O ano de 2014, pela numerologia, soma 7. Então, vamos ver o que este número significa em termos astrais, em diferentes culturas, e para a Umbanda.
O sete é o número místico por
excelência. É o número da
Criação (que é o 3,
representando o Céu / Trindade Divina – lembrando que para a Umbanda a Trindade
Divina é diferente do significado católico, é formada por Zambi, o Criador,
Oxalá e Orixás), mais o 4 (representando a Terra com seus quatro elementos),
somando 7. Por isto é
o número que indica a relação viva entre o divino e o humano.
Isso está implícito na estrela de
Oxalá ou de Davi, onde dois triângulos se cruzam: um ascendente e outro
descendente. As seis pontas, mais o ponto central, somam o sete místico, simbolizando
a união do céu e da terra, do bem e do mal, do divino e do humano.
Todos os livros sagrados estão cheios de exemplos da excelência do
número sete, principalmente a Bíblia.
No livro Gênesis, por exemplo, vamos encontrar o 7 como o número da
Criação. No primeiro dia Deus criou a luz, separando-a das trevas; no segundo
dia Deus criou a abóbada celeste, separando as águas de cima das águas de
baixo; no terceiro, criou a terra firme, separando-a das águas, e espalhou nela
a vegetação; no quarto, criou o Sol, a Lua e as estrelas; no quinto dia criou
os peixes, os monstros marinhos e os pássaros; no sexto, criou os animais, os
répteis e o homem; e, no sétimo dia, Ele descansou.
“Assim foram acabados o céu e a terra e todos os seus ornatos. E Deus
acabou no sétimo dia a obra que tinha feito; e descansou no sétimo dia de toda
a obra que tinha feito. E abençoou o dia sétimo, e o santificou, porque nele
tinha cessado de todo a sua obra, que tinha criado e feito” (Gênesis, 2, 1-3).
Desta forma, desde a criação do mundo, um tempo foi imprimido ao ritmo
universal quando Deus decidiu que a semana teria sete dias e
não cinco ou dez. Ao mesmo tempo, Deus dedicou o sétimo dia
ao descanso. O sétimo dia é sagrado.
São 7 as Ciências Naturais, são 7 as virtudes, são 7 os pecados capitais,
assim como são 7 os sacramentos, as notas musicais, os gênios persas, os
arcanjos judaico-cristãos.
No cristianismo encontra-se o 7 na base da sua principal oração. O pai-nosso
inicia com uma invocação e termina com uma dedicatória. Entre o princípio e o
fim encontramos 7 petições:
1- Santificado seja o Vosso nome;
2 - Venha a nós o Vosso reino;
3 - Seja feita a Vossa vontade, assim na
Terra como no Céu;
4 - O pão nosso de cada dia nos dai hoje;
5 - Perdoai as
nossas dívidas assim como perdoamos aos nossos devedores;
6 - Não nos deixeis cair em tentação;
7 - Livrai-nos do mal.
Como vemos, das 7 petições presentes no pai-nosso, as 3 primeiras são
dirigidas a Deus e as 4 seguintes ao homem. Isso nos remete a um outro mistério
que cerca o número 7 enquanto número da Criação. O sete é a junção do 3
(divino) e do 4 (físico e humano).
No Livro Gênesis, vimos que Deus, ao criar o mundo, dedicou os três
primeiros dias à criação dos “campos” onde as criaturas agiriam nos quatro dias
restantes.
Essa divisão é válida e pode ser observada na maioria dos exemplos onde
o sete servir de base.
Nas 7 virtudes, 3 são sobrenaturais (fé, esperança, caridade) e quatro
são cardeais (prudência, justiça, fortaleza e temperança).
Os 7 pecados capitais se dividem em três que pertencem ao espírito
(soberba, ira, inveja) e quatro que pertencem ao corpo (luxúria, gula, avareza
e preguiça).
Portanto, para entendermos totalmente o significado do número sete,
temos que analisar anteriormente os números 3 e 4, ou seja, o ternário e o
quaternário.
