Blog da Casa de Caridade Luz Divina - dirigente espiritual Vovó Luiza

29 de junho de 2012

A incorporação


Quando falamos sobre Incorporação, muitas vezes nos esquecemos de que existe a manifestação inconsciente, que é aquela que se dá de forma plena, onde audição, visão, controle dos movimentos motores e todo controle são totalmente perdidos. Existe a manifestação consciente, onde, de alguma forma, a pessoa pode estar ali ouvindo, sentindo o movimento do corpo, vendo, ou seja, ainda está ali presente durante a manifestação.
Muitas pessoas podem começar conscientes e com o passar do tempo vão se tornando inconscientes, chegando a um estado onde a entidade possui pleno controle, e isso só é possível através do desenvolvimento e do trabalho da própria mente através das orientações dadas pelos Zeladores, Zeladoras e Entidades da casa à qual se faz parte.
No início de minha caminhada espiritual, na primeira manifestação que tive perdi totalmente o controle dos braços, das pernas, porém, eu via e ouvia tudo ao meu redor. A primeira sensação que tive foi de desespero, me perguntava se eu estava louco, se isso era comum, perguntas e preocupações comuns quando se está iniciando.
Na segunda manifestação que tive o descontrole corpóreo foi pleno, não via, não ouvia e não sentia nada, apenas adormeci.
Durante o meu desenvolvimento, quantas e quantas vezes, tanto na hora de manifestar quanto na hora do guia ir embora, eu rodava o salão inteirinho de forma descontrolada, quantas vezes eu escutei as pessoas conversando com meus guias e eu me perguntava: “será que eu estou ficando doido?”, “será que é coisa da minha cabeça o que eles estão falando?”. Com o passar do tempo aprendi a deixar minha mente livre de pensamentos, não pensando em absolutamente nada, deixando a minha mente vazia, e com o passar dos anos aquela consciência foi se afastando.
Só que este passar do tempo parecia uma eternidade, muitas vezes eu observava algumas diferenças durante a manifestação de meus guias e assim fui observando qual era a energia que se aproximava e ia me acostumando. Cada um tem um tipo de reação, um tipo de sensação. Aqui estou relatando o que eu sentia naquela época.
Com Preto-Velho observei que sentia como se algo estivesse pressionando meu corpo para baixo e uma sensação de dormência nas pernas. Com os Exus percebi uma aceleração no coração e uma sensação nos braços como se alguém estivesse segurando neles, uma sensação de dormência principalmente nos ombros. Com Caboclo observei que eu sentia como se estivesse tonto, uma sensação de falta de ar, uma pressão em minhas costas. 
Então por uma questão de compreender melhor o que eu passava, fui perguntando para alguns filhos da casa, mais velhos que eu, e para o responsável. Cheguei à conclusão que aquela sensação além de ser uma identificação do guia, seria uma espécie de ponto de conexão com a entidade, um local onde eu teria mais sensibilidade em sentir a energia que ali se aproximava. E, além disso, a consciência estava ali presente. Foi quando eu cheguei à conclusão de deixar a mente livre de qualquer pensamento, aprender a lidar com o que eu sentia, até chegar ao ponto em que eles pudessem trabalhar de forma plena. Além dessas sensações, o fato da gente muitas vezes rodopiar, desincorporar e quase demorar para manifestar e ficar rodopiando, isso faz parte do controle da mente de cada um, é um trabalho de cada ser consigo mesmo, claro que auxiliado por seus responsáveis. O que eu quero dizer com isso tudo? É normal!
É muito comum estes questionamentos, essas sensações, algumas pessoas relatam que até mesmo sentem cheiros, ou que escutam vozes; como eu disse, existem diversas e diversas sensações, isso vai de pessoa para pessoa.

Cheguei a um ponto de total confiança que outros guias puderam se aproximar e manifestar. E assim estou cumprindo até hoje a minha missão espiritual com meus guias de Umbanda.
O que eu quero dizer é que esses medos e questionamentos são totalmente comuns. Além de ouvirmos nossos zeladores, devemos aprender a trabalhar a nós mesmos. Como se diz, “todo guia é bom, mas quem dá a condição melhor ou pior de comunicação é o médium”. E é isso mesmo, é um fato, é uma verdade, se nós não aprendermos a trabalhar a nossa mente, não teremos condições de cumprir nossa missão, pois quem está em evolução somos nós.
Com a confiança que vamos adquirindo com o passar dos anos, com o desenvolvimento e com o trabalho da mente, cada vez mais podemos dar condições as nossas entidades. Não sou melhor nem pior que ninguém, mas hoje tenho condições de ficar com meus guias “em terra” por horas, atendendo e auxiliando aqueles que nos procuram. O preparo do nosso corpo através dos banhos de ervas, a liberação da mente de pensamentos, a concentração, todos esses elementos, juntos, fazem com que, cada vez mais, sejamos bons filhos de fé.
Existem pessoas que são conscientes a vida inteira, que ouvem, que até veem o que o guia está fazendo; isso também é completamente natural, normal, pois, existem pessoas que não conseguem deixar a sua mente completamente livre. Porém, é importante lembrar que essa consciência que alguns possuem, não pode jamais interferir no atendimento espiritual e tudo isso está relacionado ao controle da mente.
Tenho orgulho e muito AMOR em poder servir aos Orixás e Entidades e poder auxiliar ao próximo.
E esta palavra que deixei a vocês, hoje, é para dizer que tudo na vida é uma eterna provação, principalmente na vida espiritual, e a primeira delas é lidarmos com nossos erros, é errando que se aprende, é dando condições e não desistindo, que vamos longe.
Cada um de nós possui uma missão. Não desista da sua.
Samir Castro

Afinal, qual a data de comemoração de Xangô na verdadeira Umbanda?


