Blog da Casa de Caridade Luz Divina - dirigente espiritual Vovó Luiza

23 de março de 2012

Relato de Exu Marabô

Relato de um filho sobre a doutrina proferida por Exu Marabô:

"Confesso que estava ansioso e aflito, pois trabalho com o amigo Marabô há vários anos e não sabia o que este iria falar, afinal em nossas aulas após o conteúdo didático permitimos que se manifestem nossos instrutores espirituais para eventuais explicações de apoio. 
  Como obrigação de todo bom Umbandista, dirigi-me ao Conga para elevar os pensamentos ao Pai Maior e receber a devida autorização de apoio deste nosso grande amigo. 
  Marabô então assumiu o controle. Pegou seu chapéu, sua vestimenta, tábua de pontos, pembas, olhou para a imagem de Cristo e todo o altar, solicitou as bênçãos de Olorum, saudou todos os presentes, sentou-se em um toco e com muita paciência colocou uma tábua em seu colo e com uma pemba branca desenhou um círculo. 
  Todos os presentes ficaram observando o que acontecia em profundo silencio. Marabô então fez a seguinte indagação: "Vocês já viram Deus Pai? Sabem quem ele é?" E a resposta que obteve para este questionamento foi um pouco incompleta e vaga, do tipo: "Não vi Deus, acho que sei quem ele é, algumas vezes o sinto presente". Diante das respostas encontradas ele começou a discorrer o seguinte: "Jamais vi Deus Pai, todavia trago-o junto de meu ser todos os momentos de minha existência, tenho verdadeira fé e crença em sua plenitude. Este círculo desenhado representa “ele”, não tem início, nem fim, é um todo universal, se vivencia tanto interna como externamente. Não precisamos ver Deus, a fé maior está nos que acreditam sem precisar ver ou tocar. É preciso sentir e acreditar com o coração e ter sempre a certeza de que somos frutos dele". 
  Suas palavras eram simples e demonstravam profunda sabedoria. Com sua costumeira calma desenhou então, ainda com a pemba branca, uma estrela de seis pontas dentro do círculo e dissertou o seguinte: "Como a estrela de seis pontas é desenhada com um triangulo voltado para cima e outro para baixo, pode-se observar que em todas as extremidades forma-se um novo e pequeno triangulo"
  Foi então que, dentro destes pequenos triângulos “ele” começou a traçar novos desenhos. No pequeno triangulo superior da estrela de seis pontas, ainda com a pemba branca, desenhou uma cruz símbolo máximo de Oxalá). Em seguida com uma pemba azul, no pequeno triangulo formado do lado direito desenhou ondas, no triangulo esquerdo superior, um coração, na pequena estrela formada na parte inferior direita desenhou  com uma pemba verde uma flecha, na extremidade inferior esquerda com uma pemba vermelha fez o símbolo de uma espada e na extremidade inferior, com uma pemba marrom, desenhou um machado. O espaço interno da estrela maior, “ele” desenhou, com uma pemba branca, uma escadaria com uma cruz ao alto. 

