Por
Alexandre Cumino
Você
colabora com seu Terreiro?
Sem
dinheiro não conseguimos nem pegar um ônibus, comer, vestir ou fazer parte de
alguma atividade social que se auto-mantenha, a não ser que... outros estão
custeando nossa presença; o que é feito de fato quando um templo recebe a todos
para um culto, louvação ou atividade mediúnica caritativa. Sempre há gastos e,
se estamos sendo recebidos graciosamente e gratuitamente, alguém está custeando
os gastos para realizar tal empreitada.
O
bem mais precioso, que é a vida, nos foi concedido gratuitamente, assim como a
presença de Deus, são bens que não se compram, vende ou troca. Daí a máxima:
“dar de graça o que de graça recebemos”. Por esta máxima se dá a ética, não
cobrar um único centavo pelo trabalho espiritual realizado nos Templos, que são
a Casa de Deus, em que se reconhece o poder de realização muito além de nosso
querer, ego ou vaidade. Gratuitamente está ali a graça divina e o poder de ação
de nossos Guias e Orixás.
No
entanto, quem paga o aluguel, luz, água, produtos de limpeza, vela, defumação,
bebidas, fumo e outros elementos ritualísticos, além de encargos e cobranças
relativas à legalização e contabilidade de um templo? O dirigente deve pagar
tudo a fim de fazer valer sua condição de “beneficiário maior” ou este é seu “carma”,
o de manter e sustentar, sozinho, o trabalho que é realizado por um grupo de
médiuns, uma comunidade? Então os outros médiuns, todos templos vivos de Deus e
sacerdotes deste templo individual, que se reúnem no coletivo (terreiro), não
tem a mesma responsabilidade que seu dirigente/sacerdote, guardando as
proporções a que cada um foi chamado em sua missão?
Para
um médium assumir, realmente, este compromisso mediúnico/sacerdotal deve ter na
Umbanda, em sua mediunidade e missão espiritual, uma prioridade perante a vida,
na qual não deve haver compromisso que seja que o libere de estar presente de
forma consciente de suas responsabilidades, que não se limitam a “vir e vestir
o branco”, além de se mostrar presente e disposto a ajudar, também deve se
informar de como colaborar
financeiramente com o templo que o acolheu, tomando conhecimento do valor
de uma mensalidade ou do quanto a casa necessita para suas despesas e
realizações outras voltadas à comunidade. Direitos e deveres, obrigações e
responsabilidades também fazem parte de um trabalho espiritual.
Se,
de um lado, tudo recebemos do “espírito”, de Deus e suas Divindades e
Entidades, por outro vivemos e nos movimentamos em um mundo real, no qual
estamos em sociedade com suas regras e leis que devem ser observadas,
respeitadas e cumpridas. Quem pretende realizar um trabalho espiritual com os
olhos vendados para esta realidade está fadado ao fracasso, pois deve haver um
equilíbrio, como um “caminho do meio”, entre espírito e matéria, nem tanto à
terra e nem tanto ao céu. Pregar e viver o sagrado fora da realidade material
em que vivemos é tão perigoso e arriscado quanto pregar e viver um mundo sem a
presença do sagrado, de Deus e seus mistérios. Pois ambas as opções podem
alienar, iludir, fanatizar e tornar a pessoa cega e fundamentalista.
Não
é difícil identificar médiuns acomodados, encostados e muito mal acostumados
que em nada contribuem para as condições físicas, básicas e mínimas necessárias
para se realizar um trabalho espiritual, com o mínimo de higiene, limpeza e
dignidade. Muitos esquecem de que, se o espírito é sagrado, o corpo que recebe
o espírito também é sagrado, se o espírito tem origem divina o corpo também
tem, pois a natureza é divina. Se o mundo espiritual é sagrado na realidade de
terreiro, o próprio terreiro em si, como a casa que recebe e acolhe o
“Espirito”, a Deidade, também é sagrado. O chão do templo é solo sagrado no
qual “pisam” os Orixás e guias espirituais, as paredes são sagradas, tanto
quanto o altar e a tronqueira, pois tudo compõem o todo que é a casa da fé,
espaço mágico-místico-religioso, no qual se manifesta o Mistério Maior por meio
de seus adeptos; força, poder e mistério que está presente, também, em cada
pedaço de pedra que compõe o Terreiro de Umbanda.
Nosso
Corpo Material, assim como a estrutura física do terreiro é uma dádiva
concedida como oportunidade de evolução para nosso espírito, logo, que se cuide
e tenha o mesmo sentimento/respeito tanto pelo espírito/divindade quanto pelo
corpo/templo, zelando por sua manutenção. Aquele que não tem como prioridade
participar efetivamente da sustentação material para sua realização espiritual,
não é merecedor da mesma. Salvo raras exceções de médiuns em dificuldades
reais, de desemprego, diferente daqueles que, por não priorizar a “Sua Casa”,
vivem dando desculpas de que “não tem recurso” ou estão “apertados este mês”;
simplesmente por que têm outros gastos que vem antes de seu compromisso, com a
casa que o acolheu. Se sobra um “dinheirinho” já está destinado a qualquer
outra atividade, menos ao compromisso assumido. Alguns fazem todos os cursos de
espiritualidade que veem pela frente, se gabam de ser estudantes da
espiritualidade, iniciados e preparados pelo astral em sua caminhada certa ao
dia em que vão abrir sua própria casa, no entanto, em nada colaboram com o
principal, o templo ao qual dizem “fazer parte”.
O
templo (terreiro) é de todos e não apenas do sacerdote (pai ou mãe de santo).
Todos têm responsabilidade, direitos e deveres sobre este templo. Sem que todos
se sintam parte e façam parte do templo então o templo estará abandonado,
largado, sujo, empoeirado e profanado. Se você faz parte de um templo então
arregace as mangas e procure saber por onde pode fazer para ajudar nesta
estrutura, procure saber quais são as dificuldades que este templo passa.
Procure saber se o seu templo está em local adequado, verifique se o templo
acomoda bem as pessoas que o procuram, se informe sobre as leis direitos e
deveres de um templo. De nada adianta criticar falta de espaço, climatização
ruim ou qualquer outra dificuldade se você não ajude a manter o seu templo
inclusive, quem tem condições financeiras, ir além do pagamento de uma simples
mensalidade.
PAGAR
MENSALIDADE?! É O MÍNIMO QUE VOCÊ PODE FAZER POR SEU TEMPLO!!! Um templo não é
um clube que você paga uma mensalidade e vira as costas para as dificuldades e
necessidades do mesmo.