No sincretismo associou-se o Xangô das Pedreiras a São Jerônimo, aquele que amansa o leão e que tem o poder da escrita e o livro onde escreve na pedra suas leis e seus julgamentos. Protetor dos intelectuais, dos magistrados. Já na cachoeira o sincretismo foi com São João Batista, por causa do batismo de Jesus, de lavar a cabeça na água doce para se purificar. Com o poder do fogo de Xangô é queimado, destruído tudo o que é de ruim e ocorre a transmutação trazendo tudo o que é de bom, todo o bem possível, de acordo com o nosso merecimento. Isso é o que pedimos nas fogueiras do mês de junho.

Sincretizado também com São Judas Tadeu, por ter um livro na mão, também pode sincretizar-se com Xangô ou que tem uma linha espiritual que atua nas correntes de Xangô. Assim, tudo o que é ligado a trabalhos e pedidos de estudos, à cabeça, papéis, entregamos a linha de Xangô.

São Pedro é o protetor das Almas que entram no céu, assim como a energia de Xangô. O seu machado é o símbolo da imparcialidade. É uma divindade da vida, representado pelo fogo ardente e por essa razão não tem afinidade com a morte e nem com os outros orixás que se ligam à morte.

Xangô, sincretizado com São João Batista, é também o patrono da linha do oriente, na qual se manifestam espíritos mestres em ciências ocultas, astrologia, quiromancia, numerologia, cartomancia. Por este motivo, a linha dos ciganos vem trabalhar nesta irradiação.

Datas de comemoração deste Orixá que foi sincretizado com Santos Católicos, em função de seus desdobramentos, a saber:

Xangô Alafim-Eché (São Jerônimo - 30 de setembro)
Xangô Abomi (Santo Antônio - 13 de junho)
Xangô Alufam (São Pedro - 29 de junho)
Xangô Agodô (São João Batista - 24 de junho)
Xangô Aganju (São José - 19 de março)

Contudo, estas datas e estes desdobramentos de Xangô são cultuados pelo Umbandomblé, ou seja, a Umbanda misturada com fundamentos do Candomblé.
A Umbanda pura e tradicional tem apenas uma data comemorativa para Xangô: dia 30 de setembro.


22 de junho de 2012

Caridade e Humildade

Nós, médiuns, temos uma missão única em nossa vida: prestar a caridade.
E qual seria a caridade que estaríamos prestando se nós “entregarmos a cabeça” para um guia esperando que ele resolva os nossos problemas? Esperando ajudar os mais próximos de nós? Isto não é caridade.
Caridade é fazer pelos outros sem esperar nada em troca. Fazer pelo mais distante, por aquele que não temos contato o mesmo que faríamos pelos irmãos.
Que tipo de médium é aquele que acha que sempre tem os guias mais "fortes", que acha que não atrapalha os recados porque é muito evoluído, que acha que conhece tudo? Que médium é esse que acredita resolver tudo sozinho?
Temos cada vez mais que estudar, pedir orientação, baixar nossa cabeça e pedir luz.
Enfim, temos que ter a humildade de pedir perdão, de admitir que erramos e que podemos errar, que somos uma pequena luz no infinito do nosso caminho. Somos médiuns, mas somos humanos.
Continuamos errando, acertando, perdoando. Mas sejamos sempre aquele humilde, ciente do seu papel, da sua pequena função diante do trabalho espiritual e que vai estar pronto para ajudar o irmão sem ao menos pensar em pedir algo em troca.
Pois o que nós recebemos em troca é o simples aprendizado da fé e o cumprimento da missão a qual fomos incumbidos.
Que Pai Oxalá abençoe a todos!!!
Fonte: Júlia Guerrero

Os cinco reinos da paz


Nós temos nosso próprio território de paz dentro de nós, que é composto de cinco reinos - nosso corpo, nossos sentimentos, nossas percepções, formações mentais e consciência.
Temos que trazer a paz ao nosso corpo e remover seus conflitos, tensão e dor. Existem também muitas tempestades, aflições e dor no reino das nossas emoções. Temos que aprender a trazer a paz para esse território de sentimentos e emoções.
Quando eu olho para minha caneta, eu tenho uma percepção dela. Se minha percepção corresponde à realidade da caneta ou não é uma questão real - porque vivemos com muitas percepções errôneas. Acreditamos que somos os únicos a sofrer, que os outros estão nos fazendo sofrer e que eles não sofrem de jeito nenhum. Este é um tipo de percepção errônea. Se acharmos tempo para inspirar e expirar e encontrar a paz em nós mesmos, poderemos ver que as outras pessoas também sofrem enormemente, assim como nós, e precisam ser ajudadas, não punidas. Por isto, a paz não poderá ser possível sem a remoção dos elementos de percepção. Quando nossas percepções nascem da raiva e do medo, elas não podem ser chamadas de percepções corretas. Por sua vez, nossas percepções erradas dão origem ao medo, à raiva e ao desespero, que podem nos levar a cometer atos de violência, punição e morte. Por causa disto, é muito importante praticar a meditação sentada e andando, para podermos trazer paz ao reino das nossas percepções e remover os elementos errôneos.
O quarto reino é aquele das formações mentais, cittasamskara. Uma formação (samskara) é algo que se manifesta quando muitas condições são reunidas. Uma flor é uma formação física - chuva, o sol, a terra, o tempo, o espaço se reuniram para que a flor se manifestasse. Nosso corpo é uma formação fisiológica. Todas as formações são impermanentes e estão em constante mudança. Nosso medo, nossa raiva, nossa discriminação, esperança, alegria e nossa plena consciência são formações mentais. Quando contemplamos nossa mente, não estamos olhando para um espaço claro e vazio, olhamos para as nossas formações mentais.
Por fim, temos o reino da consciência. Temos que voltar ao lar da nossa consciência, porque nossa consciência é o chão de todas as coisas. Nosso corpo, nossos sentimentos, percepções e formações mentais nascem do chão da consciência. Não somente o nosso corpo contém nossa consciência, nossa consciência também contém o nosso corpo.
Livro "Peace Begins Here: Palestinians and Israelis Listening To Each Other"

