Blog da Casa de Caridade Luz Divina - dirigente espiritual Vovó Luiza

16 de maio de 2013

Ciganos na Umbanda



Uma característica marcante do povo cigano é a liberdade, em relação às nacionalidades, aos padrões sociais e aos preconceitos. Os ciganos são poeticamente denominados “Filhos do Vento”, por sua liberdade e mobilidade, sempre ao sabor do vento, percorrendo o mundo em sua mágica trajetória. Profundos conhecedores dos caminhos, em sua saga milenar vêm recolhendo conhecimentos iniciáticos de todas as culturas e tradições. Outra característica marcante é o seu conhecimento magístico e curandeiro, principalmente nos campos da saúde e do amor.

A corrente astral de Umbanda é aberta a todos os espíritos que queiram praticar a caridade, independentemente de suas origens terrenas e de suas encarnações. Houve época em que dirigentes umbandistas não aceitavam ciganos em seus trabalhos, mas a Umbanda acolhe em suas linhas de trabalho todos os filhos de Deus que queiram praticar a caridade.

Tamanha foi a simpatia do povo umbandista pelas entidades ciganas e grande foi a seriedade do seu trabalho, orientando com sabedoria, ensinando a beleza da criação e a alegria de viver, que foi criada uma gira de ação específica para eles, mas pertencem e estão sob o comando da Linha de Oxalá. Contudo, as entidades ciganas podem trabalhar na irradiação de diversos Orixás, mas louvam sua padroeira, a Santa Sara Kali. Seus trabalhos também podem ser sustentados por Ogum e Iansã, que são Orixás do ar e do fogo.

Na Umbanda, a presença de ciganos tem sido cada vez mais constante e, em muitos terreiros, trabalham usando a roupa branca e têm apenas os seus elementos magísticos, como: lenços, baralhos, espelhos, adagas, cristais de pedra e outros.

Na falange dos Ciganos encontram-se espíritos que tiveram encarnações como ciganos e também espíritos que foram atraídos para esta falange por afinidade com a magia cigana. Por isto, os ciganos na Umbanda não têm obrigatoriamente que falar espanhol ou romanês, ler cartas ou fazer adivinhações. Há os espíritos ciganos que fazem isto porque já o faziam quando encarnados e outros não.

O povo cigano tem suas cerimônias próprias e tem seus rituais coletivos adaptados à Umbanda e suas sessões são muito apreciadas e muito concorridas, pois seus trabalhos estão voltados para as necessidades mais terrenas dos consulentes.

A gira dos ciganos é uma sessão da Linha da Direita, diferentemente das entidades que incorporam na gira da Esquerda, que são Exus e Pombo-giras ciganos, pertencendo à outra falange.

Na Umbanda, os ciganos atuam como guias espirituais de maneira extremamente respeitosa e sempre procuram mostrar o caráter fraterno do povo cigano, seu respeito com o alimento e a capacidade de repartir o pão. Aceitam o ritual umbandista como meio evolucionista e retribuem com suas sábias orientações, com a alegria de seus cantos e de suas danças.


É importante que se esclareça que a vinculação vibratória e de axé dos espíritos ciganos tem relação estreita com as cores utilizadas nas sessões e também com os incensos, prática muito utilizada entre ciganos. Os ciganos usam muitas cores em seus trabalhos, mas cada cigano tem sua cor de vibração no plano espiritual e outra cor de identificação é utilizada para velas em seu louvor. Uma das cores, a de vinculação, raramente se torna conhecida, mas a de trabalho deve sempre ser conhecida para prática votiva das velas, roupas, etc.

Os incensos são sempre utilizados em seus trabalhos e de acordo com o trabalho ou oferenda que se pretenda fazer.

Para o cigano de trabalho, se possível, deve-se manter um altar separado do altar geral, o que não quer dizer que não se possa cultuá-lo no altar normal. Devendo este altar manter sua imagem, o incenso apropriado, uma taça com água e outra com vinho, mantendo a pedra da cor de preferência do cigano em um suporte de alumínio, fazendo oferendas periódicas para ciganos, mantendo-o iluminado sempre com vela branca e outra da cor referenciada. Da mesma forma quando se tratar de ciganas, apenas alterando a bebida para licor doce ou ponche. E, sempre que possível, derramar algumas gotas de azeite doce na pedra, deixando por três dias e depois limpá-la.

Os espíritos ciganos gostam muito de festas e todas elas devem acontecer com bastante fruta, todas que não levem espinhos de qualquer espécie, podendo se encher jarras de vinho tinto com um pouco de mel ou ponche. Podendo ainda fatiar pães do tipo broa, muitas flores silvestres, rosas, velas de todas as cores e incenso de lótus ou sândalo.

As saias das ciganas são sempre muito coloridas e o baralho, o espelho, o punhal, os dados, os cristais, a dança e a música, moedas, medalhas, são sempre instrumentos magísticos de trabalho dos ciganos. Eles trabalham com seus encantamentos e magias e os fazem por força de seus próprios mistérios, olhando por dentro das pessoas através dos seus olhos.

A data comemorativa é 24 de maio, a cor que representa esta falange é laranja ou multicolorido, assim como suas guias. Saudação para o Povo Cigano: Arriba!