  Quando terminou esta etapa de desenhos, virou a tábua para todos e discorreu o seguinte: "No ápice, onde coloquei o desenho da cruz, encontraremos o Reino de Oxalá ou da Fé, onde está assentado o primeiro filho e Maior Orixá gerado por Deus. Este reino tem como escopo maior difundir a existência de um único Deus gerador e Pai que tudo governa, ama e irradia. Só o Grande Orixá Oxalá é que consegue reger com maestria este assunto e reino. No vértice direito superior coloquei a segunda criação de Olorum, a fonte geradora e grande mãe, cujo Orixá Maior é Yemajá, representada por muitos pelas Mães Marias (Nossa Senhora). É a mãe de todos e fonte necessária para dar continuidade nas Criações de Deus Pai. Na outra extremidade superior esquerda, desenhei um coração que representa o Orixá Maior Oxum encarregado de difundir o amor maior do Pai aos seus filhos. Necessitando que toda a sua futura criação compreendesse seus desígnios Deus então criou o Reino do Conhecimento através do Orixá Maior Oxóssi, representado na extremidade inferior direita da estrela. Zambi tinha então a Fé, a geração, o amor, o conhecimento, mas faltava ainda as Leis Maiores, ordenamento para toda criação. Fez-se então o orixá da Lei Ogum, encarregado de fazer cumprir suas Leis Divinas. Todavia, faltava ainda criar a Justiça para que a fé, geração, amor, conhecimento e leis tivessem todo embasamento justo e correto no transcorrer de toda a formação. Este reino fica representado neste último vértice da estrela e tem como Orixá Maior Xangô, Orixá Maior da Justiça. Então, no centro da estrela “ele” desenhou uma escadaria com uma cruz no alto e disse que ali se encontrava a sétima grande criação – Obaluaiê, pai da evolução criacionista, grande Orixá divino encarregado desta missão, pois a verdadeira evolução só se dá quando estiver impregnada de toda energia maior de Deus e dos Grandes Orixás Maiores".
  Todos os presentes se encontravam atentos às explicações e curiosos com o que era  por Marabô desenhado e falado. Retornou a tábua em seu colo e nos espaços vazios que ficaram, entre o círculo e a estrela, desenhou tridentes, total de seis, explicando que ali estava Exú, criação divina e Orixá Maior, irmão dos demais, criado para formar uma portentosa força de defesa e auxílio. Explicou-nos ainda, que para cada um desses Orixás Maiores existe um seu par vibratório de sustentação, inclusive na linha dos Guardiões. Também explicou que existem muitos outros orixás que vieram a surgir durante as infinitas criações do universo de Deus e discorreu que a criação continuou de dentro para fora, reafirmando assim a infinitude do Pai Maior que ainda é muito pouco conhecido e/ou estudados pelos homens de hoje. Disse-nos que existem mais de 600 outros orixás, encarregados de auxiliar nas infinitas criações divinas e que é nosso dever saber os principais sete com seus pares vibratórios.
  Foram momentos de muita reflexão para todos e as explicações eram compostas de uma simplicidade impressionante. Marabô então afirmou que Orixá é único em seu reino, não incorporam, não têm formas definidas como a dos homens: "As 'entidades' que trabalham nos centros, igrejas, templos ou qualquer outro meio religiosos são ex-encarnados que se voltam a servir determinada linha por afinidade e amor ao Pai Maior. Novamente afirmou com toda segurança que não existe incorporação de Orixá. É necessário acabar com este falso mito e começar a estudar e compreender o “todo” com mais propriedade. Admite-se que alguns professem conhecimentos diferentes, mas estes precisam aprender no seu tempo certo, pois existem homens vivendo o agora com visões do ontem, esquecem que já estamos vivendo o hoje com vistas para o amanhã. Criam uma parafernália de falsas idéias e ilusões. Sabemos que isso também faz parte da evolução, então, ajudamos no que podemos e muito ponderamos em função da vaidade dos homens.  
  Para aqueles que realmente buscam a verdade estudam, se dedicam e se aprimoram, falamos com alegria e emoção e incentivamos cada vez mais o progresso".
  É preciso refletir muito sobre o que estava sendo dito, pois muitos dogmas acabam sendo derrubados e abrem-se novos campos de pesquisa e muito estudo.