13 de junho de 2012

Padê para Exu

Padê é uma comida de Exu feita como oferenda, um presente para captar vibrações. Qualquer oferenda deve ser feita com zelo e lembrar que as Entidades e Orixás iluminados nunca vão pedir para que os filhos sujem seus reinos, portanto, nada de sair largando as oferendas nas esquinas ou na natureza. As oferendas encontradas nas esquinas, na maioria das vezes, são feitas por quem não entende profundamente do fundamento, nem tem a outorga dos guardiões das encruzilhadas e por isso quase sempre nada tem a ver com o EXU, elas são destinadas a espíritos de baixa vibração (kiumbas), e só servem para alimentar larvas, etc. Por isto, antes de fazer qualquer ritual que poderá prejudicar a si próprio, estude um pouco mais, certifique-se da forma correta de fazer. Tudo tem que ter fundamento!
Também não se oferenda carnes e animais, pois são energias densas que acabam atraindo kiumbas. Veja a receita do Padê para Exu:


- 1 pacote de farinha de mandioca crua e grossa
- azeite de dendê
- água mineral
- 7 pimentas
- 3 charutos
- 1 caixa de fósforo
- 1 vela vermelha e preta
- bebida (cachaça, uísque ou outra da preferência de seu Exu)
- 1 fita preta
- 1 fita vermelha

Fazer uma farofa com a farinha e o azeite de dendê. Enfeitar com as pimentas. Arrumar assim: colocar o padê, a bebida em um copo, a vela no centro da farofa, acender a vela, acender os 3 charutos colocar junto no prato, deixar caixa de fósforo semi-aberta. Colocar água em um copo e depositar junto. Enfeitar com as fitas.
Simples assim! 
E é o médium que deve fazer o padê, não a Entidade, afinal, é uma oferenda que se está fazendo. Deixe atrás da porta ou na canjira. Depois de 3 dias pode retirar, pois o Exu já retirou seu Axé.

9 de junho de 2012

História de um Pai de Santo


Sentado ali em frente de seu congá o velho pai de santo relembra com surpreendente nitidez sua infância e seu primeiro contato com a espiritualidade. Nitidamente ele se vê na tenra infância a brincar sozinho no amplo quintal da casa de seus pais. Lembra-se que alguma coisa o fez olhar para as nuvens e diante dele uma estranha imagem se forma: um velho sentado ao redor de uma fogueira e um menino a ouvir-lhe estórias. De alguma maneira o menino ao ver aquela cena sabia que se tratava dele mesmo.
O tempo passou e a cena jamais esquecida e também jamais revelada, o acompanha em sonhos e lembranças. Cresce e acaba se tornando médium Umbandista. Aos poucos vai conhecendo seus guias, que vão tomando seu corpo nas diversas "giras de desenvolvimento". Primeiro o Caboclo que lhe parece muito grande e forte, depois os demais...
Até que, ao completar 18 anos, seu Exu também recebe permissão para incorporar. Já não é mais médium de gira, a bem da verdade ocupa o cargo de pai pequeno do terreiro. Percebe que não tivera uma adolescência como a da maioria dos jovens que lhe cercam na escola. Não vai a bailes, festas... Dedica-se com uma curiosidade e um amor cada vez maior à prática da caridade.
Os anos passam e acaba pôr abrir seu próprio terreiro. Inúmeras pessoas procuram os seus guias e recebem um lenitivo, uma palavra de consolo e esperança. Foram tantos os pedidos e tantos os trabalhos realizados que já perdera a conta. Viu inúmeras pessoas que declaravam amor eterno pela Umbanda e bastava que alguns pedidos não fossem alcançados na plenitude desejada que já se afastavam, criticando o que ontem lhes era sagrado...Presenciou pessoas que, vindas de outras religiões, encontraram a paz dentro do terreiro, mantido a duras penas, uma vez que nada cobrava pelos trabalhos realizados ("Dai de graça o que de graças recebestes") Solteiro permanecia até hoje, pois embora tivesse tido várias mulheres que lhe foram caras, nenhuma delas agüentou ficar a seu lado, pois para ele a vida sacerdotal se impunha a qualquer outro tipo de relacionamento. Amava mesmo assim todas aquelas que lhe fizeram companhia em sua jornada terrena.
Brincava, o velho pai de santo, quando lhe perguntavam se era casado e respondia, bem humorado, que se casara muito cedo, ainda menino. A curiosidade dos interlocutores quanto ao nome da esposa era satisfeita com uma só palavra: Umbanda, este era o nome da esposa.
Com o passar do tempo, a idade foi chegando; muitos de seus filhos de fé seguiram seus destinos vindo eles também a abrirem suas casas de caridade. O peso da idade não o impede de receber suas entidades. Ainda ecoa, pelo velho e querido terreiro, o brado de seu Caboclo, o cachimbo do Preto-velho perfuma o ambiente, a gargalhada do Exu ainda impressiona, a alegria do Erê emociona a ele e a todos...
Enfim, sente-se útil ao trabalhar. Hoje não tem gira. O terreiro está limpo, as velas estão acessas e tudo parece normal. Resolve adentrar ao terreiro para passar o tempo, perdera a noção das horas. Apura os ouvidos e sente passos a seu redor,  percebe que alguém puxa pontos e que o atabaque toca. Ele está de costas para todos e de frente para o congá. O cheiro da defumação invade suas narinas...