Na Grécia antiga,
entre os pitagóricos, o 3 era considerado o número perfeito por ter princípio,
meio e fim. Por essa razão, o 3 era considerado o símbolo do divino. Os gregos tinham ainda
três destinos, três fúrias e três graças. Os deuses eram sempre representados
com um triplo instrumento de poder: o tridente de Netuno, o raio triplo de Júpiter.
Os antigos imaginavam o mundo composto de três partes: céu, terra e subsolo.
Assim, o homem tinha que ser dividido em três partes, a saber: corpo, alma e
mente. A mente se subdivide em consciente, subconsciente e inconsciente ou ego,
superego e id.
Porém, o uso mais claro do poder divino do número três é a descrição que
normalmente se faz da divindade como sendo trina. No dogma cristão esse aspecto
aparece quando se afirma que Deus é Um na essência, mas possui três aspectos
distintos, ou seja, Pai, Filho e Espírito Santo. Entre os Nórdicos a divindade
também possuía o seu aspecto triplo: Har, Janfar, Thridi.
Entre os Babilônicos; Anu era o deus-chefe da trindade composta ainda
pon Enlil e Ea. Entre os Egípcios, a trindade divina seguia o protótipo de uma
outra espécie: pai-mãe-filho, ou seja, Osíris, Ísis e Hórus. Entre os Etruscos,
Tina, Cupra e Menrva apareciam sempre juntas e representavam o fogo, a
fertilidade e a sabedoria.
Quanto aos Hindus, todos sabem que eles adoravam separadamente as três
divindades distintas: Brahma, Shiva e Vishnu. Porém, a primeira lição ensinada
aos discípulos na iniciação aos mistérios profundos era de que esta separação é
ilusória, sendo que os três representam aspectos do Uno.
Portanto, o 3 é o número das forças da Criação. Essas forças são
representadas por dois pólos que se opõem e um terceiro fator de interação e
equilíbrio. Nesse sentido, o símbolo real da divindade é o triângulo equilátero.
Ora, colocando-se um triângulo com um dos vértices voltado para cima (símbolo
do superior) sobre um triângulo com um dos vértices voltado para baixo (símbolo
do inferior), teremos a estrela de Salomão e de Oxalá. Colocando-se um ponto no
centro dessa estrela (ou um círculo á sua volta) teremos novamente o número
sete, simbolizando aqui o encontro do homem com Deus.
O símbolo do número 3 é o triângulo.
Quanto ao número 4, desde a mais remota antiguidade ele sempre foi
considerado o número do mundo físico. A primeira e mais racional das
explicações para esse fenômeno diz que o mundo físico é composto por quatro
elementos: terra, ar, água e fogo. A outra explicação é que o quatro estaria
relacionado aos quatro pontos cardeais (norte, sul, leste e oeste). Acredita-se
ainda que este conceito seria derivado da simetria do corpo humano.
Os exemplos tirados da Bíblia confirmam a ideia do 4 relacionado ao
mundo físico. O rio que sai do Paraíso se divide em quatro outros rios. O Altar
dos Sacrifícios tem quatro pontas, dirigidas aos quatro pontos cardeais. Os quatro
animais que sustentam o Trono da Revelação referem-se aos quatro elementos. No
Novo Testamento vamos encontrar o quatro de uma forma bastante dramática: os
soldados romanos dividem em quatro partes as roupas de Jesus crucificado. Esta
separação das vestes de Cristo simboliza a dissolução do seu corpo material e o
seu regresso aos quatro elementos de que era composto.
Entre os Maias, o quatro também aparece ligado ao mundo material: eles
tinham quatro deuses, sendo que cada um suportava um dos quatro cantos da Terna —Cauac
(sul), Mulac (norte), Kan (este) e Ix (oeste).
E ainda devemos lembrar que são quatro as estações do ano (primavera,
verão, outono, inverno); são quatro as fases da Lua (crescente, minguante, nova
e cheia); são quatro as partes do dia (madrugada, manhã, tarde e noite).
