Uma das
maiores dificuldades para os médiuns umbandistas encontra-se no campo dos
assentamentos de forças e de poderes que lhes darão a sustentação, a defesa e o
amparo em seus trabalhos ou em suas sessões espirituais.
O
assunto é complexo e sua abordagem é delicada porque, tal como no campo das
oferendas, algumas coisas mudam de pessoa para pessoa e o que é certo e
necessário para uma não é para outra força (ou outro poder).
Comecemos
por definir o que é força e poder:
•
Usamos a palavra força para o que é
espiritual ou provém do espírito. Força é algo transitório, instável e em
permanente evolução, às vezes mostrando-se em seu estado potencial e outras
mostrando-se em atividade, sempre dependendo da existência do poder para ser
colocado em movimento e beneficiar-nos.
•
Usamos a palavra poder para o que é
divino ou provém da divindade. Poder é algo permanente, estável e realiza-se
por si só na vida de seus beneficiários, não dependendo de nada além de Deus
para influir sobre tudo e todos em seu campo ou faixa de atuação.
O que é
espiritual não é divino e vice-versa. Logo, é necessário que usemos as palavras
que diferenciem e classifiquem corretamente as entidades que formam o lado
invisível da criação e que estão dando sustentação à Umbanda.
Há
diferença entre poder e força e entre divindade e espírito. A divindade é o
poder, o espírito é a força! A divindade realiza-se por si na vida dos seres
porque é em si a ação, enquanto o espírito só pode e consegue agir sobre os
seres se a divindade lhe conceder poderes para tanto.
Tomemos
como exemplo o Orixá Ogum e os Caboclos de Ogum, para que não fiquem dúvidas
quanto às diferenças que existem entre poder e força.
Ogum é
Orixá ordenador da criação e modelador do caráter e da moral dos seres, visto
que ele é o poder em si manifestado por Deus para atuar sobre tudo e todos ao
mesmo tempo, sem que nunca perca seu poder se atuação; nunca se enfraqueça;
nunca deixe de ser onipotente, onisciente e oniquerente. Ogum é o poder de Deus
em ação permanente, imutável e intransferível; o que Ogum faz só Ogum pode e
consegue fazer. Ele independe de algo mais de Deus para ser o que é ou como é,
e nada posterior ou inferior a ele influencia-o ou altera esse seu estado de
ser e de poder. Ele modela o caráter e a moral dos seres. Independentemente de
sua vontade, sua influência se faz sentir na própria consciência de todos os
transgressores das leis divinas e humanas, não importando se conhecem ou não
Ogum, pois Ogum é um dos nomes humanos já dados a esse poder, que já recebeu
outros nomes e no futuro receberá outros. Tenha o nome que lhe for dado, ainda
assim ele continuará a ser o que é: o poder modelador do caráter e da moral dos
seres e o ordenador divino dos procedimentos. O poder de Ogum é inalterável,
estável, permanente e independe de um nome para atuar sobre tudo e todos em sua
faixa ou campo de atuação na criação. Isso é o poder!
Quanto
à força, pegamos como exemplo para defini-la os Caboclos de Ogum, para que
fique bem claro o seu significado. Um Caboclo de Ogum é um espírito em
constante evolução consciencial e, a partir dessa sua evolução, novos campos ou
faixas de atuação vão lhe sendo abertas pelo Orixá ou poder Ogum. Quanto mais o
Caboclo de Ogum evolui e se aperfeiçoa consciencialmente, maior é o seu campo
de ação e maior é seu poder de atuação sobre outros seres espirituais, aos
quais ampara, direciona e modela no caráter e na moral. Enquanto Ogum atua de
dentro para fora dos seres, o Caboclo de Ogum atua de fora para dentro.
O poder
realiza-se por si só. A força só se realiza por intermédio de algo ou de
alguém. O poder tem atuação permanente e atua “por dentro” das coisas ou dos
seres. A força tem atuação limitada no tempo e atua “por fora” das coisas ou
dos seres.
O poder
regula a natureza, seja a de um ser ou do meio em que ele vive,
proporcionando-lhes estabilidade e equilíbrio interior. A força altera essas
naturezas, proporcionando-lhes alterações e reequilíbrios ou adaptações
exteriores.
O poder
modela as coisas (natureza, seres, espécies inferiores, etc.) de dentro para
fora, dando-lhes um estado específico que é permanente, diferenciando umas das
outras e qualificando-as. A força entra em ação quando as alterações exteriores
começam a descaracterizar as coisas, desqualificando-as ou desequilibrando-as. Por
isso, Ogum (o poder) tem nos espíritos graduados como instrumentos da lei suas
forças, que são colocadas em ação sempre que as atuações de dentro para fora já
não são suficientes para manter o equilíbrio.