Seus olhos se enchem de lágrimas na mesma proporção que seu coração se enche de alegria. Estranhamente, não sente coragem ou vontade de olhar para trás, apenas canta junto os pontos. Fixa seus olhos nas imagens do altar, fecha os olhos e ainda assim vê nitidamente o congá, parece que percebe o movimento do terreiro aumentar. Vira de costas para o congá e a cena o surpreende: vê Caboclos, Boiadeiros, Pretos Velhos, Marujos, Baianos, Erês e toda uma gama de Guias... Até Exus e Pombo-Giras estão ali na porteira.
Se dá conta que os vê como são, não estão incorporados. Todos lhes sorriem amavelmente. Dentre tantos Guias, percebe aqueles que incorporam nele desde criança. Tenta bater cabeça em homenagem a eles, mas é impedido. O Caboclo, seu guia de frente, se adianta, lhe abraça, brada seu grito guerreiro... Os demais o acompanham. O velho pai de santo não aguenta e chora emocionado... As lágrimas lhe turvam a vista. Fecha seus olhos e ao abri-los todos os guias ainda permanecem em seus lugares embora calados... Nota uma luz brilhante em sua direção, Iansã e Omulu se aproximam, seu Caboclo os saúda e é correspondido. A luz o envolve completamente. Já não se sente mais velho. Na verdade sente-se jovem como nunca. Seu corpo está leve e ele levita em direção à luz. Todos os guias fazem reverência... O terreiro vai ficando longe envolto em luz... Ele sorri alegre... A missão estava cumprida...
No dia seguinte, encontram seu corpo aos pés do congá. Tinha nos lábios um sorriso...
(desconheço o autor)

7 de junho de 2012

Ogãs

A palavra Ogã vem do Yorubá e significa Senhor da Minha Casa. O Ogã – médium responsável pelo canto e pelo toque - ocupa um cargo de suma importância e de responsabilidade dentro dos rituais de Umbanda, o conjunto de vozes e toques do atabaque ajudando nos trabalhos espirituais para que possam ser fortes e bonitos.
Também devemos observar que o conjunto de atabaques e vozes é parte fundamental da sustentação da casa e dos trabalhos, pois a desarmonia no couro pode tornar fragilizado os trabalhos e as energias da casa em dia de gira.
O responsável pelo toque, o Ogã, tem de ser bem preparado e Coroado ou Iniciado como Ogã para exercer tal função em um Terreiro, pois além de serem médiuns intuitivos, são Sacerdotes natos, aqueles que nascem com a função de falar por um Orixá, de serem um Instrumento puro dos Orixás e fazem isso através de suas mãos e cantos.
Mas observem que esta importância tem que ter muita observação com respeito à humildade do médium e uma sintonia harmônica com o dirigente da casa, pois sem esta sintonia torna-se inviável a convivência e os trabalhos. Tudo vem relacionado com a harmonização entre os pontos centrais de equilíbrio e relação pessoal.
O Ogã é um canal aberto para muitas linhas de trabalho da Umbanda que trabalham ativamente através dele, são linhas de caboclos, exus, pomba-gira, boiadeiros, crianças, etc., que por motivos próprios trabalham nos “bastidores”, sem incorporarem ou tomarem a “linha de frente” dos trabalhos espirituais. Formam uma corrente de espíritos que auxiliam nos toques e cantos da curimba, são mestres na música de Umbanda e Candomblé, verdadeiros guardiões dos mistérios do “Som”.

Muitas são as funções que os pontos cantados têm. Primeiramente uma função ritualística, onde os pontos “marcam” todas as partes do ritual da casa. Assim, temos pontos para a defumação, abertura das giras, bater cabeça, chamada, subida, sustentação dos Guias e fechamento de gira.
Uma outra função importante é de emitir ondas energéticas pelo som do atabaque e pelos cantos que servem para diluir algumas energias astrais negativas que não fazem bem ao médium.
A curimba é um verdadeiro pólo irradiador de energia dentro do Terreiro, potencializando ainda mais as vibrações dos Orixás, ajudando os médiuns tanto na hora das incorporações, desincorporações e da firmeza de um trabalho. A curimba, por si só, emite energia suficiente capaz de descarregar um médium ou uma Casa.
Por isso, a curimba deve sempre estar em sintonia com os Guias Espirituais, com os Orixás e com o Dirigente do trabalho. O Ogã deve estar sempre pronto e procurando aprender mais e mais. Sempre com amor, pois quando vibramos de coração, os cantos atuam sobre nossos chacras, ativando-os e deixando-nos em total sintonia com a Espiritualidade Superior.
Os pontos transformam-se em orações cantadas, ou melhor, verdadeiras determinações de magia, com um altíssimo poder de realização, pois é um fundamento Sagrado e Divino.
 