  Nosso querido amigo Marabô resolveu então falar de suas peregrinações e discorreu o seguinte: "Não consigo ainda precisar o início de minha vida, pois assim como muitos de vocês, passei por fases evolutivas onde a consciência ainda era nebulosa,  mas posso lhes dizer que não haviam continentes divididos, tudo era quase que um único e imenso universo de terra ou água neste planeta. A divisão das raças humana somente aconteceu depois de muitos milhares de anos. No início, os homens que começavam a se conhecerem e a ter noção do seu ser, tinham uma só cor, muito pouco ou quase nada ainda conheciam e pouco se comunicavam. Somente quando mudanças bruscas aconteceram, é que houve diversas fusões de terras onde continentes se separaram pela formação dos oceanos e mudanças profundas surgiram. Novas adaptações ocorreram e os homens ampliaram seu processo de conscientização coletiva com a troca de informações e ações diferenciadas para a sobrevivência. Em virtude das diferenças de temperatura, de formações vegetativas e todo um complexo sistema é que mudanças nas colorações das peles, olhos, alturas se fizeram presentes nos continentes. Formaram-se grupos de pretos, brancos, amarelos e vermelhos vivendo em um mesmo planeta e implantando diferentes culturas nos seus diferentes solos. Este início de formação do que é hoje, eu me lembro e posso falar com propriedade e certamente a ciência encontrará todas as respostas. Nessa época de mudanças e adaptações éramos todos voltados à conquista e descoberta e quando sistemas diferentes se defrontavam muita coisa “errada” era feita, pois dominava o ser conquistador do homem e assim eu também fui. Vamos passar um pouco mais adiante na história, quando o enviado direto de Deus, representante de Oxalá se fez presente neste planeta terra. Neste período “eu” era da guarda Romana. Afirmo para vocês, que não somente vi nosso senhor Jesus Cristo como também nada fiz por ajudá-lo e não vou dar desculpas de que estava envolto nas Leis do Império, afinal de contas, sempre tivemos a liberdade de escolha intrínseca em nosso ser"
  Neste momento era nítidos a voz embaraçada e um sentimento de quase choro por eclodir de nosso narrador. 
  "Não quero chorar, mas tenho ciência de que naquela época, cego pelo desejo das paixões e conquistas, sequer ajudei o nazareno a carregar sua cruz, presenciei as chibatadas que foram desferidas contra sua pele e todo tipo de violência executada   na sua pessoa. Cheguei até mesmo a dar muita risada com os companheiros da época pelo que acontecia com o cordeiro. Não sei explicar o que me aconteceu após sua morte na cruz, mas uma espécie de tristeza começou a inundar meu ser e acabei envelhecendo neste reino de desordens. Lembro-me que certo dia um velho senhor veio ao meu encontro e chamou-me atenção sobre mudanças próximas, que deveria me preparar. Acabei falecendo pouco depois do encontro com este sábio senhor e quando me deparei do outro “lado” não senti nenhuma dor, me encontrei sozinho, perdido, perambulando com meus pensamentos. Vez ou outra encontrava uma alma em sentido contrário ao meu caminhar com a mesma fisionomia e completamente perdido também. Não sei quanto tempo assim eu caminhei. Não seis se foram anos ou décadas. Só sei que sentia a necessidade interna de mudar meu ser, encontrar mais sentido nas coisas e em tudo. Quando assim comecei a firmar meus passos, um senhor veio ao meu encontro, acho que era o mesmo que rapidamente havia conversado comigo outrora, pois hoje o vejo como o meu grande amigo e mestre, Pai Velho de Aruanda. Este me convocou para um novo desafio e tão logo assim falou me peguei reencarnado no continente Africano, em uma tribo de guerreiros e junto com um pajé que tudo me ensinava. Ele me mostrou um Deus simples e justo, me mostrou formas diferentes de reverenciá-lo, ensinou-me sobre oferendas simples e importantes para agradecer a comida, a caça, à família e toda e qualquer conquista realizada. Tratei nesta vida de aprender tudo e com a morte de meu instrutor, o velho pajé, acabei ficando em seu lugar, que era de muito destaque e poder na tribo. Confesso que ao assumir este lugar de honra, uma onda de poder me subiu à cabeça e comecei a cometer erros, pois me senti poderoso e queria dominar outras tribos com guerras e desejos de vingança. Fiz guerras, matei e fui morto. Quando me deparei novamente no outro lado, sem dor, sem medo e sozinho, ouvi a velha voz sábia a sorrir e pude perceber a presença do meu velho amigo que me cobrou os erros cometidos e me incentivou a recomeçar pelo processo de reencarnação. Nesta conversa, muita vergonha inundou meu ser, um sentimento de culpa em virtude de relembrar da minha proposta de mudanças afundada na sede do poder. Talvez, por serem verdadeiros meus sentimentos pós-morte, fui imediatamente reconduzido para o  encarne, só que desta vez, para uma terra fria, gelada, lá pelos lados da Finlândia, em uma tribo habitante daquele  lugar. Era um garoto alegre e extrovertido, incrivelmente habilidoso com as questões espirituais e de Deus. Chamavam-Me de feiticeiro, bruxo, profeta, pastor, e apelidaram-me ou nominaram-me Marabô. Conhecia muito sobre a natureza, como trabalhar com ela e para ela. Tudo o que acontecia de errado era convocado para concertar ou acalmar. Surgiram lendas sobre minha pessoa e vida desta época e até mesmo com os animais eu tinha certo poder de acalmá-los. É meus amigos muitas histórias inventaram graças às minhas habilidades e meu grande tamanho físico". 