E tudo isso equivale às quatro fases da vida do homem: nascimento, crescimento,
maturidade e morte.
Em sua autobiografia, intitulada Memórias, Sonhos e Reflexões, o
psicólogo suíço Carl Gustav Jung refere-se a ideia da quaternidade: “A
quaternidade é um arquétipo de ocorrência quase universal. Constitui a base
lógica para qualquer raciocínio completo. Se alguém desejar transmitir esse
raciocínio, ele deverá ter esse aspecto quaternário. Por exemplo, se quisermos
descrever o horizonte como um todo, referir-nos-emos aos quatro quartos do
céu... Há sempre quatro elementos, quatro qualidades principais, quatro cores,
quatro castas, quatro formas de desenvolvimento espiritual, etc. Do mesmo modo,
existem quatro aspectos de orientação psicológica. Para nos orientarmos, temos
de possuir uma função que nos garanta que qualquer coisa está ali (sensação);
uma segunda função que estabeleça o que é (pensamento); uma
terceira função que estabeleça se serve ou não, se aceitamos ou não
(sentimento); e uma quarta função que nos indique de onde uma coisa veio e para
onde vai (intuição). Sempre que as coisas se passem desta maneira, nada mais há
a dizer... A perfeição ideal é o círculo ou esfera, mas a sua divisão natural
mínima é uma quaternidade”.
O quadrado e a cruz são os dois símbolos universais do quaternário. A
cruz, ao contrário do que muita gente pensa, é um símbolo que foi englobado
pelo cristianismo, mas que o antecede em milhares de anos. Os escandinavos já
colocavam cruzes sobre os túmulos dos seus mortos muitos anos antes do
aparecimento do cristianismo. Para os egípcios, a cruz simbolizava a vida, e
entre os astecas, antes de qualquer contato com os cristãos, a cruz já era um
símbolo sagrado.
Ainda entre as culturas antigas, vamos encontrar o sete simbolizado no Caduceu,
símbolo ainda usado pela medicina e que foi descoberto na forma utilizada ainda
hoje em uma taça suméria datada de 2.600 a.c. O caduceu consiste em duas
serpentes iguais, enroscadas em um bastão, sendo que o seu significado original
era, sem dúvida alguma, triplo. Pode ter sido o símbolo do bem e do mal (as duas
serpentes) que se reconciliam em um terceiro elemento (o bastão), visto por
muitos como o símbolo da eternidade. Na versão original sumeriana as serpentes
se cruzam sete vezes, incluindo-se as pontas das caudas e as duas cabeças que
apenas se tocam.
Sabendo-se que os sumérios tiveram um contato muito grande com a
civilização hindu, alguns autores acreditam que o caduceu dos sumérios também
se referia aos sete chacras, centros ou gânglios que podem ser despertados
pelos que praticam ioga, quando conseguem ver o kundalini, a
feroz força da serpente que, segundo a hatha-ioga, encontra-se
enroscada na base da espinha. O despertar do sétimo chacra equivale, para o
iogue, a entrada no sétimo paraíso maometano. Existe uma simetria entre esses
dois símbolos. O fato de os iogues referirem-se ao kundalini como a força da serpente faz
do caduceu a representação ideal do despertar dessa força.
Mas, enfim, seja qual for a sua forma ou origem cultural e religiosa, o
número quatro se relaciona sempre ao mundo físico (ou terrestre) em oposição ao
número três, que se refere ao divino (espiritual). Assim sendo, o número 7 (3 +
4) é o número da Criação. Além do mais, é um número magístico para a Umbanda e,
por este motivo, é muito utilizado.
Chaboche, em seu livro “Vida e mistério dos números”, disse:
“Sete... a liberdade, a luz, o sucesso e a alegria de viver”. Sendo assim,
podemos concluir que 2014 será um bom ano, pois a soma de seus números é 7!
Fonte: Antônio Zago e Vovó Luiza de Guiné