Poderíamos chamar tudo isso de “magia do som” dentro da Umbanda, pois não é simplesmente evocar uma Divindade, mas é chamado de magia por envolver toda uma cadeia onde o som da curimba atua nos médiuns positivando-os e equilibrando-os. Infelizmente, não temos visto nos templos de Umbanda uma preocupação com a qualidade da curimba, ou seja, com o conjunto de vozes e toques de atabaques. Há Casas em que os atabaques são tocados com tanta força que parece que os Ogãs estão descarregando sua energia e sentimentos positivos e ou negativos nos couros dos instrumentos e não é possível ouvir as letras dos pontos cantados; às vezes, nem mesmo a melodia.
Curimba é um ponto de força dentro de um Terreiro de Umbanda. Sempre enaltece nossas giras, sendo de suma importância dentro do Terreiro. Os atabaques são chamados de Rum, Rumpi e Le.

Em suma, o Ogã representa o respeito, harmonia, mística e, principalmente, representa a religião de forma que só ele com o fundamento da musicalidade pode agir, assim como devemos sempre lembrar que tudo é uma extensão de energia das casas, uma corrente, um elo.
Salve a Curimba! Salve o Ogã! Salve a Umbanda!

Fonte: Godinho

6 de junho de 2012

Sobre os Exus

Exus são espíritos que já encarnaram na terra.  Ao contrário do que se pensa, os Exus não são os diabos e espíritos malignos ou imundos que algumas religiões pregam, tampouco são espíritos endurecidos ou obsessores que um grande número de espíritas creem. Na sua maioria, tiveram vida difícil.
Estes espíritos optaram por prosseguir sua evolução espiritual através da prática da caridade,  incorporando nos terreiros de Umbanda. São muito amigos, quando tratados com respeito e carinho, são desconfiados, mas gostam de ser presenteados e sempre lembrados. Estes espíritos - assim como os Preto-velhos, Crianças e Caboclos - são servidores dos Orixás.
Apesar das imagens de Exus fazerem referência ao "diabo" medieval (herança do sincretismo religioso), eles não devem ser associados a prática do mal, pois como são servidores dos Orixás, todos têm funções específicas e seguem as ordens de seus superiores.  Dentre várias, duas das principais funções dos Exus são: a abertura dos caminhos e a proteção de terreiros e médiuns contra espíritos perturbadores durante a gira ou obrigações.  
Desta forma, estes espíritos não trabalham somente durante a gira de Exus, dando consultas, onde resolvem problemas de emprego, pessoal, demanda, etc., de seus consulentes.  Mas também durante as outras giras (Caboclos, Pretos-velhos, Crianças), protegendo o terreiro e os médiuns para que a caridade possa ser praticada.
Ele é o guardião dos caminhos, soldado dos Pretos-velhos e Caboclos, emissário entre os homens e os Orixás, lutador contra o mau, sempre de frente, sem medo, sem mandar recado.
Exu, termo originário do idioma Yorubá, da Nigéria, na África, divindade afro e que representa o vigor, a energia que gira em espiral. No Brasil, os Senhores conhecidos como Exus, por atuarem no mistério cuja energia prevalente é Exu, e tanto assim, em todo o resto do mundo são os verdadeiros Guardiões das pilastras da criação. Preservando e atuando dentro do mistério Exu.
Verdadeiros cobradores do carma e responsáveis pelos espíritos humanos caídos representam e são o braço armado e a espada divina do Criador nas Trevas, combatendo o mal e responsáveis pela estabilidade astral na escuridão. Senhores do plano negativo, atuam dentro de seus mistérios regendo seus domínios e os caminhos por onde percorre a humanidade.
Em seus trabalhos Exu corta demandas, desfaz trabalhos, feitiços e magia negra feitos por espíritos malignos. Ajudam nos descarregos e desobsessões, retirando os espíritos obsessores e os trevosos e os encaminhando para luz ou para que possam cumprir suas penas em outros lugares do astral inferior.
Seu dia é a Segunda-feira, seu patrono é Santo Antônio, em cuja data comemorativa tem também sua comemoração - dia 13 de Junho. Sua bebida ritual é a cachaça, mas cada um tem a sua preferência.
Sua roupa, quando lhe é permitido usá-la tem as cores preta e vermelha, podendo também ser preta e branca, ou conter outras cores, dependendo da irradiação a qual correspondem. Completa a vestimenta o uso de cartolas (ou chapéus diversos), capas, véus e até mesmo bengalas e punhais, em alguns casos.
A roupagem fluídica dos Exus varia de acordo com o seu grau evolutivo, função, missão e localização. Normalmente, em campos de batalhas, eles usam o uniforme adequado.
Em centros espíritas, podem aparecer como guardas. Em caravanas espirituais, como lanceiros. Já foi verificado que alguns se apresentam de maneira fina: com ternos, chapéus, etc.

