Uma característica
marcante do povo cigano é a liberdade, em relação às nacionalidades, aos
padrões sociais e aos preconceitos. Os ciganos são poeticamente denominados
“Filhos do Vento”, por sua liberdade e mobilidade, sempre ao sabor do vento,
percorrendo o mundo em sua mágica trajetória. Profundos conhecedores dos
caminhos, em sua saga milenar vêm recolhendo conhecimentos iniciáticos de todas
as culturas e tradições. Outra característica marcante é o seu conhecimento
magístico e curandeiro, principalmente nos campos da saúde e do amor.
A corrente astral
de Umbanda é aberta a todos os espíritos que queiram praticar a caridade,
independentemente de suas origens terrenas e de suas encarnações. Houve época
em que dirigentes umbandistas não aceitavam ciganos em seus trabalhos, mas a
Umbanda acolhe em suas linhas de trabalho todos os filhos de Deus que queiram
praticar a caridade.
Tamanha foi a
simpatia do povo umbandista pelas entidades ciganas e grande foi a seriedade do
seu trabalho, orientando com sabedoria, ensinando a beleza da criação e a
alegria de viver, que foi criada uma gira de ação específica para eles, mas
pertencem e estão sob o comando da Linha de Oxalá. Contudo, as entidades ciganas
podem trabalhar na irradiação de diversos Orixás, mas louvam sua padroeira, a Santa
Sara Kali. Seus trabalhos também podem ser sustentados por Ogum e Iansã, que
são Orixás do ar e do fogo.
Na Umbanda, a
presença de ciganos tem sido cada vez mais constante e, em muitos terreiros, trabalham
usando a roupa branca e têm apenas os seus elementos magísticos, como: lenços,
baralhos, espelhos, adagas, cristais de pedra e outros.
Na falange dos
Ciganos encontram-se espíritos que tiveram encarnações como ciganos e também
espíritos que foram atraídos para esta falange por afinidade com a magia
cigana. Por isto, os ciganos na Umbanda não têm obrigatoriamente que falar
espanhol ou romanês, ler cartas ou fazer adivinhações. Há os espíritos ciganos
que fazem isto porque já o faziam quando encarnados e outros não.
O povo cigano tem
suas cerimônias próprias e tem seus rituais coletivos adaptados à Umbanda e
suas sessões são muito apreciadas e muito concorridas, pois seus trabalhos
estão voltados para as necessidades mais terrenas dos consulentes.
A gira dos ciganos
é uma sessão da Linha da Direita, diferentemente das entidades que incorporam
na gira da Esquerda, que são Exus e Pombo-giras ciganos, pertencendo à outra
falange.
Na Umbanda, os ciganos atuam como guias
espirituais de maneira extremamente respeitosa e sempre procuram mostrar o
caráter fraterno do povo cigano, seu respeito com o alimento e a capacidade de
repartir o pão. Aceitam o ritual umbandista como meio evolucionista e retribuem
com suas sábias orientações, com a alegria de seus cantos e de suas danças.
É importante que se esclareça que a vinculação vibratória e de axé dos
espíritos ciganos tem relação estreita com as cores utilizadas nas sessões e
também com os incensos, prática muito utilizada entre ciganos. Os ciganos usam
muitas cores em seus trabalhos, mas cada cigano tem sua cor de vibração no
plano espiritual e outra cor de identificação é utilizada para velas em seu
louvor. Uma das cores, a de vinculação, raramente se torna conhecida, mas a de
trabalho deve sempre ser conhecida para prática votiva das velas, roupas, etc.
Os incensos são sempre utilizados em seus trabalhos e de acordo com o trabalho
ou oferenda que se pretenda fazer.
Para o cigano de trabalho, se possível, deve-se manter um altar
separado do altar geral, o que não quer dizer que não se possa cultuá-lo no
altar normal. Devendo este altar manter sua imagem, o incenso apropriado, uma
taça com água e outra com vinho, mantendo a pedra da cor de preferência do
cigano em um suporte de alumínio, fazendo oferendas periódicas para ciganos,
mantendo-o iluminado sempre com vela branca e outra da cor referenciada. Da
mesma forma quando se tratar de ciganas, apenas alterando a bebida para licor
doce ou ponche. E, sempre que possível, derramar algumas gotas de azeite doce
na pedra, deixando por três dias e depois limpá-la.
Os espíritos ciganos gostam muito de festas e todas elas devem
acontecer com bastante fruta, todas que não levem espinhos de qualquer espécie,
podendo se encher jarras de vinho tinto com um pouco de mel ou ponche. Podendo
ainda fatiar pães do tipo broa, muitas flores silvestres, rosas, velas de todas
as cores e incenso de lótus ou sândalo.
As saias das ciganas são sempre muito coloridas e o baralho, o espelho,
o punhal, os dados, os cristais, a dança e a música, moedas, medalhas, são
sempre instrumentos magísticos de trabalho dos ciganos. Eles trabalham com seus
encantamentos e magias e os fazem por força de seus próprios mistérios, olhando
por dentro das pessoas através dos seus olhos.
A data comemorativa é 24 de maio, a cor que representa esta falange é laranja ou multicolorido, assim como suas guias. Saudação para o Povo Cigano: Arriba!