  Muitas gargalhadas Marabô deu nesse momento.
  "Quando passei para o outro lado, fui convidado por seres de muita luz e sabedoria para trabalhar com o Grande e Único Orixá Exú. Conheci outros obreiros como o Exú Maioral e aprendi algumas coisas importantes. Fui abençoado por sentir meu ser inundado pela presença do grande Orixá Exú e principalmente pela intensidade a me dominar do único e verdadeiro Deus Pai. Sou tranqüilo e apto para realizar os serviços necessários, conheço a verdadeira irmandade existente entre todos os Orixás e seus seguidores e firmo-me como um obreiro do Orixá Maior Exú. Amo muito este lado, tenho muitos amigos e seguidores e formo infinitas alianças para lutar pelo bem maior do Pai Maior. Nesta vida espiritual tenho muitos irmãos e amigos e sou muito unido também na linha dos verdadeiros ciganos da Umbanda. Tenho meu exército de seguidores e luto para que as divinas Leis do Pai Maior sejam executadas. Não é uma vida fácil, mas onde posso ajudar vou com meu exército ao socorro e estou sempre aprendendo. Agora vou lhes contar outra verdade de minha vida, algo para que possam ter conhecimento e entendimentos dos Exus Guardiões da Umbanda: - Muitos anos se passaram e tive que voltar a reencarnar lá pelos anos de 1.700 DC. Reencarnei a convite de “Zambi” neste abençoado solo brasileiro, em tribo indígena do alto Xingu, fui um grande sacerdote e amante destas benditas terras, não vim para corrigir falhas, mas porque, quando trabalhamos muito nas baixas esferas, nosso corpo  espiritual sofre e se desgasta muito e devemos nos recompor. É certo que temos nossas fontes de recarga no mundo espiritual, temos o mar, a mata, a casa de nossos amigos trabalhadores dos Orixás e nossos próprios locais ou como chamamos: “reinos”. Mas a reencarnação é salutar e nos rejuvenesce muito rápido e mais forte, pois energia vital também é elixir para uma alma de trabalho incansável. Saibam que muitos exus que hoje se encontram trabalhando nos terreiros e searas do pai necessitam reencarnar. O problema é que muitos acham que vão perder sua sabedoria, suas descobertas e avanços, o que é mentira pura, pois ninguém perde o que de melhor conquista e isso eu posso falar sem medo, pois quando voltei para a espiritualidade, não só retomei todo meu trabalho e conhecimento, como me renovei e me tornei muito mais forte e pronto para trabalhar por mais uns cinco mil anos, sem medo de errar e ajudando sempre meus outros irmãos em suas andanças, tentando sempre a renovação dos espíritos decaídos. Constantes lutas contra o mal são travadas e os que não conseguem se reajustar são transferidos para outros mundos, outras civilizações para que tenham a chance de recomeçar seu ciclos evolutivos, por serem também filhos do Pai Maior. Este sou eu, assim como Exú Sete Encruzilhada, Tranca Rua das Almas, Tiriri, Veludo, Meia Noite e tantos outros são o que são. Muitos usam nomes em concordância com a forma de trabalho e só são Guardiões quando trabalham em concordância com as verdadeiras Leis de Deus. Exú verdadeiro não tem medo, não é covarde e tudo o que falei, é minha história, ou um pouco dela. Muitos centros nem deveriam levantar a bandeira dos exus. Zélio de Morais, há mais de cem anos passados já dizia pela sua forma de entendimento, que era perigoso. E verificamos que ainda hoje existem alguns centros que na verdade trabalham ou operam com os “Kiumbas”, espíritos desvirtuados e verdadeiros marginais, falsificadores, monstros do espaço que imitam trejeitos dos Guardiões para ludibriarem os praticantes e toda a sua assistência conseguindo operar falsos milagres. O verdadeiro Exú (Guardião) de Umbanda não pede nada em troca, faz tudo por amor ao Pai Maior. Se usar bebida e fumo é para combater o mal. Também é um grande obreiro dos Orixás que zela pela natureza. Quando raramente necessita de sangue para algum trabalho mais pesado, não  mata nenhum animal. Fura o dedo do aparelho com uma agulha esterilizada e retira gotas do que precisa, sendo este um dos últimos recursos, pois a natureza quase tudo provê. Por isso, falo alto e em bom tom que não concordo com o que muitos fazem em outros locais, apenas suporto o que muito ainda vivencio devido ao seu grau evolutivo e infelizmente sei que muitos vão aprender pela dor de suas consciências. Não me preocupo com riqueza e poder e farei tudo por aqueles que fazem por merecer. Jamais deixei de trabalhar a favor de quem me pede com amor ao Pai Maior e sempre estarei ao lado dos que vestem a bandeira de Deus Pai!".
  Nosso amigo respondeu várias questões levantadas com muita sabedoria e ciente de sua investidura, teve a presença de seu amigo Tranca Rua a cuidar para que durante o diálogo nada viesse a interferir e ao final da palestra fizeram a confraternização com todos os seus grandes amigos Guardiões da Umbanda." 