As Pombo-giras são grandes magas e conhecedoras das fraquezas humanas. São, como qualquer Exu, executoras da Lei e do Karma.
Cabe a elas esgotar os vícios ligados ao sexo. Quando um espírito é extremamente viciado ao sexo, elas, às vezes, dão a ele "overdoses" de sexo, para esgotá-lo de uma vez por todas.
Elas, ao se manifestarem, carregam em si grande energia sensual, não significa que elas sejam desequilibradas, mas sim que elas recorrem a este expediente para descarregar o ambiente deste tipo de energia negativa.
São espíritos alegres e gostam de conversar sobre a vida. São astutas, pois conhecem a maioria das más intenções.

Devemos conhecer cada vez mais o trabalho dos guardiões, pois eles estão do lado da Lei e não contra ela. Vamos encará-los de maneira racional e não como bichos-papões. Eles estão sempre dispostos ao esclarecimento. Através de uma conversa franca, honesta e respeitosa, podemos aprender muito com eles.


4 de junho de 2012

A resiliência na Psicologia Espírita

A Revista VEJA, de 5 de maio de 2004, na seção Páginas Amarelas, entrevista a professora Andréa Salgado que, no fim do ano anterior, teve suas duas pernas decepadas com a colisão de uma lancha com o banana boat em que passeava em uma praia do litoral fluminense.
O acidente por si só uma tragédia, agrava-se pela impunidade já que os responsáveis até hoje não respondem pelo crime de lesão corporal grave. Acrescente-se a tudo isso a transformação radical a que foi sujeita, aos 33 anos, casada e mãe de 2 filhos de 4 e 7 anos.
Hoje está treinando para andar com as pernas artificiais. Conta ainda a reportagem que, seis meses após o acidente, a professora mantém o otimismo. Perguntada sobre a origem desse ânimo ela confessa não saber que tinha essa força toda. Atribui a Deus e ao apoio da família e que no início foi ela quem deu força para o marido e os filhos.
Decidira não viver lamentando o que perdera e sim o que ganhara, ou seja, a vida. Estar viva para ela foi uma vitória, ainda que sem as pernas.
Mas o que esse fato tem a ver com a resiliência do título?
A imprensa leiga está timidamente abordando esse tema. Recentemente a revista Cláudia (abril 2004) fez uma boa matéria sobre o assunto e o encarte da Folha, Sinapse, de 27 de Abril de 2004, também fez algumas referências, ainda que pequenas.
Mas o que é resiliência?
Atribuem os estudiosos à personalidade mais resistente ao estresse.
A resiliência é caracterizada por um conjunto de atitudes adotadas pelo ser humano para resistir aos embates da vida. O termo vem de uma propriedade da Física sobre a capacidade que os corpos têm de voltar à sua forma original, depois de submetidos a um esforço intenso.
Fazer a simples transposição da Física para a Psicologia não é possível porque, aplicado aos seres humanos, o conceito se destaca exatamente pela capacidade do indivíduo dar a volta por cima das situações de risco e voltar TRANSFORMADO, crescendo com a experiência.
A análise dos comportamentos leva à idéia de que todo ser humano traz dentro de si essa capacidade inata. Alguns a estimulam por si mesmos sobrepujando guerras, maus tratos, conflitos diversos. Outros precisam de ajuda externa, seja de comunidades religiosas ou não, da família ou de psicólogos para ajudá-los a criar os fatores de proteção que suavizam os fatores de risco. Ou seja, são as forças internas e externas que contribuem para minorar esses fatores de risco. E a essa força chama-se resiliência.

Assim diz-se que um indivíduo é resiliente quando consegue superar (e não necessariamente eliminar) as adversidades, encontrando forças para aprender com elas. 
A forma como lidamos com os agentes estressores é que determinaria o grau de resiliência alcançado. O ser resiliente não foge das opressões e consegue neutralizar seus efeitos sem que necessariamente as mesmas sejam afastadas ou diminuídas. Como exemplo, cita-se os sobreviventes dos campos de concentração que, apesar de todas as adversidades, ainda encontraram dentro de si mesmos força para resistir, sem que tenha havido redução da exposição ao risco. 
Voltando ao comportamento da jovem e bonita professora percebemos sua atitude resiliente quando demonstra uma força, uma coragem que, como dissemos, existe latente no ser humano e que emerge diante das situações difíceis. Ora cria seus próprios fatores de proteção, ora utiliza os externos (Deus e a família). Destaque-se aqui o elo com a religião não para servir de fuga psicológica, mas para ajudar no enfrentamento dos conflitos.
Na visão espírita, o conceito de resiliência se alarga porque ao depararmos com as diferenças de personalidade para justificar a maneira mais fácil ou difícil de lidar com as adversidades, vamos ao encontro do conceito do espírito eterno, milenar, que atravessa as eras em aprendizado contínuo.
Conhecedores de que nosso planeta abriga seres em diversas escalas de evolução e que os mais adiantados servem-nos de exemplo para nosso próprio crescimento, fica mais fácil entender porque alguns são mais fortes e descobrem em si mesmos a força para lutar.
Jesus já não dizia que só teríamos o fardo que aguentamos suportar?