É neste
ponto, nesta necessidade da atuação de fora para dentro, que os espíritos (a
força) adquirem importância e tornam-se indispensáveis para a manutenção do
equilíbrio entre o lado interior e o lado exterior dos seres e da própria
criação como um todo. Como o lado divino da criação atua de dentro para fora e
os Orixás vivem no seu lado divino, foi preciso a criação de algo que
permitisse a exteriorização desse poder e sua colocação em ação a partir do
próprio meio em que os seres vivem.
Desta
necessidade surgiram os santuários naturais, os templos, os altares, os
assentamentos, as firmezas, as oferendas, as imagens, os instrumentos mágicos,
etc.
Não se
trata de animismo, de paganismo, de idolatria, de fetichismo, etc., mas de
formas de exteriorização do poder para que melhor ele possa nos auxiliar e nos
beneficiar “dentro” do próprio meio em que vivemos.
Como o
assunto é assentamento de poderes e de forças pelos médiuns e dirigentes
espirituais umbandistas, cremos que está justificado o ato de assentarem os
Orixás e Guias espirituais para que melhor possam ajudar as pessoas
necessitadas desse auxílio adicional que Deus nos franqueou e colocou à nossa
disposição.
Um
assentamento é um local especial porque nele há um portal tridimensional que
interage de forma permanente entre as três dimensões ou lados da vida: o lado
divino, o natural e o espiritual. Estas três dimensões ou lados da vida já
interagem de forma permanente nos santuários naturais consagrados aos poderes e
às forças e neles podemos entrar e trabalhar em nosso benefício ou no dos nossos
semelhantes.
Mas em
nossa casa ou em nosso Centro, aí se faz necessário o auxílio dos assentamentos
para que os três lados possam interagir e realizar ações corretas em benefício
dos necessitados, sem que estes tenham de ir continuamente até a natureza. Assentam-se
forças divinas, naturais e espirituais.
Estes
assentamentos são importantes porque são em si portais multidimensionais e
interagem com realidades de vida ainda desconhecidas por nós, os espíritos
encarnados.
Mas uma das maiores dificuldades dos médiuns e dirigentes umbandistas reside nesse campo porque há um grande desconhecimento sobre assentamentos e firmezas dos poderes e forças que sustentam e se manifestam por intermédio da religião e da mediunidade dos seus praticantes.
Mas uma das maiores dificuldades dos médiuns e dirigentes umbandistas reside nesse campo porque há um grande desconhecimento sobre assentamentos e firmezas dos poderes e forças que sustentam e se manifestam por intermédio da religião e da mediunidade dos seus praticantes.
Um
assentamento é algo abrangente e envolve todo um poder.
Uma
firmeza é algo mais limitado e concentra-se em uma entidade, seja ela divina,
natural ou espiritual.
Firma-se
um Orixá, um ser da natureza ou um espírito! Agora, um assentamento é algo tão
abrangente que ele por si só é realizador e é capaz de dar sustentação a todas
as ações realizadas dentro do campo abrangido por ele: o Centro de Umbanda.
O que é um assentamento:
Assentamento
é o local onde são colocados alguns elementos com poderes magísticos, com a
finalidade de criar um ponto de proteção, defesa, descarga e irradiação.
Um
assentamento pode ser destinado a uma só força ou poder ou a várias. Mas, em
geral, faz-se um para cada força ou poder que se deseja assentar.
Por que
se assenta uma força ou poder:
As
forças vivem no plano espiritual e os poderes vivem no plano divino da criação
e, a partir deles, nos enviam suas vibrações, auxiliando os trabalhos
espirituais que são realizados nos Centros de Umbanda. Este auxílio é natural
porque se processa religiosamente. Mas, como em um trabalho espiritual vem
pessoas com poderosas cargas negativas, é preciso que exista no plano material
pontos de descarga que possam absorvê-las e enviá-las de volta às faixas
vibratórias negativas. Esta é uma das funções de um assentamento de força e de
poderes.
A entidade assentada (Orixá ou Guia Espiritual) tem no assentamento elementos com poderes mágicos, os quais utiliza ativando-os segundo as necessidades do Centro, do trabalho espiritual e dos médiuns.
A entidade assentada (Orixá ou Guia Espiritual) tem no assentamento elementos com poderes mágicos, os quais utiliza ativando-os segundo as necessidades do Centro, do trabalho espiritual e dos médiuns.