Claudair de Oxossi 

12 de março de 2012

A Quaresma para os Umbandistas

A Quaresma é um período de 40 dias que tem início após as festas ditas profanas (carnaval), culminando no domingo de Páscoa. Tem como finalidade, segundo os católicos, preparar o indivíduo, mediante processos de conversão e penitência, para a expurgação de influências carnais e mundanas e a absorção de valores sagrados.
Não obstante respeitarmos esta prática religiosa, própria dos católicos, devemos ter em mente que tal habitualidade pertence ao catolicismo, e não a Umbanda. E por que então um número razoável de terreiros fecham suas portas, suspendendo as atividades espírito-caritativas durante este período?
1° Influência dos tempos de Catolicismo: muitas pessoas que hoje são dirigentes Umbandistas, no passado professavam a religião católica. Converteram-se à Umbanda, mas esqueceram-se de deixar na antiga religião preceitos próprios da mesma.

2° Justificação para longas férias: encontram no período católico da Quaresma o meio ideal de justificarem sua vontade particular de descanso, de deleites materiais, sem serem alvos de críticas por estarem suspendendo atividade de auxílio espiritual aos necessitados, uma vez que a maioria não sabe o que é quaresma.
Os Umbandistas, consoante o que foi mencionado, devem ter consciência e convicção de que os terreiros são verdadeiros pronto-socorros espirituais e jamais poderão fechar suas portas a médiuns e assistentes. Ou será que a tristeza, a frustração, as demandas, as doenças, e outras situações negativas deixam de afligir as pessoas durante a quaresma?

Sejamos sensatos. A Umbanda é religião cristã. É fato. Não significa, no entanto, que tenhamos de aplicar atos litúrgicos alheias à mesma.
Se os católicos são de opinião que a melhor forma de expiar suas faltas é jejuar e fazer penitência, ficando na última semana dos 40 dias a chorar o sofrimento de Jesus, bom para eles.

Nós umbandistas somos sabedores que o Meigo Nazareno não quer que soframos por Ele, mas sim que coloquemos em prática suas lições de amor, fé, caridade e fraternidade, virtudes que pregou quando encarnado, como alicerces seguros para a evolução da humanidade.
Reverenciemos o Cristo da Galiléia com trabalhos espirituais, que não podem parar, pois que o socorro é sempre urgente. A Umbanda é a manifestação do espírito para a caridade. E caridade é Jesus em ação.