Por isso, a professora, apesar de toda luta, serve de exemplo para tantos outros:
“Muita gente me procura para dizer que recuperou a vontade de viver depois de conhecer minha história. Isso me deixa contente e me dá mais força ainda para prosseguir.” 
Joanna de Ângelis, no profundo livro O Despertar do Espírito2 (p.173) nos esclarece que “essa força para o crescimento, haure-a ele (o espírito) na realidade de si mesmo, ínsita nos painéis profundos da sua essencialidade”. 
Andréa Salgado, a professora, revela como encontra forças: 
“Como não posso voltar atrás, tenho de dar a volta por cima. Quando vejo que estou ficando triste, digo a mim mesma: levanta essa cabeça!” 
Esse comportamento exemplifica como o sofrimento pode ser modificado mediante a coragem de os defrontar e trabalhá-los corajosamente com os instrumentos da realidade. 
A teoria da resiliência defende a capacidade individual do ser humano de aprender a trabalhar comportamentos que reduzam a ação dos agentes estressores, admitindo que a personalidade pode mudar sua maneira de ser, se a ela forem dadas as ferramentas adequadas para a construção do novo indivíduo. 
Ao entender que o ser humano pode ser modificado para melhor, a teoria da resiliência se aproxima do conceito espírita de evolução espiritual. Ser resiliente também implica em aceitar as coisas como são, se não puderem ser modificadas. A angústia leva algumas pessoas ao desespero enquanto outras procuram consolo e resposta para os acontecimentos. 
Andréa, apesar de católica, depois do acidente encontrou muitas respostas no Espiritismo, tendo aprendido que nada acontece por acaso. Comenta também que tem lido muitos livros kardecistas, livros com mensagens de otimismo.
Certamente esse contato com uma nova realidade é que tem suprido sua necessidade de conforto espiritual, fazendo nascer a vontade de lutar e a esperança por dias melhores, observado quando assim se expressa:

“Como é certo que não terei minhas pernas de volta, não adianta ficar na cama chorando. Tenho de ficar boa para cuidar da minha família. Tento usar minha energia para mudar o enredo dessa história.” 
São comportamentos como o de Andréa que nos levam a analisar as diversas reações dos indivíduos. Ao se fazer um exame do sofrimento, observamos que, conforme esclarece o Espiritismo, cada um passa pelas experiências que necessita para evoluir. E que essas experiências podem vir carregadas de um sofrimento intenso. Já a forma de lidar com a dor vai variar de indivíduo para indivíduo. Joanna de Ângelis complementa dizendo que “a sensibilidade à dor depende do grau de evolução do ser, do seu nível de consciência”. Diz ainda a nobre mentora que “à medida que progride, que sai do mecanismo dos fenômenos e adquire responsabilidade como decorrência da conscientização da sua realidade, ele se torna mais perceptivo ao sofrimento, embora, simultaneamente, mais resistente.”
É a lucidez da consciência que instrumentaliza o indivíduo na superação da amargura, do desespero, da infelicidade, esclarece Joanna. Segundo a sábia mensageira de Cristo, em virtude da compreensão que o ser demonstra em torno dos objetivos espirituais de sua existência, fica mais fácil entender e aceitar o sofrimento e a necessidade de ainda se encontrar nas faixas mais ásperas do mecanismo evolutivo. Essa aceitação e superação dos desafios que a vida terrena nos oferece é que demonstram atitudes resilientes.
Mais uma vez a Psicologia Espírita se aproxima da ciência, no caso, da Psicologia Social, quando mostra e explica as semelhanças e diferenças do comportamento dos espíritos encarnados aqui na Terra. 
Fátima Araújo de Carvalho - RIE

1 de junho de 2012

Vibração e Sintonia Energética


Com frequência falamos de vibração. Mas afinal, qual o significado dessa palavra? No dicionário vibração é sinônimo de branir, tremular, pulsar, ecoar, entre outras coisas. Podemos dizer que a vibração é um fenômeno físico. Imagine que quando eu falo o ar entra nos pulmões e quando sai, passa pelas cordas vocais que vibram e produz o fenômeno físico do som. O som da voz se propaga pelo espaço entre uma pessoa e outra através de ondas que obedecem um determinado padrão ao qual chamamos de frequência. Esse deslocamento provoca uma vibração no ar enquanto se desloca de um ponto a outro, podemos dizer também que ecoa. 

Nós não vemos o som, mas sabemos que ele existe, pois o escutamos e sabemos que o mesmo pode ser medido ou mensurado, e ainda registrado em gravadores, por exemplo, que registram as impressões eletromagnéticas recebidas. Sabemos que o som é um fenômeno físico produzido por nós e que pode ser comprovado cientificamente. Com nossos pensamentos ocorre a mesma coisa, ou seja, também podemos mensurar as vibrações emitidas por nosso cérebro.

Quando fazemos um eletroencefalograma, que nada mais é do que mensurar as ondas eletromagnéticas emitidas pelo nosso cérebro, são colocados em nossa cabeça alguns eletrodos que têm a finalidade de captar as ondas eletromagnéticas de nosso cérebro e enviá-las um aparelho que vai registrar a frequência dessas ondas. Não cabe aqui nos aprofundarmos na finalidade do exame em si, mas sim esclarecer a funcionalidade do aparelho. As ondas eletromagnéticas saem de nosso cérebro, entram no eletrodo e vai até o aparelho que registra a frequência dessas ondas. É importante lembrar que os eletrodos que captam essas ondas estão somente encostados na pele da pessoa que se submete ao exame, e não há nada ligado diretamente ao cérebro. O que nos leva a deduzir que as ondas eletromagnéticas saem de nosso cérebro para fora de nosso corpo. Da mesma forma que o som de nossa voz, as ondas eletromagnéticas emanadas de nosso cérebro. As vibrações emitidas pelo som da nossa voz encontra a barreira tênue do ar, ao passo que as vibrações emitidas pelo nosso cérebro encontram várias barreiras, que são: a membrana que envolve o próprio cérebro, a caixa craniana, que é o osso mais duro do corpo humano e as diversas camadas da pele.