Em
regra, faz-se um assentamento central e daí em diante começa a firmeza de
outras forças ou de outros poderes ao seu redor, aumentando seu campo de ação e
de atuações.
Se é o assentamento de um Orixá, outros não devem ser assentados ao redor ou ao lado dele, porque cada um é um poder realizador em si mesmo, e dois ou mais assentamentos dentro de um mesmo ambiente criam dois pontos distintos que farão a mesma coisa e o recomendado é que, caso alguém queira assentar dois ou mais Guias ou Orixás, então deve reservar um ambiente para cada um, separando-os e isolando-os para que suas vibrações, irradiações, ações e atuações não se misturem e não se confundam. Por isso existem os assentamentos e as firmezas.
Se é o assentamento de um Orixá, outros não devem ser assentados ao redor ou ao lado dele, porque cada um é um poder realizador em si mesmo, e dois ou mais assentamentos dentro de um mesmo ambiente criam dois pontos distintos que farão a mesma coisa e o recomendado é que, caso alguém queira assentar dois ou mais Guias ou Orixás, então deve reservar um ambiente para cada um, separando-os e isolando-os para que suas vibrações, irradiações, ações e atuações não se misturem e não se confundam. Por isso existem os assentamentos e as firmezas.
Os
assentamentos criam vórtices ou pontos de forças, enquanto as firmezas de
outros guias e Orixás dotam-no de um maior poder de realização. Este aumento de
poder de realização deve-se ao fato de que os Guias e os Orixás firmados ao
redor do assentamento central emprestam-lhe suas forças e poderes e abrem-lhe
seus campos de ações e atuações, aumentando o leque de opções ao Guia ou ao
Orixá assentado, que lhe repassará atribuições às quais exercerão com
desenvoltura, porque terão no assentamento um poderoso ponto de descarga, de
proteção e de auxílio nas suas ações mais profundas.
Normalmente
se assentam o guia-chefe e o Orixá regente da coroa do dirigente espiritual,
assim como ao seu Exu e/ou sua Pomba-gira guardiã.
O que é
uma Firmeza:
Firmar
um guia espiritual ou um Orixá significa proporcionar-lhe condições mínimas
para que tenha um ponto fixo onde receba os pedidos de auxílio, de oferendas,
etc.
A
firmeza de uma força ou de um poder pode ser feita ao redor de um assentamento
ou independente dele. A firmeza assemelha-se a um assentamento, mas tem menos
recursos ou poderes de realização, pois é uma simplificação dele e destina-se a
facilitar a atuação das entidades.
Um
assentamento cria um vórtice e um campo eletromagnético que interagem com
outras dimensões da vida de forma permanente, sendo em si um ponto de força
localizado nas dependências do terreiro. Enquanto que uma firmeza cria um ponto
de sustentação para as ações da entidade firmada, dando-lhe um pouco mais de
segurança para que possa resistir às reações das suas atuações em benefício das
pessoas necessitadas do seu auxílio.
Um assentamento assemelha-se a uma fortaleza que abriga um exército completo, com todas as suas divisões.
Um assentamento assemelha-se a uma fortaleza que abriga um exército completo, com todas as suas divisões.
Uma
firmeza assemelha-se à instalação avançada de uma divisão.
No
assentamento estão todas as divisões, na firmeza está somente uma (a da
entidade firmada). Um assentamento é algo definitivo, uma firmeza pode ser
transitória. Um assentamento deve ser iluminado de forma permanente e deve ser
alimentado periodicamente com elementos predeterminados. Uma firmeza pode ser
iluminada periodicamente e pode ser realimentada de vez em quando. Um
assentamento deve ter um dia definido na semana para ser iluminado e
realimentado; já uma firmeza, deve ser iluminada e realimentada sempre que o
seu zelador fizer um novo pedido de auxilio à entidade firmada.
Assentamento
e firmeza são similares e a segunda é uma simplificação do primeiro, mas tem as
mesmas funções: proteger, sustentar e amparar algo ou alguém.
Qualquer assentamento deve respeitar aquilo que a Entidade
ou Orixá usa ou gosta, isto é, ferramentas que o Orixá utilizará para
determinado fim e para Axé ao filho.
Para o pleno sucesso do
assentamento devemos manipular os 4 elementos principais: água (bebida do
Orixá), ar (incenso), terra (onde o assentamento é colocado) e fogo (vela). Além
dos 4 elementos, também tem o reino mineral, representado pelas pedras de cada
Orixá.