11 de março de 2012

OS MAIORES ERROS COMETIDOS POR MÉDIUNS UMBANDISTAS RETIRADO DO LIVRO UMBANDA SAGRADA

Todos estamos propensos a cometer erros. Não é só de acertos e harmonia que vivem os templos de Umbanda. E existem erros graves que são praticados por alguns pais e filhos-de-santo. Esses erros tendem a gerar uma vibração negativa, vindo a desestabilizar o foco de equilíbrio. São eles:
·    Dar guarida a comentários maledicentes, ou a mentiras, por ciúmes de alguns médiuns menos preparados em relação a médiuns mais desenvolvidos.
·      Uso indevido de determinados elementos e/ou uso de elementos estranhos ao ritual do culto.
·    Exploração financeira contra filhos da casa e frequentadores. A Umbanda não cobra qualquer incentivo financeiro ou doação de qualquer material sobre seus trabalhos.
·    Mau cumprimento dos preceitos pelos membros da casa.
·    Conduta imprópria ou desrespeitosa de membros da casa.
·    Atividades não relacionadas ao culto dentro do mesmo ambiente da casa.
·    Omissão de socorro, pouco caso ou deboche daqueles que ali buscam auxílio.
·    Ciúmes pelo tratamento dado pelo Sacerdote da casa a um ou outro filho.
·   O Sacerdote da casa favorecer um ou outro filho ou tratar de forma exagerada alguns filhos em detrimento aos outros, ou seja, ter favoritismos.
·      Atenção dispensada ao Sacerdote da casa de forma exagerada, ou seja, ser puxa-saco.
·      Falta de preparo dos filhos da casa nos rituais umbandistas.
·      Elevar um filho da casa para médium de passe ou de atendimento, sem ele estar devidamente preparado.
·      Deixar desavenças de ordem particular interferirem nos trabalhos.
·      Não dedicar pelo menos um trabalho ao mês ao desenvolvimento dos filhos da casa.
·      Não transmitir os ensinamentos adquiridos, não compartilhá-los com os demais.
·      Agregar filhos apenas para fazer volume.
·    Tratar de forma diferente os filhos ou frequentadores da casa, pelo poder aquisitivo ou pela atenção por eles dispensada.
·     Negar-se a auxiliar um filho da casa quando o mesmo procura ajuda.
·    Não respeitar a vida particular do Sacerdote, levando a ele problemas fúteis fora da casa ou do horário de trabalho.
·    Confundir a liberdade dada.
·   Confundir Umbanda com Nações, com Candomblé, com Kardecismo, igreja Católica, etc. Valha-se do conhecimento dos fundamentos da Umbanda para poder ensinar aos demais.
·     Pensar que a entidade com a qual está trabalhando é sempre mais importante que as outras entidades que trabalham na casa.
·  Animismo, que é extremamente prejudicial ao médium e à casa. Animismo é o médium interferir nas comunicações entre a entidade e o consulente, usando e aplicando seus próprios conceitos e ideias, expressando suas opiniões pessoais como se fosse a entidade. Nunca tomar a frente da entidade com a qual está trabalhando. Nunca pense que está incorporado, mas sim tenha certeza disso antes de começar a trabalhar.
·  Demandar contra qualquer pessoa. Os filhos da casa devem ter consciência sobre a manipulação de energia. A Umbanda não utiliza sua magia para prejudicar quem quer que seja. A Lei Divina se encarrega para que todos tenham o que merecem.
·  Usar sangue ou sacrifício de animal em qualquer tipo de trabalho. A Umbanda não se utiliza destes elementos para seus trabalhos. Não é sacrificando um animal ou usando sangue que se alcança a graça Divina, pois nós não temos o direito de tirar a vida de quem quer que seja.
·     Mistificar, abusar da credibilidade, enganar, iludir, burlar, lograr e ludibriar.
·   Usar adornos de metal ou alheios aos rituais e doutrina da Umbanda. O colar de metal dita de “sete linhas” não é guia e não deve ser usado nas giras, assim como não se deve usar colares, brincos, pulseiras, relógios, etc. O que faz parte é apenas as guias de cristais ou porcelana (cruzadas pela entidade), roupa, e toalha de pescoço.
·   Usar roupas insinuantes, pois o templo Umbandista é uma casa santa.
·  Os médiuns iniciantes e que não estão completamente desenvolvidos não devem receber suas entidades fora do Centro Espírita, pois os médiuns iniciantes ainda não sabem diferenciar as energias e podem dar passagem aos kiumbas e outros espíritos que possam querer se passar por entidade.
·   Os médiuns, ao se encontrarem nos dias de trabalho, direcionam suas conversas a rumos antagônicos ao desenvolvimento dos trabalhos da casa. É preciso que os médiuns tenham consciência que a preparação para os trabalhos começam à meia-noite (zero hora) do mesmo dia e que conversas que não são afim ao trabalho desestabilizam o equilíbrio da casa.
·   Falta de conhecimento espiritual é outro grande erro. As entidades valem-se do conhecimento dos médiuns para poderem se comunicar. Quando o médium pouco sabe, pouco estuda, as entidades pouco podem fazer pelo seu desenvolvimento e pelo próximo. Faz-se extremamente necessário o estudo e a aquisição de conhecimento espiritual para atingir a própria evolução e, consequentemente, auxiliar as entidades em sua evolução espiritual. O conhecimento é a base do bem viver, é a estrutura de uma vida de sucessos. Atentem-se, senhores médiuns, que o conhecimento nunca será em demasia e é a única coisa que fará parte de cada um. As casas que possuem médiuns com alto grau de conhecimento espiritual normalmente têm seus trabalhos muito bem desenvolvidos.
·   Excesso de problemas na desincorporação. Muitos médiuns têm o péssimo hábito de mostrar problemas excessivos na incorporação ou desincorporação, muitas vezes somente para se mostrarem ou demonstrar “quão fortes” são suas entidades e para terem um pouco mais de atenção do Sacerdote da casa. Lembrem-se, senhores médiuns, que uma entidade que chega ao templo para trabalhar é normalmente uma entidade com alto grau de evolução e nunca faria um filho sofrer, principalmente durante sua desincorporação. Descarregar o médium na sua partida não tem relação alguma com sofrimento deste. Estabilizar a energia do médium não é aplicar um choque.
·  É comum encontrarmos nos templos médiuns de outras casas ou até mesmo médiuns que não se encontram trabalhando espiritualmente, terem a chance de receber suas entidades durante os trabalhos da casa. Acontece em muitos templos em que os capitães, mostrando absoluta falta de conhecimento e discernimento, mandarem estas entidades subir. Notem que, se uma entidade passou pelo Sr. Tranca Ruas, por todos os Exus que guardam a casa e por todos os Oguns que ali estão rondando para a proteção da casa, é muito provável que esta entidade tenha permissão (por algum motivo). Com entidades não afins (de outra linha que não é do trabalho da casa) deve-se mostrar energia e firmeza, mas nunca desrespeito. É preciso tomar muito cuidado com a autoridade dentro do templo.
·   Por último, e muito importante, outro erro cometido por médiuns iniciantes ou por médiuns vaidosos, que querem mostrar que já recebem todas as entidades, é o fato de escutar determinado ponto e já receberem uma entidade. Tem médium que já trabalhou com determinada entidade, esta já subiu, mas ao ouvir um ponto de sua linha, baixa a entidade novamente, parecendo um elevador – sobe e desce. Cuidado, senhores médiuns! Isto não é ser médium de primeira, e sim, médium despreparado. A entidade evoluída sabe quando deve vir. Se a gira é de preto-velho, o médium não irá receber outra entidade, a não ser que um preto-velho chame, por algum motivo. Pretos-velhos trabalham no auxílio dos consulentes puxando muitos pontos, mas não é porque puxam determinado ponto, que o médium da corrente tem que receber o “santo”.