A ciência já descobriu de uma forma ainda incipiente que também pode registrar determinados padrões de nossos sentimentos. Quando fazemos uma ressonância magnética do cérebro é registrado, além de outras coisas, que também não cabe aqui também analisar, que quando estamos felizes, determinada região do cérebro está ativa e que outra região é ativada quando sentimos algo que nos traz desconforto ou tristeza.

Esse três parâmetros caracterizam nosso padrão vibratório, ou seja, o que falamos, o que pensamos e o que sentimos pode nos levar a ter uma noção de onde nos situamos espiritualmente.

Cada um de nós temos um determinado padrão de vibração. Essa é a forma com a qual nos relacionamos com o mundo utilizando nosso veículo carnal, nosso corpo. Se compararmos o ser humano com um rádio desses comuns que utilizamos para ouvir música, vamos ver que o rádio também emite uma determinada onda eletromagnética de acordo com a sintonia que escolhemos, e que podemos mudar a sintonia do rádio a qualquer momento.

Mas o ser humano não tem botão para mudar a sintonia. E como fazer para mudarmos nosso padrão vibratório?

Sempre falamos de Jesus; normalmente O relacionamos com a religiosidade, mas falarei aqui da praticidade de seus ensinamentos, e cabe lembrar o "Orai e Vigiai". Sobre a oração sabemos que podemos orar para louvar a Deus, que é o ato de glorificar e enaltecer. Podemos também orar para agradecer a Deus por inúmeros benefícios que recebemos. Mas a parte que mais conhecemos da oração é orar para pedir, o que é claro não tem nada de errado. Jesus mesmo disse: - Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei e abrir-se-vos-á. (Mateus 7:7). 
Muitas pessoas acreditam que não precisamos pedir nada porque Deus sabe de todas as nossas necessidades. É claro que Ele sabe, mas também devemos lembrar da exemplificação que Jesus fez quando passou pela terra e um cego que seguia Jesus e O chamava. Jesus parou e perguntou ao cego: - O que queres que eu faça? E o cego respondeu: - Que eu veja, senhor. Jesus disse: - Que veja então. E o cego passou a enxergar. 

Imagine você que uma pessoa cega fica sabendo que existe alguém que pode fazê-la enxergar. Encontra essa pessoa que é seguida por muitas outras que também procuram a cura para seus males. É claro que Jesus sabia que o cego queria enxergar, mas ele perguntou primeiro, porque o cego tem o seu livre arbítrio. Sendo assim, quando o cego pediu, Jesus o curou. 

Quando pedimos algo a Deus, nossa oração tem o papel de levar ao Criador a nossa vontade e a nossa submissão ao Pai, e como Pai ele vai nos atender de acordo com nosso merecimento e necessidade. Ela ainda proporciona a possibilidade de abrir um canal de comunicação com o plano espiritual superior, quando a fazemos de forma sincera. Aqui a oração faz o papel de botão de mudança de sintonia, porque até para recebermos as graças do Senhor precisamos estar preparados.

O “Vigiai” nos remete a nossa conduta diante da vida e da forma que nos relacionamos com o mundo, ou seja, de que forma nós interagimos com o plano em que estamos vivendo; como nos comunicamos; como percebemos e como sentimos o mundo em que vivemos, a sociedade e as pessoas mais próximas.

O que eu falo, o que eu penso e o que eu sinto sai de mim e atinge o que está diretamente relacionado com o alvo de minhas palavras, de meus pensamentos e de meus sentimentos, e de uma forma boa ou ruim atinge esse alvo, influenciando-o de alguma maneira. 

Posso enviar minhas vibrações a uma ou mais pessoas ou até ao meio ambiente. Quando emanamos boas vibrações assumimos compromisso com o bem, o que é ótimo, mas quando emanamos más vibrações o mesmo não acontece, e aí podemos assumir compromissos com a vida e não sabemos quais as repercussões que terão. Daí a importância desse ensinamento sempre tão atual: “Orai e Vigiai”. 
E o que devemos vigiar então? A resposta é clara: devemos vigiar a nós mesmos e de que forma nos relacionamos com o mundo, ou seja, devemos vigiar o que falamos, o que pensamos e o que sentimos. É interessante porque muitos pensam que não temos como dominar os sentimentos, mas na verdade sentimos o que estamos acostumados a pensar e a falar.

Tem um ditado que diz: “A boca fala do que está cheio o coração.” E digo que o coração se enche do que pensamos. Para não dizer que não temos controle sobre os pensamentos lembremos Kardec quando decodificou a Doutrina Espírita e perguntou ao Espírito de Verdade: É possível eu ter um pensamento que não seja meu? E o Espírito de Verdade respondeu: “Na verdade a maioria dos seus pensamentos não são seus”. 

O que ocorre então, é que ao pensarmos em algo, nos conectamos a uma corrente vibratória do mesmo padrão que a nossa e daí em diante temos que estar atentos para não ficarmos conectados a esta corrente, que geralmente é potencializada por ser alimentada por outros emissores do mesmo padrão de pensamento que o nosso. 

Claro que não é fácil estar em constante vigília, mas devemos começar de algum ponto, porque tudo o que vibrarmos influenciará nossa vida de uma forma boa ou ruim.

Marcos Medeiros