo ou cravo vermelho)
MINERAL – ferro e
aço
FRUTAS - cajá;
manga espada
COMIDA – feijoada
de feijão vermelho
BEBIDA - na
Umbanda: cerveja branca
SÍMBOLO - espada
ou escudo
SAUDAÇÃO - PATAKORI
OGUM ou OGUM IÊ
INFLUÊNCIA DO ORIXÁ SOBRE SEUS
FILHOS (ARQUÉTIPO)
POSITIVAS - Quando
prevalece a vibração do Orixá: são corajosos, intrépidos, ordeiros, elegantes,
etc.
NEGATIVAS - Quando
prevalece o livre arbítrio negativo: são arrogantes, indisciplinados,
ciumentos, covardes, etc.
OGUM, nosso guerreiro invencível,
Orixá protetor dos viajantes e dos oprimidos, estenda a sua vibração até nós
para que possamos caminhar na estrada da vida, no cumprimento tranquilo de
nossa tarefa cármica.
PATAKORI OGUM!