1 de março de 2012

Ogan

Ser Ogan é muito mais do que ser aquela pessoa no fundo do Terreiro, tocando músicas bonitas para as entidades, médiuns e assistentes. 

Ser Ogan é participar de forma efetiva e consciente nos trabalhos. Isso exige conhecimento, concentração, responsabilidade e mediunidade. Sim, mediunidade. O Ogan também é médium, sabia? É o médium responsável pelo canto, pelo toque, pela sustentação e equilíbrio harmônico dos rituais. Diferente do que muita gente pensa, um Ogan pode incorporar, porém a sua mediunidade manifesta-se normalmente de forma diferente do restante do corpo mediúnico. Manifesta principalmente através da sua intuição, das suas mãos, braços e cordas vocais onde os Guias responsáveis pelo toque e pelos cantos imantam os seus médiuns, tal como fazem os demais, e comandam todo setor da curimba. Esses mestres da música atuam ativamente, mas de forma pouco perceptível à grande maioria dentro do ritual de Umbanda e, muitas vezes, são poucos lembrados ou sequer é conhecida a sua existência. Mas não é verdade que todos os Guias da casa saúdam “os atabaques” quando incorporados nos seus médiuns? Na realidade, eles estão saudando seus “colegas anônimos” de trabalho, a magia e força lá assentada e que se manifesta através dos seus médiuns (Ogãs) que os representam junto ao atabaque.