A Umbanda é
realizadora e transformadora por excelência. É uma religião que nos aproxima do
Sagrado e que permite adentrarmos em nós mesmos para assim, de forma mais
verdadeira e intensa, nos colocarmos à disposição do próximo, seja ele
encarnado ou desencarnado.
Simbolicamente,
o médium deve se considerar uma ferramenta usada por Deus (Zambi) em favor do
outro, da caridade e da paz, um instrumento que deve e merece ser reenergizado e
religado aos seus Orixás e Entidades para
que não se perca a qualidade do trabalho manifestado e para que se aproxime
cada vez mais deles.
Envolta em toda essa grandiosidade, os rituais mais
potentes que reenergiza e religa aos Guias, é o que chamamos de
Obrigação.
A Obrigação é um ritual em que todos os médiuns
umbandistas, iniciantes ou não, devem fazer durante sua caminhada
evolutiva espiritual na nossa religião. Neste contexto, as Obrigações ‘despertam’
as faculdades espirituais e mediúnicas do médium que ainda estão adormecidas,
descarrega e prepara o chacra coronário (centro de recepção espiritual
Superior) e ainda liga ou religa o médium ao Orixá e Entidades, fazendo com que
tenha as Suas vibrações e energias interiorizadas em seu espírito, mente e
coração.
Receber uma Obrigação é entrar em contato direto
com o poder do Orixá e
a força das Entidades, é um momento de grande emoção e que deve estar enredado
pela reverência, amor, devoção, lealdade e comprometimento para com os Orixás,
a Umbanda e o Plano Espiritual.
É o momento em que
o médium se coloca diante do Sagrado como ‘Filho de Orixá’, que abaixa sua
cabeça em respeito e em saber à Superioridade Divina.
No
nosso Terreiro, fazemos 5 obrigações principais e ainda os reforços, quando
necessário. A primeira obrigação é a de Anjo de Guarda ou Oxalá, marcando o
início da caminhada e a escolha da pessoa em ser médium de Umbanda. A segunda
obrigação é o Cruzamento ou Confirmação, onde o médium – estando um pouco mais
desenvolvido – vai confirmar 3 Entidades que recebe e também seu Pai e Mãe de
Cabeça. O cruzamento ou confirmação compreende uma demonstração de que o médium alcançou um nível aceitável em seu desenvolvimento, pois a entidade já possui total domínio sobre seus pontos de força (chacras), importantíssimos para um bom trabalho espiritual (não confundir com o médium ser ou não consciente). Assim, o que o ritual representa é que depois de cruzado o médium passa a ter maior responsabilidade, pois está apto a servir de instrumento em consultas com suas entidades. Poderá também participar de trabalhos mais pesados (desmanches, desobsessões, demandas, entre outros) e ajudar no desenvolvimento de médiuns mais novos na casa. Para comprovar isso, no dia do cruzamento, as entidades daquele médium têm de incorporar e confirmar seu nome (normalmente elas já o fizeram antes da cerimônia). Depois revelam a falange em que trabalham, riscam seu ponto e traduzem sua representação, e passam também seu ponto cantado de raiz. Tudo acontece, diante do mentor da casa, que confirma (ou não) o que foi declarado. Depois disso, sob um cântico apropriado para a ocasião, o mentor da casa, num ato simbólico, coloca uma coroa preparada com vegetais na cabeça do médium incorporado e todos os presentes saúdam a entidade mentora.
A terceira obrigação é a de 7 Linhas, tendo o mesmo intuito que a
anterior, só que confirma 7 Entidades (quando o médium chega a 7 Linhas
considera-se um médium já desenvolvido). A quarta obrigação é a de Pai ou Mãe
Pequeno, preparando-se para se tornar um Sacerdote de Umbanda. A quinta
obrigação é a de Pai ou Mãe de Santo, onde o médium se consagra dirigente de
Umbanda. À partir daí vem as confirmações anuais, onde o dirigente reitera seu
compromisso sacerdotal e também renova suas forças espirituais.
Nas
obrigações o médium recebe em sua coroa os elementos que o ligarão às suas
Entidades e Orixás: ervas e bebidas. E oferece o amalá a Eles. Depois deste
ritual de consagração de coroa, o médium deita-se sobre a esteira de palha aos
pés de seu Pai Espiritual, em recolhimento, numa junção de fé, sagrado e pertencimento.
À partir da Obrigação,
o médium não está mais sozinho. Agora ele “pertence” ao Orixá e Entidades, aos
Poderes Realizadores que, em forma de Divindade, os acolherão em todos os
momentos.
É
um ritual fundamental para uma verdadeira e segura caminhada espiritual dentro
dos fundamentos da Umbanda. É um cerimonial lindo e divino que, quando bem
orientado e bem realizado, o médium perceberá as mudanças que acontecerão em
sua vida espiritual, consequentemente, em toda sua vida.